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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

30 de junho

30 de junho

1791 – Guaicurus recebem carta patente


Guaicurus, os senhores do Pantanal

Os chefes guaicurus Queima e Emavidi Xané são agraciados com carta patente do governo português:

João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, do conselho de S. M. cavaleiro da ordem de S. João de Malta, governador e capitão general das capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, &. Faço saber aos que esta minha carta patente virem, que tendo a nação dos índios Guaicurus ou Cavaleiros solenemente contratado perpétua paz e amizade com os portugueses, por um termo judicialmente feito, no qual os chefes João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, em nome de sua nação, se sujeitaram e protestaram uma cega obediência às leis de S. M., para serem de hoje em diante reconhecidos como vassalos da mesma senhora: mando e ordeno a todos os magistrados, oficiais de justiça e guerra, comandantes e mais pessoas de todos os domínios de S. M., os reconheçam, tratem e auxiliem com todas as demonstrações de amizade. E para firmeza do referido lhes mandei passar a presente carta patente, por mim assinada e selada com o sinete das minhas armas. Nesta capital de Vila Bela, aos 30 de junho de 1791. – João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.


No dia seguinte era celebrado termo de paz entre o governo português e os guaicurus.

FONTE: Carlos Francisco Moura, O Forte de Coimbra, Edições da UFMT, Cuiabá,1975, página 79.


30 de junho

1902 - Campo Grande declara neutralidade na eleição estadual

Políticos de todos os partidos, publicam manifesto, onde explicam que não serão hostis ao governo mas que também não prometem coisa alguma, declaram neutralidade do município para a eleição que em 1903, elegeria Totó Paes para o governo do Estado. O documento dos líderes campograndenses aponta várias razões para manter a cidade distante das disputas eleitorais, destacando as "sucessivas alterações da ordem pública em todo o Estado, os fatos lamentáveis ocorridos devido às revoluções, implantadas especialmente aqui no sul desde 1890 e 1900". Entendiam que tais episódios "tem acentuado de tal modo uma má impressão entre nós. Esta situação tem nos levado a deixar de acreditar na tranquilidade almejada. Estamos desgostosos do lugar onde vivemos, fundamos nossas propriedades, constituímos família e acumulamos as nossas economias".

Mais adiante, questionam: "Por que não desfrutamos de plena paz? Por que a ação do governo não se faz chegar até aqui? Se os bandidos invadem as nossas propriedades, roubam o fruto do nosso trabalho, não temos a quem providências", ao que respondem:

"Se queremos defender os nossos interesses, somos obrigados a usar dos meios ao nosso alcance e com eles perseguimos os malfeitores. Isso é o que tem acontecido".

Por fim, os manifestantes colocam sua posição diante do pleito eleitoral:

"Até hoje Campo Grande não tem tomado parte em movimentos revolucionários e tem conseguido manter-se na neutralidade. E alegra-nos inteiramente poder subscrevermos que, até esta data, não há divergência de opinião entre os habitantes dessa localidade. Em breve haverá a eleição para presidente e vice-presidente do Estado e deputados estaduais. E para que não diga que tomamos uma deliberação de última hora, antecipadamente cumprimos o dever de cientificar-vos que resolvemos não concorrer para as referidas eleições. Estamos ao lado do governo atual (Coronel Antonio Pedro Alves de Barros) e demais autoridades legitimamente constituídas. Não seremos em circunstância alguma hostis ao governo e nem também podemos lhe prometer coisa alguma".

São seus signatários, Antonio Firmino de Novais, Vicente Alves Arantes Tultuna, Amando de Oliveira, Bernardo Franco Baís, Joaquim Guilherme Almeida, Sebastião Lima, Salustiano Costa Lima, Antonio Norberto de Almeida, Augusto Marino de Oliveira, Manoel Rodrigues Pereira Neiva, Joaquim Alves Pereira, Francisco Sebastão, João Carlos Sebastião, Manoel Joaquim de Carvalho, José Antonio da Silva, José Ignacio de Souza, Venâncio Theodoro de Carvalho "e seguem assinatura de muitos eleitores do distrito".

Deixaram de subscrevê-lo o intendente geral (prefeito) do município, Francisco Mestre e os vereadores recém eleitos para a primeira legislatura: Jerônimo José de Santana, João Correa Leite, Manoel Ignacio de Souza, João Antunes da Silva e José Vieira Damas.

FONTE: A Reacção (Assunção, PY) 30 de outubro de 1902.


