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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

25 de novembro

25 de novembro

1862 - Criada a povoação de Coxim, com o nome de núcleo colonial de Beliago



O governo da província de Mato Grosso, por seu presidente Herculano Pena, assina as instruções para o estabelecimento de um núcleo colonial às margens do Rio Taquari, origem da cidade de Coxim:

Art. 1° - Partirá de Corumbá para o rio Taquari o vapor que o comandante da estação naval designar, transportando o capitão do Estado Maior de 1ª classe empregado em comissão engenheiro Joaquim da Gama Lobo d'Eça e um destacamento de 12 praças, 2 cabos e 1 inferior, comandado por oficial, todos de tropa de linha.

Artigo 2° - Este destacamento, cujo comandante servirá interinamente de diretor do núcleo colonial denominado - Beliago - abaixo da corredeira, na margem esquerda ou na direita do rio Taquari, como o engenheiro julgar conveniente, atendendo não só as circunstâncias mais ou menos favoráveis, que uma ou outra localidade que ofereça para assento de uma povoação, que fique superior ao nível das maiores enchentes, como também à necessidade de prolongar-se até aí a estrada de carro, que do município de Santana do Paranaíba vem a ter à barra do rio Coxim.

Artigo 3° - No lugar que escolher medirá o engenheiro e demarcará a extensão de meia légua em quadro, ou a superfície equivalente, para assento da nova povoação e reservando os espaços necessários para ruas, praças, edifícios e outras servidões públicas, dividirá o restante em lotes urbanos de 10 braças de frente e 25 de fundo para serem desde logo distribuídos pelo diretor interino do núcleo colonial aos povoadores nacionais e estrangeiros que os pretenderem a título de aforamento perpétuo, sendo o fóro fixado pelo governo na forma do art. 77 do Regulamento que baixou com o decreto n° 1318, de 30 de janeiro de 1854.

As casas edificadas nestes lotes deverão ter a frente para ruas ou praças.

Artigo 4° - Os edifícios públicos de que trata o art. antecedente, são: uma igreja, uma casa para a Câmara Municipal, uma escola pública, um quartel, uma cadeia, uma praça de mercado e um cemitério, que deverá ficar em lugar distante do centro da povoação.

Artigo 5° - As ruas cruzar-se-ão em ângulos retos; e terão a largura de oitenta palmos, não se admitindo becos nem recantos. A que se prolongar pela margem do rio terá a largura de 100 palmos, para ser bordada de arvoredos.

As praças terão regularmente de 50 a 60 braças de fundo, a frente poderá estender-se até 80 braças.

Artigo 6° - As regras prescritas no artigo antecedente ficam todavia sujeitas às modificações que o engenheiro julgar necessárias segundo as circunstâncias locais.

Artigo 7° - Do terreno assim medido e demarcado levantará o engenheiro uma planta cingindo-se às disposições às disposições dos artigos 3°, 4° e 5°, para ser enviada ao governo imperial; e dela extrairá duas cópias autênticas, das quais ficará uma na Secretaria da Presidência da Província e outra em poder do comandante do destacamento.

Artigo 8° - O engenheiro fará também, para serem presentes à Presidência, a planta e orçamento das pontes que convier construir, a saber, uma sobre o Taquari, no caso de passar pela margem direita deste rio a estrada de que trata o artigo 2°, ou duas sobre o ribeirão da Fortaleza e rio Coxim quando passe pela margem esquerda.

Artigo 9° - Nos lugares que o engenheiro designar fará o comandante levantar desde logo um quartel provisório, coberto de palha e um rancho de barracão, onde se depositem o sal e outros gêneros exportados da província ou para ela importados, que transitarem pela nova povoação ou tiverem de ser aí vendidos.

Fará igualmente descortinar, quanto seja indispensável, o terreno demarcado para a povoação e abrir ou melhorar a estrada que deve seguir de Beliago pela margem do Taquari até a barra do Coxim, de sorte que se torne fácil e cômodo o trânsito não só de bestas de cargas, mas também de carros.

Nestes serviços serão empregados, além das praças do destacamento, os trabalhadores que o comandante ajustar até o número e com as gratificações ou salários que sobre proposta sua serão marcados pelo presidente da província.

Artigo 10 - Concluídos os trabalhos a cargo do engenheiro e a construção do quartel provisório, regressará o vapor à Corumbá e no relatório que deve apresentar de sua viagem e comissão indicará o engenheiro os pontos onde convenha fazer depósitos de lenha para consumo de outros navios do estado, que tenham de navegar o Taquari, declarando se há quem se proponha a fornecê-la por contrato, e com que condições, ou se será necessário que o governo a mande cortar.

Artigo 11 - O comandante do destacamento, exercendo também provisoriamente as atribuições que competem aos diretores de índios, deverá fazer todas as diligências, sem que todavia empregue meio algum violento, para atrair à nova povoação os da tribo Caiapó e outros que vivam dispersos ou em pequenas aldeias nas imediações dos rios Taquari e Piquiri; e indicará à presidência o terreno que convenha conceder-lhes para suas habitações dentro ou fora do perímetro de meia légua em quadro, designado no artigo 3°.

