domingo, 6 de fevereiro de 2011

13 de abril

13 de abril

1892 - República de Mato Grosso na imprensa europeia

A independência de Mato Grosso, proclamada por militares de Corumbá e Cuiabá, ganha espaços em jornais londrinos, entre eles o Times, que em sua edição desta data, publica duas notas sobre o episódio. A primeira, um telegrama procedente de Buenos Aires:

A República Transatlântica, como agora se denomina o Estado de Mato Grosso, estabeleceu um governo independente, tomando o coronel Barbosa o comando em chefe das forças de terra e fluviais. Além de muitos fortes bem armados, o coronel Barbosa tem 1.200 homens de tropa e uma flotilha fluvial; e ele tomou posse do Arsenal de Ladário. A nova República hasteou uma bandeira verde-carregado com uma estrela amarela ao centro.

A segunda, o seguinte editorial:

A notícia que recebemos esta manhã de que a Legislatura de Mato Grosso, uma das antigas províncias do Império do Brasil, agora incorporada aos Estados Unidos do Brasil, proclamou a independência completa de seu território, e anunciou a sua separação da União, causará pequena surpresa a todos aqueles que, nos últimos tempos, têm lido com atenção os telegramas da América do Sul. No Brasil, como na República Argentina, os limites respectivos dos direitos dos governos central e provincial constituirão sempre a questão mais ardente de política popular. Mesmo no tempo do império a inveja entre as duas autoridades já era fonte e foi simplesmente natural que a revolução de novembro de 1889, a queda do vitorioso ditador Fonseca dois anos mais tarde e a série de grandes mudanças sociais, econômicas e que produzirão e se seguirão aqueles acontecimentos, deram novo impulso ao movimento em prol dos "Direitos do Estado". Mato Grosso que um simples olhar ao mapa mostrará, é uma vasta província interior, afastada da capital, inacessível por mar e limite a leste com a fronteira da Bolívia. Pode ter bem poucos interesses em comum com as províncias do Atlântico, das quais está separada por muitas centenas de milhas de territórios incultos, e agora que o velho respeito tradicional pela Casa de Bragança foi desperdiçado, não há razão aparente para que ele tenha interesse em permanecer como parte congerie ingovernável de estados, sobre negócios dos quais ele nunca poderá esperar exercer nenhuma influência importante. É de presumir que o Brasil seja constrangido a declarar guerra contra os rebeldes e que venha mesmo a fazer um esforço decidido para chamá-los à obediência.

Qual o exito que advirá à semelhante tentativa e quais os benefícios que poderão provir para o Brasil se ele sair vencedor e subjugar mais uma vez os seus cidadãos revoltados, - é outra coisa. Mas é claro que, se os habitantes de Mato Grosso estão resolutos, gozam de vantagens de posição que podem tornar a invasão e a redução do seu território, tarefa árdua para um governo que deve a sua própria origem a uma revolução recente e que não está ele próprio muito solidamente firmado. 

FONTE: Jornal do Commercio (RJ) 7 de maio de 1892.



13 de abril

1867 – Prisioneiros de guerra brasileiros escapam do Paraguai



Parte do coronel Camisão, em Miranda, antes de partirem as forças brasileiras para a fronteira, anuncia que “apresentaram-se neste acampamento dez brasileiros, que se achavam prisioneiros desde agosto do ano passado com numerosas famílias no lugar chamado Capela Orcheta a doze léguas da vila paraguaia de Conceição. Fugiram no dia 25 de março, escapando por este meio à ordem do governo republicano que chamava às armas todos os estrangeiros residentes no território paraguaio e brasileiros, ali retidos, não só nas vizinhanças de Conceição como no Serro Leon, São Joaquim e outros lugares. As notícias que me forneceram os fugitivos são de pouca importância e sobretudo certeza, visto como era absolutamente proibido aos naturais do país conversarem com eles em negócios relativos à guerra; entretanto, contam que já começa a fazer sentir os seus efeitos o desânimo que lavra geralmente na República e que os recursos dela já se acham quase de todo exauridos. Informam ainda que a fronteira do Apa está em alvoroço com a aproximação destas forças, havendo já o comandante do forte de Bela Vista mandado pedir ao presidente Lopez reforço para se opor ao ataque da força brasileira que eles supõem ser muito numerosa.”


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, 14ª edição, Edições Mehoramentos, São Paulo, 1942. Página 149.




