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domingo, 6 de fevereiro de 2011

13 de abril

13 de abril

1892 - República de Mato Grosso na imprensa europeia

A independência de Mato Grosso, proclamada por militares de Corumbá e Cuiabá, ganha espaços em jornais londrinos, entre eles o Times, que em sua edição desta data, publica duas notas sobre o episódio. A primeira, um telegrama procedente de Buenos Aires:

A República Transatlântica, como agora se denomina o Estado de Mato Grosso, estabeleceu um governo independente, tomando o coronel Barbosa o comando em chefe das forças de terra e fluviais. Além de muitos fortes bem armados, o coronel Barbosa tem 1.200 homens de tropa e uma flotilha fluvial; e ele tomou posse do Arsenal de Ladário. A nova República hasteou uma bandeira verde-carregado com uma estrela amarela ao centro.

A segunda, o seguinte editorial:

A notícia que recebemos esta manhã de que a Legislatura de Mato Grosso, uma das antigas províncias do Império do Brasil, agora incorporada aos Estados Unidos do Brasil, proclamou a independência completa de seu território, e anunciou a sua separação da União, causará pequena surpresa a todos aqueles que, nos últimos tempos, têm lido com atenção os telegramas da América do Sul. No Brasil, como na República Argentina, os limites respectivos dos direitos dos governos central e provincial constituirão sempre a questão mais ardente de política popular. Mesmo no tempo do império a inveja entre as duas autoridades já era fonte e foi simplesmente natural que a revolução de novembro de 1889, a queda do vitorioso ditador Fonseca dois anos mais tarde e a série de grandes mudanças sociais, econômicas e que produzirão e se seguirão aqueles acontecimentos, deram novo impulso ao movimento em prol dos "Direitos do Estado". Mato Grosso que um simples olhar ao mapa mostrará, é uma vasta província interior, afastada da capital, inacessível por mar e limite a leste com a fronteira da Bolívia. Pode ter bem poucos interesses em comum com as províncias do Atlântico, das quais está separada por muitas centenas de milhas de territórios incultos, e agora que o velho respeito tradicional pela Casa de Bragança foi desperdiçado, não há razão aparente para que ele tenha interesse em permanecer como parte congerie ingovernável de estados, sobre negócios dos quais ele nunca poderá esperar exercer nenhuma influência importante. É de presumir que o Brasil seja constrangido a declarar guerra contra os rebeldes e que venha mesmo a fazer um esforço decidido para chamá-los à obediência.

Qual o exito que advirá à semelhante tentativa e quais os benefícios que poderão provir para o Brasil se ele sair vencedor e subjugar mais uma vez os seus cidadãos revoltados, - é outra coisa. Mas é claro que, se os habitantes de Mato Grosso estão resolutos, gozam de vantagens de posição que podem tornar a invasão e a redução do seu território, tarefa árdua para um governo que deve a sua própria origem a uma revolução recente e que não está ele próprio muito solidamente firmado. 

FONTE: Jornal do Commercio (RJ) 7 de maio de 1892.



13 de abril

1867 – Prisioneiros de guerra brasileiros escapam do Paraguai



Parte do coronel Camisão, em Miranda, antes de partirem as forças brasileiras para a fronteira, anuncia que “apresentaram-se neste acampamento dez brasileiros, que se achavam prisioneiros desde agosto do ano passado com numerosas famílias no lugar chamado Capela Orcheta a doze léguas da vila paraguaia de Conceição. Fugiram no dia 25 de março, escapando por este meio à ordem do governo republicano que chamava às armas todos os estrangeiros residentes no território paraguaio e brasileiros, ali retidos, não só nas vizinhanças de Conceição como no Serro Leon, São Joaquim e outros lugares. As notícias que me forneceram os fugitivos são de pouca importância e sobretudo certeza, visto como era absolutamente proibido aos naturais do país conversarem com eles em negócios relativos à guerra; entretanto, contam que já começa a fazer sentir os seus efeitos o desânimo que lavra geralmente na República e que os recursos dela já se acham quase de todo exauridos. Informam ainda que a fronteira do Apa está em alvoroço com a aproximação destas forças, havendo já o comandante do forte de Bela Vista mandado pedir ao presidente Lopez reforço para se opor ao ataque da força brasileira que eles supõem ser muito numerosa.”