Artigo 12 - Terá o mesmo comandante muito cuidado em fazer com que estes índios se empreguem na lavoura ou na criação de gados, na construção dos edifícios e outras obras pertencentes ao governo ou particulares, e especialmente no serviço das embarcações do comércio ou do Estado, que navegarem entre a barra do Coxim e o porto de Corumbá.

Enquanto se acharem aplicados por sua própria conta à lavoura ou criação, e ainda não poderem sustentar-se com o produto do seu trabalho, deverá o comandante distribuir-lhes as roupas, ferramentas e mais objetos que para isso receber por ordem da presidência; quando se ocuparem em qualquer serviço público pagar-lhes os salários mercados na forma do artigo 9°, e, quando em serviço de particulares tomar conhecimento dos ajustes que fizeram, para que sejam fielmente cumpridos por ambas as partes.

Artigo 13 - Dos terrenos contíguos à nova povoação e dos que lhe forem fronteiros na outra margem do Taquari, concederá o presidente da província (excetuadas as matas que porventura aí existam e convenha reservar para a construção nova por conta do Estado) lotes de 62.500 a 123.000 braças quadradas, unidos e sem interrupção, até perfazer a totalidade dessas áreas, inclusive a da povoação, a superfície de um território ou trinta e seis milhões de braças quadradas. Esta concessão será feita tanto aos nacionais como aos estrangeiros que quiserem comprar os ditos lotes pelo preço de meio real até um real a braça quadrada (além da metade da siza e da despesa de medição) podendo o respectivo pagamento efetuar-se dentro dos prazos de três a cinco anos, como permite o Aviso do Ministério do Império de 8 de janeiro de 1861.

Nas matas reservadas para a construção naval nenhum particular poderá cortar madeiras, senão como licença do governo e sob condições que ele prescrever.

Artigo 14 - A medição e demarcação dos lotes de que trata o artigo antecedente e a expedição dos títulos de venda terão lugar à vista de requerimentos dos pretendentes, dirigidos à presidência da província e informados pelo diretor do núcleo colonial, que deverá sempre declarar, além do mais que convier, se o suplicante é pessoa conhecida e capaz de realizar o contrato e se no lugar pedido há ou não matas que devam ser reservadas para a construção naval.

Artigo 15 - A venda das demais terras devolutas das margens dos rios Taquari e Coxim não compreendidas nos limites das duas léguas em quadro, de que tratam os artigos 3° e 13° assim como as situadas em quaisquer outros lugares, far-se-á pela maneira determinada no Aviso do Ministério do Império de 3 de março de 1838, a saber: se o terreno for próprio para lavoura, a extensão requerida por cada um indivíduo não poderá exceder a um quarto de légua quadrada, área correspondente ao quadrado de maia légua; e a três léguas quadradas, área correspondente ao retângulo de três léguas de base, e uma de altura se os terrenos forem campos de criar.

As pessoas que pretenderem comprar estas terras devem requerê-las ao presidente da província, que, depois de as fazer medir e demarcar e de receber a respectiva planta e memorial, remeterá tudo à Tesouraria da Fazenda, onde em junta e como assistência de um indivíduo nomeado pelo mesmo presidente se fará o ajuste do preço correspondente à braça quadrada, não podendo este ser menor de meio real, nem o importe da venda ser menor do custo da medição, demarcação e descrição.

Artigo 16 - As terras devolutas que se venderem ficarão sempre sujeitas, em virtude do art. 16 da lei n° 601 de 18 de setembro de 1850, aos ônus seguintes:

§ 1° - Ceder o terreno preciso para estradas públicas de uma povoação para outra ou algum porto de embarque, salvo o direito de indenização das benfeitorias e do terreno ocupado.

§ 2° - Dar servidão gratuita aos vizinhos quando lhes for indispensável para sairem a uma estrada pública, povoação ou porto de embarque, e com indenização quando lhes for proveitosa por encurtamento de um quarto em meio de caminho.

§ 3° - Consentir a tirada de águas desaproveitadas e a passagem delas, procedendo a indenização das benfeitorias e terreno ocupado.

§ 4° - Sujeitar às disposições das leis respectivas quaisquer minas que se descobrirem nas mesmas terras.

Artigo 17 - Enquanto o governo não regular de outro modo a concessão dos lotes urbanos de que trata o art. 3°, será ela feita por despacho do diretor do núcleo colonial, lançado no requerimento da parte e registrada em livro próprio, declarando-se nesse registro o número e extensão do lote, a rua ou a praça em que é situado, a data da concessão e o nome do concessionário.

Do registro que se fizer em cada mês remeterá o diretor uma cópia autêntica à presidência da província.

