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domingo, 27 de fevereiro de 2011

20 de junho

20 de junho



1867 - Taunay e comitiva chegam a Campo Grande






Tendo deixado o porto Canuto, no rio Aquidauana, no último dia 17, de volta da retirada da Laguna, Taunay chega ao lugar já conhecido como Campo Grande, cujas coordenadas são as mesmas de onde hoje está localizada a vasta planície que começa em lugar que seria habitado a partir de 1872 e em 1977 se transformaria na capital do Mato Grosso do Sul. A descrição do cronista da guerra do Paraguai, começa no sítio de um dos únicos moradores de todas as redondezas, o mineiro Motta, nas imediações de Terenos:

Tomando uma trilha à esquerda, dirigimo-nos à palhoça do Motta, situada a légua e quarto do nosso ponto de partida. O caminho é nesta parte péssimo; profundos atoleiros dificultam muito o trânsito, aumentando-se cada vez mais os embaraços da passagem pela frequência de carros e tropas que demandavam as forças. Acha-se o rancho do Motta situado numa planície acidentada, que belos grupos de buritis tornam realmente encantadora. A umidade exsuda de todos os pontos e manifesta-se não só pela presença daquelas palmeiras como por um viçoso capão de pindaíbas. 


(...) Paramos no Motta, dando uma boa ração de milho aos animais. Às 2,30 horas da tarde seguimos viagem, indo, depois de duas léguas, entrar na estrada geral, da qual nos havíamos desviado no princípio do dia.
A noite começava então a cair; sem embargo fomos caminhando por desejarmos passar com o escuro a encruzilhada de Nioac, visto como existia ainda a dúvida se os paraguaios em nossa perseguição para lá haviam mandado algum destacamento. Uma légua mais entramos no Campo Grande. Esta extensa campina constitui vastíssimo chapadão de mais de 50 léguas de extensão, em que raras árvores rompem a monotonia duma planura sem fim, e nela está lançada a estrada que leva a Nioac e que é conhecida perfeitamente em toda a sua extensão pelos paraguaios.


O aspecto geral é, pois, extremamente uniforme: a marcha parece dificultosa e torna-se cansativa pela constante presença dos mesmos acidentes.

Para nós foram fatigantes o mais possível as duas léguas até chegar à encruzilhada da estrada de Nioac. Além da incerteza que nos dominava sobre a presença do inimigo, vento vivo e frigidíssimo nos açoitava o rosto, demorando-nos o andamento dos animais. A lua surgiu quando apareceu a bifurcação dos dois caminhos e estão eles tão próximos um do outro por muitas braças, que só se os distingue atendendo para uma árvore de paratudo, que foi pelos carreiros golpeada e quase lavrada. Meia légua além, fomos descansar junto ao capão do Burity, onde os paraguaios, em 1865, agarraram uma família brasileira, a qual se arranchara para fazer mate, erva que aí se acha em abundância e por diante aparece frequentemente, debaixo da forma de arbustos e não como para os lados da colônia de Dourados e norte do Paraguai, em que se encontram árvores desenvolvidas e algumas até possantes.


Sobre o Motta, único morador morador que encontrou na região de Campo Grande, Taunay dedicou uma página de suas Memórias.


FONTE: Taunay, Viagens Doutr'ora, 2a. edição, Companhia Melhoramentos, SP, 1921, página 42.






20 de junho


1923 - Demósthenes, nomeado prefeito de Bela Vista


O advogado Demósthenes Martins, que mais tarde viria a ocupar a chefia do executivo de Campo Grande, assume a intendência de Bela Vista, a convite do presidente Pedro Celestino, num processo de intervenção ocasionado por dualidade de poder entre Joaquim Francisco de Arruda Rondão e Pio Rojas. Deixou o cargo em fevereiro do ano seguinte, nomeado para a função de coletor estadual. 


FONTE: Demósthenes Martins, Poeira da Jornada, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 68.



20 de junho

1935 - Proposta: porto de livre comércio para Corumbá

O general Meira de Vasconcelos, comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro, libera relatório de uma comissão em Mato Grosso, "a respeito de um porto para a Bolívia":

"O militar brasileiro sugeria a ideia de transformar Corumbá em um porto livre, a exemplo dos existentes em outros países, sobretudo na Europa.

Com essa providência o Brasil daria acesso comercial à Bolívia, o que iria dar considerável atividade comercial ao vale do Paraguai. Completando o seu plano, a Noroeste seria prolongada para o Ocidente, por Corumbá, rumo a Santa Cruz. Por esta forma, o comércio boliviano desembocaria pelo rio da Prata e por Santos. De acordo ainda com o plano, seria construída uma rodovia uma rodovia comercial Campo Grande-Ponta Porã, com o objetivo de ligar-se a rodovia que parte de Horqueta, no Paraguai, ficando assim este país com acesso ao porto de Santos, via Noroeste. Com duas outras rodovias de Ourinhos a Porto Mendes, passando por Porto Mourão, e de Campo Mourão por Tibagi, Castro e Porto de Antonina, ficaria a região N. E. da Argentina e o Paraguai com acesso também não só por aquele porto, como pelo de Santos".

FONTE: Correio Paulistano, 20 de junho de 1935.


20 de junho 

1952 - Aviadora paulista chega a Corumbá para sobrevoar os Andes




Chega em Corumbá, pilotando um monomotor "Piper Cub", Ada Rogato, a primeira mulher brasileira a receber o brevet de paraquedista. "Vivamente recepcionada" pela população corumbaense, no dia seguinte seguiu viagem para a Bolívia, onde escalou a cordilheira dos Andes, e alcançou La Paz com mais de 4.000 metros de altura, em seu minúculo aparelho.¹

Sobre Ada Rogato, escreve Eduardo Vessoni, articulista do UOL:

Aos 25 anos, já era a primeira sul-americana apta a protagonizar um voo de planador, cujo brevê era o de número 25, segundo o Aeroclube Politécnico de Planadores. Thereza di Marzo e Anésia Pinheiro Machado são as duas primeiras brasileiras a terem brevê de aviadoras, tirados com apenas um dia de diferença, em um abril de 1922. Em 1936, quando as brasileiras mal tinham conquistado o direito ao voto, Ada fazia seu primeiro voo solo a bordo de um monomotor. Aos 31 anos, era reconhecida também como a primeira paraquedista com brevê no Brasil, no Aeroclube de São Paulo. 

