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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

25 de maio

25 de maio

1730 - Paiaguás atacam comitiva com 60 arrobas de ouro




Tendo à frente o ouvidor da comarca, Antonio Alves Lanhas Peixoto, deixa Cuiabá com destino a São Paulo uma expedição com numeroso grupo de canoas, conduzindo centenas de pessoas e sessenta arrobas de ouro, resultante do quinto cobrado dos mineradores locais, cobrado pela coroa portuguesa. Tão logo tomaram o rio Paraguai, lhe saiu de um sangradouro turba de paiaguás dando "um urro tão estrondoso que atemorizou os ânimos de alguns e excitou o valor a outros".

A batalha, da qual saíram vitoriosos os índios, é detalhadamente descrita por sobreviventes e eternizada nos Annaes do Senado da Câmara de Cuiabá:

Peleijarão fortissima mente de parte a parte, foi tanto o sangue derramado, que rubricava as agoas do Paragoay tornando as de cristalinas a anacoradas. Acabou a vida Lanhas em marcial contenda, dando tantas mostras do seu valor, que por si só deo muito que fazer aos barbaros, pois tanto obrava Lanhas com toda a mais companhia defendia-se não só a si como a todos os mais que a elle se encontravão, de tal sorte que sobre elle cahia toda a barbara furia, pasmos de ver, o que obrava hum só homem. Não menos se reconheceo alli o vallor do cabo daquela Esquadra Ignacio Pinto Monteiro natural de Sam Paulo que a troco de muitas vidas vendeo a sua. Miguel Pedrozo da Silva, que perdendo no conflito Piloto, e Reimeiros, lhe rodou a canoa thé o barranco do rio, onde estavam alguns dos nossos vendo a tragedia de palanque e refazendosse de Piloto, e novos alentos tornou a cometer aos inimigos com tanta ouzadia, que fés por entre elles entrada franca, matando huns, tomando lanças ao outro, e a outros finalmente embarcando canoas thé que perdeo a vida e passou ao Eterno descansso. Continha a frota do Gentio | oitenta canoas com melhor de quinhentos bugres, peleijarão das nove horas da manham thé as duas da tarde, em que acabarão quatro centos catholicoz, e dos infieis cincoenta, escapando dos nossos oito pessoas que por terra se havião a costado a hum reduto. Logo depois que do Porto desta Villa sahio esta monção, partio outro trosso de canoas, em que hia por Cabo João de Araujo Cabral em tres canoas com bastante gente que levava ouro dos Quintos de El Rey. E mais atras Felipe de Campos Bicudo, e sua comitiva em outras tantas canoas. Chegados huns e outros ao lugar da tragedia virão gente no barranco do rio e examinando quem erão, acharão, os que tinhão escapado de quem souberão o sucesso como se passou. Em corporados todos ellegerão cabo João de Araujo Cabral, para continuarem a viagem, mas temerozos de que o gentio adiante os esperasse, falharão, e dalli escreverão a este Senado, e Pessoas Principaes, para lhes mandarem socorro, com que pudessem proseguir a jornada com segurança dos Reais Quintosm12, respondeu se lhes, que não havia socorro, e que voltassem com os quintos, para em outra ocazião se remeterem. Emquanto os portadores vierão, e voltarão, ouvião os que estavão falhadoz para dentro do Sangradouro, de onde havia sahido o Gentio, que hera por de traz de huma Ilha, humas vozes e brados como de gente humana, e seguindo esta vós a ver de quem era, e revistar o lugar não acharão gente viva, que pudesse bradar mas sim muitos corpos mortoz huns em terra, outroz no pantanal, e outros pendurados em forcas, que erão os que escapavão da morte no conflito, e tomadoz prizioneiros alli lhes deo o gentio a todos morte em forcas, a porretadas, ou travessados com lanças; Ahi acharão caixas quebradas, roupas espalhadas, papeis rasgados, e entre tudo isto huma Imagem de Santo Antonio com a cabeça dividida do corpo a quem atribuião os brados, para que servisse aquele lastimozo espectaculo. Derão sepultura aos cadaveres, e vendo que não tinhão socorro voltarão huns para tras, e outros seguirão viagem por terra em que morrerão quaze todos a fome, e chegarão alguns a Camapoam com vida levando as costas o ouro de | El Rey aonde o pozerão em salvo.


FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 17.



25 de maio


1870 - Assentada a pedra fundamental da matriz de Corumbá




Realizam-se as bênçãos e o assentamento da pedra fundamental da igreja matriz de Corumbá,no lugar da antiga paróquia, totalmente destruída pelos invasores paraguaios. Em seu diário, frei Mariano de Bagnaia, o vigário da vila, escreve sobre o ato e as dificuldades para começar a obra:

Logo depois tratei de edificar uma boa igreja mas encontrei uma parede de oposição por parte daqueles que me deviam auxiliar e depois de tanta espera, finalmente só no dia 25 de maio de 1870 que tive o prazer de colocar com toda a solenidade do ritual Romano, a primeira pedra da Igreja Matriz que existe hoje em Corumbá.

A igreja seria festivamente inaugurada a 14 de outubro de 1877.
 

FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história de frei Mariano de Bagnaia, Edição Fucmt - MCC, Campo Grande, 1992, página 209.


25 de maio


1879 - Atentado contra a imprensa


Máquina impressora de jornais no final do século XIX

É assaltada a tipografia do periódico O Iniciador, jornal que se publica em Corumbá. O atentado é atribuído, segundo Rubens de Mendonça, “a oficiais e praças do terceiro regimento estacionado naquela localidade, por desavenças entre comerciantes portugueses, cuja causa supunha-se patrocinada pelo dito periódico e alguns militares pouco ordeiros que, com o apoio de outra gazeta, haviam exacerbado essas desavenças.

O fato revestia-se de muita gravidade, pois que além da audácia com que fora praticado, invadindo um grupo armado de espada e revólveres, um estabelecimento dessa ordem, o primeiro da província, e onde residem os familiares dos proprietários, acresce que semelhante fato mais que tudo, exprimia o iminente perigo que corria a segurança pública, quando a exacerbação dos ânimos, que já se notava, poderia trazer como consequência um conflito sério entre militares e os comerciantes portugueses e seus aderentes. O próprio agente consular português, o mais ameaçado, já havia recebido aviso que pretendiam quebrar o escudo da Agência".¹


O atentado ao jornal corumbaense teve repercussão no Rio de Janeiro:

Em Corumbá houve um assalto à tipografia do Iniciador. Muitos vultos, entre eles oficiais do exército, segundo asseguram, atacaram munidos de revóveres e espadas, os fundos e frente da casa, arrombando portas e disparando tiros.

Houve muitos ferimentos ao que por enquanto nos consta. Oportunamente darei mais circunstanciadas notícias sobre tão grave atentado.