13 de abril

1921 – Iniciada a circulação do Jornal do Comércio de Campo Grande







Fundado pelo advogado Jaime Ferreira de Vasconcelos e tendo como redator-chefe Amintas Maciel, circulou em Campo Grande a primeira edição do Jornal do Comércio. Trazia a seguinte apresentação:

Nas palavras que se lêm no cabeçalho deste jornal se resume o seu programa.
Trabalhar, trabalhar sem cessar pelos legítimos interesses do comércio e das classes produtoras, tal é o nosso principal escopo.
Sem ligações ou dependências partidárias que nos obriguem a apoiar incondicionalmente quaisquer abusos, procuraremos sempre, de acordo com essa orientação, dar aos atos dos poderes públicos, municipal e estadual, a colaboração franca da nossa crítica desapaixonada e serena ou do nosso apoio desinteressado e sincero.
Aliás, o simples título desta folha, - que evoca uma das mais brilhantes tradições da imprensa brasileira, nos dispensaria de traçar normas à nossa ação jornalística. Sem o acentuado brilho que ao grande órgão do Rio de Janeiro empresta o talento fulgurante de Felix Pacheco, nós procuraremos seguir, neste afastado mas futuroso rincão do território pátrio, os nobres exemplos do eminente homônimo da Capital da República, de acordo com os quais nos hevemos de esforçar sempre por manter em tom elevado e impessoal as discussões ou polêmicas a que o dever profissional nos venha a arrastar.
Todas as iniciativas de progresso partam de onde partirem, terão o nosso decidido apoio, que também não será jamais recusado à ação das autoridades legalmente constituídas, sem que esta ação se exerça dentro das normas estabelecidas nas leis.


Em 1964, o Jornal do Comércio passou a pertencer à Missão Salesiana de Mato Grosso. Deixou de circular no início da década de 70. Entre seus redatores, nomes conhecidos do nosso jornalismo: Francisco Escobar Filho, , Dauto de Almeida Santiago, Antônio Chaves e J. Barbosa Rodrigues, que mais tarde viria a dirigir o Correio do Estado.



FONTE: Rubens de Mendonça, História do Jornalismo em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1963, página 69.
FOTO: Acervo do Arquivo Público de Campo Grande (Arca)



13 de abril

1923 – Inaugurada usina hidrelétrica de Campo Grande






Campo Grande recebe sua primeira hidrelétrica. Trata-se de pequena usina montada no córrego Ceroula a dez quilômetros da sede do município. O ato solene de início de suas atividades contou com a presença de Álvaro de Carvalho e Altino Arantes, por algum tempo responsável pela iluminação da vila.(1)

Poucos dias antes da inauguração, a convite da direção da empresa concessionária, a reportagem do Jornal do Comércio esteve no canteiro de obras e deu detalhes sobre o relevante investimento:

"Para darmos aos nossos leitores uma boa ideia geral do adiantamento dos importantes serviços que para este fim estão sendo executados pela Companhia Matogrossense de Eletricidade Limitada, aproveitamos a gentileza do convite do ilustrado e competente advogado da companhia, sr. dr.Alindo Lima, para uma visita às grandes obras que estão sendo ultimadas no ribeirão Ceroula.

Assim, às nove horas de quinta-feira última, chegávamos no automóvel da empresa, ao posto em que foram feitos os serviços de barragem, um trabalho sólido e perfeito. Desse posto, percorremos a pé o longo canal que conduz a água da represa à usina, numa extensão aproximada de um quilômetro. Nesse canal fez a empresa construir uma comporta para a descarga da areia acumulada, verdadeira obra de arte, elegante e de custo apreciável. Mais adiante fomos encontrar a caixa d'água que despeja canalizada, de uma altura de 75 metros, a água para a enorme turbina, de força de 400 H.P. Há ainda no trecho compreendido da grande caixa d'água à usina, o plano inclinado mandado construir especialmente para a condução de materiais.

Descemos, por fim ao ribeirão, onde, na sua margem direita, foi construída a usina que está recebendo os últimos retoques. Lá encontramos já assentados todos os aparelhos necessários ao seu funcionamento, como sejam: gerador, turbinas, reguladores automáticos, transformadores monofásicos com capacidade de 100 klw cada um, para 2.300 a 11.000; um grande quadro para transformadores com interruptores para o gerador, quadros de distribuição com interruptores automáticos, voltímetros e demais aparelhos, para-raios, telefone,etc. Vimos ainda uma grande galeria subterrânea para a descarga da água das turbinas.

A empresa não se descuidou da instalação de seus empregados. Para isso ela fez construir três confortáveis casas, de estilo moderno, para os encarregados dos serviços da futura usina.