30 de junho

1905 – Telégrafo chega a Bela Vista


Major Rondon em seu acampamento em Bela Vista

Em menos de trinta dias, Rondon estende 61 quilômetros e 590 metros de linha telegráfica entre Margarida e Bela Vista, cuja estação inaugura, encerrando a ligação norte-sul:

“Não foi possível traçar um só alinhamento ligando aqueles dois pontos, porque extenso e formidável brejo se lhes interpunha. Foi necessário projetar diversos alinhamentos, a fim de contornar as cabeceiras do brejão, entre os córregos de Guaviara e Derrota”. ¹


Sobre esse fato, Sydney Nunes Leite acrescenta:

Em junho de 1905 foi assinado o contrato para a construção da casa da estação telegráfica de Bela Vista, entre o major Cândido Mariano da Silva Rondon, presidente da comissão construtora da linha telegráfica de Mato Grosso e Luciano Arcomanni, pela quantia de 21 contos de réis. Serviram de testemunhas do ato os senhores Gabriel de Almeida e Alfredo Pinto, conforme consta nos livros de notas do Cartório do 2° Ofício desta comarca.

O primeiro telegrafista da estação de Bela Vista foi o cidadão José Rodrigues de Assis, casado com Laura Almeida Assis.

Nos primeiros tempos existiam duas chefias nas repartição: agente do Correio e encarregado da Estação Telegráfica. Essas chefias eram exercidas por pessoas diferentes. Assim as pessoas que serão citadas pertencem a uma das chefias, sem identificar a qual delas pertenceu.

Eis alguns nomes:Ernesto Amâncio Torquato,Elvina Carneiro Fernandes (Noquinha) , João Leôncio de Araujo, João Paulo Correa, Claudio Otaviano da Silveira, Gregório de Melo, Balbino S. Couto, Bonifácio Ferreira da Silva, Conceição Brum Monteiro, Marcelina Fernandes Silveira, Gastão Deniz, Adriano M. Serra, Valério G.Nogueira, Geraldo Cardoso, Artemio Bachi Naveira, Feliciano Torres, Carlos Pinto de Almeida, Dauth Pinto de Almeida e tantos outros como o atual Ailton Carvalho Vieira.

O telégrafo instalado em nossa cidade, no distante ano de 1905, veio servir como meio mais rápido de comunicação dos pioneiros com a civilização, tirando em parte, do isolamento em que viviam do resto do país. Foi o marco da integração de nossa terra com o restante da Pátria.²


FONTE: ¹Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, 1969. Página 193. ² Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 128.



30 de junho

1916 - Nasce José Barbosa Rodrigues, diretor do Correio do Estado



Nasce em Minas Gerais, José Barbosa Rodrigues. Ainda jovem, em companhia da esposa Henedina e do primeiro filho, José Maria, mudou-se para Ponta Porã, onde o casal exerceu o magistério. Em seguida mudou-se para Campo Grande. Iniciou suas atividades como professor primário numa escola rural na região do Ceroula, dando aulas para filhos de imigrantes japoneses. Para completar a renda familiar, trabalhou como zelador no "Jornal do Comercio", o único diário de Campo Grande na época, onde iniciou sua carreira como redator.

Em 1954, com a instalação do Correio do Estado, aceitou convite para dirigir o novo diário, de propriedade de um grupo político ligado à UDN, partido ao qual eram filiados José Fragelli, Lúdio Coelho, Wilson Barbosa Martins e outras importantes figuras do cenário político regional. Dois anos depois da fundação, J. Barbosa Rodrigues já era dono do jornal.

Além de empresário e jornalista, J. Barbosa Rodrigues foi escritor e historiador, membro da Academia Sul-Matogrossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Na área socioeducativa criou a Fundação Barbosa Rodrigues a Orquestra Jovem, em Campo Grande e o Museu de História do Pantanal em Corumbá.

Faleceu em 19 de março de 2003. 



FONTE: Correio do Estado, caderno Correio B, Campo Grande, 30/06/2016.



30 de junho

1934 – Assassinado prefeito de Ponta Porã 


Modesto Dauzacker e sua esposa Lola, em foto de 1932, no Campanário


Foi morto a tiro, o coronel Modesto Dauzacker, prefeito de Ponta Porã, a maior e mais importante cidade da fronteira Brasil-Paraguai. A ocorrência está sintetizada em telegrama do interventor federal do Estado ao presidente Getúlio Vargas:

Ontem, pela manhã, quando se dirigia prefeitura municipal, em uma rua de Ponta Porá foi brutalmente assassinado nosso valoroso amigo coronel Modesto Danzacker, prefeito daquele município. Criminoso preso flagrante não se sabendo até agora verdadeiro móvel delito. Levando tal fato conhecimento V. Exa. exprimo meu grande pesar pela perda irreparável tão dedicado auxiliar esta Interventoria.