O sr. general Carvalho, comandante interino das armas, lá estava a passeio e parece que limitou-se a trazer consigo alguns dos oficiais turbulentos. Não se compreendendo como tal fato se desse justamente quando a estada daquele chefe militar, pelo seu prestígio (que deve ter), devia evitá-lo.

Consta também que o presidente da província já mandou que o chefe de polícia seguisse por este mesmo paquete a sindicar dessa ocorrência. Vamos ver o que fará o Sr. Dr. Pedra.²




FONTE: ¹Rubens de Mendonça, Historia do Jornalismo em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1963. Página 114. ²Jornal do Comercio (RJ), 3 de julho de 1879.

segunda-feira, 7 de março de 2011

25 de agosto

25 de agosto

1866 - Invasores paraguaios dão boas notícias de Corumbá

Correspondência de Corumbá, publicada pelo jornal oficial do governo paraguaio em Assunçao, mostra aparente tranquilidade de Corumbá, sob o jugo inimigo desde 3 de janeiro de 1865:

"Tivemos este ano grande abundância de mantimentos, graças ao zelo e dedicação do incansável tenente-coronel Cabral. Este lugar que desde sua criação (cuja origem se remonta há muitos anos) nunca se havia prestado à agricultura, segundo dizem seus aborígenes, este ano produziu tudo o que foi semeado em seu solo. Os fatos falam bem alto a este respeito. Grande abundância de arroz, mandioca, outros mantimentos e boas ervas e verduras de diversas espécies, mostrando que a esterilidade deste terreno era somente pela inação de seus habitantes. Por outro lado, tem diminuído, extraordinariamente,  até nos arrabaldes desta vila, a imensa quantidade de mosquitos, que antes era um de seus maiores flagelos. São palpáveis os melhoramentos de Corumbá, durante a administração do tenente-coronel Cabral, razão pela qual não podemos deixar de deixar patente nossa gratidão a este digno servidor da Pátria, que tanto tem cooperado para a felicidade de Corumbá, por tantos e tão importantes serviços".

FONTE: El Semanario, 25 de agosto de 1866, Assunção (PY).




25 de agosto

1929 - Criada em Campo Grande a Aliança Liberal





Por iniciativa dos irmãos cuiabanos o engenheiro Ytrio e o médico Fernando Correa da Costa, filhos do ex-governador Pedro Celestino, é criado em Campo Grande o diretório da Aliança Liberal, partido de oposição que dá apoio à candidatura de Getúlio Vargas para presidente da República, que concorre com Júlio Prestes, cuja vitória na eleição de 3 de maio de 1930, desencadearia a Revolução de 30 e o início da chamada era Vargas. Foram eleitos para a direção, Ytrio Correa da Costa, José Passarelli, José Valeriano Maia, Fernando Correa da Costa, Alfredo C. Pacheco, Alcides Alves da Silva e Piolino de Aragão Soares.

Dos integrantes da executiva, Fernando Correa da Costa viria a ser prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado de Mato Grosso (1950/55 e 1960/65) e senador da República por dois mandatos. Seu irmão Ytrio foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal por vários mandatos.

FONTE: Jornal A Campanha, Campo Grande, 1º de setembro de 1929.




25 de agosto

1932 - Rebeldes se retiram de Quitéria

Henrique Martins, comandante rebelde
Na revolução constitucionalista, após se refazer da refrega do dia 12 de agosto, quando teve que recuar depois de renhida resistência dos rebeldes sul-matogrossenses, a força legalista volta a atacar, até a retirada dos revolucionários para o Sucuriu, o que se deu após três dias de combates:

Após a reunião conduzimos o contigente à margem do rio onde havia vau e acomodamos a tropa debaixo do arvoredo. À hora exata iniciamos a travessia do rio com água na cintura, operação que levou algum tempo porque os soldados despidos conduziam suas roupas e armamentos na cabeça. Às 5 horas, três pelotões já estavam em posição, escalonados numa frente de 300 metros, aproximados, os patriotas do batalhão Atanagildo França foram agrupados e intercalados nos espaços vazios da formação de nosso contingente. [Esse batalhão reunido não dava o efetivo de 50 homens].


Às 6 horas da manhã do dia 22, nossa artilharia iniciou o ataque com o bombardeio de tiros contínuos de granadas. O inimigo revidou à altura e a luta se travou bateria contra bateria, num duelo de granadas incendiárias que atearam fogo no campo ressequido, impedindo que as manobras previstas fossem realizadas, ante às imensas labaredas que atingiram proporções impressionantes, reduzindo a carvão e cinza toda a vegetação agreste da região, ofuscada pela fumaça. Diante do sinistro, nossa tropa que se estendia em linha sinuosa para o ataque, retroagiu ao ponto de partida, protegendo-se na orla do mato, à margem direita do rio. O 21° B.C. e o Btl. Carvalhinho também tiveram frustradas as suas missões. À tarde o campo em que se travaria o combate estava cinério, enfumaçado, a noite caiu nesse ambiente desolador.


Na manhã seguinte o inimigo nos molestou com inquietantes disparos de artilharia. Enquanto bombardeava as posições do 21° B.C. e do capitão Corroberto, também nos atacava com petardos de obuses que explodiam no ar, espargiam balins de chumbo nas árvores que nos cobriam. Por três dias ficamos estacionários, garantindo apenas as nossas posições e fechando por circunstância imperiosa uma brecha (abertura) ao longo da nossa defesa, pela deserção de alguns patriotas do batalhão Atanagildo.


O incêndio interrompeu todo o plano de luta. Mais de um quilômetro quadrado da região, partido da estrada de rodagem, ao longo da linha de crista do terreno até a orla do rio, transformou-se em mar de cinza, deixando em destaque os relevos do solo antes ocultos por capim e vegetações ressequidas.


"O dia 23 de agosto amanheceu chuvoso e calmo na linha de frente, mas na manhã de 24, sob um chuvisqueiro inoportuno, o inimigo nos molestou com disparos de obuses sem partir para o ataque. (...)


A 25 o QG planejou novo ataque para ser desencadeado à noite do dia 26, sem o auxílio de nossa artilharia, objetivando surpreender o inimigo. A manobra seria a mesma que foi frustrada pelo incêndio do dia 22, apenas com detalhes diferentes, empregados em operações noturnas. À noite de 25 o inimigo rompeu o silêncio, metralhando o nosso setor de vigilância, ataque que revidamos e o tiroteio cessou. O dia 26 amanheceu tranquilo sem que o inimigo desse sinal de vida, sintoma bastante estranho, contrário aos dos dias anteriores. Por volta das 14 horas, como a trégua continuasse, organizamos uma patrulha sob o comando do sargento Aderbal Antunes, com missão de investigar o que estava acontecendo. Palmilhando no leito do córrego do Pinto, trecho coberto de vegetação e camuflagem, os patrulheiros penetraram rastejantes no terreno adversário e após acurada observação, constataram que o inimigo se retirara.¹


A propósito deste combate, Emílio Barbosa, que participou da revolução constitucionalista como voluntário, depõe:


Em novo setor fui prestar serviço e lá na Quitéria o major [Dutra] pediu reforço para fazer a retirada. Seguiu o Ênio com 120 voluntários e todos queriam ir, gente brava. Vinte e quatro horas combatendo, deram tempo para o major retirar os seus homens e até um caminhão das nossas forças foi utilizado, tendo o Ênio que voltar a pé, brigando e conseguiu salvar toda a companhia, com um extraviado apenas um voluntário, que ergo preces para que não tenha a morte o acometido.