Artigo 18 - O diretor interino do núcleo colonial dará toda a possível publicidade as disposições dos artigos 3, 13, 14, 15, 16 e 17 das presentes instruções para conhecimento das pessoas que pretenderem obter terras por título de aforamento ou de compra.

Palácio do Governo da Província de Mato Grosso em Cuiabá, 25 de novembro de 1862 - Herculano Ferreira Penna.¹

Para atender às ordens do governo, seguiu no dia 27 de julho daquele ano para o lugar indicado, o vapor de guerra Alpha.²

Segundo Ronan Garcia da Silveira "o povoado que passou a ser chamado de Arraial do Beliago ou de Coxim, correspondia a uma extensa sesmaria que o governador da capitania de São Paulo doou a Domingos Gomes Beliago, em troca da fixação e prestação de auxílio às expedições" nas primeiras décadas do século XVIII, quando os rios Coxim e Taquari faziam parte da rota de ouro de Cuiabá. 

Ainda segundo Ronan, a partir da criação da colônia, a localização do povoado passa a ser na margem direita do rio Taquari, "inicialmente como porto de suprimento de mercadorias vindas de Corumbá, quando se inicia a navegação fluvial por aquele rio".³

FONTE: ¹jornal A Imprensa de Cuiabá, 28 de dezembro de 1862. ²jornal Correio Mercantil (RJ), 19 de agosto de 1862. 3Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Editoria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1995, páginas 26 e 29.

FOTO: Governador Herculano Pena, acervo IHG de Mato Grosso.





25 de novembro
 
1863 – Paraguai espiona a fronteira


Às vésperas do maior conflito armado da América do Sul, o presidente Lopez manda um de seus principais auxiliares conhecer as forças que teria que enfrentar na ocupação da fronteira norte. Estevão de Mendonça acompanha os passos do espião paraguaio:

“Chega à vila de Corumbá, com carta de apresentação para o negociante Vicente Solari, o intitulado fazendeiro paraguaio Izidoro Resquin (foto)

, dizendo-se candidato à aquisição de terras no município de Miranda.

Acolhido prazenteiramente e hospedado no próprio seio da família Solari, que o cumulou de atenções, dias depois seguia para Miranda e dali à povoação de Nioaque, sempre acompanhado por um guia brasileiro que levara de Corumbá.
Regressou em fevereiro, mostrando-se satisfeito com a beleza dos campos percorridos e declarando-se decidido a fundar um estabelecimento pastoril na zona do Amambaí. Em março seguia para Assunção, tomando passagem no paquete Marquês de Olinda.


Em dezembro de 1864, porém, o pretenso fazendeiro invadia a fronteira do sul, na sua verdadeira qualidade de coronel do exército paraguaio. A frente de numerosa coluna, esmagava de chofre a pequena guarnição da colônia dos Dourados.


Seguiu-se depois a ocupação de Nioaque e Miranda.”
 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 276.


25 de novembro

1882 - Ferro em Corumbá: governo prorroga prazo de concessão

Pelo decreto 8.780, do imperador D. Pedro II é prorrogado o prazo da concessão dada à baronesa de Vila Maria para lavrar ferro e outros minerais nas terras de sua propriedade, Piraputanga e S. Domingos, em Corumbá.¹

Esta é a segunda prorrogação concedida à autorização de 1876. A outra ocorreu em 1878.²

FONTE: ¹Jornal do Commercio (RJ), 12/12/1882; ²Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Oeste de São Paulo, Sul de Mato Grosso, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página 110. 


25 de novembro

1936 - Monteiro Lobato em Cuiabá, Corumbá e Campo Grande

O escritor Monteiro Lobato, defensor da prospecção do petróleo em solo brasileiro, volta a São Paulo, depois da excursionar pelo Estado de Mato Grosso:

"Conforme noticiamos, pelo avião da carreira, da linha de Mato Grosso, do Sindicato Condor, chegaram ontem a esta capital os drs. Monteiro Lobato e Hilário Freire, procedentes de Cuiabá.

Lá esses ilustre excursionistas tiveram a oportunidade de assistir ao ato solene da assinatura do contrato entre o governo do Estado e a firma Piepmeyer e Cia. para pesquisas de petróleo naquele Estado brasileiro.

Os drs. Monteiro Lobato e Hilário Freire, por ocasião de sua estada na capital matogrossense, foram alvos de atenções de todas as classes sociais. Foram-lhe tributadas inúmeras e significativas homenagens.

No regresso, por ocasião da parada em Corumbá, acompanhados do prefeito e de outras pessoas gradas, visitaram a cidade boliviana de Porto Suarez.

Na passagem do avião por Aquidauana e Campo Grande, novas homenagens se repetiram, principalmente nesta última, em que tomou parte toda a população do Estado.

Por toda parte onde os visitantes passaram foram comulados de gentilezas e por toda parte lhes foram testemunhado decisivo apoio pela grande campanha em prol do petróleo brasileiro. Eles tiveram oportunidade de verificar que o Estado inteiro está com os olhos voltados para esse importantíssimo problema".

