sábado, 14 de dezembro de 2013

28 de dezembro

28 de dezembro

1864 - Paraguaios ocupam forte Coimbra



Após três dias de batalha, o coronel Porto Carreiro, comandante brasileiro do forte Coimbra, decide abandonar a fortaleza, imediatamente ocupada pelo inimigo. Os pormenores dos combates, averbados pelo vencidos, estão no relatório do comandante Vicente Barros ao ministro da Guerra e Marinha do Paraguai:



Senhor  Ministro:



Tenho a honra de levar ao conhecimento de V.E. o resultado das operações feitas pela força sob meu comando em cumprimento da comissão a mim confiada pelo Exmo. Senhor  Presidente da República.

Depois de uma rápida e feliz viagem,  a expedição ancorou em frente de Coimbra na noite de 26 do corrente, e imediatamente depois fiz desembarcar parte da força de meu comando na costa esquerda do rio Paraguai à distância de uma légua mais abaixo do forte, de onde mandei proceder  ao reconhecimento do terreno,  ocupado as posições estratégicas mais importantes que deviam servir de pontos de operações  à divisão expedicionária e de onde podia bombardear com vantagem,  esperando desalojar a guarnição do forte.
O vapor de guerra brasileiro Anhambay com outro mais novo, que marchou no mesmo dia rio acima encontravam-se no porto, o qual colocando-se mais tarde à proteção do forte, contribuiu poderosamente  em sua defesa.

Feitos todos os preparativos necessários, despachei a um oficial parlamentário para notificar ao comandante do forte a intimação de rendição que tenho a honra de anexar uma cópia à V. E. Esta intimação mereceu do dito comandante a contestação, cuja tradução também junto.

Depois da negativa do comandante do forte de Coimbra decidi apelar pelas armas. E com efeito, cerca das 11 do dia mandei romper o fogo. A princípio somente as canhoneiras grossas sustentaram o combate contra as baterias inimigas, porém logo tomaram parte peças volantes, cuja colocação na fralda do morro fronteiriço a Coimbra representava alguma dificuldade, e que bem colocadas, fizeram algum efeito em seus tiros acertados na fortaleza e sua guarnição.

Aos dois dias de bombardeio, oportuno fazer uma tentativa de assalto; a qual se lvou a efeito às duas da tarde do dia 28 do corrente, com mais ardor do que a prudência aconselhada. Parte da força que ocupa a fralda da colina de Coimbra ao mando do sargento-major Luis Gonzalez, avançou rapidamente em direção aos muros do forte por meio de quatro fendas diferentes abertas abaixo do mais sustentado fogo da artilharia do forte, por todas as peças que batem a fralda do morro. No momento de acercar-se à muralha nossos soldados receberam uma torrente de balas, metralhas e granadas procedentes tanto do forte como do vapor inimigo. Mas os paraguaios, conservando sempre sua serenidade e com uma decisão e arrojo admiráveis, avançaram sempre sobre aqueles de seus mesmos companheiros de armas que primeiro haviam vertido seu sangue por sustentar os direitos da Pátria. Muitos conseguiram assim alcançar os altos muros do forte, sendo quase invariavelmente rechaçados à ponta de baioneta ou vítimas das granadas que eram atiradas ao pé do muro.

O assalto foi executado com toda a velocidade que recomendam as ordens, porém visto as grandes dificuldades que lhes impediam o passo, tanto por parte dos defensores do forte, quanto pela natureza desvantajosa do terreno, se retiraram os nossos recuando-se sobre esta reserva, levando consigo a maior parte dos feridos.

Nesta jornada distinguiu-se o benemérito subtenente de 1ª. Classe da 3ª. Companhia do batalhão n° 6, Juan Tomas Rivas, que dando um nobre exemplo à sua companhia foi o primeiro pisando os cadáveres de seus companheiros conseguiu subir o muro por duas vezes, repelido na primeira e caindo na segunda de um balaço na frente a aumentar o número dos que com seus gloriosos restos escalavam desde o pé do muro. Este digno oficial da Pátria, caiu heroicamente dos altos muros de Coimbra, deixando um assinalado exemplo para seus companheiros, por sua decisão, serenidade e bravura.

O sub-tenente 2° da companhia de caçadores do batalhão n° 7, Manuel Lopez, não caiu menos gloriosamente de um capacete de bomba na frente, conduzindo a companhia sob seu comando,  a cuja cabeça seguiu até que desfaleceram suas forças.

Durante a séria ameaça do alferes Rivas lograram escalar e penetrar na praça por um de seus flancos o sargento Laureano Sanabria e 7 companheiros da companhia que o batalhão n° 7 tinha ali de serviço, e lutaram corpo a corpo, até sair fora de combate todos eles, mortos ou feridos, à exceção do soldado Pedro Castellano a quem ao descer  do muro conseguiu escapar ileso.