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, 14ª edição, Edições Mehoramentos, São Paulo, 1942. Página 149.




13 de abril

1921 – Iniciada a circulação do Jornal do Comércio de Campo Grande







Fundado pelo advogado Jaime Ferreira de Vasconcelos e tendo como redator-chefe Amintas Maciel, circulou em Campo Grande a primeira edição do Jornal do Comércio. Trazia a seguinte apresentação:

Nas palavras que se lêm no cabeçalho deste jornal se resume o seu programa.
Trabalhar, trabalhar sem cessar pelos legítimos interesses do comércio e das classes produtoras, tal é o nosso principal escopo.
Sem ligações ou dependências partidárias que nos obriguem a apoiar incondicionalmente quaisquer abusos, procuraremos sempre, de acordo com essa orientação, dar aos atos dos poderes públicos, municipal e estadual, a colaboração franca da nossa crítica desapaixonada e serena ou do nosso apoio desinteressado e sincero.
Aliás, o simples título desta folha, - que evoca uma das mais brilhantes tradições da imprensa brasileira, nos dispensaria de traçar normas à nossa ação jornalística. Sem o acentuado brilho que ao grande órgão do Rio de Janeiro empresta o talento fulgurante de Felix Pacheco, nós procuraremos seguir, neste afastado mas futuroso rincão do território pátrio, os nobres exemplos do eminente homônimo da Capital da República, de acordo com os quais nos hevemos de esforçar sempre por manter em tom elevado e impessoal as discussões ou polêmicas a que o dever profissional nos venha a arrastar.
Todas as iniciativas de progresso partam de onde partirem, terão o nosso decidido apoio, que também não será jamais recusado à ação das autoridades legalmente constituídas, sem que esta ação se exerça dentro das normas estabelecidas nas leis.


Em 1964, o Jornal do Comércio passou a pertencer à Missão Salesiana de Mato Grosso. Deixou de circular no início da década de 70. Entre seus redatores, nomes conhecidos do nosso jornalismo: Francisco Escobar Filho, , Dauto de Almeida Santiago, Antônio Chaves e J. Barbosa Rodrigues, que mais tarde viria a dirigir o Correio do Estado.



FONTE: Rubens de Mendonça, História do Jornalismo em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1963, página 69.
FOTO: Acervo do Arquivo Público de Campo Grande (Arca)



13 de abril

1923 – Inaugurada usina hidrelétrica de Campo Grande






Campo Grande recebe sua primeira hidrelétrica. Trata-se de pequena usina montada no córrego Ceroula a dez quilômetros da sede do município. O ato solene de início de suas atividades contou com a presença de Álvaro de Carvalho e Altino Arantes, por algum tempo responsável pela iluminação da vila.(1)

Poucos dias antes da inauguração, a convite da direção da empresa concessionária, a reportagem do Jornal do Comércio esteve no canteiro de obras e deu detalhes sobre o relevante investimento:

"Para darmos aos nossos leitores uma boa ideia geral do adiantamento dos importantes serviços que para este fim estão sendo executados pela Companhia Matogrossense de Eletricidade Limitada, aproveitamos a gentileza do convite do ilustrado e competente advogado da companhia, sr. dr.Alindo Lima, para uma visita às grandes obras que estão sendo ultimadas no ribeirão Ceroula.

Assim, às nove horas de quinta-feira última, chegávamos no automóvel da empresa, ao posto em que foram feitos os serviços de barragem, um trabalho sólido e perfeito. Desse posto, percorremos a pé o longo canal que conduz a água da represa à usina, numa extensão aproximada de um quilômetro. Nesse canal fez a empresa construir uma comporta para a descarga da areia acumulada, verdadeira obra de arte, elegante e de custo apreciável. Mais adiante fomos encontrar a caixa d'água que despeja canalizada, de uma altura de 75 metros, a água para a enorme turbina, de força de 400 H.P. Há ainda no trecho compreendido da grande caixa d'água à usina, o plano inclinado mandado construir especialmente para a condução de materiais.