A vida de Ada Rogato foi cheia de acrobacias. Literalmente. A fim de promover a criação de aeroclubes brasileiros e a formação de jovens pilotos, o excêntrico empresário Assis Chateaubriand lançou em 1941 a campanha "Dê Asas à Juventude", cujos eventos incluíam saltos de paraquedas e acrobacias aéreas. E lá vai Ada, mais uma vez, provar a que veio. Ela estava entre os seis alunos do Aeroclube de São Paulo convidados pelo argelino Charles Astor, o primeiro civil a saltar de paraquedas no Brasil, que quebrariam um recorde mundial: realizar o primeiro salto coletivo noturno, em abril de 1942..

Para Ada, o céu era o limite e as alturas elevadas pareciam não ser problema, desde que o pouso não fosse nas águas enegrecidas pela noite, na Baía de Guanabara. Assim como lembra o Instituto Biológico, Ada confessaria para um colega de trabalho que "o momento em que afundou na água, em meio à escuridão, fora o de maior temor que já enfrentara na vida".

Os anos seguintes também seriam de voos altos. Ada realizou patrulhamento aéreo do litoral paulista durante a 2ª Guerra e seguiu na função até os anos 60. Também encabeçou o primeiro voo de uma brasileira sobre os Andes e foi a primeira a sobrevoar a Amazônia. Em 1951, ficaria conhecida também pela longa viagem de seis meses entre a Terra do Fogo, na Argentina, e o Alasca. A bordo de um Cessna 140, chamado de "Brasil", Ada protagonizou um pinga pinga por todas as capitais das Américas, cujos mais de 51 mil quilômetros foram vencidos em 364 horas de voo. Assim como lembra o Instituto Histórico-Cultural da Força Aérea Brasileira, o voo de Ada até o Fim do Mundo renderia o título de primeira aviadora a pousar naquele aeroporto do extremo sul do planeta. Sem falar no apelido de 'Pomba Solitária do Brasil', como anunciou o aeroclube local na chegada da piloto. 

Solitário foi também seu voo que percorreu todas as capitais dos estados brasileiros, em homenagem aos 50 anos do primeiro voo de Santos Dumont em seu 14-bis, em 1956. A nova aventura de Ada começara no dia 4 de julho, no aeroporto de Congonhas (SP), onde voltaria a pousar mais de três meses depois, trazendo na bagagem um pouso noturno forçado, por conta de uma tempestade, e uma visita aos irmãos Villas Boas na região do Xingu.

Um único acidente  Ada não só era a dona do próprio nariz, mas também do seu próprio avião. Foi com seu monomotor Paulistinha CAP-4 que Ada lançou inseticida sobre cafezais paulistas tomados por larvas de besouro, conhecidas como broca-do-café. Ela só não aceitou o desafio dos pesquisadores do Instituo Biológico como também se tornou a primeira piloto agrícola do Brasil, no final dos anos 40. Porém, sua nova habilidade aérea rendeu também seu primeiro (e único) acidente da carreira. Em Cafelândia, no interior paulista, seu monomotor adaptado se chocou contra fios telefônicos e caiu, custando a Ada meses de internação, múltiplas fraturas, cicatrizes no rosto e a perda de alguns dentes. Aquele 1948 nem tinha terminado e a piloto ainda acharia forças para ser campeã paulista de paraquedismo.

Em terra firme, esteve envolvida também na Fundação Santos-Dumont que, mais tarde, seria transferida para a Oca do Ibirapuera sob o nome de Museu da Aeronáutica e direção de Ada Rogato. O multidisciplinar Leonardo da Vinci pode até ter previsto um homem voando sob uma estrutura triangular de tecido. Mas ele só não contava que, 500 anos mais tarde, meninas comportadas também saltariam de paraquedas, entre tantas outras acrobacias possíveis. 


FONTE: UOL, 21 de março de 2021.

FOTO: Folhapress

sábado, 19 de fevereiro de 2011

11 de junho

11 de junho


1867Retirantes de Laguna chegam a porto Canuto


Paisagem do rio Aquidauana em desenho de Taunay



Depois de cinco dias de marcha, desde a saída em Nioaque, sempre fustigados pela cavalaria inimiga, os expedicionários brasileiros finalmente chegam à margem esquerda do rio Aquidauana, termo da retirada de Laguna. O momento é registrado por Taunay:

A 11 chegamos ao porto do Canuto à margem esquerda do rio Aquidauana. Tal o último trecho de nossa penosa retirada. Ali findou o nosso doloroso itinerário que, como expiação de nossas temeridades, nos fizera curtir tantas misérias quantas pode o homem suportar sem sucumbir. No Canuto nos despojamos dos miseráveis andrajos que nos cobriam, libertando-nos, afinal, da mais horrível sevandija e dos parasitos do campo, que, perfurando a pele, nela produzem dolorosas úlceras. Oferecia-nos o rio magnífico ensejo para nossas abluções. Todas estas paragens podem ser chamadas: a terra das águas belas.


Segundo ele, no dia da invasão do território paraguaio, “em abril de 1867, era o efetivo da coluna de 1680 soldados. A 11 de junho reduzira-se a 700 combatentes. Perderamos pois 980 soldados pela cólera e o fogo. Morreram além disto grande número de índios, mulheres e homens negociantes ou camaradas que haviam acompanhado a marcha agressiva do nosso corpo”.