Pelo que se vê a fortaleza era sustentável, porém podendo tentar-se com esperança outro assalto com os conhecimentos adquiridos na primeira tentativa e o exemplo de haver podido assaltar os muros o sargento Sanabria e seus valentes companheiros, tomei as medidas necessárias para o dia seguinte,  fazendo entre outras que as peças da companhia situadas à esquerda do rio, à ordem do capitão Almiron, tomassem uma posição mais conveniente para impossibilitar o fogo do Anhambay, cortando-lhe sua retirada, afim de que nãopudesse escapar, porém  a guarnição do forte, apercebendo-se destes movimentos e tremendo ante a ideia de uma assalto mais estudado com o conhecimento que havia adquirido da intrepidez de nossos soldados, aproveitando-se  da escuridão da noite e ao abrigo das brenhas, fugiu precipitadamente, amparando-se no vapor Anhambay para escapar rio acima, levando o soldado já citado, Pedro Castellanos e deixando um ferido de sua nação. Até aqui o tenente-coronel Porto Carreiro havia feito boa defesa da inexpugnável  fortaleza que comandava.

Depois da fuga da guarnição que, sem dúvida, receosa dos ataques para o dia seguinte, a fortaleza foi ocupada pela guarda que lhe era mais imediata e desde o dia de ontem a bandeira nacional tremula sobre os muros de Coimbra, que caiu ao nosso poder com 37 canhões, sua bandeira e o estandarte de sua guarnição, centenas de armas portáteis de toda classe, com um parque imenso, víveres, roupa feita e de uso, assim como outros objetos, como maestranza, botica, serviço de oratório, uniformes de oficiais, decorações,etc.

Não é possível, senhor ministro dizer à V.E. o número nem classe de mortos dos inimigos, porque forma jogados n’água, porém, pelos rastos de sangue encontrados e os projéteis explodidos, esse número não deve ser insignificante.
Do nosso lado, nós não tivemos na classe oficial mais perdas do que os dos homens corajosos que eu mencionei e a tropa, constante da lista anexa, cujo número considero pequeno, considerando que nossos soldados combatiam contra as muralhas e a completa vantagem dos inimigos, cuja mosqueteria era  invisível aos nossos soldados, fazendo seu fogo pela abertura de seus parapeitos.

Como V.E. observará pela lista de feridos que tenho que acompanha nesta classe se encontra o sargento-major Luis Gonzalez e os sub-tenentes Manuel Nuñes e Plácido Mendez, não sendo por enquanto de caráter grave suas feridas. O major Gozalez tem sustentado bem o posto que lhe foi confiado.
Eu devo felicitar ao Exm°  Señor  Presidente da República e à Pátria, pelo bizarro comportamento das tropas de meu comando em Coimbra, porque a resistência de uma fortaleza de séculos, provou tão vantajosamente dos brios dos soldados da Pátria.

Amanhã empreenderei minhas operações sobre Albuquerque e Corumbá onde espero encontrar os fugitivos deste forte.

Fortaleza de Coimbra, 30 de dezembro de1864.

Deus guarde à V.E. muitos anos.

VICENTE BARRIOS

FONTE: El Semanário, Assunção (PY), 7 de janeiro de 1864. 

FOTO: vapor brasileiro Anhambay,exposto no parque Vapor Cuê, em Caraguataí, Paraguai.



28 de dezembro

1876 – Dom Luis nomeado bispo de Mato Grosso



Para suceder a dom José Antonio dos Reis, falecido em onze de outubro, é nomeado bispo da província de Mato Grosso, o maranhanse dom Carlos Luis D’Amour, que chegou a Cuiabá em de maio de 1879.
Último bispo do Império e primeiro da República, ficou à frente do arcebispado até julho de 1921, quando faleceu, sendo substituído por dom Aquino Correa. Dom Luis foi o primeiro bispo a visitar Campo Grande.
  A vila chefiada por José Antonio Pereira foi a última a ser visitada pelo prelado cuiabano em sua primeira viagem ao Sul do Estado. 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 343.



28 de dezembro

1877 - Jornal de Corumbá anuncia descoberta de diamante em Coxim

Com notícia atribuída ao jornal O Iniciador, de Corumbá, a Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, dá destaque à descoberta de um grande veio de diamantes, descoberto na freguesia de S. José de Herculânia (Coxim):

"Mais de uma vez referindo-nos as imensas riquezas desta província, que jazem inexploradas por falta de braços e de iniciativa particular, temos falado de sua prodigiosa riqueza do reino mineral, asseverando que o ouro, a prata e os diamantes abundam tanto, que só esperam o trabalho de extraí-los do seio da terra, pois suas jazidas não mais ou menos sabidas. A importante descoberta que se acaba de fazer em S. José de Herculânia de uma riquíssima mina de brilhantes é uma prova de que quanto temos afirmado não são puras declamações.