Descemos, por fim ao ribeirão, onde, na sua margem direita, foi construída a usina que está recebendo os últimos retoques. Lá encontramos já assentados todos os aparelhos necessários ao seu funcionamento, como sejam: gerador, turbinas, reguladores automáticos, transformadores monofásicos com capacidade de 100 klw cada um, para 2.300 a 11.000; um grande quadro para transformadores com interruptores para o gerador, quadros de distribuição com interruptores automáticos, voltímetros e demais aparelhos, para-raios, telefone,etc. Vimos ainda uma grande galeria subterrânea para a descarga da água das turbinas.

A empresa não se descuidou da instalação de seus empregados. Para isso ela fez construir três confortáveis casas, de estilo moderno, para os encarregados dos serviços da futura usina.

Só mesmo através de uma visita como fizemos, poder-se-á avaliar o esforço, a capacidade de trabalho e o dispêndio da nossa Companhia de Eletricidade, que, digamos de passagem, não tem medido sacrifícios para levar avante o vultoso empreendimento. Para isso, é verdade, que a companhia conta verdadeiros abnegados como o dr. Arlindo Lima, que vem desenvolvendo a sua conhecida atividade, providenciando tudo quanto necessário à importante obra, e um grupo de dedicados auxiliares como os senhores Constantino Junqueira, gerente, Feliciano Pinheiro e o eletricista-chefe Virgílio Polo, da Companhia Francana.

Podemos assegurar, pelo que nos foi dado ver, que a nossa cidade terá um serviço de luz e força perfeitas, capaz de atender as suas maiores necessidades".(2)

Era prefeito de Campo Grande, o advogado Arlindo de Andrade Gomes. Dados de 1922, estimavam uma população de 8.200 pessoas na sede do município, que contava com 950 casas, sendo mais de 100 casas comerciais, 4 farmácias, 58 automóveis e 325 veículos diversos.(3)

Veja o vídeo com as ruínas da hidrelétrica do Ceroula, produzido em 2011, por grupo de cinegrafistas de Campo Grande.


          


FONTE: (1)Virgílio Correa Filho, Mato Grosso, Coeditora Brasílica, Rio, 1939, página 155. (2) Jornal do Comércio, 21 de fevereiro de 1923. (3) Arlindo de Andrade Gomes, O município de Campo Grande, IHGMS, 2004, página 80.


13 de abril

1927 - Criada a guarda noturna de Campo Grande  

Av. Afonso Pena, em frente à atual praça Ari Coelho, final da década de XX


Por sugestão do delegado de polícia e iniciativa da associação comercial é criada a guarda noturna de Campo Grande. O evento, por sua importância na época, mereceu notícia com desta na primeira página do Jornal do Commercio, o diário da cidade:

"A ilustrada e progressista Associação Comercial de Campo Grande, atendendo à solicitação do delegado de polícia, reuniu-se em sessão especial, segunda-feira última, para tratar da organização de um corpo de guarda noturna afim de por um paradeiro à roubalheira que vem alarmando a nossa população.

Às nove horas da noite, sob a esclarecida presidência do ilustre dr. Eduardo Olímpio Machado e com a presença de quase todos os seus membros, tiveram início os trabalhos daquela importante associação.

Depois de lida a ata da sessão anterior e de sobre ela haverem deliberado, o presidente expôs o fim daquela reunião extraordinária, dando em seguida, a palavra ao adv. Sabino Costa, que a solicitara. Este, dirigindo-se aos circunstantes discorreu com clareza e síntese acerca este importante assunto, demonstrando a imperiosa necessidade que tinha o comercio local de se prevenir contra os ladrões que infestam a cidade. Terminou pedindo à progressista associação o seu apoio material para a realização de tão útil empreendimento.

Submetida à votação a proposta, pelo sr. presidente, os membros da Associação, à uma, deram o seu parecer favorável à criação do Corpo de Vigilância Noturna de Campo Grande, autorizando ao delegado de polícia a sua organização provisória, de acordo com a necessidade do momento, até que fosse, com mais amplos estudos e discussão, assentado em definitivo e vazado nos moldes dos seus congêneres do Rio e São Paulo.

Assim é que no dia imediato - 13 do corrente - sob os auspícios da Associação Comercial de Campo Grande e a direção da polícia inaugurou-se entre nós, o serviço de vigilância noturna, cuja lacuna, de há muito, se impunha de preenchê-la".

FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 17 de abril de 1927.  