A campanha seria oficialmente encerrada no dia seguinte, 12 de junho de 1867.



FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Melhoramentos, SP, 1942, página 137.




11 de junho

1911 - Instalada a comarca de Bela Vista


Criada pela lei n° 549, de 20 de julho de 1910, foi instalada a comarca de Bela Vista. Tomou posse como primeiro juiz de direito, o dr. Augusto Cavalcanti de Mello, que designou promotor de justiça ao cidadão Fernando de Vasconcelos.

FONTE: Sydney Nunes Leite, Bela Vista - uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 38

terça-feira, 1 de março de 2011

13 de julho

13 de julho


1867 - Paraguai festeja final da retirada da Laguna






Em seu relatório sobre a retirada de Laguna, publicado no órgão oficial do governo, o Paraguai contabilizou a marcha da coluna brasileira como vitória da falange Paraguaia do Norte e felicitou seus soldados como verdadeiros heróis:

El ejercito que venia a apoderarse de nuestras poblaciones, esclavizar nuestras famílias, y trazer su linea divisoria, despedazando nuestro pais, há sucumbido a la aparicion de la falange Paraguaia del Norte. Ella puede decir, como César, llegué, vi, venci.

El desastre de ese Ejército repercutirá com un golpe terrible sobre el ambicioso Emperador, que vê desecha una de sus mas grandes esperanzas, y le llevará una conviccion mas de que sus esclavos jamas conquistaran la tierra de los libres.

Estamos poes de felicitaciones por el importante suceso que acaba de alcanzar el esfuerzo de nuestro brazo: es una venganza terible que debe horrorizar el invasor y echar por tierra su espírito abatido.

Felicitamos ardentemente a la Pátria por la nueva glória, y al Gefe Supremo de la República, cuya prevision y tino guerreiro ha arrancado del enemigo tan valioso laurel.

Felicitamos a la denodada coluna del Norte, castigo y terror del cobarde invasor.

A retirada da Laguna foi oficialmente encerrada em 12 de junho de 1867, no porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana.



FONTE: Jornal El Semanário (Assuncion, PY) 13 de julho de 1876.


13 de julho

1896 Lançada a estrada de ferro  de Uberaba (MG) para Coxim


Estação ferroviária de Uberaba no início do século XX

Realiza-se em Uberaba, Minas Gerais, o ato de lançamento de uma estrada de ferro ligando Minas a Mato Grosso, iniciando naquela cidade, com terminal em Coxim. “A essa solenidade – conta Estevão de Mendonça – compareceram, além das autoridades locais, comerciantes e industriais, os representantes de Mato Grosso, Minas e Goiás. Ao mais antigo jornalista do triângulo mineiro, coronel Antonio Borges Sampaio, coube a honra de bater o prego inaugural da primeira estaca.” ¹

Este evento atendia as disposições do decreto 862, de 16.10.1890, que propunha um sistema de viação geral ligando diversos Estados da União à Capital Federal, incluindo dentre as ferrovias concedidas, duas para Mato Grosso: 1) a estrada de Catalão (Goiás) à fronteira com a Bolívia, passando por Cuiabá e Cáceres; e 2) a estrada que partindo de um ponto entre Uberaba e São Pedro de Uberabinha, se dirigisse à vila de Coxim, no Estado de Mato Grosso. "A primeira - segundo Paulo Cimó - veio a ser declarada caduca em 1903, por não terem os concessionários apresentado os respectivos estudos e orçamentos," e a segunda, que ligaria  Coxim à Estrada de Ferro Mogiana, seguindo de Uberaba a Campinas e ao porto de Santos, foi arquivada em 1904, com a alteração do projeto da NOB que previa um novo traçado a partir de Bauru e terminal em Cuiabá, que resultaria no traçado definitivo do engenheiro Emílio Schnoor, começando em Bauru e terminando em Corumbá,com passagem por Campo Grande.²

Era presidente do Estado de Mato Grosso o engenheiro Antonio Correa da Costa e presidente da República Prudente de Moraes. A mais expressiva liderança política do Estado era o senador Joaquim Murtinho que, em dezembro de 1896, assumiu o Ministério de Indústria, Viação e Obras Públicas.

Era presidente da República o paulista Prudente de Moraes e presidente de Mato Grosso, Antonio Correa da Costa.



FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 33;²Paulo Roberto Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder, o nascimento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, Editora UFMS, Campo Grande, 1977, página 21.


13 de julho

1930 - Rondon em Corumbá


Chega a Corumbá, o general Candido Rondon à frente da Comissão de Inspeção Geral das Fronteiras:

"O ilustre viajante - segundo o Jornal do Comércio - com a sua comitiva, pela lancha "Rosa Boróro, tendo sido visitado a bordo logo após sua chegada, pelos membros representativos da nossa sociedade, dentre os quais o Exmo. Sr. Cel. Nicola Scaffa, digno Intendente Municipal, cel. Salustiano A. Maciel, operoso presidente de nossa Câmara, imprensa, autoridades militares e inúmeros amigo, tocando ao porto de desembarque abanda 17 Batalhão de Caçadores.

Em Corumbá, Rondón encerrou a primeira fase das inspeções nas linhas limítrofes de Norte e de Oeste, perfazendo cerca de 23.500 quilômetros, desde "sua partida do Rio de Janeiro até esta cidade, via Aragua".ia, Tocantins, Belém, Manaus e nossas fronteiras com Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia".

De Corumbá, a comissão prosseguiu seus trabalhos até o arroio Chuí, no extremo Sul do país.


FONTE: Jornal do Comércio (Campo Grande), 16 de julho de 1930.