Há muitos anos se sabe no Coxim (S. José de herculânia) existem terrenos diamantinos, e muita gente mesmo que se dedicava à mineração tinha tirado algum resultado, que cobrindo as despesas feitas, deixava ainda lucros; porém, ou porque o trabalho se fizesse em pequena escala ou porque não minerassem nas verdadeira jazidas de diamantes, esses resultados nunca foram tais que prometessem uma riqueza àqueles que se ocupassem daquele trabalho. Hoje, porém, acaba de descobrir-se a poucas léguas da freguesia de Herculânia uma mina de diamantes, que promete esplêndidos resultados àqueles que empreenderem sua exploração.

Não se trata já de algumas pedras encontradas aqui e ali de diminuto tamanho, e que não compensam os gastos da extração, trata-se de uma verdadeira jazida de diamantes, cujos proveitosos resultados dependem apena de uma exploração bem empreendida. Com efeito, , o trabalho até hoje feito pelo sr. alferes honorário Vicente Ferreira Valente e seu sócio tem sido para assim dizer, superficial e não obstante tem dado bons resultados, os magníficos brilhantes em exposição na casa dos srs, Firmo José de Matos & Cia. são uma pequena amostra do que vale a mina.

Que resultados, porém, não dará a ela quando for inteligentemente explorada em maior escala, com maior número de braços e quando se adiantar a mineração que até agora tem sido feita superficialmente nas primeiras camadas?

É indubitável que esta importante descoberta fará, em breve tempo, da freguesia de S. José de Herculânia uma das primeiras cidades da província, e que esta vila muito lucrará com ela, pois será o mercado onde se terão de prover do necessário os habitantes de Herculânia, cuja população aumentará logo, não só com gente mesmo da província que para ali já está afluindo em grande escala, como da província de Goiás, que lhe fica vizinha.

Conta-nos que diversas pessoas desta vila preparam expedições comerciais para S. José de Herculânia, e se prometem pingues resultados da venda das mercadorias que para ali conduzirem, pois, segundo dizem, delas havia falta.

É provável que sua esperança, aliás, bem fundada, se realize, principalmente para os primeiros que lá chegarem; quanto a nós, fazemos votos para que tomem impulso as explorações empreendidas, e não duvidamos afirmar que a descoberta das minas de diamantes do Coxim, colocadas como estão ao alcance de todos, à margem do rio e junto a frondosas matas, vem abrir uma era de prosperidade e progresso para província de Mato Grosso".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ), 28 de dezembro de 1877.



28 de dezembro

1913 - Governador recebe Roosevelt 

Sede da fazenda São João, propriedade da família do governador Costa Marques.


Impossibilitado de passar por Cuiabá, em sua excursão por Mato Grosso, o ex-presidente Theodoro Roosevelt, dos Estados Unidos, foi oficialmente recebido pelo presidente de Mato Grosso, após estadia em Corumbá, na fazenda São João, pertencente a familiares do chefe do executivo estadual, localizada à cerca de 30 quilômetros da capital. O encontro do governador José Augusto da Costa Marques com o estadista americano foi registrado por Roosevelt em suas memórias da viagem:

Na manhã do dia 28 alcançamos a sede da grande fazenda São João, de propriedade do sr.João da Costa Marques. Ele, seu filho mais moço do mesmo nome, que era Secretário de Agricultura do Estado, sua encantadora esposa, o Presidente de Mato Grosso e vários outros cavalheiros e senhoras, vieram de Cuiabá, que ficava a uns trinta quilômetros acima, para cumprimentar-nos. Fomos, como sempre, tratados com grande cordialidade e generosa hospitalidade. A comissão de recepção nos encontrou algumas milhas abaixo da casa da fazenda,em um vapor de leme de roda e uma lancha, ambos enfeitados com profusão de bandeiras. A belíssima casa branca da fazenda se erguia à pequena distância da borda do rio, numa campina pontilhada de lindas palmeiras reais.

Da fazenda São João a expedição, que tinha como comandante o coronel Cândido Rondon, seguiu para Cáceres e de lá para o norte do Estado.


FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora da USP/ Livraria Itatiaia Editora, Belo Horizonte, 1976, página 82. 

FOTO: reprodução do Album Gráfico de Mato Grosso, 1914.

27 de dezembro

27 de dezembro

1864 – Paraguaios atacam forte Coimbra




Sob o comando coronel Vicente Barrios, as forças de invasão de Solano Lopez, protegidas por denso nevoeiro, se aproximam da fortificação brasileira no rio Paraguai e somente “quando a fumaça das chaminés dos navios foi avistada pelas sentinelas, Coimbra tomou conhecimento do avanço paraguaio.”

A frota de Barrios, segundo Carlos Francisco Moura, “capitaneada pelo Igurey, era formada por 5 vapores e 5 grandes embarcações a reboque e totalizava 39 canhões de bordo. Vieram a reboque também balsas-curral com gado para o abastecimento da tropa e cavalos. As tropas de combate formavam 4 batalhões, num total de 3.200 homens. Traziam também 12 peças de campanha.”


As forças de Coimbra, ainda conforme o mesmo autor, a “artilharia era constituída de 31 canhões velhos, dos quais apenas 11 estavam em condições de atirar, mas como o número de artilheiros era insuficiente, só 5 podiam ser manejados.