FOTO: acervo do Arquivo Publico de Campo Grande (Arca) 

 
13 de abril

2020 - Coronavírus: a primeira morte em Campo Grande

Campo Grande registrou a primeira morte por Covid-19, a terceira de Mato Grosso do Sul. A paciente tinha 71 anos e estava internada no Hospital Regional de Campo Grande. Além de idosa, tinha problemas cardíacos e tinha diabetes. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), esse quadro pode ter contribuído para o agravamento do caso.

A mulher deu entrada ontem na unidade depois de passar pelo Centro Regional de Saúde do Tiradentes (onde já tinha passado várias outras vezes). Diante da gravidade, foi levada ao Hospital Regional, tendo rápida evolução até o óbito.. O resultado positivo do exame para o novo coronavírus saiu no mesmo dia.

FONTE: Secretaria de Saude MS, Campo Grande, 13/04/2020.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

13 de março

13 de março

1827 - Iniciada exploração do rio Sucuriu 



Sucuriu: impróprio para navegação
De acordo com relatório ao presidente da província, José Saturnino da Costa Pereira, o tenente Manoel Dias de Castro iniciou a exploração do rio Sucuriu, afluente do Paraná, na expectativa de se estabelecer uma ligação mais rápida com São Paulo, alternativa às vias existentes. "A ideia de navegação pelo Sucuriu e Piquiri para substituir a que se praticava pelo rio Pardo - segundo Estevão de Mendonça - vinha sendo afagada desde o governo do general João Carlos Augusto D'Oeynhausen de Gravenberg, na suposição de que os dois cursos eram separados apenas por um varadouro de pouca extensão. Em 1830, porém, segundo o barão de Melgaço, aquela ideia se desfez pela certeza de que a distância entre o Piquiri e Sucuriu era mais de quarenta léguas". 



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 129.


13 de março

1865 - Taunay convocado para a guerra do Paraguai

Por ato do Ministério dos Negócios da Guerra, é "mandado apresentar-se ao Exmo. Sr. presidente e comandante das armas, o 2° tenente de artilharia, Alfredo d'Egrangnolle de Taunay, a fim de servir na comissão de engenheiros que tem de ir à referida província". 17 dias depois, em 1° de abril, no mesmo navio do coronel Manuel Pedro Drago, nomeado presidente da Província e comandante das armas em Mato Grosso, Taunay deixa o Rio de Janeiro para a mais célebre aventura de sua vida.

FONTE: Diário Mercantil (RJ), 31 de março de 1865.


13 de março

1870 - Anunciado o final da guerra do Paraguai



Corumbá: final da guerra do Paraguai, explosão de desenvolvimento




Pelo vapor Onix chega a Corumbá notícia da morte de Lopes, e o consequente final da guerra do Paraguai, ocorridos a 1º de março. No mesmo dia ao governo da Província, em Cuiabá, era oficiada a seguinte comunicação:

Quartel do Comando do Distrito Militar do Baixo Paraguai, 13 de março de 1870. Ilom° e Exm° Sr. - Tenho a honra e grande satisfação em participar a V. Exa. que hoje deu fundo neste porto o vapor mercante Onix, trazendo a notícia da morte do tirano Lopez e da conclusão da guerra.


Como verdadeiro brasileiro, me cumpre congratular com V.Exa. por tão feliz notícia. Deus guarde V.Exa. Ilmº e Exmo. Sr. Comendador Luis da Silva Prado, Digníssimo Vice-Presidente da Província Antonio José da Costa, Tenente-Coronel de Comissão e Comandante.


O comunicado ao governo em Cuiabá foi subscrito pelo coronel Hermes Ernesto da Fonseca, comandante das Forças em Operações e da Fronteira do Baixo-Paraguai em Corumbá.

A notícia chegaria à capital dez dias depois, a 23 de março de 1870.



FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, sd., página 65


13 de março

2013 - Morre o padre Ernesto Sassida, criador da cidade Dom Bosco de Corumbá

Aos 93 anos, morre o padre Ernesto Sassida, fundador da Cidade Dom Bosco, em Corumbá. Natural da Itália, ainda jovem, chegou a Cuiabá, para completar seus estudos. Em 1940, mudou-se para Corumbá, como professor do Colégio Santa Teresa.