FONTE: Correio Paulistano, 26/11/1936


25 de novembro

1970 – Instalada a Universidade Estadual de Mato Grosso





Com a presença do ministro de Educação do governo Médici, Jarbas Passarinho, o governador Pedro Pedrossian (foto) inaugura a UEMT em Campo Grande, que em 1978, com a divisão do Estado, seria transformada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O ato solene foi registrado por seu primeiro reitor o médico João Pereira da Rosa:

“Quarta-feira, 25 de novembro de 1970, no restaurante da Cidade Universitária, com a presença do ministro da Educação e Cultura, senador Jarbas Gonçalves Passarinho, do governador do Estado, engenheiro Pedro Pedrossian, do governador eleito José Manoel Fontanilas Fragelli, do secretário de Educação e Cultura, dr. Gabriel Novis Neves, do representante da 9ª. Região Militar, gen. Plínio Pitaluga, de Dom Antônio Barbosa, bispo diocesano, do secretário de Justiça, Francisco Leal de Queiroz, do reitor João Pereira da Rosa e muitas outras autoridades, foi instalada a Universidade Estadual de Mato Grosso, com sede em Campo Grande. Usaram da palavra nesta solenidade, o secretário do Interior e Justiça para dizer da simplicidade deste ato oficial, que representa o estilo do governador Pedro Pedrossian. Secundando-o foi dada a palavra ao reitor dr. João Pereira da Rosa (...). Depois falou o governador do Estado que enfocou a filosofia de seu governo de dar ênfase à educação, possibilitando a criação da Universidade Federal em Cuiabá, pelo governo federal e a Universidade Estadual, com sede em Campo Grande, ambas colocadas a serviço da juventude estudiosa da região. Finalmente falou o ministro da Educação sobre a política educacional do governo central e reconheceu o esforço do governo do Estado, que ao criar duas universidades, granjeou os aplausos da população e o reconhecimento dos brasileiros. Aplausos de todas as autoridades e das classes estudantis presentes em grande número. A imprensa deu destaque, especial o jornal ‘Correio do Estado’. A ata da instalação foi redigida pelo professor Wilson Rodrigues com o auxílio do acadêmico José Roberto Amim, presidente do Diretório Acadêmico, indicado secretário ‘ad hoc’ para esta reunião marcante para todos os mato-grossenses".



FONTE: ROSA, João Pereira da, As 2 histórias da Universidade, ACR/UFMS, Campo Grande, 1993, página 65.




25 de novembro

1983 – Assassinado o cacique Marçal de Souza




É assassinado na aldeia Campestre, no município de Antonio João, o cacique Marçal de Souza. A execução do líder indígena teve repercussão nacional e internacional, aparecendo com destaque em todos os jornais do Brasil:
O cacique Marçal de Souza dos guaranis, que em julho de 1980 saudou o papa João Paulo 2º em nome das irmandades indígenas brasileiras, foi assassinado na noite de sexta-feira, com três facadas, na aldeia Campestre, município de Antônio João (MS). Marçal que era também enfermeiro da Funai, vinha reivindicando há cinco anos a demarcação das terras do índios Caiová que vivem na aldeia de Piraquá.

Há cerca de 20 dias, Marçal recebeu a visita de um empregado da fazenda Terra Brava, que lhe ofereceu cinco milhões de cruzeiros para que ele convencesse os Caiová a sair da aldeia Piraquá. O cacique recusou a oferta e o empregado da fazenda o ameaçou, dizendo que ele iria se arrepender. A aldeia Piraquá está localizada na fazenda Serra Brava, que é reclamada pelo fazendeiro Astúrio Monteiro.

Na sexta-feira à noite dois desconhecidos bateram na porta da farmácia da Funai, na aldeia Campestre, pedindo remédio. Quando Marçal abriu a porta recebeu as três facadas, morrendo em seguida. O cacique morava na farmácia e sua família suspeita de que os assassinos sejam empregados da fazenda.
Ontem, a União das Nações Indígenas (Unind), entidade de defesa dos índios, e parlamentares de oposição distribuíram nota conjunta protestando pela morte do cacique. O vice-governador do Rio de Janeiro, Darci Ribeiro, também protestou pela morte de Marçal em telegrama enviado ao governador de Mato Grosso do Sul, Wilson Martins. Diz o telegrama: "O sangue do líder Marçal de Souza, que foi o mais alto intelectual de Mato Grosso, emporcalhará sua memória se seus assassinos não forem descobertos e entregues à Justiça
.


Marçal era perseguido por proprietários da região em virtude de sua luta pela terra e demais direito dos índios. Notabilizou-se por ocasião da primeira visita do Papa João XXIII ao Brasil, em 1980, por seu célebre discurso ao pontífice na cidade de Manaus em nome das nações indígenas de todo o Brasil.