Ao amanhecer, o comandante brasileiro recebe o seguinte ultimatum:


Viva la República Del Paraguay! A bordo del vapor de guerra Igurey. Deciembre 27 de 1864. El Coronel Comandante de la Division de Operaciones del Alto Paraguay, em virtud de órdenes expressas de su gobierno, viene a tomar posesió del fuerte de su mando, y quiriendo dar una prueba de moderacion y humanidad invita á V. para que dentro de una hora lo rinda, pues que no hacerlo asi, y cumplido el plazo señalado, procederá a tomarlo á viva fuerza quedando la guarnición sugeta ás leyes del caso. Mientras espera su pronta respuesta, queda de V. atento, Vicente Bárrios. Al Señor Comandante del Fuerte de Coimbra.

 
Mesmo em completa desvantagem o comandante brasileiro respondeu ao inimigo com altivez:


Distrito Militar do Baixo-Paraguai, no Forte de Coimbra, 27 de dezembro de 1864. O tenente-coronoel , comandante deste Distrito Militar, abaixo assinado respondendo à nota enviada pelo coronel Vicente Bárrios, comandante da Divisão em Operações no Alto-Paraguai, recebida às 8 1/2 horas da manhã, na qual lhe declara que, em virtude de ordens expressas de seu governo, vem ocupar esta fortaleza; e querendo dar uma prova de moderação e humanidade o intima para que a entregue, dentro do prazo de uma hora, e que, caso não a faça, passará a tomá-la à viva força, ficando a guarnição sujeita às leis do caso: - tem a honra de declarar que, segundo os regulamentos e ordens que regem o Exército Brasileiro, a não ser por ordem de autoridade superior, a quem transmite neste momento cópia da nota a que responde - só pela sorte e honra das armas a entregará; assegurando a S. S. que os mesmos sentimentos de moderação que S. S. nutre, também nutre o abaixo assinado. - Pelo que o mesmo comandante, abaixo assinado, fica aguardando as deliberações de S. S., a quem Deus guarde.


Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero, tenente-coronel.


O ataque paraguaio ao forte foi autorizado com o desembarque de suas tropas em ambas as margens do rio:

Os paraguaios romperam fogo às 11 horas com canhões de bordo e a seguir com os canhões de campanha instalados do outro lado do rio, no morro da Marinha. Como entretanto os projéteis não alcançaram o forte, Portocarrero só respondeu o fogo às 14 horas.
A infantaria passou também ao ataque, avançando por entre a vegetação, mas era castigada pela artilharia e pela fuzilaria do forte.
As 19,30 a infantaria paraguaia cessou fogo e recolheu-se aos navios.
A guarnição do forte estava exausta, pois durante todo o dia combatera sem tréguas.(...)


Prosseguiu depois a fuzilaria e o canhoneio até à noite, quando novamente os paraguaios se recolheram aos navios.


Nessa noite o comandante Portocarrero reuniu um conselho de oficiais para discutir a gravidade da situação. Não era possível prosseguir a resistência, pois só restavam 1.000 cartuchos e não havia meios para confeccionar outros em número suficiente para resistir no dia seguinte. 


A conclusão a que chegaram todos foi a de que deviam abandonar o forte.
As 21 horas começaram os preparativos no maior sigilo para não levantar suspeitas aos paraguaios. Às 23 horas a Anhambai partiu rio acima. Nele embarcaram todos, soldados e civis e mulheres e crianças que residiam na aldeia. Apenas os índios aliados preferiram seguir por terra, seguindo as trilhas do sertão que bem conheciam. A guarnição levou consigo a bandeira do forte e a imagem da padroeira.


No dia seguinte, Barrios ocupa o forte abandonado.

FONTE: Carlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, sentinela avançada da fronteira, Edições UFMT, Cuiabá, 1975, página 60.

FOTO: TV Morena/Campo Grande.


27 de dezembro

1947 - Localizado avião desaparecido entre Cáceres e Corumbá

Aviões da FAB localizam avião e pilotos desaparecidos em voo entre Cáceres e Corumbá:

"Segundo noticiaram os jornais de ontem, o piloto Renato Pedroso, em virtude de uma avaria no avião que conduzia, de volta de Cáceres, havia desaparecido na última sexta-feira. Grande número de aparelhos da F.A.B. e de particulares, após ter conhecimento da notícia, puseram-se em campo à procura do conhecido aviador.

Felizmente três aparelhos, sendo dois da Força Aérea Brasileira, procedentes de Campo Grande, que estiveram pesquisando o local do desaparecimento do avião pilotado por Renato Pedroso, conseguiram localizar o desaparecido que se encontra, são e salvo na fazenda do Cecro, distante vinte quilômetros desta cidade. Falando ao jornalista, declarou o aludido aviador que quando regressava de Cáceres, ocorreu uma pane no motor do avião, em consequência do que se viu obrigado a uma aterrissagem forçada, no prado da fazenda onde se encontra. Teve êxito a manobra, sofrendo o aparelho ligeiros desarranjos".