"Nesse período - constata Valmir Batista Corrêa - extrapolando os muros da escola, interagiu, através através da organização de atividades esportivas e festas religiosas, com a população pobre da periferia da cidade, marcadamente na região fronteiriça com a Bolívia. Mais tarde, em 1950, instalou-se de forma definitiva em Corumbá, como sacerdote e professor, fundando a União dos Ex-Alunos Salesianos de Dom Bosco. A partir de então, participou de várias atividades de organização comunitária, como escolas, organizações solidárias de jovens carentes, entidades femininas, centro esportivo, entre outros".

Seu grande legado foi, entretanto, a Cidade Dom Bosco, cujo início deu-se, ainda segundo Valmir Batista Corrêa, no início da década de 50, do século passado:

...o padre Sassida fez um amplo levantamento da população e de suas miseráveis moradias na região da Cidade Jardim (onde hoje se localiza o Bairro Dom Bosco), contatando a necessidade de uma escola com funções educacional e assistencial. Em abril de 1961 implantou a escola num barracão cedido por uma moradora, constituindo-se na gênese da Cidade Dom Bosco que, sete anos depois, se transformou em ginásio estadual. Por essa época, carentes de recursos para atender a dimensão educacional e social do seu empreendimento, Sassida empreendeu um arrojado projeto no exterior chamado "Adoção à Distância". Significava convencer pessoas no exterior para "adotar" um estudante carente com uma bolsa que suprisse sua sustentação ma escola, incluindo roupas e alimentos. Hoje a Cidade Dom Bosco está consolidada, com inúmeras atividades sociais, como um dos patrimônios mais significativos de Corumbá.


FONTE: CORRÊA, Valmir Batista, (artigo) Cidade das Crianças de Corumbá, Correio do Estado (Campo Grande), 11/12 de dezembro de 2021.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

24 de abril

24 de abril

1865 – Paraguaios invadem Coxim



A vila de Coxim no tempo da guerra em desenho de Taunay



No seu apogeu, como entreposto do comércio com os goianos, Coxim interrompe abruptamente seu ciclo de crescimento econômico, com a invasão de Mato Grosso, em 1865 pelo exército do general Solano Lopez. A cidade foi ocupada por cerca de um ano por forças inimigas, que abandonaram a vila em 1866 com a aproximação da coluna de São Paulo, Minas e Goiás.

Conta Ronan Garcia da Silveira que “no momento em que aconteceu aquela invasão, provocando o pânico, ocorreram fugas de moradores, diante da presença dos paraguaios que, ao dominarem a região, estabeleceram o seu quartel general no lugar denominado fazenda São Pedro.


Relata a literatura referente ao episódio, que a notícia da invasão foi levada a Cuiabá pelo cidadão Antonio Theodoro de Carvalho, morador na região, que chegou à capital da província no dia 8 de maio de 1866, ou seja, treze meses após a invasão".¹


Sobre a localidade depõe Taunay, que por lá passou em 1865, como membro da comissão de engenheiros da força expedicionária brasileira que se dirigia à fronteira fez o seguinte depoimento:

"Antes da guerra este lugar, colonizado por gente de Mato Grosso, foi-se desenvolvendo com alguma lentidão. Entretanto nas vizinhanças estabeleceram-se vários mineiros que cultivavam com bom resultado as suas terras. Entre esses citaremos o Sr. João Theodoro de Carvalho. As poucas casas da colônia foram queimadas pelos paraguaios que chegaram ali no mês de abril de 1865 e não puderam ir além se não umas sete léguas, porque a cavalhada ia-lhes morrendo toda. Depois estabeleceu-se a nossa expedição e dela ficaram não só ranchos, como até algumas moradas boas e um grande depósito. Gente  afluiu para aí e constituiu então uma espécie de povoação".

O autor de Retirada da Leguna informa ainda que em toda a linha onde fora levantado o acampamento militar "está compreendido o lugar chamado Coxim e que fora destinado pelo governo imperial para o estabelecimento da colônia militar de Taquari ou Beliago".²

Sobre a invasão a Coxim, El Semanário, orgão da imprensa oficial do governo paraguaio, em sua edição de 3 de junho de 1865, dá a seguinte notícia:

"Nuestras fuerzas del Norte siguen en buen estado, y son señores de la frontera de Alto Paraguay, y sus afluentes,así como de todos los pontos tomados al enemigo que conoce el público.