13 de julho

 

Criada a Faculdade de Odontologia e Farmácia de Campo Grande

 

     É publicada na Gazeta Oficial, em Cuiabá, o ato de criação da Faculdade  de Odontologia e Farmácia de Campo Grande, a primeira instituição de ensino superior do Estado.

 

     Mantida por uma sociedade anônima, à frente o dentista Agostinho dos Santos, os dois cursos começaram no início deste ano, com professores escolhidos entre profissionais de saúde da cidade, entre eles, os médicos Vespasiano Barbosa Martins e Tertuliano Meireles.

 

     Em 1932 teve as aulas interrompidas e suas dependências ocupadas, depois da derrota dos constitucionalistas. Em 1933, frustrada a tentativa de conseguir inspeção federal para reconhecimento dos cursos, o diretor Agostinho dos Santos, transfere a direção da sociedade para o médico Tertuliano Meireles e muda-se para o Rio de Janeiro.³

 

     A faculdade chegou a formar uma turma de dentistas e outra de farmacêuticos e, não conseguindo o credenciamento federal, encerrou suas atividades.

 

 



1962 - Morre o ex-governador Aníbal de Toledo


Anibal de Toledo, último governador
de Mato Grosso na República Velha

Nascido a 21 de junho de 1881, em Miranda, falece no Rio de Janeiro, o advogado Aníbal José de Toledo. Filho de Daniel Benício de Toledo e Maria José de Oliveira Toledo, realiza seus estudos primários em Cuiabá. Graduou-se em Direito a 6 de dezembro de 1906 pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, com bolsa do governo do Estado. Juiz substituto em Cuiabá (1907/1908), afastou-se da judicatura para assumir a chefia de polícia no governo de Pedro Celestino. Deputado federal de 1912 a 1929. Foi secretário da Câmara dos Deputados e teve atuação em assuntos importantes,destacando-se a ponte sobre o rio Paraná, o vale do rio Madeira, o Tratado de Petrópolis, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a rumorosa questão de limites entre Mato Grosso e Goiás.

Participou diretamente dos acontecimentos que culminaram com a Caetanada, nome dado ao movimento que culminou com a renúncia do general Caetano de Albuquerque, do governo do Estado, tendo sido ele o denunciante perante a Assembleia Legislativa.

Em 1930 elege-se presidente do Estado de Mato Grosso, tendo sido neste mesmo ano derrubado pela revolução liderada por Getúlio Vargas. 
"Depois de haver sofrido o vexame de uma prisão violenta a injusta - descreve seu biógrafo - decepcionado e pobre, retirou-se definitivamente o dr. Aníbal de Toledo das atividades políticas, entregando-se inteiramente ao exercício da sua profissão no Rio de Janeiro, como advogado da Empreza Mate."

FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos Varões Ilustres de Mato Grosso, Fundação Cultural de Mato Grosso, Cuiabá, 1978, página 15

sábado, 19 de fevereiro de 2011

12 de junho

12 de junho


1860 - Autorizada a criação da primeira escola pública da Corumbá

É aprovada pela lei n° 5 de a860, a primeira escola pública da povoação de Corumbá. A resolução é do presidente da próvíncia, Antonio Pedro da Alencastro:

"Art. 1° - Fica aprovada a Resolução de 21 de outubro do ano próximo passado, que ciou uma escola de instrução primária do 1° grau na Povoação de Corumbá para o sexo masculino com o ordenado marcado aos professores das Freguesias.

Art. 2° - Quando for suprimida uma cadeira, quer de instrução primária, quer de estudo secundário, o respectivo professor, sendo vitalício, e contando mais de dez anos de serviço, será aposentado com o ordenado por inteiro; e revogadas as disposições em contrário".


FONTE: Colleção das Leis Provinciais (MT), 1835 a 1912, pagina 32.



1867 – Termina oficialmente a retirada da Laguna


Homenagem do Exército brasileiro aos combatentes de Laguna em Porto
Canuto no município de Anastácio
Tendo chegado os sobreviventes um dia antes em Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana, desfaz-se oficialmente, a retirada da Laguna, considerada a maior aventura da guerra do Paraguai. O major José Tomás Gonçalves, seu último comandante, baixou ordem do dia, encerrando a campanha, que durou 35 dias:


A retirada, soldados, que acabais de efetuar, fez-se em boa ordem, ainda que no meio das circunstâncias as mais difíceis. Sem cavalaria contra o inimigo audaz que a possuía formidável, em campos onde o incêndio da macega, continuamente aceso, ameaçava devorar-nos e vos disputava o ar respirável, extenuados pela fome, dizimados pela cólera que vos roubou em dois dias o vosso comandante, o seu substituto e ambos os vossos guias, todos esses males, todos estes desastres vós os suportastes numa inversão de estações sem exemplo, debaixo de chuvas torrenciais, no meio de tormentas de imensas inundações, em tal desorganização da natureza que parecia contra vós conspirar. Soldados! Honra à vossa constância, que conservou ao Império os nossos canhões e as nossas bandeiras!


O governo paraguaio festejou o final da marcha brasileira como uma vitória de seu exército.


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 137.


12 de junho


1874 - Criados os cartórios judiciais em Corumbá


Pela lei nº 8, do presidente José de Miranda da Silva Reis, o governo da província de Mato Grosso, cria os cartórios da comarca de Corumbá, a saber:

"Artigo único. - Ficam criados no Termo de Santa Cruz de Corumbá os ofícios 1° e 2° tabeliães; servindo o 1° de Tabelião do público, judicial e notas e do escrivão da Provedoria e do juri e execuções criminais; e o 2° de Escrivão de Órfãos e ausentes que lhe fica anexo; revogadas as disposições em contrário".

FONTE: Coletânia de leis da província de Mato Grosso, 1835 a 1912, página 14.