Feito o recuo de Quitéria e do Desbarrancado conduziu Henrique [Martins] (foto) os 400 homens para a margem direita do Sucuriu, no lugar chamado Porto do Galiano e se entrincheirou. Vigiando 40 k marginais do rio, localizados nos pontos fracos as metralhadoras, aguardou o inimigo que não se fez esperar.²

FONTE: ¹Lindolpho Emiliano dos Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 105. ²Emilio G. Barbosa, Panoramas do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 174. (foto de Henrique Martins, reproduzida do livro Memórias Janela da História de seu filho Wilson Barbosa Martins)






25 de agosto


1961Jânio Quadros renuncia





Frustrando toda a nação, que o elegera com consagradora votação, renuncia, denunciando pressão de forças ocultas, o presidente Jânio Quadros, que assumira o governo nove meses antes. Foi o filho de Campo Grande que ascendeu mais alto na política brasileira pelo voto direto.

Sua renúncia foi oficializada na seguinte carta ao Congresso Nacional:

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.

Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

Jânio Quadros"









sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

7 de maio

7 de maio


1892 - Generoso Ponce retoma Cuiabá



População festeja vitória do comandante Ponce, em quadro de José Hidalgo



As tropas do batalhão patriótico Floriano Peixoto, sob o comando do coronel Generoso Ponce, após vários dias de combate nos arrebaldes, finalmente chegam ao centro, com força total, mas, encontrando resistência:


“De ambas as partes saiam tiros. Em poucos minutos o contínuo fogo vivo, sem tréguas de parte a parte, deixava fora de combate grande número de vítimas.¹

Ficando apenas um batalhão inimigo que entregou-se somente dois dias depois, com a renúncia do coronel Luis Benedito, que ocupava a chefia do governo, Ponce, na condição de 1° vice-presidente, assume a chefia do governo.²


Era o termo de um movimento sedicioso iniciado a 22 de janeiro, na cidade de Corumbá, arquitetado por militares e políticos ligados ao general Antônio Maria Coelho e sustentado pelo coronel José Barbosa, comandante do distrito militar do Estado.


A deposição do presidente Murtinho, a 1° de fevereiro, substituído por uma junta e depois pelo vice-presidente Luis Benedito, eleito em um pleito anulado, provocou a reação do principal líder político do Estado, coronel Generoso Ponce que organizou a resistência em todo o Estado.


No Sul, esteve à frente da resistência, o intendente de Nioaque, coronel Jango Mascarenhas, que tomou os quartéis de Nioaque e Miranda, impedindo o deslocamento de reforços aos rebelados de Corumbá.


Ponce permaneceu à frente do governo somente até a chegada de Manoel Murtinho, que reassumiu e o Estado voltou à normalidade, garantida nos próximos 8 anos, até o rompimento da aliança Ponce-Murtinho.




FONTES: ¹Miguel A. Palermo, NOIAQUE, Evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 84; ²Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1972,página 64.


7 de maio

1912 - Correio do Estado (de Corumbá) suspende circulação

Nota de duas linhas de coluna, em jornal de Cuiabá, dá conta da suspensão da circulação do Correio do Estado. Fundado em 5 de maio de 1909 e dirigido por Francisco Castelo Branco, o jornal não estava diretamente ligado a nenhum partido político e estampava sob sua logomarca, o slogan "orgam de interesses geraes do povo". Sua última edição disponível, circulou em 25 de abril de 1912. 

FONTE: O Debate, Cuiabá, 9 de maio de 1912.


7 de maio

1927 - Impaludismo ataca refugiados da coluna Prestes na Bolívia

Chega a Corumbá, procedente de Gaiba, na Bolívia, um vapor da Bolívia Concession, "trazendo notícias novas do general Carlos Prestes e dos seus homens" ali exilados, com o fim da revolta da coluna Prestes contra os governos de Arthur Bernardes e Washington Luis.

A principal notícia dá conta de que "apareceu em Gaíba uma febre sazonática de carácter endêmico que tem atacado muitos revolucionários". Acrescenta-se que como não houvesse recursos bastantes para aquisição de medicamentos, "os senhores Miguel Perez e Silvino da Costa organizaram uma subscrição, obtendo o necessário para aquele humanitário fim".

FONTE: Diário da Noite (SP), 13/05/1927.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

30 de maio

30 de maio


1834A Rusga explode em violência


Movimento nativista, hostil aos portugueses, também chamados adotivos, surgido com a abdicação de D. Pedro I, atinge o seu ponto máximo de ebulição em Cuiabá e várias cidades do Estado:

Pelas ruas até então silenciosas de Cuiabá, propaga-se a anarquia desenfreada, em berreiro macabramente capadoçal, a que se misturavam o sinal de alarma, o estrondo de portas e janelas, que se arrombam a golpes de alavancas e coices de armas, o hino da desordem, os tiros e as deprecações das vítimas.
Rapidamente se espalhou a notícia dos primeiros assassínios e danos materiais causados aos inimigos.


A nevrose arruaceira cedo atingiu ao paroxismo, ganhando alento nas lojas entregues ao saque onde se embebedava a soldadesca viciada.
O atentado inicial contra os adotivos, degenerava em desordem mais grave, a cujos golpes não se forravam os maiores personagens de Cuiabá
¹.


Jornal do Rio de Janeiro da detalhes do episódio, no seguinte editorial:

Perseguir a tirania portuguesa é unânime opinião brasileira, e com tais fins se erigiu nesta cidade do Cuiabá uma Sociedade, cujo timbre, já malicioso é - Zelosa da Independência do Cuiabá! - A ela se uniram honrados e incautos cidadãos;porém dirigindo seus trabalhos sedentes monstros de figura humana em secretas sessões traçaram os negredados planos que postos em prática enlutaram esta infeliz cidade. No dia 30 de maio pp. reunidos no Campo do Ourique os chefes e satélites de tão infernal associação, a título de guardas nacionais, combinados com Sebastião Rodrigues da Costa então no quartel da cidade, retiveram neste até as 10 horas da noite a patrulha que de ordem do juiz de paz devia rondar a cidade; a essa hora vendo esses celerados que seus planos não podiam falhar, fazem tocar a rebate, a saque e a degola: aterrado o povo com tais toques, e com o horror da noite, buscava um centro para unir-se e não o achava, pois infelizmente o governo estava inteiramente coacto, e pérfidos conselhos chefes da anarquia, ladeavam o vice-presidente João Poupino Caldas, que cheio de amargura viu praticar essa horda de bárbaros as maiores atrocidades espezinhando a Constituição e os mais sagrados e invioláveis direitos que unem os brasileiros em associação civil. Soltam-se os facinorosos presos das cadeias e com eles as horrorosas vozes de morte aos adotivos, cujas casas são arrombadas e barbaramente assassinados quantos são encontrados, no seio de suas pacíficas famílias, e só se ouviam por todos os lados da cidade dispersos tiros e horrorosa carnificina. Debalde procurou o vice-presidente unido ao Ex. Bispo, acomodar os faciosos, porque estes longe de atenderem a estas respeitáveis autoridades, as insultaram e tudo se julgou então perdido. Foram assassinados nesta noite três adotivos e no seguinte dia um brasileiro nato, aos quais ainda vivos lhes foram cortadas as orelhas e partes genitais, atravessados os ouvidos com baionetas e lançado fogo sobre seus agonizantes cadáveres, que arrastaram à rua; tais martírios sofreu o capitão João Cardoso de Carvalho, que depois se confessou a pode ainda despedir-se de sua infeliz mulher e inocentes filhos, sendo a sua casa assim como de todos os adotivos sujeitas ao mais terrível saque e reduzidas suas tristes famílias à mais apurada indigência. Senhores das armas e do quartel esses tiranos faziam sair escoltas à custa dos dinheiros nacionais atrás do miseráveis que fugiam e dos que sendo lavradores moravam em suas fazendas, onde além de sacrificarem a seus brutais apetites as desgraçadas esposas e filhas à vista de seus maridos e pais, que assim desonrados receberam por fim crudelíssima morte e suas orelhas eram conduzidas ao quartel onde se recebiam em grande aplauso, chegando a tal excesso a ferocidade desses bárbaros que assavam e comiam essas orelhas, mofando assim dos homens e zombando da justiça divina. Ainda aqui não param as barbaridades, obrigam as viúvas desses mártires e enramarem a frente de suas saqueadas casas, e iluminarem suas portas de janelas, em sinal de aplauso de sua indigente viuvez e priva-se-lhe o luto, e para cúmulo de horror até lhes é vedado a dar sepultura aos tristes restos de seus inocentes e desditosos esposos; a pena recusa escrever tantos horrores e o coração se oprime de aflitiva dor; porém é necessário arrematar este fúnebre mas verdadeiro quadro. Ao tenente coronel José Antonio de Lima e Abreu que fugia e foi alcançado por uma das escoltas depois de sofrer afrontosa morte pois foi sangrado como um porco, abrem-lhe a barriga e tiram as banhas com que untou o famigerado Euzébio Luiz de Brito o lombo de seu cavalo para matar o piolho. Oh! monstro fúria do inferno; nada temem esses esfaimados tigres; porém aqui não para ainda a perversidade destas feras, que arrogando a si o poder de matar e perdoar dão perdões a infelizes septuagenários a peso de ouro. Chegou enfim o momento de tocar o maior dos crimes dos canibais; chegou enfim! o sangue se gela oh! perversidade! Oh! Crime dos crimes; foram todos estes horrendos atentados praticados em o Sagrado Nome da Exma. Regência que em nome do Nosso Amado e Inocente Imperador, feliz e sabiamente nos rege: foi assim que esses antropófagos profanaram os mais caros penhores da nação brasileira; sua punição pois deverá servir de exemplo ao mundo inteiro. Tocados ligeiramente os acontecimentos até a época em que o honrado vice-presidente coronel João Poupino Caldas se apoderou das armas e do quartel, só resta dizer que a não ser a resolução deste ilustre patriota, não tomaria posse o exmo. presidente e as cenas de horror e barbaridades continuariam até hoje, que graças a Divina Providência e as sábias e enérgicas medidas que se tem tomado, gozamos felizmente de alguma tranquilidade, e esta de todo se restabelecerá se a exma. regência lançar sobre esta infeliz província olhos de sublime piedade.²

Em 1867, Taunay conheceu em Miranda, Alexandre Manuel de Souza, o Patová, que dirigira “a 30 de maio de 1834, em Miranda, a célebre matança dos portugueses, pelo que fora constrangido a fugir para os lados de Camapuã e Corredor (no sertão entre aquele ponto e Santana do Paranaíba) e lá ficou 30 anos homiziado”.³

FONTE: ¹ Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, XXIV. Página 14; ²Jornal O defensor da legalidade (RJ) 23 de janeiro de 1835,  ³Taunay, Em Mato Grosso invadido, Edições Melhoramentos, SP, sd. Página 34.

FOTO: Poupino Caldas, no governo na noite da Rusga.






30 de maio


1851Nasce José Alves Ribeiro



Nasce em Miranda, José Alves Ribeiro. Passou a infância na fazenda Taboco. Iniciou seus estudos e Cuiabá, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro. A guerra do Paraguai prende-lhe no litoral, de onde volta ao Taboco já no final do conflito, retomando suas atividades na velha fazenda. Tornou-se líder político, rivalizando com outros chefes regionais, entre eles Jango Mascarenhas e Bento Xavier.¹ Chegou a deputado estadual na legislatura de 1903 a 1905.²

O coronel Jejé, como ficou conhecido, era pai do coronel Joselito, outro importante chefe político da região Sudoeste do Estado. Morreu a 1º de setembro de 1927.



FONTES: ¹Renato Alves Ribeiro, Taboco, 150 anos, balaio de recordações, edição do autor, 1984. Página 63; ²Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativo, Cuiabá, 1967. Página 82.

FOTO: acervo de Paulo Coelho Machado.


30 de maio

1870 - Jornal defende mudança da capital de Mato Grosso para Corumbá

O Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, um dos mais influentes jornais do país, através de seu representante em Buenos Aires (Argentina), defende a mudança da capital da provincia de Mato Grosso para Cuiabá, sob a seguinte justificação:

"Em uma das anteriores já chamei a atenção do Império para este assunto, aconselhando até que se faça a mudança da capital de nossa província de Mato Grosso para Corumbá, que pode ser um empório para atrair o comércio da Bolívia para Santo Corazão. A ideia desse novo ferro-carril argentino, para o qual há muito boas razões, porque será muito menos dispendioso do que o que se empreende de Corbova a Tucuman em comunicação fácil com Buenos Aires, chamaria inevitavelmente para esta república o comércio da Bolívia.