FONTE: Jornal de Notícias (SP), 30/12/1947.


27 de dezembro

2021 - Vítimas fatais do coronavírus tem dia de memória em Campo Grande

O Diário Oficial de Campo Grande publicou a lei 6.768, de iniciativa da Câmara Municipal, estabeledendo o 13 de abril, como o “Dia em Memória das Vítimas Fatais da Covid-19”l.

Com isso, a data passou a ser incluída no Calendário Oficial de Eventos do Município de Campo Grande.

O dia 13 de abril foi escolhido por ser a data em que foi registrado o primeiro óbito pela doença no município.


Ainda como lembrança dos mortos da covid 19, em julho, o prefeito autorizou a criação de memorial em homenagem aos mortos da Covid-19, sendo denominado "Apóstolo Edilson Vicente da Silva", pai do vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, conhecido como 'Papy'.

O local tem como principal objetivo “guardar a memória dos cidadãos e prestar homenagem às vítimas”, que deverá conter a foto, nome completo e data de morte do homenageado.


FONTE: Correio do Estado, Campo Grande, 27/12/2021.

26 de dezembro

26 de dezembro

1826 Langsdorff faz contato com os guatós



Índios canoeiros em ilustração de Hércules Florence


Deixando Albuquerque (Corumbá) e navegando rio Paraguai acima, a expedição científica Langsdorff, patrocinada pelo governo russo, na foz dos Dourados, contata os índios guatós, dos quais Hercules Florence, desenhista e escriba da comitiva, destaca algumas peculiaridades:

Vivem quase sempre sobre a água, metidos em barquinhos que, como acima disse, têm dimensões diminutíssimas. Quando toda a família está embarcada, a borda da canoa fica com dois dedos acima d’água, o que não os impede de manejarem com a maior habilidade as flechas para fisgarem peixes ou traspassarem pássaros.


FONTEHercules Florence, Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 77


25 de dezembro

25 de dezembro

1846 – Morre em Cáceres o chefe da Sabinada baiana

Sabinada, a revolta separatista e republicana da Bahia

Falece em seu exílio na fazenda Jacobina, em Cáceres, o médico baiano Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira (foto), chefe da revolta de 1837, que ficou registrada na história do Brasil como Sabinada.

“Preso com pesados grilhões ao colo e aos pulsos, foi depois condenado à morte, e por comutação de pena, deportado para a província de Goiás. Casou-se nessa província (já era viúvo) e abandonou a esposa, de onde passou para Mato Grosso”.


Seus restos mortais foram retirados em 1895 e remetidos para a cidade de Salvador, a pedido do Instituto Histórico da Bahia.


FONTEEstevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 335.



25 de dezembro


1864 - Marinha paraguaia chega ao forte Coimbra





Ignorando as decisões tomadas pelo governo paraguaio com relação ao Brasil, o novo comandante da guarnição brasileira, tenente-coronel Hermenegildo Portocarrero, não percebeu quando as forças comandadas pelo coronel Vicente Barrios, subiram o rio Paraguai e, parando a uns 100 quilômetros do forte, enviaram um navio para fazer o reconhecimento. “Este foi e voltou sem ser visto e informou que próximo ao forte ouviu tiros. Soube-se depois que a guarnição estava fazendo exercícios de tiro ao alvo, sem saber que o inimigo se aproximava.”

"Tão denso era o nevoeiro - relata o historiador - que só na madrugada do dia 27, quando a fumaça das chaminés dos navios foi avistada pela sentinelas, Coimbra tomou conhecimento do avanço paraguaio."

O inventário da investida detalha:

"A frota inimiga, capitaneada pelo Igurey, era formada por 5 vapores e 5 grandes embarcações a reboque, e totalizava 39 canhões de bordo. Vieram a reboque também balsas-curral com gado para o abastecimento da tropa, e cavalos. As tropas de combate formavam 4 batalhões, num total de 3.200 homens. Traziam 12 peças de campanha."

Um contraste com as disponibilidades da guarnição brasileira em disputa:

A artilharia era constituída de 31 canhões velhos, dos quais apenas 11 estavam em condições de atirar, mas como o número de artilheiros era insuficiente, só 5 podiam ser manejados.

Até 5 de agosto desse ano a guarnição era de apenas 46 homens. Com a chegada do Corpo de Artilharia subiu para 115. Auxiliaram também na defesa outros elementos que se encontravam em Coimbra: 10 índios cadiuéus da tribo do cacique Lixagota, 5 guardas da Alfândega de Corumbá, 5 colonos de Albuquerque, 18 presos, um operário contratado e mais um civil não identificado.

A munição de artilharia era abundante, mas a de infantaria era escassa. apenas 12.000 cartuchos, dos quais 2.000 cedidos pela canhoneira Anhambai.

Valioso auxílio prestou na defesa essa embarcação com dois canhões de calibre 32, tripulada por 34 marinheiro e comandada pelo 1º-tenente Balduíno do Amaral.