De nuevo tenemos que dar cuenta de que nuestros soldados van poco a poco ganando terreno en Matto Grosso.

Una partida que despachó em Sor, Coronel Resquin al mando del capitan Ciudadano Juan Batista Agüero llegó el 24 de Abril a la colônia de Coxim a la derecha del Rio Taquari, despues de una marcha de mas de 70 leguas en la mayor parte por pantanales y cordilleras.

Tuvieron que atravezar a pié 22 léguas de esteros que hay desde el Rio Negro hasta cerca del arroyo Piuba.

La colonia se encontró desocupada de guarnicion: sus habitantes la habian abandonado como seis a ocho dias antes, a escepcion de 4 indivíduos que huyeron a la vista de nuestras tropas.

Los papeles tomados hemos publicado em el último número del Semanário: de mas se ve claramente que el Gobierno brasileiro tomaba sumo interes de reducir a los índios de la tribu de Caiapó, indígenas de las vertientes de los rios Coxim y Tacuari para aumentar con ellos las poblaciones, segun han hecho por nuestros mismos indigenas de Terecañi (Villa de Ygatimi), a quienes atrayendo en sus promesas les hizo poblar el Carguataticora a la derecha de la desembocadura de nuestro rio Ybeneima, o Ygurei el el Paraná, locual consta de declaraciones de indios tomados en el Brilante". 

Da invasão da vila, documento raro, carta publicada por um jornal carioca, de um comerciante que conseguiu escapar, deixando tudo para trás, inclusive a roupa do corpo:

A 24 de abril do corrente ano, pelas 6 horas da manhã, ao erguer-me do leito e abrir a porta de minha casa de negócio, que se acha situada na barranca do rio Taquari, à margem direita, (em o núcleo colonial de Coxim), avistei na margem oposta grande número de soldados paraguaios, e que gritavam-me lhes levasse uma canoa; à minha relutância sucedeu atirarem-se ao rio uma porção de lanceiros a cavalo, e após um chuveiro de balas foram arremessadas sucessivamente sobre minha morada, que me obrigaram a correr com o único fato com que me tinha erguido da cama, sem ter tempo tomar nem ao menos o chapéu, deixando em poder desses inimigos desleais minha casa de negócio que possuia, além de um bom fundo de negócio de ferragens, louça, molhados,  alqueires de sal, perto de quarenta arrobas de café e muitos gêneros alimentícios; ficou em duas canastras 4:000$ em dinheiro, sendo 3:200$ em notas e 800$ em prata; mais 60$ na gaveta da mesa em que eu escrevia. Várias letras de não pouca importância, borradores onde se achavam bem avultadas somas, uma igarité nova na importância de 2:000$, trinta e tantas rezes, etc.

Assim eu que já possuia alguns meios com que manter-me com alguma decência, anoiteci o dia 24 de abril pedindo por esmola uma calça para vestir e um chapéu para amparar-me a cabeça dos raios do sol; neste estado de miséria vim-me arrastando até este ponto (Santana de Paranaiba) onde declarei ao sr. delegado de polícia a minha chegada que foi a 18 de maio, e apresentei-me a ele declarando ser daquele dia em diante um soldado voluntário da pátria, e protesto haver todos os meus prejuízos, e se eu sucumbir na luta ficará o direito para o meu sócio Sr. D. Manoel Cabaça, de Corumbá para fazer as necessárias reclamações. - Francisco Carvalhaes Silveira - Vila de Santana de Paranaíba, 27 de maio de 1865.


FONTE: ¹Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Prefeitura Municipal, Coxim, 1995, página 30. ²Taunay, Marcha das forças, Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, 1928, página 142. ³Correio Mercantil (RJ) 31 de julho de 1865.





24 de abril

1912 - Inaugurada usina de energia elétrica de Corumbá

Em funcionamento desde 6 de janeiro, quando foi entregue o serviço de iluminação pública da cidade,, é oficialmente inaugurada a usina elétrica da Corumbá:

"Em meio de numerosa e seleta concorrência, na qual se destacavam muitas famílias, o dr. Secretário de Agricultura e o inspetor da Região Militar, foi ontem inaugurada oficialmente a usina hidrelétrica Rosaura, da Companhia de Eletricidade de Corumbá, ao mesmo tempo batizada pelo capitão de fragata Wanderley, Intendente Geral do Município.