Eu portanto insisto hoje na ideia que já anteriormente insisti, a respeito da mudança da capital de Mato Grosso para Corumbá, e da fundação de um arsenal de Marinha brasileira naquele ponto. Essa ideia tem grande alcance atualmente. Muitos de nossos depósitos em Assunção podem ser podem ser transportados para Corumbá com mais facilidade que para o Rio de Janeiro. Nossas forças seriam acompanhadas desse comércio ambulante que os habituou a acompanhar o exército do Brasil e a ganhar-lhe as libras. Fora uma colonização para Mato Grosso, sem despesa nenhuma e suavemente feita. Estabelecida depois nesse ponto a correnteza do comércio da Bolívia, que infelizmente não tem senão um péssimo porto no oceano Pacífico, e faz o transporte de seus produtos para a nossa cidade de Vila Maria, estabelecia, digo, essa correnteza comercial, melhoradas as estrada de Santo Corazão e assentados os meios de transporte, dificilmente procurariam depois os bolivianos outro caminho para venda de seus produtos e para compra das mercadorias estrangeiras. Então não os animaria a república Argentina a empreender, com a mira nesse comércio, nem a navegação do rio Bermejo, nem a tal estrada de ferro, cujo plano me foi revelado outro dia, como disse".

FONTE: Jornal do Comércio (RJ), 30 de maio de 1870.




30 de maio

1913 - Morre prefeito de Dourados

Faleceu em Ponta Porã, onde estava licenciado do cargo, por problemas de saúde, o primeiro prefeito eleito de Dourados, Álvaro Brandão. Nascido em 8 de julho de 1880, em Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul, era filho de Bernardo Barbosa Pinto Brandão e Andrelina Brandão. No Sul de Mato Grosso, trabalhou na Companhia Mat Larangeira. Residiu primeiro em Ponta Porã, onde exerceu várias atividades sociais e profissionais. Em 1920 exerceu as funções de delegado de polícia e coletor estadual.

Em Dourados, estabeleceu-se como comerciante, com uma loja na avenida Marcelino Pires, esquina com a avenida Presidente Vargas. Com o fional do mandato do primeiro prefeito nomeado do município, João Vicente Ferreira, entrou na política local e venceu o primeira eleição direta para prefeito do novo município, pelo Partido Evolucionista, cujo líder estadual era Vespasiano Barbosa Martins. Na prefeitura, foi substituído  por Frankiln Azambuja e Jaime Moreira e Souza.

FONTE: Rozemar Matos Souza, Dourados seus pioneiros, sua História, Centro Cívico, Histórico e Cultural 20 de Dezembro, Dourados, 2003, página 96.


30 de maio


1925Coluna Prestes no rio Pardo



Depois do célebre combate do Apa, no dia 14 de maio, os destacamentos de João Alberto e Siqueira Campos romperam o contato e “alcançaram Amambaí, infletindo então para Nordeste, em direção a Vacaria, onde deveriam reunir-se com o restante dos revolucionários. Fazendo a partir daí a vanguarda da Divisão, Siqueira Campos (foto) transpôs os rios Anhanduí, Anhanduizinho, Lontra e São Felix, alcançando ao anoitecer de 30 de maio de 1925, o ponto de Rio Pardo em que o mesmo é atravessado pela ferrovia Noroeste"¹.

No dia seguinte, 31 de maio, sob renhido combate com forças legalistas, Siqueira Campos toma e ocupa a estação ferroviária de Ribas do Rio Pardo.

Da passagem de Siqueira Campos pela fazenda São Pedro, na Vacaria, o ex-governador Wilson Barbosa Martins, então com oito anos, lembra o seguinte episódio:

Naquele final de tarde em que avistamos a tropa chegando à fazenda, conosco estava Godofredo Barbosa, o Tinô, primo mais velho que eu, curando-se de maleita. Em instantes, chegaram ao galpão os comandantes, outros oficiais e, a seguir, todo o regimento formado por centenas de cavalarianos. Informamos à chefia que o dono da fazenda, Henrique, se achava em viagem e que a sua senhora teria o prazer de recebê-los para café ou refresco.

Minha mãe os acolheu com serenidade e simpatia,dizendo-lhes que estava só com os filhos e pedia-lhes garantia. Ofereceu-lhes pequeno lanche e prontificou-se a preparar o jantar e a arrumar o quarto de hóspedes para que ali descansassem durante a noite.

Retornei ao contato da tropa e vi quando um dos soldados se apropriou do arreio de meu pai que se achava no galpão,levando-o para o lugar onde se alojara. Nada eu lhe disse, mas fui direto à procura de Siqueira Campos e narrei-lhe o fato. Siqueira me perguntou se eu sabia qual era o soldado e onde se encontrava, e eu lhe respondi que sim. Saímos os dois juntos e fomos ao local em que o mesmo se achava. Momentos passados, toda a tralha era devolvida a casa e, melhor ainda, guardas foram postos armados em cada canto do prédio, para vigiá-lo.

Com respeito ao comportamento dos rebeldes, Wilson depõe:

No que tocou a nós da fazenda São Pedro, a conduta dos comandantes revolucionários foi impecável. Foi com saudade de sua breve passagem que os vimos prosseguir na manhã seguinte para novos destinos.
"Sofremos apenas a perda de nossas vacas leiteiras, especialmente para nós meninos, a ausência da Laranjinha, mansa e boa de leite. O abate desses animais se destinou à alimentação dos homens que compunham o Regimento²

FONTE: ¹Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Record Editora, Rio, 1966, página 374; ²Wilson Barbosa Martins, Memória Janela da História, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página 77.


30 de maio

1938 - Nasce Levy Dias,  último prefeito de Campo Grande antes da divisão




Filho de Filho de Virgílio Dias e Zila Cândido Dias, nasceu em Aquidauana, Levy Dias. Sargento do Exercito, em Campo Grande, concluiu o ensino médio. No período (1963-1966) foi presidente da UCE, União Campograndense de Estudantes, tendo construído a sede própria da entidade, na rua 25 de Dezembro. A obra que o levou à política, foi o estádio Pedro Pedrossian (o Morenão), a qual administrou. Advogado, ingressou na vida pública pelas mãos do governador Pedro Pedrossian. Em 1966 candidato a prefeito de Campo Grande por uma sub-legenda da Arena. Perdeu a eleição para o peemedebista Plínio Barbosa Martins. Em 1970 elege-se deputado estadual e, em 1972, chega à prefeitura de Campo Grande pela Arena, com decisivo apoio de Pedrossian.

Sua gestão deu prioridade à educação, com a construção de modernas unidades educacionais e a implantação do Projeto Salve, sigla de saúde, alimentação e vestimenta, que preocupou-se com a assistência sanitária, merenda escolar, uniforme e material escolar para o corpo discente das escolas públicas. Na infra-estrutura, construiu o mini-anel rodoviário e preparou a cidade para ser a capital do novo Estado.

Em 1978 elegeu-se deputado federal e em 1980, nomeado pelo governador Pedro Pedrossian, assume a prefeitura de Campo Grande pela segunda vez. Em 1982 reelege-se deputado federal, pelo PDS, com a maior votação do Estado. Em 1985 tenta voltar à prefeitura, mas perde para Juvêncio César da Fonseca, do PMDB. Em 1986, elege-se deputado federal constituinte. Em 1990 chega ao Senado, numa chapa com Pedrossian para governador.

Em 1994 tenta o governo do Estado e é derrotado por Wilson Barbosa Martins. Em 1996 volta a disputar a prefeitura de Campo Grande, mas não consegue chegar ao segundo turno.