FONTE:  Folha de S. Paulo 27/11/ 1983



terça-feira, 1 de março de 2011

11 de julho

11 de julho

1867 - Brasileiros batem paraguaios no combate de Alegre

Flotilha brasileia que retornava de Corumbá, onde aconteceu a retomada em 11 de junho, é abordado por vapores paraguaios nas águas do rio São Lourenço, entre Corumbá e Cuiabá e repete a heroica façanha de 28 dias atrás, infringindo ao inimigo mais uma fragorosa derrota. O relato é do comandante em parte ao presidente da província:

"Larguei o aterro do Bananal no dia 10 do corrente mês com os vapores Antonio João, Corumbá e Jauru, a fim de dar reboque à força que se retirava da vila de Corumbá, sob o comando do tenente-coronel Antonio Maria Coelho, que, segundo comunicações que me havia feito, devia achar-se nesse dia no rio São Lourenço.

Havendo, porém, o vapor Corunbá sofrido grande desarranjo em uma das rodas ao passar uma das mil dificuldaveis voltas do bracinho do Bananal, segui águas abaixo com os dois outros até o Sará, onde encontrei na madrugada do dia seguinte o tenente-coronel Antonio Maria Coelho com o 1° batalhão provisório, achando-se já no Alegre os corpos comandados pelos majores Costa e Nunes da Cunha.

Dando o vapor Antonio João reboque a quatro embarcações e o Jauru a duas, em que se achavam as praças infectadas de varíola, subimos até o Alegre e reunimo-nos à força que aí se achava, amarrando-se o Jauru à margem direita para evitar o contato com a força acampada em terra.

Às 3 e meia da tarde desse mesmo dia 11, recebi aviso de que se aproximava um vapor inimigo, e mandando imediatamente tocar a postos vi, momentos depois, subindo rapidamente o rio, um elegante vapor de grande força, que me pareceu ser o Salto de Guairá, e dirigindo-se ao vapor de meu comando rompeu contra ele um nutrido fogo de metralha, que foi muito bem respondido pela artilharia e mosqueteria do Atonio João, tanto que o obrigou a voltar-se para o Jauru, do qual apossou-se por abordagem, sem contudo deixar de responder ao fogo que, sem cessar, lhe fazia o Antonio João e a força que se achava em terra.

Destroçada a guarnição do Jauru e substituída por Guayrá ocupar posições avante do Antonio João, donde metralhava-o e a força de terra.

Vendo depois que o Jauru já descia o rio abandonou o combate e foi esperá-lo embaixo, evitando por sua superior marcha, a abordagem que então lhe propunha o Antonio João, e havendo eu perdido a esperança de alcançá-lo, voltei-me contra o Jauru, que foi abordado e retomado tão depressa que nem tempo teve o inimigo de içar seu pavilhão e nem usar a artilharia do navio.

A maior parte da guarnição paraguaia foi morta, inclusive o oficial comandante, o resto lançou-se ao rio ou foi entregar-se à força de terra.

Enquanto o inimigo dirigia-se para o Jauru ouvi os gritos do comandante Antonio Maria da Costa que me chamavam a receber mais força para abordagem, o que fiz com perda de terreno, embarcando o capitão de comissão Feliciano Caliope Monteiro de Melo com os alferes José Luiz Moreira Serra, João Luiz Pereira, Joaquim Ferreira da Cunha Barbosa, todos do 1° corpo de guardas nacionais destacados, com 55 praças desse corpo e 3 do 1º batalhão provisório de infantaria.

FONTE: Jornal do Comercio (RJ), 20 de outubro de 1867.



11 de julho


1900Nasce em Cuiabá Filinto Muller 



Militar e político, foi uma das mais controvertidas figuras de nossa história nos meados do século passado. Como militar participou do movimento tenentista de 1922, da revolução paulista de 1924 e da resistência de Catanduva, no Paraná, sob o comando do general Isidoro. Trabalhou desde a fase conspiratória da revolução de 30, que levaria Getúlio Vargas ao poder. Em 1932 é nomeado chefe de polícia do Distrito Federal, onde permaneceu por dez anos. Nesta função, o seu ato mais notável foi a entrega ao regime nazista de Adolf Hitler na Alemanha, da judia Olga Benário, mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, episódio celebrizado nos livros “Falta alguém em Nuremberg” e “Olga”, dos jornalistas David Nasser e Fernando Moraes, respectivamente.

Como político, foi nos últimos tempos de seus quatro mandatos de senador por Mato Grosso, um dos mais influentes do país, alcançando a liderança do governo militar e a presidência do Senado. Sua primeira eleição para o Congresso foi em 1947, reeleito sucessivamente, em 1954, 1962 e 1970. Morreu em 1973, dia de seu aniversário, em desastre de avião em Paris. Seu domicílio eleitoral sempre foi em Campo Grande.




FONTES:(1) Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Matogrossense, edição do autor, Campo Grande, 1971, página 116. (2) Philadelpho Garcia, A versão e o fato, Editora Branco e Preto, Londrina, 1994, página 23. 