Colhido de surpresa Portocarrero tomou rapidamente as providências para a defesa com os poucos elementos de que dispunha e fez recolher ao forte as famílias que habitavam a aldeia.

O ataque decisivo ao forte ocorreu a partir do dia 27, culminando com a fuga dos combatentes brasileiros e a ocupação de Coimbra pelos paraguaios.

FONTECarlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, sentinela avançada da fronteira, Edições UFMT, Cuiabá, 1975, página 60.


25 de dezembro

1927 - Inaugurada a Santa Casa de Campo Grande

É solenemente inaugurada a Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande. O ato oficial foi aberto pelo presidente da Associação Beneficente Campograndense, mantenedora da entidade, tabelião Eduardo Santos Pereira e contou com a presença de representantes de toda a sociedade local e convidados de outras cidades. Abriu a sessão o presidente Santos Pereira, que passou a palavra, primeiramente ao vice-presidente, dr. Oliveira Mello, "que fez o histórico do empreendimento e terminou fazendo um apelo à generosidade dos habitantes dos habitantes desta cidade". Encerraram os discursos o prefeito Jonas Correa da Costa e o médico Fernando Correa da Costa, que falou pelo corpo clínico do hospital.

Compareceram ao evento, evento outras, as seguintes autoridades: representante do comandante da circunscrição militar, Pedro Laurentino Chaves, juiz de direito da comarca, Jonas Correa da Costa, prefeito municipal, desembargador Antonio Quirino de Araújo, sub-chefe de polícia do Estado, deputado Miguel do Carmo de Oliveira Mello, vereador Arnaldo Estevão de Figueiredo, vice-presidente da Câmara municipal, deputado e jornalista Jaime Ferreira de Vasconcelos, Eurindo Neves, juiz de direito de Ponta Porã, Eduardo Olímpio Machado, presidente da Associação Comercial, Edmundo Machado, juiz de direito de Nioaque, Clarindo Correa da Costa, juiz de direito de Porto Murtinho, Hormínio Mendes, suplente de juiz de direito, capitão Humberto Miranda, coletor federal, Arnaldo Serra, agente fiscal de imposto de consumo, major Generoso Leite, agente do correio, advogado Sabino Costa, delegado de polícia, advogado Dolor Ferreira de Andrade, Teixeira Filho, Mariz Pinto, Arthur Jorge, Costa Pinto, Victor Limoeiro, Tertuliano Meirelles, Anibal Duarte e Pacífico Lopes de Sequeira.


FONTE: A Cruz, Cuiabá, 22-01-1928.




25 de dezembro

1935 – Promulgada em Cuiabá a Constituição de Mato Grosso


Deputado Estêvão Alves Correa

É sancionada a primeira constituição de Mato Grosso, pós revolução de 30 e guerra civil de 1932. O ato foi marcado pelo discurso do presidente Estevão Alves Correa:

Os mato-grossenses aqui nascidos ou radicados, que souberem escrever no passado, entre outras muitas, com a figura homérica de Antonio João, nas páginas gloriosas da resistência de Dourados; com a bravura de Antonio Maria Coelho, as da retomada de Corumbá; com Leverger, a da resistência de Melgaço; com Batista das Neves, o cavalheiro sem medo e sem mancha, as dos convés de Minas Gerais, onde derramou seu sangue generoso para sufocar a revolta e a indisciplina; com Joaquim Murtinho as da organização das finanças públicas , sabendo que na ocasião se impopularizava; com D. José, D. Carlos, os dois Antonio Correa, Generoso Ponce, o condotteri, Melo, o Bravo, e Pedro Celestino o saudoso guia dos matogrossenses; e com os homens da primeira República, que escreveram as rutilas páginas da Constituição de 91; os matogrossenses, ainda, podemos dizer sem falsa modéstia, continuam dignos de sua terra.


Não é preciso para prová-lo a citação de nomes, muitos dos quais aqui presentes, daquele que, para a glória do Estado, ainda vivem. Promulgamos hoje uma Constituição que encerra ainda maiores conquistas que a da primeira República.

Não a estudarei: já o fizeram ilustres deputados, quando ela foi discutida.
Naturalmente não será perfeita, nem satisfará em absoluto a cada um de nós, mas foi a que a Assembléia, pode fazer de melhor, no momento.


Para isso, demonstrando seu patriotismo, maioria e minoria deram-se as mãos, trabalhando com maior afinco e a maior cordialidade e esforçando-se ambos para coimá-la de possíveis falhas e para que pudessem promulgá-la, hoje "dia consagrado à comemoração da unidade espiritual dos povos cristãos".

Festejamos assim este dia glorioso, começando a respeitar a Constituição, em seu preâmbulo, promulgando-a no maior dia que a cristandade possui.


Continuamos nossa marcha ascencional para um radioso porvir, respeitando o passado que nos tivemos, sendo ainda uma prova disso, dirigir-vos a palavra pela nunca desmentida generosidade dos senhores deputados o primogênito do único sobrevivente da Constituinte de 91.