1882 – Nasce em Nioaque Antônia de Moraes Ribeiro, dona Neta


Dona Neta (ao centro) com familiares
Nasce em Nioaque, Antonia de Moraes Ribeiro. Estudou em Cuiabá onde casou-se com Antônio Correa da Costa, de tradicional família cuiabana. O casal muda-se para a fazenda Chapada, da família dela, em Nioaque. Em 1913, com seis filhos e já com o carinhoso apelido de dona Neta, muda-se de vez para Campo Grande. Em 1921 morre-lhe o marido, vítima de febre tifóide, contraída em Três Lagoas. Viúva aos 36 anos, com oito filhos, “dona Neta, com invulgar bravura, enfrentou a situação, conseguiu dirigir as fazendas Chapada, em Nioaque, Guanandi e Cedro em Ponta Porã.”

Faleceu
aos 81 anos, em 1963. Paulo Coelho Machado, seu biógrafo, conta que pouco antes de morrer dona Neta convocou todos os filhos e a cada um fez “agradecimento emocionante pela solidariedade que ininterruptamente lhe deram, adicionando pequenas recomendações como últimas lições de vida tiradas da própria experiência.”
Deixou 15 netos e 38 bisnetos e um saudável casarão na avenida Afonso Pena, que seria demolido para dar lugar à galeria Dona Neta.



FONTE: Paulo Coelho Machado, A grande avenida, Funcesp/UBE, Campo Grande, 2000, página 206.



12 de junho

1910 - Fundada a Associação Comercial de Corumbá

Reunidos na tarde de domingo, as 14 horas, no edifício da Câmara Municipal, empresários de Corumbá decidem criar a associação comercial da cidade: O Correio do Estado fez o registro:

"O n´mero de pessoas que compareceram à reunião tão foi grande, mas a qualidade dessas mesmas pessoas, reconhecidamente corajosas e empreendedoras, representava uma grande força, que é do que realmente dependem os mais difíceis e importantes cometimentos".

Sobre a importância da nova entidade, o jornal destacou o foco dos empresários "na urgência de por em prática uma ação em comum a bem dos interesses do já desenvolvido comércio desta praça, certos de que só unidos  é que poderão resistir a todas as lutas que contra os seus direitos forem abertas, - esses bons elementos que compareceram à reunião de domingo resolveram iniciar os trabalhos para organização da Associação Comercial de Corumbá".

O primeiro presidente, escolhido pela unanimidade dos fundadores, foi Salustiano Msaciel, sócio da empresa M. Cavassa Filho e Cia, que indicou Alvaro Armando para secretário. O primeiro ato do presidente foi a criação de uma comissão para elaboração dos estatutos da entidade, com os seguintes componentes: Salvador Paes de Campos, Eugênio Ferreira da Cunha, Hipólito Rondon, Ciriaco de Toledo e Joaquim Teodoro da Rocha.

FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 15 de junho de 1910.



12 de junho

1979 - Exonerado o primeiro governador de Mato Grosso do Sul





Nomeado pelo presidente Ernesto Geisel, com base na Lei Complementar n° 31/77 (Lei da Divisão) e empossado em 1° de janeiro, é exonerado do cargo de governador de Mato Grosso do Sul, o engenheiro gaúcho Harry Amorim Costa. Enfraquecido em Brasília com a posse do general João Batista Figueiredo, Harry não obteve o apoio do senador Pedro Pedrossian, então o mais prestigiado líder político do Estado, que conseguiu sua demissão e a indicação de seu sucessor, o prefeito de Campo Grande, engenheiro Marcelo Miranda. Assumiu em seu lugar até o dia 29, data da posse do novo governador nomeado, o deputado Londres Machado, presidente da Assembleia Legislativa. 

O legado de Harry Amorim seria o seu projeto de governo moderno para um estado modelo, desprezado por seu sucessores. A única obra que conseguiu realizar no curto espaço de tempo de seu governo foi a pavimentação do trecho da BR-60 entre Campo Grande e Sidrolândia.

Em 1982 foi eleito deputado federal pelo PMDB. Em 1987 foi nomeado secretário de Maio Ambiente no governo de Marcelo Miranda, vindo a falecer, em acidente automobilístico em 19 de agosto de 1988.

terça-feira, 1 de março de 2011

8 de julho

8 de julho


1865Comenda para os heróis da resistência


É criada pelo governo da província de Mato Grosso, a medalha militar do Forte de Coimbra, “a fim de galardoar os oficiais, praças e paisanos que tomaram parte na defesa daquele ponto, em dezembro de 1864,” por ocasião da invasão do exército paraguaio ao território brasileiro. 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, 1973, página 20.



8 de julho



1867 - Taunay se despede do território sulmatogrossense


Margens do rio Paranaíba (desenho a crayon de Taunay)

Egresso da célebre retirada da Laguna, depois de viajar vinte e cinco dias entre Porto Canuto, no rio Aquidauana e Paranaíba, a pequena comitiva do tenente Taunay despede-se do Estado de Mato Grosso. O registro está em seu diário de viagem:

Às 3 horas da madrugada estávamos de pé, acordado pelo sino da matriz, que anunciava a missa encomendada de véspera por nós ao vigário, e envolvidos em ponche à luz da lua,que então brilhava serena, para lá nos dirigimos acompanhados de nossos camaradas.

Eram os primeiros expedicionários ao norte do Paraguai que diante do altar de Deus agradeciam a Ele a quase milagrosa salvação, e podemos asseverar que todos nós seguimos o santo sacrifício da missa com a emoção com que assistiríamos ao mais solene Te-Deum. Era, a um só tempo, um hino de gratidão, de júbilo, uma expressão de tristeza e de luto pelos companheiros que a fatalidade nos havia roubado, por esses que ficaram cobertos da terra estrangeira ou cujas ossadas ainda branqueiam insepultas.