11 de julho

1931 - Sargento rebelde é promovido post mortem

Notícia do Correio da Manhã, do Rio, dá conta da promoção concedida pelo presidente Getúlio Vargas ao sargento Aquino, fuzilado em Corumbá, por ordem do comandante do 17° BC, onde servia, por liderar um motim, em 1925:

O governo federal praticou um ato de elevada justiça e humanidade, promovendo ao posto de 2° tenente, post mortem, o malogrado sargento Antonio Correa de Aquino, criminosamente fuzilado pelas forças da feroz legalidade bernardesca, em Mato Grosso, durante o estado de sítio de Bernardes, o tirano doublé em revolucionário, que, ao que já se sabe, anda agora metido a conspirador contra o novo estado de coisas.

Assim procedendo, a administração federal ampara os que a morte daquele martir da revolução deixou na miséria e homenageia um servidor da causa nacional, que não poderia ter ficado esquecido, principalmente quando o governo passado teve todo o empenho em amparar o oficial que ordenou o seu bárbaro fuzilamento, ocorrido em condições já bastante divulgadas.

FONTE: Correio da Manhã (RJ), 11/06/1931.



11 de julho

1932Vespasiano Martins toma posse


Vespasiano Barbosa Martins e o general Bertold Klinger
Deflagrada a revolução paulista no dia 9, com a adesão dos militares de Campo Grande e demais cidades do Sul, menos Corumbá e Ladário, assume a chefia do governo revolucionário de Mato Grosso, com sede em Campo Grande, o prefeito Vespasiano Martins, nomeado pelo general Klinger, o comandante militar do movimento paulista. 

Demosthenes Martins, que participou da rebelião, depõe:


A 11 de julho, entre entusiásticas demonstrações de rigosijo popular, se instalava em Campo Grande o governo civil constitucionalista de Mato Grosso, empossado no cargo de governador o Dr. Vespasiano Barbosa Martins, nomeado pelo general Klinger, chefe do movimento no Estado. Este ato foi presidido pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva, comandante da Circunscrição Militar, estando presentes as mais altas patentes militares da guarnição, grande número de pessoas representativas da cidade, autoridades civis e populares.


Os primeiros atos do governador, empossado inicialmente como interventor, foram as nomeações do dr. Arlindo de Andrade Gomes, secretário geral do Estado, do major do Exército Sebastião Rabelo Leite, sub-chefe de polícia, do dr. Artur Mendes Jorge Sobrinho, prefeito da cidade, de Ladislau Lima, delegado de polícia do município. Posteriormente, outras nomeações foram feitas, como a do dr. Dolor Ferreira de Andrade, para secretário do governador e do sr. Francisco Bianco Filho, para diretor da Imprensa Oficial.



FONTE: Demósthenes Martins, História de Mato Grosso, edição do autor, Campo Grande, sd., página 108.






11 de julho


1980Marçal fala ao Papa



Num dos momentos mais marcantes da primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, o cacique guarani Marçal de Sousa, da aldeia Campeste de Antônio João, faz discurso de improviso em solenidade em Manaus, abordando temas de interesse das nações indígenas:

Santidade João Paulo II eu sou representante da grande tribo Guarani, quando nos primórdios, com o descobrimento dessa grande pátria, nós éramos uma grande nação e hoje eu não poderia como representante dessa nação, que hoje vive à margem da chamada civilização, Santo Padre, não poderíamos nos calar pela sua visita nesse país.
Como representante, porque não dizer de todas as nações indígenas que habitam este país que está ficando tão pequeno para nós e tão grande para aqueles que nos tomaram esta pátria.


Somos uma nação subjugada pelos potentes, uma nação espoliada, uma nação que está morrendo aos poucos sem encontrar o caminho, porque aqueles que nos tomaram este chão não têm dado condições para nossa sobrevivência, Santo Padre.
Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são diminuídos, não temos mais condições de sobrevivência. Pesamos a Vossa Santidade a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte de nossos líderes assassinados friamente por aqueles que tomaram o nosso chão, aquilo que para nós representa a nossa própria vida e a nossa sobrevivência nesse grande Brasil, chamado um país cristão.


Represento aqui o Centro-Sul desse grande país, a nação kaingang que recentemente perdeu o seu líder; foi assassinado Pankaré, no nordeste. Perdeu o seu líder porque quis lutar pela nossa nação. Queriam salvar a nossa nação, trazer a redenção para nosso povo, mas não encontrou redenção, mas encontrou a morte. Ainda resta uma esperança para nós com a sua visita, Santo Padre, o senhor poderá levar fora dos nossos territórios , pois nós não temos condições, pois somos subjugados pelos potentes. A nossa voz é embargada por aqueles que se dizem dirigentes desse grande país. Santo Padre, nós depositamos uma grande esperança na sua visita ao nosso país. Leve o nosso clamor, a nossa voz por outros territórios que não são nossos, mas que o povo, uma população mais humana lute por nós, porque o nosso povo, a nossa nação indígena está desaparecendo no Brasil. Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto, o Brasil não foi descoberto não, Santo Padre, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Esta é a verdadeira história. Nunca foi contada a verdadeira história do nosso povo, Santo Padre. Eu deixo aqui o meu apelo. Apelo dos 200 mil indígenas que habitam, lutam pela sua sobrevivência nesse país tão grande e tão pequeno para nós, Santo Padre. Depositamos no Senhor como representante da igreja católica, chefe da humanidade, que leve a nossa esperança e encontre repercussões no mundo internacional. Esta é a mensagem que deixo para o Senhor.