FONTE: Câmara dos Deputados e Senado Federal.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

16 de fevereiro

16 de fevereiro

1877 - Escravos matam senhor e capataz de fazenda em Corumbá




Revoltados com o dono e seu capataz, escravos matam os dois, saqueiam a fazenda e fogem. A notícia teve repercussão nacional:

"A 16 do corrente foram assassinados no porto do Chané, a algums léguas desta vila, o fazendeiro Firmiano Firmino Ferreira Cândido e um seu empregado (supomos que administrado) por nome João Pedro.

Segundo vemos de uma carta particular, escrita desse ponto por um genro do primeiro a um dos habitantes desta vila, os homicídios foram perpetrados por escravos do próprio Firmiano, os quais, depois de o assassinarem  e ao referido João Pedro, saquearam da fazenda o que puderam, tendo antes exigido as chaves das canastras existentes em casa, e retiraram-se, montados e bem armados, em número de vinte, inclusive alguns crioulinhos e dois ou três camaradas.

O assassinos, para dificultarem a ação da justiça, levaram consigo todo o armamento e animais que havia na fazenda e inutilizaram a machado três canoas, em que só os podia perseguir.

Logo que se teve aqui notícia de tão tristes acontecimentos, o Sr. Dr. juiz municipal, com alguma força seguiu para o teatro deles, a fim de tomar as devidas providências"¹.

Presos, dois escravos foram condenados à morte, e tiveram a pena capital comutada em galés perpétuas, por decreto do imperador D. Pedro II, de 15 de abril de 1881, nos termos da seguinte comunicação, do governo da província:

"Ao dr. juiz de direito da comarca de Santa Cruz de Corumbá. - Transmito a v. s. para a devida execução, cópia do decreto de 15 de abril último, pelo qual sua majestade o imperador houve por bem comutar em galés perpétuas a pena de morte a que foram condenados por esse juízo, em 29 de março de 1879, os réus escravos José e Benedito por crime de homicídio, mencionados na relação também junta por cópia".² 

FONTE: ¹Gazeta de Notícias (RJ), 1º de março 1878, ²A Província de Matto-Grosso (Cuiabá), 17-07-1881.

FOTO: Fac-simile do jornal Gazeta de Notícias.
 


16 de fevereiro

1888 - Nasce no Rio, José Jaime Ferreira de Vasconcelos





Nasce no Rio de Janeiro, José Jaime Ferreira de Vasconcelos. Advogado pela antiga Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro; farmacêutico pela Faculdade de Odontologia e Farmácia de Campo Grande, jornalista, fundador e diretor do Jornal do Comércio de Campo Grande.

Foi promotor de justiça, inspetor federal do ensino, auditor de guerra, deputado estadual por diversos mandatos, procurador geral do Estado, chefe de polícia, consultor geral do Estado, presidente do Conselho Administrativo do Estado, representante de Mato Grosso na Comissão de Planejamento da Valorização Econômica da Amazônia. Ocupou a cadeira 35 da Academia Mato-grossense de Letras. 



FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico de Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 157.


FOTO: Jornal do Comercio, Campo Grande



16 de fevereiro

1943 - Criado o Serviço Nacional da Bacia do Prata



Pela lei nº 5252, 16 de fevereiro de 1943 é criado o Serviço Nacional da Bacia do Prata (SNBP), entidade autárquica, em seguida transformada em sociedade anônima, com sede em Corumbá. Subordinado ao Ministério de Viação e Obras Públicas e à Comissão de Marinha Mercante, o SNBP incorporou o acervo do Lloyd Brasileiro.

"Apesar de ter enfrentado muitas dificuldades financeiras - constata Augusto César Proença - e de ter tido a necessidade de receber do governo subvenções, para poder se manter e continuar atuando na hidrovia, a empresa estatal trouxe inúmeros benefícios para Corumbá e para a região pantaneira," a saber:

Para Corumbá, quando transportava o minério de ferro e o manganês, e ainda cimento da Companhia de Cimento Portland Itaú. Para a pecuária pantaneira, quando utilizava os seus "boieiros" transportando gado em época de grandes enchentes, ou no desembarque ferroviário para os frigoríficos de Campo Grande e São Paulo, em conjugação com o terminal de Ladário. Cada "boieiro" transportava 300 reses em pé e possuía, a bordo, chuveiros para banhos de carrapaticidas ou de outra natureza.

O SNBP prestou também relevantes serviços à região agrícola de Cáceres, ao transportar cereais com fretes bem mais em conta que o cobrado por caminhões através de estradas de rodagem.

Durante o tempo em que atuou na hidrovia Paraguai-Paraná, aproximadamente 50 anos, adquiriu várias embarcações modernas, como a Guarapuava e a Guairicá,construídas na Holanda, além de rebocadores, barcaças tipo C, chatas M1 e N2, como também chatas N  e chatas petroleiras.

Prestou serviços à Flota Del Estado Argentino no transporte de minérios e à Comissão Mista Brasil-Bolívia, transportando trilhos e material ferroviário de Montevidéu a Corumbá.

Em 1992 o SNBP foi privatizado passando ao controle da Companhia Interamericana de Navegação e Comércio (CINCO).

FONTE: Augusto César Proença, Corumbá de todas as graças, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,sd., página 51.


16 de fevereiro

1949 - Morre Nicolau Fragelli


Anúncio publicado em 1914

Com 64 anos, faleceu em Campo Grande, o médico Nicolau Fragelli. Filho de Corumbá, formou-se em Medicina em Porto Alegre e fez curso de especialização em Paris. Entrou na política em 1918, elegendo-se deputado estadual. Em pleno mandato é nomeado pelo presidente dom Aquino Correa para intendente geral de Corumbá, diante de uma crise política local. “No exercício desse cargo teve Fragelli oportunidade de por à prova o seu espírito de serenidade e de conciliação, fazendo voltar a paz e tranquilidade àquela próspera comuna”, conforme Nilo Póvoas.

Em 1930, com a revolução, perde seu mandato de deputado estadual e volta à medicina, ao magistério e ao jornalismo. Em 1934, elege-se deputado estadual constituinte pelo Partido Evolucionista. Com o golpe getulista de 10 de novembro de 1937, voltou ao ostracismo, para retornar à atividade em 1945, ingressando na UDN e elegendo-se suplente de senador. Foi por longo tempo diretor do jornal O Progressista de Campo Grande e membro da Academia Mato-grossense de Letras.


Seu herdeiro político foi o filho José Fragelli, que chegou ao governo do Estado, nomeado pela ditadura militar de 1964 e ao Senado, do qual foi presidente de 1985 a 1987.



FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos varões ilustres de Mato Grosso, vol 2, Fundação de Cultura, Cuiabá,  página 131.