Só mesmo através de uma visita como fizemos, poder-se-á avaliar o esforço, a capacidade de trabalho e o dispêndio da nossa Companhia de Eletricidade, que, digamos de passagem, não tem medido sacrifícios para levar avante o vultoso empreendimento. Para isso, é verdade, que a companhia conta verdadeiros abnegados como o dr. Arlindo Lima, que vem desenvolvendo a sua conhecida atividade, providenciando tudo quanto necessário à importante obra, e um grupo de dedicados auxiliares como os senhores Constantino Junqueira, gerente, Feliciano Pinheiro e o eletricista-chefe Virgílio Polo, da Companhia Francana.

Podemos assegurar, pelo que nos foi dado ver, que a nossa cidade terá um serviço de luz e força perfeitas, capaz de atender as suas maiores necessidades".(2)

Era prefeito de Campo Grande, o advogado Arlindo de Andrade Gomes. Dados de 1922, estimavam uma população de 8.200 pessoas na sede do município, que contava com 950 casas, sendo mais de 100 casas comerciais, 4 farmácias, 58 automóveis e 325 veículos diversos.(3)

Veja o vídeo com as ruínas da hidrelétrica do Ceroula, produzido em 2011, por grupo de cinegrafistas de Campo Grande.


          


FONTE: (1)Virgílio Correa Filho, Mato Grosso, Coeditora Brasílica, Rio, 1939, página 155. (2) Jornal do Comércio, 21 de fevereiro de 1923. (3) Arlindo de Andrade Gomes, O município de Campo Grande, IHGMS, 2004, página 80.


13 de abril

1927 - Criada a guarda noturna de Campo Grande  

Av. Afonso Pena, em frente à atual praça Ari Coelho, final da década de XX


Por sugestão do delegado de polícia e iniciativa da associação comercial é criada a guarda noturna de Campo Grande. O evento, por sua importância na época, mereceu notícia com desta na primeira página do Jornal do Commercio, o diário da cidade:

"A ilustrada e progressista Associação Comercial de Campo Grande, atendendo à solicitação do delegado de polícia, reuniu-se em sessão especial, segunda-feira última, para tratar da organização de um corpo de guarda noturna afim de por um paradeiro à roubalheira que vem alarmando a nossa população.

Às nove horas da noite, sob a esclarecida presidência do ilustre dr. Eduardo Olímpio Machado e com a presença de quase todos os seus membros, tiveram início os trabalhos daquela importante associação.

Depois de lida a ata da sessão anterior e de sobre ela haverem deliberado, o presidente expôs o fim daquela reunião extraordinária, dando em seguida, a palavra ao adv. Sabino Costa, que a solicitara. Este, dirigindo-se aos circunstantes discorreu com clareza e síntese acerca este importante assunto, demonstrando a imperiosa necessidade que tinha o comercio local de se prevenir contra os ladrões que infestam a cidade. Terminou pedindo à progressista associação o seu apoio material para a realização de tão útil empreendimento.

Submetida à votação a proposta, pelo sr. presidente, os membros da Associação, à uma, deram o seu parecer favorável à criação do Corpo de Vigilância Noturna de Campo Grande, autorizando ao delegado de polícia a sua organização provisória, de acordo com a necessidade do momento, até que fosse, com mais amplos estudos e discussão, assentado em definitivo e vazado nos moldes dos seus congêneres do Rio e São Paulo.

Assim é que no dia imediato - 13 do corrente - sob os auspícios da Associação Comercial de Campo Grande e a direção da polícia inaugurou-se entre nós, o serviço de vigilância noturna, cuja lacuna, de há muito, se impunha de preenchê-la".

FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 17 de abril de 1927.  

FOTO: acervo do Arquivo Publico de Campo Grande (Arca) 

 
13 de abril

2020 - Coronavírus: a primeira morte em Campo Grande

Campo Grande registrou a primeira morte por Covid-19, a terceira de Mato Grosso do Sul. A paciente tinha 71 anos e estava internada no Hospital Regional de Campo Grande. Além de idosa, tinha problemas cardíacos e tinha diabetes. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), esse quadro pode ter contribuído para o agravamento do caso.

A mulher deu entrada ontem na unidade depois de passar pelo Centro Regional de Saúde do Tiradentes (onde já tinha passado várias outras vezes). Diante da gravidade, foi levada ao Hospital Regional, tendo rápida evolução até o óbito.. O resultado positivo do exame para o novo coronavírus saiu no mesmo dia.

FONTE: Secretaria de Saude MS, Campo Grande, 13/04/2020.

Nenhum comentário:

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...