Marçal foi assassinado na farmácia onde trabalhava como enfermeiro, em Antônio João, a 25 de novembro de 1983.



FONTE: DOSSIÊ MARÇAL TUPÃ I, 12.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

2 de maio






2 de maio

1825 - Langsdorff prepara-se para deixar Porto Feliz rumo a Camapuã



Saída de monção de Porto Feliz, quadro de José Ferraz de Almeida Júnior


O conde de Langsdorff, chefe da missão científica russa, que, procedente do Rio de Janeiro, chegara no dia anterior a Porto Feliz, sem perda de tempo, prepara-se para a grande aventura em territórios de Mato Grosso e Amazonas. A saída para Camapuã dar-se-ia a 23 de junho. A azáfama dos aprontos é acompanhada pelo conde em seu diário de viagem:
"Os preparativos para essa importante viagem científica se intensificaram agora. Os empregados contratados vieram receber, como é costume aqui, o pagamento antecipado de 3 ou 4 meses, em dinheiro e em mercadorias. A missão de comprar mantimentos necessários para 30 a 40 pessoas por 6 a 8 meses deixou oa Srs. Francisco Alves e Florence também muito ocupados, principalmente porque aqui é difícil encontrar provisões, além de serem caras.
Além disso, despachamos o material de História Natural coletado até agora para seu lugar de destino, que é São Petesburgo (via Rio de Janeiro). Certo de estar prestando um serviço à humanidade, mandei colher cainca, raiz medicinal muito eficaz contra hidropsia e que existe em grande quantidade nesta região.

Estamos hospedados em uma residência particular. Não obstante todos os gêneros alimentícios serem muito baratos, é muito difícil encontrá-los. Carne bovina, só uma vez por semana, aos sábados. Como chegamos num domingo, fomos obrigados a matar hoje um porco, para ter carne fresca. Para conservá-la é preciso mandar salgá-la logo. Nem por todo dinheiro do mundo se conseguiam comprar galinhas, verduras, ovos, leite,cebola ou outros mantimentos. Só aos domingos, quando o pessoal do campo tem que vir para a missa".

FONTE: Georg Heinrich Langsdorff, Os diários de Langsdorff (volume II), Associação Internacional de Estudos Langsdorff, Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997, página 83.



2 de maio

1879 - Dom Luis D’Amour chega a Cuiabá


Procedente do Maranhão chegou à capital de Mato Grosso para assumir a vaga deixada por dom José Antônio dos Reis, falecido em 1876, o bispo dom Luis. Estevão de Mendonça registrou o evento:

“Às 10 horas da manhã uma salva de artilharia, dada no acampamento Couto Magalhães, anunciou a aproximação do paquete Coxipó, e poucos minutos depois se ouviam os repiques dos sinos de todas as igrejas da cidade.
Grande multidão, o presidente da província dr. João José Pedrosa, senhoras, colegiais, autoridades civis e militares seguiram para o porto de desembarque, onde já se encontrava a companhia de artífices do Arsenal de Guerra com a sua banda de música e um parque de artilharia. Em frente à igreja de São Gonçalo achava-se postado o 21o Batalhão de Infantaria.


(...) Cercado por imensa multidão, assim caminhou S.Exa. desde à margem do rio até a porta principal da igreja de São Gonçalo, onde recebeu da Força Militar ali postada, as continências devidas e ajoelhou-se em um coxim de damasco que estava sobre um tapete, descreveu A Província de Mato Grosso".

Dom Luis foi o primeiro bispo de Cuiabá a visitar o Sul do Estado, onde esteve em 1886 nos seguintes lugares: Corumbá, Miranda, Nioaque, Vacaria e Campo Grande. 



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973. Página 213.


2 de maio

1932 - Corumbaenses defendem volta à legalidade democrática

Líderes políticos e empresariais de Corumbá em telegrama ao governador gaúcho, Flores da Cunha, um dos líderes do movimento pró-constituinte, hipotecam solidariedade à campanha pelo restabelecimento da democracia, suspensa pelo governo provisório, instituído pela revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas:

"Identificado na comissão central de Cuiabá, organizadora do partido político que inscreve como tese fundamental do seu programa o retorno do país à ordem legal, em nome dessa organização partidária neste município, apresentamos ao Rio Grande do Sul, na pessoa do seu ilustre filho e chefe de governo, a nossa solidariedade à patriótica cruzada pela volta do país ao regime constitucional. Respeitosas saudações. - (ass) Barros Maciel, Nicola Scaffa, Antonio Medeiros, Batista Mota, Fernando Barros, Apopio Andrade, João Leite Coutinho, Vandoni Barros, Jissuy Mangabeira Neto, Manoel Pereira da Silva, Theodomiro Serra. Manoel Gomes Silva, Gonçalo Barros, Indalécio Proença, Marçal Silva, Cid Figueiredo, Silvério Antunes de Souza, Fernando Wanderley, Estevão Gomes Filho, Agostinho Mônaco, Leopoldo Peres, Pedro Paulo de Barros e Agripino Bonilha".