16 de fevereiro


1950 - Criada a paróquia de São Francisco, em Campo Grande







Dom Orlando Chaves, bispo de Corumbá, decide criar a paróquia de São Francisco e nessa data “reuniu todos os párocos de Campo Grande para tratar do assunto e realizar com os mesmos uma visita ao Cascudo para determinar os limites da nova paróquia. Ela devia abranger uma parte da cidade num raio de 2 km ao redor da igreja matriz. Além disso, todo o sertão, incluindo o distrito de Terenos e toda a região do município de Campo Grande para o sul, até os limites com as paróquias de Rio Brilhante e Maracaju. A paróquia teria uma superfície de uns 11.150 km2 com 14.000 habitantes, dos quais uns 2.000 no bairro e 12.000 no resto do território.” 

"Na época - lembra frei Pedro Knob - instalou-se uma igreja provisória, num salão alugado e já existiam as capelas de Terenos e Sidrolândia. Também a paróquia de Coxim foi anexada à nova paróquia e ficou sob os cuidados dos franciscanos. Já no dia 21 de maio, o bispo de Corumbá entregou oralmente ao frei Eucário Schmith, qur tomou posse no dia 8 de dezembro de 1950. A igreja matriz provisória,após um trabalho de reforma no salão e construção dos altares foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1951".


FONTE: Frei Pedro Knob, A missão franciscana de Mato Grosso, Edições Loyola, S. Paulo, 1988, página 347




16 de fevereiro

1963 - Inaugurado o serviço de telefonia interurbana Mato Grosso - São Paulo

Jornalistas Adelino Praeiro, Valmor Aguiar e Juber Felix entrevistam
Humbeto Neder, presidente da Teleoste

É oficialmente entregue a telefonia interurbana entre Campo Grande e São Paulo. Humberto Neder, presidente da Teleoeste, empresa campograndense responsável pelo serviço lembra a data:

Na inauguração do sistema interurbano veio o Governador do estado de Mato Grosso e também o ministro da Saúde, Wilson Fadul, representando o presidente João Goulart, e veio o prefeito de São Paulo, Prestes Maia, acompanhado de uma grande comitiva de pessoas interessadas e amigos em voo fretado por nós para assistir a inauguração desse serviço tão importante, que recebi uma mensagem até do Assis Chateaubriand, me felicitando por isso.

A revista Cruzeiro, a mais importante publicação mensal do Brasil à época, deu destaque ao evento:

Os 600 mil habitantes da região de Campo Grande, no Sul de Mato Grosso, que até o mês passado, viviam praticamente isolados do resto do país, já podem falar com qualquer parte do mundo, por telefone. A inauguração do sistema interurbano da Companhia Telefônica Oeste do Brasil (Teleoeste) através do empreendimento do Senador mato-grossense Humberto Neder vai permitir, daqui para a frente, maior desenvolvimento da região, que era rica mas incomunicável.

O trabalho do Senador Humberto Neder, que é, também, diretor da Teleoeste, consistiu em chegar à fórmula mais barata de levar fios telefônicos aos mato-grossenses e, em seguida, conseguir os meios e o apoio oficial para a iniciativa. A colaboração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, do Governo Federal e da Ericson do Brasil (Fabricantes de materiais telefônicos) permitiu a inauguração do sistema Campo Grande - Bauru - São Paulo. - Revista o Cruzeiro, n° 26, página 102, 1963.


O serviço chegaria em Cuiabá somente em 30 de abril de 1967.
FONTE: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, FCMS, Campo Grande, 2010, página 92.




16 de fevereiro


1992 - Morre o ex-presidente Jânio Quadros


Nascido em Campo Grande em 25 de janeiro de 1917, morre em São Paulo, no dia 16 de fevereiro de 1992, o ex-presidente Jânio Quadros.





Na edição que anunciou a morte do ex-presidente, em editorial, o jornal Folha de S. Paulo sintetiza sua trajetória:

Estilo carismático marcou sua carreira

Cabelo desalinhados e caspa nos ombros foram alguns símbolos cultivados por Jânio em sua vida pública
Da Redação