Após o discurso do representante da empresa, fazendo entrega da usina, abriu-se a chave comutadora, dando luz à toda a cidade.

Foram padrinhos o almirante José Carlos de Carvalho e dona Amália Wanderley".

FONTE: O Debate, (Cuiabá) 26 de abril de 1912.



24 de abril
 
1912 – Câmara doa áreas a entidades



De autoria do vereador Amando de Oliveira a Câmara de Campo Grande recebe projeto de lei reservando várias áreas do município com finalidade de utilização pública:
 
“Art. 1º - Ficam reservados para terrenos de utilidade pública e para os fins que se destinam, os seguintes: Na quadra urbana – a) As quadras entre as ruas 14 de Julho e 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa), Cândido Mariano e Antônio Maria Coelho;
b) Os lotes ns. 63 e 65 na rua Cândido Mariano para a sede da Sociedade Agro-Pecuária do Sul;
c) Para Grupo Escolar os lotes 8 e 10 na avenida Marechal Hermes (atual Afonso Pena);
d) Para Mercado e Praça entre as ruas Afonso Pena (atual 26 de Agosto), Anhanduy e 15 de Novembro;
e) sem registro;
f) Para Praça da Matriz, a atual 2 de Novembro, que passará a denominar-se Praça Santo Antônio; e
g) Para sede da Sociedade Operária os lotes 2 e 4 da rua Cândido Mariano, esquina da rua 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa).”




FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o sagrado e o profano, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 142.




24 de abril

1912 – Chega a idéia do telefone em Campo Grande





O farmacêutico Ataualpa Carvalho encaminhou requerimento à Câmara Municipal, acompanhado de minuta de um contrato para a instalação de uma rede telefônica. A iniciativa resultou na abertura de concorrência para a exploração do serviço, que chegaria a Campo Grande somente no final da década, “com a instalação dos primeiros telefones de magneto, com pilhas e manivelinha, para as chamadas ao centro, que fazia as ligações solicitadas. Tão poucos eram os aparelhos que ninguém pedia o número, mas o nome da pessoa chamada.”
Segundo Paulo Coelho Machado, "a primeira telefonista profissional foi Idalina Mestre, viúva do primeiro intendente de Campo Grande, Francisco Mestre. A mesa telefônica estava instalada na residência dela, na rua 14 de Julho, defronte ao jardim, mais ou menos no meio da quadra. Era uma mulher robusta, pele rosada, cabelos claros, atenciosa e amável."



FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua velha, Tribunal de Justiça, Campo Grande, página 182.


24 de abril

1927 - Assassinado juiz de Direito de Corumbá 









Vítima de atentado à bala, ocorrido dois dias antes, morre eu sua casa, o juiz de Corumbá, Barnabé Gondim. O homicídio teve grande repercussão no Estado. Um dia antes de seu falecimento, o jornal A Cidade, de Corumbá, dá detalhes do atentado e da luta dos médicos para salvar a vida do magistrado:


Causou grande mágoa no seio da sociedade corumbaense, o atentado do qual foi vítima, anteontem (dia 21), o Exmo. Sr. Dr. Bernabé A. Gondim, estimado Juiz de Direito desta comarca.


Eram 16 e meia horas, mais ou menos, daquele dia, quando o dr. Gondim, estando em sua residência, presencia a entrada ali de uma pessoa desconhecida que acabava de chegar de automóvel.


Depois de algumas palavrar, tenta essa pessoa conduzi-lo apressadamente para o veículo com o intuito, certamente, de sequestra-lo ao que o M.M. juiz procurou resistir.


Entrementes uma criança que presenciava os últimos momentos da contenda, foi-se assustada para o interior da casa, levando ao conhecimento das pessoas que lá se achavam, aquele fato que acabava de assistir. Antes porém que alguém chegasse ao local, ouviram-se três tiros consecutivos, dois dos quais atingiram a pessoa do dr. Gondim, nas seguintes posições: 1° projetil – um ferimento na face anterior do terço superior do antebraço esquerdo, cujo projetil se acha na face posterior logo abaixo da pele; 2° projetil – um ferimento na região escapular direita, (orifício de entrada). Um outro no bordo esquerdo do externo no 2° espaço intercostal (orifício de saída). Este ferimento lesou o pulmão direito o qual apresenta um grande hematorax (derrame de sangue); um ferimento do bordo interno da mão entre o polegar e o index, outro no bordo interno, (orifício de saída da bala) que fraturou os metacarpianos na sua trajetória; - este ferimento deu-se com o mesmo projetil que perfurou o tórax.