Na Guerra Paulista, de 9 de julho, que tinha a constitucionalização como principal causa formal, Flores da Cunha preferiu aderir à reação getulista e as guarnições militares de Corumbá permaneceram fiéis ao governo.

FONTE: Diario da Noite (RJ), 02/07/1932.



2 de maio

1943 - Presidente do Paraguai em Campo Grande







De passagem para o Rio de Janeiro, onde foi recebido no dia 5 pelo presidente Getúlio Vargas, esteve em Campo Grande, o presidente da República do Paraguai, general Higino Morinigo. Seus passos, desde sua saída de Porto Esperança, no dia anterior até sua chegada à capital da República, são seguidos pelos enviados especiais e correspondentes da Agência Nacional, responsável pela divulgação de sua agenda no país. A estada do presidente paraguaio em Campo Grande teve o seguinte registro:

Em Campo Grande o trem especial


O trem presidencial deixou Porto Esperança, às 17 horas, chegando hoje às 8,40 a esta cidade. Em todo o trajeto - estações de Miranda, Taunay, Guia Lopes, Aquidauana, Camisão, Piraputanga, Laguna, Palmeiras, Cachoeirão, Murtinho, Pedro Celestino, Terenos, Jaraguá e Indubrasil - reconheceu-se o empenho das populações em distinguir e aplaudir o presidente Higino Morinigo.


Recebidos por altas autoridades


O presidente Higino Morinigo e sua comitiva foram recebidos na estação da Noroeste do Brasil, nesta cidade, pelo interventor Júlio Müller, o general Mário Xavier, comandante da 9a. Região Militar, o prefeito local Demóstenes Martins, o cônsul do Paraguai, o juiz de direito da comarca e outras autoridades civis e militares, além de incalculável massa de povo.


As homenagens prestadas ao general Morinigo


Depois das manifestações populares, que receberam na estação o presidente Higino Morinigo e sua comitiva, em automóveis, foram conduzidos pela principal artéria da cidade, passando o cortejo entre alas de povo que aclamava delirantemente os presidentes dos dois países amigos. Dirigindo-se ao palanque armado à praça da Liberdade, o presidente Higino Morinigo assistiu ao desfile militar em sua honra, passando depois revista às tropas em companhia do comandante da 9a. Região Militar, general Mário Xavier. Em seguida, S. Excia. foi ao Círculo Militar, onde o cônsul do Paraguai, nesta cidade, tenente-coronel Henrique Godoi Caceres, fez a apresentação dos representantes da colônia paraguaia de Campo Grande. Do Círculo Militar o presidente Higino Morinigo se dirigiu à sede do Rádio Clube.


O interventor Julio Müller saúda o presidente paraguaio


O interventor Júlio Müller ofereceu uma recepção ao general Morinigo e à sua comitiva na sede do Rádio Clube, presentes o comandante da 9a. Região Militar e o prefeito da cidade. Saudando o presidente da nação paraguaia o interventor matogrossense disse:


"Nesta hora trágica para a humanidade, como para o Brasil, as solenidades cívicas não são, nem poderiam ser, mero afloramento de alegria fugaz ou de entusiasmo sem raízes. São elas, ao contrário, como rajadas de estímulo, palpitações da alma brasileira fortificando o civismo e fixando propósitos firmes para realizações impreteríveis como o está a exigir a realidade presente. Assim pensando foi que vim a esta progressista Campo Grande para ter a honra insigne e a satisfação que ora sinto de apresentar a V. Excia. e a sua Excia a sra. Higino Morinigo e à ilustre comitiva de V, Excia. os votos de boas vindas de todos os matogrossenses, de todos os meus patrícios que aqui vivem e trabalham unidos e coesos sob a orientação segura e sábia do sr. presidente Getúlio Vargas. A V. Excia. e à Exma. sra. Higino Morinigo e a todos os membros da brilhente comitiva de V. Excia. os nossos votos de feliz permanência no Brasil".


O general Morinigo agradece


Agradecendo o discurso de saudação do interventor Julio Müller, o presidente Morinigo pronunciou na sede do Rádio Clube algumas palavras de agradecimento onde elogiou o progresso do Estado de Mato Grosso e a ação da tropa da 9a. Região Militar.


O presidente paraguaio deixou Campo Grande no dia seguinte.



FONTE: jornal A Noite (RJ) 3 de maio de 1943.



OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...