Jânio costumava aparecer em público com os sapatos trocados. Nos palanques das campanhas eleitorais levava uma vassoura, com a qual iria "varrer" a corrupção do país. Esse símbolo o acompanhou durante toda sua carreira política.
Entre os discursos de campanha, comia sanduíches de mortadela e pão com banana, numa tentativa de identificar sua imagem com o eleitorado mais pobre.
Jânio procurou sempre se diferenciar dos outros políticos. Vestia roupas surradas, usava cabelos compridos, deixava a barba por fazer, os ombros cheios de caspa e exibia caretas ao fotógrafos.
Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos, procurou sempre utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a maioria sem instrução escolar.
Chefe do Executivo, fosse municipal, estadual ou federal, o autoritarismo e o carisma foram seus traços característicos. Seus bilhetinhos, com ordens a subordinados, se tornaram célebres.
Segundo seus adversários, Jânio sempre demonstrou desprezo pelos partidos e pelo Poder Legislativo. Ao longo de sua carreira trocou de legenda sucessivamente.
Essas demonstrações de força aumentaram sua popularidade junto a diversos segmentos do eleitorado. Jânio parecia diferente dos outros políticos.
Eleito pela segunda vez prefeito de São Paulo, em 1985, seu primeiro ato ao tomar posse, em 1° de janeiro de 86, foi desinfetar a cadeira de seu gabinete. Alguns dias antes da eleição, seu adversário de campanha, Fernando Henrique Cardoso, candidato do PMDB, ocupou a cadeira para ser fotografado pela imprensa.
Em mais um de seus vaivéns políticos, no seu último mandato como prefeito literalmente "pendurou as chuteiras" na porta do gabinete, afirmado que nunca mais seria candidato a um cargo público - o que provavelmente não correspondia a suas intenções eleitorais, mas que acabou, com sua doença, revelando-se como uma espécie de premonição política.
Na campanha para a eleição presidencial de 1989, passou várias semanas transmitindo informações desencontradas sobre sua intenção de se candidatar novamente à Presidência.
Em 27 de maio, com baixos índices de popularidade e abalado por problemas de saúde, anunciou sua desistência com um discurso dramático feito da sacada de sua casa no Morumbi, em São Paulo: "Peço-lhes paciência para quem se retira por deficiência física irreparável da vida pública sem retirar-se da condições de brasileiro", disse ele aos jornalistas.
Jânio fazia discurso contundentes e contraditórios. Para fazendeiros do Nordeste era capaz de defender o latifúndio com a mesma tranquilidade com que, para uma platéia estudantil, defendia a reforma agrária.
Dias antes de sua renúncia, em agosto de 1961, condecorou o ex-guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz. Paralelamente, tomava medidas evitando que a Guiana se tornasse um país comunista.
Jânio pode ser considerado um precursor do marketing político. Sabia criar eventos que seriam notícia. O polêmico decreto que proibiu o uso de biquínis quando era presidente teria sido uma inspiração sua para dar aos jornais uma manchete no dia seguinte. Em sua volta à Prefeitura, saía pelas ruas com sua assessoria militar multando motoristas infratores.
Não foram poucos seus atritos com a imprensa. Por exemplo, chegou a proibir o acesso de jornalistas ao seu gabinete e a selecionar os jornais e revistas para os quais daria entrevistas.
Da Reportagem LocalJânio da Silva Quadros fez sua primeira campanha por votos, ainda aos 19 anos, sentado num barril. Era candidato a secretário do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Ele prendeu a inscrição "vote em Jânio" no chapéu e sentou-se em um barril na porta de entrada da faculdade. Para surpresa de seus adversários, venceu. Na época, 1936, cursava o segundo ano de Direito.
Jânio nasceu em Campo Grande, no antigo Estado do Mato Grosso (atualmente Mato Grosso do Sul), em 25 de janeiro de 1917.
No quarto ano de faculdade, conheceu Eloá, então com 15 anos, no Guarujá, litoral de São Paulo. Eloá afirmaria depois: "Eu jamais conhecera um homem tão feio quanto Jânio". Casaram-se em 1939, quando ele se formou.
Jânio montou um escritório de advocacia e deu aula em escolas. Apoiado por pais de alunos do colégio paulistano Dante Alighieri - onde era professor de português -, decidiu se candidatar a vereador em 1947 pelo Partido Democrata Cristão (PDC).
Com 1.707 votos, obteve uma suplência. Jânio tomou posse em 1948, após a cassação dos vereadores comunistas, no governo do então presidente Eurico Gaspar Dutra. O Congresso Nacional votou pela cassação de todos os parlamentares comunistas, fazendo o Partido Comunista do Brasil entrar para a clandestinidade.
Sua atuação, em quatro anos, foi polêmica. Apresentou 162 projetos de lei, fez discursos violentos, envolveu-se em tumultos.
A fama aumentou tanto que Jânio foi eleito deputado estadual, em 1950, com a maior votação. Ganhou o posto de líder do PDC. Em 1953, já estava em campanha para prefeito de São Paulo.
Surgiram aí o slogan "o tostão contra o milhão" e a vassoura, referências à corrupção que ele criticava no esquema político de Adhemar de Barros. Foi eleito e tomou posse em 1953, aos 36 anos. Em 1954 se candidatou ao governo paulista.
Lançado pelo PDC, Jânio acabou expulso do partido. Voltou à campanha apoiado por partidos menores.
Enfrentou seu grande inimigo, Adhemar de Barros - enfraquecido pelas disputas com o governador e ex-aliado político Lucas Nogueiro Garcez, que lançou como candidato Prestes Maia. Jânio teve 660 mil votos, Adhemar 641 mil e Maia 492 mil.
Como governador de São Paulo, ele se beneficiou do Plano de Metas do então presidente Juscelino Kubitschek, que pretendia atrair o capital internacional para impulsionar a industrialização do país.
Jânio se aproveitou da situação e São Paulo foi o Estado mais beneficiado com a implantação de parques industriais - como o parque automobilístico.
Nesse período, a receita tributária do Estado aumentou e o déficit financeiro deixado pelos governos anteriores caiu.
Jânio investiu no Estado de São Paulo em estradas, saneamento básico, usinas hidrelétricas e abastecimentos de água.
Em seu governo, Jânio adotou a política de rígido controle para abertura de novos créditos. O sistema de arrecadação e de fiscalização tributária do Estado foi reformulado para diminuir o impacto das sonegações nas contas públicas.
No final de seu governo, conseguiu eleger seu secretário de Finanças, Carvalho Pinto, com mais de 200 mil votos de diferença sobre Adhemar de Barros.
Candidatou-se a deputado federal no Paraná, pelo PTB, e teve a maior votação do Estado.
Jânio jamais foi ao Congresso Nacional. Aproveitou para viajar pelo mundo com a mulher Eloá e a filha Dirce Tutu Quadros.


No governo, defendeu o 'saneamento moral'

Da Redação


Nos sete meses em que ocupou a Presidência, Jânio tomou medidas para promover o "saneamento moral da nação". Introduziu a censura "moralizadora" na TV e proibiu as brigas de galo, a propaganda comercial em cinemas, os desfiles de misses com maiôs "cavados", o uso de lança-perfume no Carnaval e as corridas de cavalos em dias úteis.
Sua cruzada começou no dia da posse, em 31 de janeiro de 61, com a criação de cinco comissões de sindicância para apurar irregularidades no governo de Juscelino Kubitschek. Até 31 de março, Jânio criaria mais 28 comissões de sindicância e inquérito, todas presididas por militares.
A intensa utilização de oficiais das Forças Armadas em sua administração e o temor do envolvimento de nomes do governo anterior em processo acirrou a hostilidade dos congressistas.
Jânio não fez questão de aprofundar relações com o Congresso. Ele recebia deputados federais duas vezes por mês e senadores uma - em audiências coletivas.
No plano externo, Jânio anunciou em 6 de fevereiro que adotaria uma política de neutralidade. Jânio negou-se a apoiar a invasão de Cuba pelos Estados Unidos no dia 16 de abril. Também enviou missões comerciais aos países então comunistas URSS, Bulgária, Hungria). Pretendendo ampliar a presença brasileira na África, o governo abriu embaixadas no Senegal, Gana, Nigéria e Zaire.
Em 19 de agosto, condecorou Ernesto "Che" Guevara, então ministro da Economia de Cuba, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do sul, provocando protestos dos militares e da UDN.
A política econômica de Jânio teve como principal objetivo o combate à inflação, que havia atingido 30,6% ao ano em 1960, a redução da dívida externa e a diminuição do déficit orçamentário. Apesar economia em 61 ainda experimentar uma taxa de crescimento em torno de 7% ao não, o déficit orçamentário atingia nesse ano a marca de Cr$ 113 bilhões (valores da época).
O ministro da Fazenda, Clemente Mariani, adotou uma política recessiva. No dia 13 de março, anunciou uma reforma cambial. O cruzeiro foi desvalorizado em 100% em relação ao dólar.
Foram eliminados os subsídios na importação do trigo (o que provocou um aumento no preço do pão), petróleo (aumento da gasolina) e dos bens de produção sem silimar nacional.
Jânio enviou ao Congresso dois projetos polêmicos - a lei antitruste, que visava "embarcar a criação ou funcionamento de monopólios", e a lei de remessa de lucros, que só foi aprovada no governo de João Goulart.
Seu relacionamento com o Congresso foi se deteriorando. Ele estava praticamente isolado no Palácio do Planalto quando renunciou na manhã de 25 de agosto. Sua saída foi precipitada por um discurso do então governador do antigo Estado da Guanabara, Carlos Lacerda (UDN).
Na noite anterior, Lacerda usou uma cadeia estadual de rádio e TV para acusar Jânio de tramar um golpe contra o Congresso. Ele soube do discurso na manhã do dia seguinte. Reuniu auxiliares e disse que iria renunciar. 

FONTE: Folha de S. Paulo, 17 de fevereiro de 1992.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...