O desconhecido que não chegou a ser visto pelas demais pessoas da casa do dr. Gondim, tão logo disparou a última bala, tomou o automóvel em que veio e fugiu apressadamente.


Prontos recursos médicos foram dispensados pelo dr. Nicolau Fragelli, que casualmente se achava no interior da residência do ofendido, prestando os seus serviços profissionais a um doente. Não se fez tardar para que também chegassem os drs. Gastão de Oliveira, João Leite de Barros e Cap. dr. Francisco de Oliveira, os quais prestaram espontaneamente os seus valiosos serviços.


Durante o resto da tarde daquele dia, esteve completamente repleta a casa do dr. Bernabé Gondim, de grande número de pessoas de todas as classes sociais que lhe foram visitar.1

O dr. Gondim, mesmo diante de todos os esforços dos médicos para salvar-lhe a vida, não resistiu. Sua morte foi lamentada em todo o Estado:

Vítima de bárbaro e covarde atentado, desapareceu do mundo dos vivos, a 24 de abril p. passado, em Corumbá, o ilustre dr.Bernabé Gondim, juiz de Direito daquela comarca.


Conforme telegramas enviados daquela procedência às nossas autoridades e imprensa, foi alvejado o dr. Gondim a 21 do referido mês, por três tiros, em sua própria residência pelo indivíduo de nome Antonio Malheiros, pronunciado por aquele magistrado, por crime de homicídio, praticado no ano passado, na pessoa do açougueiro Dutra.


O facínora que andava foragido desde que praticara aquele assassinato, viera após a respectiva pronúncia, a cavalo até Ladário, deixando ali a sua montada, tomou um auto e dirigindo-se à casa de residência do dr. Gondim, desfechou-lhe 3 tiros, fugindo, em seguida à toda força no mesmo auto e, retomando o seu cavalo, em Ladário, ganhou o rumo das suas terras, perseguido por forte escolta da força pública.


Impotentes foram todos os recursos da ciência para salvarem o dr. Gondim, que veio a falecer no dia 24, pelas 17 horas.


Com justa razão abalou toda a nossa sociedade que de perto conhecia o juiz de Direito de Corumbá.


Por haver pronunciado um criminoso por crime de morte perdeu a vida. É uma vítima do cumprimento do dever.


Era incontestavelmente um bom o dr. Gondim; incapaz de ofender ou melindrar a ninguém, incapaz da menor violência como bem o demonstrou durante o período de 4 anos em que ocupou o cargo de chefe de polícia do Estado e por isso, a ninguém poderia ser dado imaginar que viria cair como caiu, vítima do braço homicida.


Pai de família exemplar como sempre foi notado, deixa viúva e filhos menores na mais cruel desolação.


Registrando esse triste acontecimento acompanharemos a ação da justiça que com fundas razões antevemos se fará sentir enérgica para com o bárbaro criminoso, desafrontando assim não só a sociedade corumbaense mas toda a mato-grossense de um agravo como esse de profunda a tristíssima repercussão.2




PRISÃO DO CRIMINOSO - Notícia do Jornal do Comércio (Campo Grande) de 13 de julho de 1927, informa que foram presos, "domingo último em Porto Guarani, o bandido Antonio Malheiros, seu irmão Luis Malheiros e os seus comparsas Antonio Pereira e Guilherme Pereira, sendo o primeiro autor do bárbaro crime da morte do íntegro juiz, dr. Bernabé Gondim".

Em 28 de janeiro de 1942, Antonio Malheiros foi morto em confronto com a polícia, em sua fazenda no município de Bela Vista.


FONTE: 1Jornal A Notícia (Três Lagoas) 28 de abril de 1927, transcrição de A Cidade (Corumbá) 2Jornal A Cruz (Cuiabá), 1° de maio de 1927.

FOTO: Reprodução de editorial do Jornal do Comercio (Campo Grande), 25 de abril de 1927.

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