O assassínio do prefeito teve repercussão nacional, conforme nota no Diário de Notícias (RJ), em sua edição de 22 de julho de 1934:

"Cuiabá, 14 de julho - (Do correspondente, por via aérea) - A 30 de junho último foi assassinado o prefeito de Ponta Porá, coronel Modesto Dauzacker, no memento em que se dirigia à prefeitura para despachar o expediente. Alvejado à queima-roupa, por Nelson Martins, foi atingido por dois projetis, um na boca, outro no coração, tendo morte instantânea. O criminoso foi preso em flagrante por um pelotão do 11° R.C.I., que estava em exercícios, sob o comando do tenente Pontes. O fato causou geral consternação. Foi aberto inquérito sob a presidência do promotor público. Atribui-se o móvel do crime à circunstância de haver sido Martins preterido na nomeação de agente fiscal de Guaíra".

Modesto Danzacker, que antes de assumir a prefeitura, foi administrador do Campanário, sede da Companhia Mate Larangeira, era homem da estreita confiança da empresa ervateira.



FONTE: Odaléa da Conceição Deniz Bianchini, A Companhia Matte Larangeira e a ocupação da terra do Sul de Mato Grosso, Editora UFMS, Campo Grande, 2000, página 158. 


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

21 de fevereiro

21 de fevereiro 

1865 - Fugindo da guerra, barão de Vila Maria chega ao Rio




Chega ao Rio, com a família o pecuarista Joaquim José Gomes da Silva, Barão de Vila Maria, proprietário da fazenda Firme, no município de Corumbá. O barão fugia da guerra do Paraguai, que chegara a Corumbá nos primeiros dias desse ano. O Diário do Rio de Janeiro faz o registro:

"Chegou ontem a esta corte o sr. Barão de Vila Maria, trazendo 29 dias de viagem de sua fazenda à margem do Paraguai, no distrito de Corumbá.

Esta rápida viagem feita pelo sr. barão de Vila Maria, que trouxe consigo sua família, foi determinada não só pelo desejo de vir entender-se com o governo a respeito dos negócios da sua província, como também pela necessidade de salvar-se a si e à sua família.

O sr. barão só tem conhecimento das ocorrências havidas entre 26 de dezembro e o dia 3 de janeiro.

Confirmam-se as notícias sobre a tomada de Coimbra e sobre a crueldade dos paraguaios.

Infelizmente, porém, que reformar o nosso juízo sobre a defesa do forte de Coimbra.

Parece que houve uma culposa fraqueza na sustentação desse forte abandonado, quando podia resistir com eficácia.

Das autoridades incumbidas de zelarem pela defesa e segurança do império, nenhuma se preveniu, nenhuma acreditou na possibilidade da invasão paraguaia.

Foi a esforços e diligências do sr. barão de Vila Maria que as comunicações relativas a essa invasão foram feitas às povoações e as autoridades desacauteladas.

A força invasora era numerosa, mas sobre a sua disciplina e bravura, confirma-se os conceitos aqui propalados.

No ataque de Coimbra, perderam muita gente e a esta hora o forte estaria ainda em nosso poder, se não fosse a fraqueza a que acima nos referimos.

Mais algumas horas que se tivesse prolongado a defesa, teria chegado o reforço que foi encontrado pelo comandante e que com as munições que levava, podia determinar a derrota ou a retirada dos paraguaios.

O resultado dessa fraqueza está hoje patente. A nossa fronteira está dominada pelos paraguaios, que por toda parte incendeiam e saqueiam as propriedades; sublevando os escravos que em grande número têm abandonado as fazendas e tomado armas.

Foi um fato que determinou a pronta viagem do sr. barão de Vila Maria que, tendo a comunicação fluvial interceptada e a retirada para a capital da província também impedida, tomou a resolução de vir para o Rio de Janeiro.

Pessoas que conversaram com o sr. barão, dizem-nos que Cuiabá conta apenas com 600 homens da tropa de linha para base da sua defesa. Que a guarda nacional está armada e pode reunir-se; mas que não é provável o ataque dessa cidade porque aos paraguaios faltam vapores apropriados para empreender essa operação.

Miranda foi atacada e tomada pela expedição que marchou por terra.

E parece que grande cópia de munições de guerra há sido abandonada ao inimigo.