Às 11 horas da manhã deixamos a vila e depois de uma e meia légua de marcha passamos pela lagoa que dá nome a um pouso e entramos na mata do rio Paranaíba, a qual conservava em seus terrenos enatados,lodacentos, e nos troncos de suas árvores, sinais de uma grande cheia, não remota. Desse centro é que irradiam as febres; a putrefação vegetal, tão fatal aos homens aí se efetua incessantemente, inficionando a atmosfera três a quatro léguas ao redor.

As margens do Paranaiba são naturalmente barrancosas; as águas claras, têm velocidade considerável,que a constante inclinação e esforço dos sarandys, em em alguns pontos mais próximos das ribanceiras, indicam, a largura é de 350 a 400 braças.Para atravessá-las existe uma barcaça composta de duas estragadas canoas de tamboril mantida pela barreira provincial de Mato Grosso, que daí tira algum rendimento.

Havíamos enfim transposto aquela divisa famosa nas lendas e conversas do sertão.

A comitiva do escriba da retirada da Laguna, finalmente, ganha o território das Minas Gerais.


FONTE: Taunay, Viagens de outr'ora (segunda edição), Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, sd, página 65.




8 de julho


1892Ponce recebe presidente do Estado em Corumbá


Havendo chegado a Corumbá no início do mês, onde fora homenageado com festas, pela derrota dos golpistas ligados ao general Antonio Maria Coelho e coronel Barbosa, o coronel Generoso Ponce recebe no porto dessa cidade, o general Ewbank, novo comandante militar do Estado e o presidente deposto Manoel Murtinho, que estavam retidos pelos rebeldes no Forte Coimbra, desde o golpe de 22 de janeiro. No dia seguinte, Ponce e Murtinho seguiram para Cuiabá, onde este reassumiria o governo. O general Ewbank permaneceu em Corumbá, sede do distrito militar de Mato Grosso. 



FONTE: Generoso Ponce Filho, Generosos Ponce, um chefe, Pongetti, Rio de Janeiro, 1952, página 126.




8 de julho


1932Klinger perde comando militar de Mato Grosso








Por discordar publicamente da nomeação do general Espírito Santo para o ministério da Guerra, o general Bertoldo Klinger é reformado administrativamente e perde o comando da Circunscrição Militar de Mato Grosso, sediada em Campo Grande. Na despedida, o general expediu o seguinte boletim:

Quartel-General em Mato Grosso, 8 de julho de 1932.


1º – Telegrama, via T. N. e rádio recebido às 14 horas e objeto também diretamente notificado pelo M. G. a todos os comandantes de corpos da Circunscrição:- Dia 8, hora 13:15 urgente.- Comunico-vos que Chefe Governo provisório vos reformou administrativamente, pelo que deveis passar comando Circunscrição ao substituto legal imediatamente.


a) General Espírito Santo
Ministro da Guerra.


2° , Em cumprimento a essa ordem passo o comando ao sr. Coronel Oscar Saturnino de Paiva.


3° –a) Ao despedir-me dos meus camaradas, que constituem o quadro da tropa da Bda. Max. do Exército e da F. P. deste Estado, não é azada a hora para agradecimento e louvores que viriam diminuídos da eiva da comoção.
Em conjunto, cada qual sabe o juízo que dele fui formando, o reconhecimento de que me sei devedor.


Em síntese, já o disse uma vez e não me farto de o sentir: orgulho-me de os haver comandado.


b) Pouco é este o meu sacrifício. Ele fora previsto, entrara plenamente em minhas previsões. Era a contribuição que eu podia dar.
Caio de pé, pois que me mantenho ereta a consciência profissional e cívica de haver cumprido um dever, na defesa duma personalidade laboriosamente formada e da seara dos interesses que me estavam confiados. Exorto os meus camaradas a que se mantenham em calma, dentro da ordem, na verdadeira disciplina, racionada e consentida, vistas em seus camaradas chefes, pensamento no Exército – a síntes das forças vivas, materiais e morais duma nação.


A susbsituição de Klinger do comando de Mato Grosso precipitou a revolução constitucionalista de São Paulo, da qual o general seria o chefe militar.



FONTE: Euclides Figueiredo, Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932, Livraria Martins Editora, S. Paulo, 195, página 89.




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

17 de junho

17 de junho


1867 – Taunay deixa o Aquidauana de volta ao Rio



Homenagem a Taunay no quartel do exército em Aquidauana, inaugurada em 1923.




Encerrada oficialmente a retirada da Laguna, o tenente Taunay deixa o Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana com destino ao Rio de Janeiro:

Parti do acampamento do Canuto, junto à margem esquerda do rio Aquidauana, às dez horas da manhã de 17 de junho de 1867. Para me servir de companheiro e vaqueano na transposição do despovoado e dilatadissimo planalto de Camapuã, comigo vinha o tenente do corpo policial de São Paulo, João do Prado Mineiro, e acompanhavam-nos o oficial mecânico Wandervoert, belga de nascimento, que acabara o seu tempo de contrato como contramestre das forças da artilharia La Hitte e na terrível retirada havia dado provas de não pouco valor, e mais três soldados de infantaria, além do meu camarada Jatobá, retinto e lustroso como jacarandá envernizado, beiçudo, metido a gaiato, bom diabo, embora bastante preguiçoso em mexer nos pousos o corpanzil, mas andarilho a valer, sempre alegre em todo o caso.


Dois magros cargueiros levavam numas bruacas velhas muito sacudidas, de tão vazias, os parcos mantimentos – carne seca, feijão, arroz, farinha, um pouco de toicinho e mais uma raçãozinha de sal, necessários para alcançarmos a vila de Santana do Paranaíba, à entrada da região efetivamente habitada, uma vez atravessadas as vastas solidões interpostas.

Montava eu a minha alta e vistosa besta rosilha, bom animal, ainda que já precisando de descanso, e que me custara quatrocentos mil réis; o João Mineiro, cavalo agreste mais resistente e menos mau, apanhado não sei onde, o belga um burrinho manhoso e empacador. Os camaradas seguiam a pé.