À sessão compareceram os drs. bacharel Aquiles Verlangieri, dr. Antonio Leite de Barros, advogado Mário Mota, cel. Antonio Antero Paes de Barros, deputado Gabriel Vandoni de Barros, dr. Alberto Novis, dr. João Batista Nunes Ribeiro, dr. Flávio Augusto de Rezende Rudim, deputado Corsino Bouret, dr. Ernesto Pereira Borges, advogado Arcílio Pompeo de Barros, professor Jercy Jacob, deputado Joaquim Cesário, coronel Waldomiro Correa da Costa, deputado Armindo Pinto de Figueiredo, Henrique José Vieira Neto e Estevão Alves Correa, representantes dos prefeitos dos municípios de Diamantino, Livramento, Cáceres, Guajará-Mirim, Corumbá, Santo Antonio do Madeira, Aquidauana, Lajeado, Poconé, Nioaque, Entre-Rios, Maracaju, Coxim, Porto Murtinho, Miranda e o deputado federal Trigo de Loureiro e senador João Vilasboas e deputado federal Ítrio Correa da Costa. 


O texto final da nova carta foi aprovado pelos deputados Estevão Alves Correa, Benjamim Duarte Monteiro, Filogônio de Paula Correa, Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, Francisco Pinto de Oliveira, Henrique José Vieira Neto, Joaquim Cesário da Silva, Jospe Silvino da Costa, Nicolau Frageli, Rosário Congro, Armindo Pinto de Figueiredo, João Evaristo Curvo, Júlio Muller, Corsino Bouret, João Ponce de Arruda, Caio Correa, Gabriel Vandoni de Barros, Josino Viegas de Oliveira Paes, Agrícola Paes de Barros, João Leite de Barros, José Gentil da Silva, Luis de Miranda Horta, Deusdedit de Carvalho e Bertoldo da Silva Freire.

A principal inovação da carta promulgada foi a criação do deputado classista:

Art 4° - O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa, composta de deputados do povo e das organizações profissionais, tendo mandato de quatro anos.

§ 1º - É fixado em vinte e quatro o número de deputados do povo e eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio universal igual e direto; em três o das organizações profissionais, eleitos na forma fixada pela lei, compreendidos, para este feito, os grupos seguintes: empregadores, empregados, profissões liberais e funcionários públicos.

§ 2º - O deputado do povo deve ser brasileiro nato, eleitor, maior de 25 anos e residente no Estado por mais de quatro anos. 

§ 3º - O representante de organizações profissionais deverá ter os requisitos acima, devendo pertencer, pelo menos, há um ano, a uma associação do grupo que o eleger, salvo quando esta contar menos de um ano de existência legal."


A Constituição de 35 foi a de mais curta vigência de Mato Grosso. Em 1937 seria revogada pela decretação da ditadura do Estado Novo, à frente Getúlio Vargas.



FONTEEstevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 343.


25 de dezembro

2015 - Morre o compositor Geraldo Roca, co-autor do Trem do Pantanal





Foi encontrado morto em sua residência em Campo Grande, por volta das 11 horas da manhã, o compositor Geraldo Roca, parceiro de Paulinho Simões da música "Trem do Pantanal". A causa foi suicídio. Segundo familiares ele tinha histórico de depressão e fazia tratamento contra a doença. Nascido no Rio de Janeiro há 61 anos, o artista mora em Campo Grande desde o início da década de 70. Em 1975 - conta a jornalista Liziane Berrocal, "Roca e Paulinho Simões compuseram uma viagem a Santa Cruz de la Sierra o hino 'não oficial' do maior patrimônio de Mato Grosso do Sul. A música tinha o nome inicial de 'Trilhos da terra' e ganhou o nome de 'Trem do Pantanal' até por uma questão de se um lugar mundialmente conhecido.

A fuga da ditadura foi o mote para a frase 'mais um fugitivo da guerra', porque Paulinho Simões fugira dos militares no golpe de 1964, quando frequentava uma célula do PCB no Rio de Janeiro.

As músicas começaram a ganhar o Brasil quando Almir Sater gravou a dupla e várias outras versões foram regravadas, como o Bando do Velho Jack, que em 1998 ganhou a edição regional do Skol Rock, famoso festival nacional que reunia nomes em ascenção no cenário rock do país. Em entrevistas a veículos de comunicação, Roca tinha calculado pelo menos umas 100 regravações do 'trem' entre cantores, orquestras e bandas. Ele também foi o responsável por músicas como 'Uma pra Estrada', Polca Outra Vez' e 'Mochileira'".


FONTE: Liziane Berrocal, O adeus a Geraldo Roca, O Estado de Mato Grosso do Sul, 26-12-2015.


FOTO: O Estado de Mato Grosso do Sul.

24 de dezembro

24 de dezembro

1935 – Aprovada, em Cuiabá, redação final da nova constituição estadual 




Concluída a redação do texto é posta em discussão e votação, pelo presidente Estevão Alves Correa, a nova carta constitucional de Mato Grosso, promulgada no dia seguinte, 25 de dezembro. 

