domingo, 27 de fevereiro de 2011

22 de junho

22 de junho


1826 - Langsdorff deixa Porto Feliz


A expedição científica russa, chefiada pelo conde Langsdorff, que explorou o Estado de Mato Grosso e a Amazônia, deixa a cidade de Porto Feliz em São Paulo rumo a Camapuã, seu primeiro destino. Hercules Florence o escriba da missão, descreve a despedida da comitiva:

Romperam então da cidade salvas de mosquetaria correspondidas pelos nossos remadores e, ao som desse alegre estampido, deixamos as praias, onde tive a felicidade de conhecer um amigo, de conviver com gente boa e afável e de passar vida simples e tranquila.


Na primeira canoa iam o sr. cônsul e uma moça alemã que ele trouxera ultimamente do Rio de Janeiro: na segunda os srs. Riedel, Taunay, Hasse e Francisco Álvares. O sr. Rubzoff e eu ocupávamos o batelão, dentro de uma barraca tão pequena que não podíamos estar senão sentados ou deitados. Acompanhavam-nos mais dois batelões e uma canoinha, além da que mencionei atrás, embarcações que, à última hora nos víramos obrigados a comprar por causa da grande bagagem que levávamos. Do mesmo modo fora reforçada a equipagem. Cada canoa, com exceção das menores, tinha arvorada a bandeira da Rússia.


O guia, um ajudante de piloto, um proeiro e sete remadores compunham a tripulação da embarcação do cônsul, a qual designarei pelo nome de perova, corrupção da palavra índia iperova, como chamam a árvore cujo tronco serviria para sua construção. O ajudante do guia, um piloto, um proeiro e seis remadores formavam a equipagem do segundo barco chamado Chimbó, modificação do legítimo vocábulo indígena Chimbouva.
O piloto, um proeiro e quatro remadores iam no batelão.


O resto da gente, caçadores, criados e escravos do cônsul remavam nos batelões e canoinhas, em número todos eles de 36.




FONTE: Hércules Florence, Viagem fluvial do Tiete ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, S. Paulo, 1941, página 13.






22 de junho

1882 - Pároco de Corumbá recusa rezar missa póstuma para Giuseppe Garibaldi




O padre Constantino Térsio, pároco de Corumbá, recusa pedido da colônia italiana local para celebrar missa pela alma do general Giuseppe Garibaldi, herói da revolução italiana, falecido em 2 de junho de 1882, em Caprera, Itália. O padre comunicou o fato aos seus superiores, de quem, em resposta, recebeu total apoio à sua decisão, conforme ofício recebido do bispo Carlos Luis d'Amour, de Cuiabá:

"Rm° Senr.º
Acabo de receber, por intermédio de S. Exª. o Senr. Presidente da Província, os ofícios de V. Rmª. de 22 e 23 do corrente, comunicando-me os fatos desagradáveis que deram-se na matriz dessa freguesia, por ocasião de não querer V. Rmª. prestar-se a sufragar a alma de G. Garibaldi, conforme solicitaram alguns habitantes da cidade.

E inteirado de tudo o mais que V.Rmª. trouxe ao meu conhecimento sobre tal assunto, cumpre-me dizer-lhe que muito bem procedeu V. Rma. em não anuir a semelhantes sufrágios. Quem durante sua vida é inimigo da Igreja de Deus e de tudo quanto lhe diz respeito e em seus últimos momentos com ela não se reconcilia, não pode gozar de suas graças.

Ora, não constando que o finado Garibaldi, o maior inimigo da Igreja Católica, se tivesse retratado de seus erros e voltado para o seio da mesma igreja, da qual se achava separado, não podia ele gozar de suas graças, privilégio dos católicos, como sejam os sufrágios.

Muito bem também procedeu V. Rmª. em abster-se desde logo de oficiar na dita matriz, à vista das profanações que nela praticaram-se; mas apenas receba V. Rmª. este meu ofício, dê por terminado o interdito, e continue no exercício do ministério paroquial, até que o Rdº. frei Mariano de Bagnaia regresse de sua viagem e assuma a administração da paróquia. Leia V. Rmª. este meu ofício à estação da missa Conventual para conhecimento dos fiéis.

Deus abençoe e guarde a V. Rmª.

+ Carlos, Bispo de Cuiabá".

FONTE: jornal A Província de Mato Grosso, 6 de agosto de 1882.



22 de junho


1913 - Circula o primeiro jornal de Campo Grande






Sob a direção do advogado e jornalista Arlindo de Andrade Gomes, que foi o primeiro juiz de Direito de Campo Grande, circulou o primeiro jornal da vila. “Impresso em papel couchê (de primeira) importado de Assunção, no Paraguai, com quatro páginas, sendo a primeira impressa com tinta dourada, ‘O Estado’ foi r ecebido com entusiasmo pela população. Os seus comentários, notícias e anúncios foram ‘devorados’ pelos poucos leitores de então,” segundo J. Barbosa Rodrigues.

No seu editorial de apresentação o compromisso com a imparcialidade que procurou manter durante o curto tempo de sua existência:


O Estado é um jornal que não tem política e que não traçou um programa para cumprí-lo, à risca. Sejamos francos.

Não defenderá este ou aquele partido. Não há política, não há governo bom ou mau, inteiramente. Na administração pública há atos que merecem aplausos e outros que exigem reprovação dos homens de senso. Quase sempre as oposições, na sede de conquistar o poder, tornam-se agressivas, não vendo a virtude senão de seu lado. O jornal político é um jornal injusto. 
"Não temos um programa definido...muitos acham extranhável. Todo jornal tem um programa. Mas um programa é uma mentira. Até hoje nenhum jornal cumpriu o programa que se traçou.

Não somos federalistas nem unitaristas, presidencialistas nem parlamentaristas. Não adotamos esta ou aquela teoria econômica ou financeira para falarmos em nome dela. E seremos tudo.O jornal deve ser uma grande bandeira capaz de proteger todas as boias ideias.
"Emparedar-se é que não.

Depois 'O Estado' surgiu por uma necessidade do nosso meio,interessando-se pelo progresso geral de Mato Grosso e especialmente do Sul. Na sua agricultura, no seu comércio, na sua admirável pecuária, nos seus meios de comunicação, nos seus formidáveis recursos naturais está o nosso campo de ação. Trabalhando pelo desenvolvimento de coisas tão naturais, não parecerá a muitos, boa missão dum jornal nos tempos correntes. Para nós é tudo. Se nos exigirem um programa será este.

Falta-lhe a retumbância e as cores dum longo programa político, sedutoramente escrito em linguagem de combate. Mas é uma ideia a que não faltam energia e patriotismo.



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, O primeiro jornal de Campo Grande, Empresa Lítero-Técnica, Campo Grande, 1989.

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