FONTE: Taunay, Memórias, Edições Melhoramentos, SP, 1946, página 258.






17 de junho


1947 – Rejeitada mudança da capital de Mato Grosso



Italívio Coelho, deputado constituinte de Mato Grosso


Emenda na Constituição, de iniciativa da bancada do Sul, previa a mudança da capital, de Cuiabá para outra cidade do Estado em caso de calamidade pública. A emenda foi derrotada por 15 votos a 14, com o voto de minerva do presidente da Assembléia Legislativa.

Votaram a favor da emenda os deputados José Fragelli, Rádio Maia, José Gomes Pedroso, Adjalmo Saldanha, Oclécio Barbosa Martins, Cacildo Arantes, Otacílio Faustino da Silva, Italívio Coelho, Salviano Mendes Fontoura, Audelino F. da Costa Sobrinho, Jary Gomes, Waldir dos Santos Pereira, José Gonçalves de Oliveira e Lício Borralho. Votaram contra André Melchiades de Barros, Clóvis Hugueney, Gervásio Leite, Luis Felipe Pereira Leite, José Henrique Hastenreiter, Guilherme Vitorino, Antonio Ribeiro de Arruda. Rachid J. Mamed, Sebastião de Oliveira, Oátomo Canavarros, Licínio Monteiro da Silva, Benedito Vaz de Figueiredo, Lenine Póvoas e Penn Gomes de Moraes.¹

A proposição de carater visivelmente separatista jogou a opinião pública cuiabana contra os deputados sulistas. “Queriam até nos dar um banho de chafariz lá na praça de Cuiabá”, confessa o constituinte Italívio Coelho, para quem, “entre nós deputados, não havia a intenção de dividir. Os políticos do sul do estado queriam ter igualdade de poder.”²


Depoimento do ex-deputado Salviano Mendes Fontoura ao jornalista Sergio Cruz dá conta que a revolta dos cuiabanos foi tão grande que à véspera da votação vários caixões de defuntos foram ameaçadoramente expostos à entrada da Assembleia Legislativa.



FONTE: ¹Rubens de Mendonça, História do poder legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 370. ²Maria M.R. de Novis Neves, Relatos políticos, Mariela Editora, Rio, 2001, página 179. 


sábado, 19 de fevereiro de 2011

5 de junho

5 de junho


1867 – Retirantes da Laguna deixam Nioaque rumo ao rio Aquidauana



Capitão Pedro Rufino, comandante
do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo
Tendo chegado à devastada Nioaque no último dia 3, à frente o major José Tomás Gonçalves, deixa o povoado a força brasileira que se retira da fronteira com destino ao porto Canuto à margem esquerda do rio Aquidauana, termo da célebre retirada da Laguna. Taunay registra:

A 5, entretanto, ao raiar do dia, saímos da infeliz Nioac, afinal aniquilada com a sua igreja. Seguíamos a estrada do Aquidauana e marchávamos penalizados sob a impressão do funesto sucesso da véspera.

A todas as viscissitudes atravessadas viera ajuntar-se a angústia da véspera. Já era muito porém, era legítimo triunfo estarmos de pé e ter dominado o inimigo tão perfidamente encarniçado em nos arruinar.

Foi o Urumbeva facilmente transposto. À margem direita se nos depararam destroços de carretas que os paraguaios acabavam de queimar, muitos víveres e objetos de apetrechamento espalhados e todos sujos de terra como já na barranca do Canindé encontramos; cadernos dilacerados, folhas soltas ao vento, notas, entre as quais o autor desta narrativa reconheceu a própria letra, e agora truncadas e inúteis.

A alguma distância deste caudal aguardava-nos, tal a primeira impressão, nova cilada, cujos efeitos foram, contudo, muito diversos de um desfecho trágico. Duas pipas, daquelas em que se conserva a aguardente de cana, ocupavam o meio da estrada. Lembrando-se da explosão da igreja e temendo algum novo estratagema, da parte de um inimigo que nenhum escrúpulo parecia poder conter, apressou-se o capitão Pedro José Rufino e precipitando-se sobre os tonéis arrombou-os com os copos da espada.

À vista do líquido, que a jorros corria, alguns soldados não podendo conter-se, ajoelharam-se ou deitaram-se de bruços, para alcançar o seu quinhão, espetáculo acolhido pelas gargalhadas, que se generalizaram em toda a linha.

Não teve o incidente outras conseqüências: pacificamente continuamos a marcha até o ribeirão Formiga, perto do qual acampamos, ainda contemplados nesta nova fase de abundância pelo encontro de bom número de bois, em ótimas condições.




FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Melhoramentos, SP, 1942, página 136.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

19 de junho


19 de junho

1867 - Taunay e comitiva atravessam o ribeirão Cachoeira


Rio Cachoeirão, afluente do Aquidauana, em foto de 1914


De sua viagem de volta ao Rio de Janeiro, ao fim da retirada da Laguna em Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana, o tenente Taunay e sua comitiva, que no dia anterior passaram o rio Dois Irmãos e pelo lugar chamado Correntes, depois de "vitoriosa caminhada, fomos caminhando, chegando com o cair tarde ao ribeirão Cachoeira, três léguas além, sempre por campos quebrados, onde se notam cerrados altos de bombaceas, paratudos (bignoneacea), terebenthaceas, dilleniaceas (lixeiras) ou pastagens do capim branco, tão estimado pelos animais e salpicado com profusão de pés de lixeira rasteira, cujas propriedades medicamentosas em certas afecções são incontestáveis".  