Para compensar estas tristes notícias sabemos que acha-se em Cuiabá são e salvo o sr.chefe de esquadra Leverger, cidadão este que por sua inteligência, por seu patriotismo e pelo conhecimento que tem da província, muito pode concorrer para sua defesa.

O sr. barão de Vila Maria nada pode assegurar, quanto de notícias propaladas de haverem sofrido os paraguaios alguns reveses. 

Contudo acredita neles por boatos que chegaram ao seu conhecimento.

Em todo caso a paralisação dos movimentos empreendidos pelo vitorioso exército dá claramente a entender que está finda a missão do Paraguai por esse lado de suas operações".

FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1865.


21 de fevereiro

1912 - Anthrax mata ex-prefeito de Corumbá

Acometido por uma bacteria Anthrax faleceu em Corumbá, o tenente-coronel Pedro Paulo de Medeiros, ex-intendente geral e delegado do município. A notícia aprece com destaque na edição do dia seguinte do Correio do Estado:

"A sociedade corumbaense foi ontem acerbamente surpreendida com o inesperado falecimento do ilustre coronel Pedro Paulo de Medeiros.

É verdade que há bastante dias achava-se ele gravemente acamado, acometido repentinamente de um rebelde anthrax e curtindo horrível mal estar em consequência da delicada operação e dolorosos curativos que sofreu, porém ninguém previa tão fatal desenlace quando era público e notório entre os seus numerosos amigos e parentes achar-se o estimado enfermo fora de perigo.

A notícia, pois, desse triste acontecimento causou, como não podia deixar de causar, profunda surpresa e consternação geral. É que o coronel Medeiros era justamente considerado um homem útil a esta sociedade, a qual, como a comunhão matogrossense em geral, dedicou metade de sua preciosa existência, todo o seu ardor de patriota, toda sua inteligência, todos os seus esforços e energias, quer como político, pontificando contínua e prestigiosamente na política local e do estado, quer como administrador municipal, comerciante e simples cidadão em que sempre revelou um espírito prático atilado, ativo, refletido e tolerante para com todos, tendo conquistado assim o apreço e a estima desta população que nunca lhe faltou com homenagens ruidosas em muitas ocasiões de oportunos acontecimentos.

É cedo ainda para se escrever a biografia, toda a ação social do ilustre cidadão que a coletividade acaba de perder, porém o que não se pode negar é que o coronel Pedro Paulo de Medeiros deixou um claro dificílimo de preencher como estrenuo lutador voltado ao bem desta terra, que ele escolheu para constituir família e que tanto amou.

O finado era de Santa Catarina e contava 42 anos de idade. Deixa viúva e numerosa prole entrelaçada à distintíssimas famílias desta cidade, cumprimos o doloroso dever de apresentar as nossas mais expressões de pesar".

FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 22 de fevereiro 1912.


21 de fevereiro

1923 - Inaugurado telégrafo em Ponta Porã 



De Bela Vista, onde chegou em 1905, pelo major Rondon, alcança Ponta Porã a rede telegráfica. As 15 horas foi festivamente inaugurada  a estação do telégrafo nacional naquela cidade fronteiriça.

No ato inaugural falaram o major Nicolau Horta Barbosa, que dirigiu a construção da linha telegráfica, fazendo a entrega da mesma à repartição geral dos telégrafos; o dr. Seixas Neto, engenheiro-chefe do Distrito, recebendo a nova linha e incorporando-a à rede do telégrafo nacional e, em nome do município, o advogado e jornalista Rangel Torres, congratulando-se com as autoridades e o povo, pelo importante melhoramento.

FONTE: Jornal do Commercio (de Campo Grande) 28-2-1923.

FOTO: Ponta Porã, no início do século XX. Do Album Graphico de Matto-Grosso (1914).



21 de fevereiro 

1956 - Deputados denunciam violência na fronteira


Foto do Deputado SALDANHA DERZI
Sob o título “Violência em Bela Vista (instituído o processo rapa-coco, uma vergonha em pleno século XX)" o jornal Correio do Estado publicou a seguinte notícia:

Bela Vista (do correspondente) Teve grande repercussão nesta cidade a atitude desassombrada dos deputados Ruben de Castro Pinto e Rachid Saldanha Derzi (foto), o primeiro denunciando ao comando da 9a. Região Militar as violências e as arbitrariedades do cel. Jaques, comandante da guarnição federal, nesta cidade, contra humildes e pacatos cidadãos e o segundo denunciando à nação, através da tribuna da Câmara Federal esses tristes e lamentáveis acontecimentos.