Aprovada pela unanimidade dos constituintes, a grande inovação da constituição estadual é o voto corporativista, de acordo com os dispositivos de seu art. 4°:


"O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa,composta de deputados do povo e das organizações profissionais, tendo mandato por quatro anos.

§ 1° - É fixado em vinte e quatro o número de deputados do povo e eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto; em três o das organizações profissionais, eleitos na forma fixada por Lei, compreendidos, para este efeito, os grupos seguintes: empregadores; empregados; profissões liberais e funcionários públicos.

§ 2° - O deputado do povo deve ser brasileiro nato, eleitor, maior de 25 anos e residente no Estado por mais de quatro anos.

§ 3° - O representante de organizações profissionais deverá ter o requisitos acima, devendo pertencer, pelo menos, há um ano, a uma associação do grupo que o eleger, salvo quando esta contar menos de um ano de existência legal".


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 192.

FOTO: 1 - Estevão Alves Correa, Presidente, 2 - Benjamim Duarte Monteiro, líder da maioria, 3 - Filogônio de Paula Correa, líder da minoria, 4 - Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, vice-presidente, 5-Francisco Pinto de Oliveira, 6-Henrique José Vieira Neto, 1° secretário, 7- Joaquim Cesário da Silva, 2° secretário, 8-José Silvino da Costa, 9-Nicolau Fragelli, 10-Rosário Congro, 11-Armindo Pinto de Figueiredo, 12-João Evaristo Curvo, 13-Julio Muller, 14-Corsino Bouret, 15-João Ponce de Arruda, 16-Caio Correia, 17-Gabriel Vandoni de Barros, 18-Josino Viegas de Oliveira Paes, 19-Agrícola Paes de Barros, 20- João Leite de Barros, 21- José Gentil da Silva, 22- Luis de Miranda Horta, 23 - Deusdedith de Carvalho e 24- Bertoldo da Silva Freire.


24 de dezembro

1977 - Levy Campanhã: o crime do sub-chefe da Casa Civil do governador


Foi assassinado o advogado Levy Campanhã de Sousa, de 38 anos, sub-chefe da Casa Civil do Estado. Levy estava em Campo Grande com a família para as festas de fim de ano, quando foi surpreendido por dois pistoleiros que lhe acertaram três tiros de revólver, calibre 38. Aconteceu em plena luz do dia em frente à sua residência na rua 15 de Novembro, onde brincava com seus dois filhos, um de 6 e outro de 8 anos.

O inquérito policial foi dirigido pelo delegado regional, Aloysio Franco de Oliveira, que, mesmo antes de iniciar as investigações, concluiu não se tratar de crime político:

O delegado regional afirmou que "o crime foi por motivos pessoais e os criminosos não são pistoleiros profissionais". Testemunhas contaram que "os rapazes, depois dos disparos, (três atingiram mortalmente o sr. Levy Campanhã de Sousa) fugiram a pé, com as armas (calibre 38) na mão". Uma das testemunhas diz ser capaz de os reconhecer.¹

Passados quase dois meses sem nenhuma pista segura para desvendar o crime, pressionado pela opinião pública e pela viúva Rosa Campanhã, o governador Garcia Neto, decidiu recorrer ao seu colega Abreu Sodré, governador de São Paulo, que lhe mandou o delegado Sergio Fleury e equipe para tentar desvendar o crime. 

Admitindo a eficiência dos métodos não convencionais do temerário delegado paulista, o secretário de Justiça, Madeira Évora,  justificou sua vinda a Campo Grande, afirmando que do jeito que a polícia matogrossense está conduzindo as investigações, "sem apelar para qualquer tipo de tortura ou violência física, somente por um golpe de sorte chegaremos aos matadores do sr. Levy Campanhã". (JB, 14/02/1978)

Apenas no final de junho, Fleury conseguiu chegar aos dois suspeitos pelo assassinato: Orestes Ferraz dos Santos e Hélio Rosalez. Aquele, sobrinho do advogado e jornalista Ruy Santana dos Santos, também assessor do governo, confessou que o tio contratou seus serviços por Cr$ 50 mil. Detido, Ruy nega qualquer envolvimento, mas é indiciado como mandante, com base no depoimento de Orestes, que também nega envolvimento, alegando que confessou sob tortura. (Jornal da Manhã, 24/07/1978)

Levados a júri popular em 10 de outubro de 1979, Orestes e Rosalis foram condenados a 18 e 16 de reclusão. Rui Santana também foi condenado.

Os três permaneceram pouco tempo na cadeia. Rui Santana morreu de infarto em setembro de 2016, sem assumir a responsabilidade pelo atentado. 

FONTE: ¹Jornal do Brasil (RJ), 27/12/1977; ²Idem, 14/02/1978; ³Jornal da Manhã (Campo Grande), 24/07, 1979; 4Diario da Noite (SP), 11/10/1979.








OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...