Na manhã de 19 de junho, fizeram a travessia do Cachoeira, engrossado pela chuvarada, "em pelotas, encontrando na na margem direita o tropeiro Malheiros, que levava importante carregamento para as forças. A notícia da chegada delas se havia logo espalhado, e imprimira movimento às muitas tropas que os boatos de nossa derrota e completa perda haviam demorado em diversos pontos da estrada".


FONTE: Taunay, Viagens de outr'ora, segunda edição, Editora Comp. Melhoramentos de S. Paulo, São Paulo, 1921, página 41.


 

19 de junho


1892 – Mascarenhas presta contas da contra-revolta

Em longo relatório ao general Ewbank, novo comandante militar do Estado, em Corumbá, o coronel Jango Mascarenhas, chefe das Forças Patrióticas do Município de Nioaque, que garantiram a vitória sobre os militares no golpe contra o presidente Manoel Murtinho, dá pormenorizadas notícias da campanha vitoriosa e comunica a debandada de seu exército voluntário, “porém, como é indispensável esperar os últimos acontecimentos, e uma ordem de V. Exa. que nos assegure a paz e tranqüilidade no nosso Estado, fico de prontidão com uma força de cento e cinqüenta praças, compreendidas as que foram em perseguição do caudilho Francisco Davi de Medeiros, que se diz refugiado na vizinha República do Paraguai com o intuito de bater o nosso destacamento aleivosamente e praticar outros absurdos de que é capaz.” 


FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 74.





25 de junho


25 de junho


1800 - Incêndio arrasa Corumbá




Pelas oito da manhã, segundo Estevão de Mendonça, a povoação de Albuquerque (hoje Corumbá) é arrasada por um violento incêndio, escapando das chamas unicamente a respectiva capela, por ser coberta de telhas. Quatro anos antes dessa ocorrência, da qual não se tem maiores detalhes, Ricardo Franco em seu Diário de reconhecimento do rio Paraguai, descrevia o povoado ribeirinho:

Este estabelecimento tem a figura de um grande pátio retangular; é fechado com casas em roda e um portão na frente, constando de 75 passos de comprido e 50 de largura, sendo a sua população de 200 pessoas que aqui plantam milho e feijão, que é muito superabundante ao anual consumo; também há muito algodão, que aqui mesmo fiado e tecido pode ir para Cuiabá a troca das cousas mais necessárias aos moradores; a pesca e a caça abundantíssimas e ainda que esta habitação esteja cercada pelos gentios Paiaguás e Guaicurus ou Cavaleiros, contudo pela aspereza do terreno e sua situação que franqueia todos estes vastos territórios pelo meio do rio Paraguai, não tem sido até o presente insultada pelo gentio.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973. Página 329.






25 de junho


1867 - Taunay chega a Camapuã



Camapuã visto por Hercules Florence em 1826




Em sua viagem de volta ao Rio, após a retirada da Laguna, o tenente Taunay e sua pequena comitiva, que deixaram o porto Canuto, à margem esquerda do Aquidauana, no dia 17 de junho, alcançam o sítio de Camapuã:

Rapidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguesuga das ruínas de Camapuã e ao meio-dia avistamos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo os que se davam por aqueles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes procissões de carros a trabalharem na penosa varação, até o ribeirão Camapuã, dos gêneros e canoas que demandavam o Coxim e Taquari, com destino a Cuiabá. A companhia formada por três pessoas, desunidas na associação somente pela morte, manteve-se mais ou menos florescente até os princípios do século presente, existindo ainda escravatura numerosa às ordens do último administrador, Arruda Botelho, depois de cujo falecimento ficou o lugar abandonado ou tão somente habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores.


Estes mesmos indolentes habitantes hoje estão quase todos reunidos a uma légua e três quartos de distância, no lugar chamado Corredor, estabelecido pelos carreiros, que, procurando as forças de Mato Grosso, paravam na estrada daquela província, para refazerem a boiada, fatigada pela viagem desde Santana. O ponto do Corredor era além disso muito menos sujeito às febres intermitentes, uma das grandes pragas de Camapuã, e sobretudo estava situado em posição mais aprazível e pitoresca e não, como aquele antigo local, abafado entre outeiros abaulados que bem justificam o seu nome índico cama, mama; poan, redonda.

Não é sem curiosidade nem tal ou qual emoção que o viajante encara aquela localidade, tão falada e notável nos princípios da história de Mato Grosso;  ponto então de prazer destacado no meio de vastas solidões, guarda avançada dos portugueses contra os espanhóis que vinham até o rio Mondego e fundaram, em sua margem, o forte Xerez, cuja destruição importou a criação do forte de Miranda que tomou usurpadamente a posição estratégica de Camapuã.



FONTE: Taunay, Viagens de Outrora, 2a. edição, Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1921, página 48.



25 de junho

1892 - Jango Mascarenhas convidado a dissolver seu “exército”

Após comunicar ao general Ewbank em Corumbá, sua participação no contra golpe ao governo de Manoel Murtinho, Jango recebe pelo mesmo portador de sua carta ao novo comandante militar do Estado, ofício com o seguinte teor:

“Ao cidadão coronel João Ferreira Mascarenhas, comandante das Forças Patrióticas do Município de Nioaque.


"Acabo de ler vosso relatório, dirigido aos comandante do 7o Dirstrito Militar, o qual será entregue ao general Ewbank, logo que ele chegue a esta cidade.
Cumpre-me agradecer os esforços empregados por vós na reunião das Forças Patrióticas desse município ao constatar que o governo federal não era reconhecido pelas autoridades deste Estado, e ainda saudar-vos, assim como aos vossos coadjuvantes nessa empresa, pelo patriótico intuito que as levaram a semelhante procedimento.


"As forças federais estacionadas neste Estado, sendo em número suficiente para a manutenção da ordem, vos convido a dissolver os cidadãos reunidos e em armas nesse município, sob a vossa direção.


Saúde e fraternidade.
Honório Horácio de Almeida.” 




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução em Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 76.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...