O povo que se sente sem garantias está confiante na ação enérgica desenvolvida por seus dois representantes no legislativo estadual e federal, para que termine, quanto antes os desmandos do cel. Jaques que continua a praticá-los, tendo-se a registrar, após o que já foi divulgado, mais novas prisões todas em recinto celular, das seguintes pessoas: José Balbuena, Duarte-Y, Xisto Santandell, Nestor Nogueira e os dois jovens irmãos Aguirre Denis, irmãos da professora Olga Aguirre Denis, que depois de presos, tiveram suas cabeças raspadas a máquina zero, por ordem do cel. Jaques, num flagrante desrespeito à pessoa humana.




FONTE: Correio do Estado, Campo Grande, 21/02/1956


21 de fevereiro

1964 - Guimarães Rosa relembra o Sul de Mato Grosso






Em carta dessa data ao seu amigo Emílio Garcia Barbosa, autor de vários livros sobre o Sul de Mato Grosso, Guimarães Rosa, que visitara Mato Grosso em 1947, relembra os campos de Vacaria, reduto dos Barbosas Marques, pioneiros da região. Na íntegra a missiva do autor de Grande Sertão, Veredas:

Rio, 21 de fevereiro de 1964

Muito prezado amigo Emílio G. Barbosa

Pelo nosso caro Raul Floriano, tive a alegria de receber, com a simpática e cordial dedicatória, meu exemplar do Panoramas do Sul de Mato Grosso.
E nem sei bem agradecer-lhe a gentileza da lembrança, o delicioso, valioso presente.

Comecei imediatamente a leitura, devorei-o logo, já o reli quase todo, tomei muitas notas, vou guardá-lo perto de mim com cuidado. E duvido que alguém tenha gostado mais dele do que eu. Lembrei-me daquela conversa , aqui, em casa do Raul: o livro, que naquela ocasião, eu lhe pedia que escrevesse, é justamente este, que tão excelentemente realizou.

Nas suas páginas, percorri a forte e bela terra da Vacaria, de sua infância até hoje, "vivi" aquilo tudo.. Vi-me com o massapê da saudade, na Barbosalândia, em encontro com o tenente Galinha, reverenciando o genearca Joaquim Gonçalves Barbosa Marques, rindo-me do bom inglês James Burr, assustando-me com os índios que se concentram para o ataque mediante simulados pios de mutum e avançam pondo a macega a movimentar-se sem vento. Viajei com o menino que demandava, para o estudo, Barbacena; estive na revolução com o fazendeiro patriota mato-grossense.

Sorvi o bafo do campo largo, o berro dos bois, toda a vivência de uma gente sadia e brava, ao longo do tropear das boiadas, esse mundo autêntico de sentimento, pitoresco, variado e sincero. Comi leitão assado com mandioca, e entrei em bailes rústicos e madrugadas trabalhosas. Não me esquecerei dessas pessoas, paisagens e bichos. Não esqueço o boi Laranjo. Apreciei imenso as passagens no genuíno linguajar nativo - gostoso como o tererê, como a guavira. Deu-me vontade de voltar um dia a esse Mato Grosso meridional, que me deslumbrou tanto: rever Aquidauana, Nioaque, Miranda, Dourados, a fazenda Jardim e o 'buraco do Perdido'. Tudo isto lhe devo à sua fidelidade sentimental ao chão seu e à sua capacidade de reproduzi-lo e retratar seus fastos, através da memória do coração. Continue, peço-lhe. Escreva mais assim. Dê-me tudo da Vacaria. Obrigado, muito obrigado.

Com o melhor abraço amigo, 
do seu
Guimarães Rosa. 

A visita de Guimarães Rosa ao Sul de Mato Grosso teve um breve registro no jornal "O Estado de Mato Grosso", (Cuiabá) na edição de 21 de setembro de 1947:

"Guimarães Rosa, já hoje um grande nome na literatura brasileira, esteve em Mato Grosso, numa caravana de gente curiosa. E voltou de Corumbá com uma definição de NHANDUTI tão bela quanto a própria renda paraguaia: NHANDUTI - fios de amido e amor, rijo aranhol constelado, espuma em estrias".

A viagem do autor de Sagarana e Grandes Sertões:veredas, por outro lado, foi pormenorizada pelo próprio visitante em artigo publicado em 17 de agosto de 1947, no Correio da Manhã (RJ). CLIQUE AQUI e leia o artigo na íntegra.



FONTE: Emilio Garcia Barbosa, Esboço histórico e divagações sobre Campo Grande (2a. edição), Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página 209.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...