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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

21 de abril

21 de abril

1867 - Tropas de Camisão ocupam o forte Bela Vista no Paraguai



Forte de Bela Vista do Paraguai, em esboço de Taunay



Na guerra contra o Paraguai, coluna brasileira, que viveria a dramática retirada da Laguna, entra em território inimigo e ocupa o forte de Bella Vista. O relato é do cadete Taunay:

“No dia seguinte, 21 de abril, às 8 da manhã, deram os clarins do quartel general o toque de marcha: nada menos significativa do que transpormos a fronteira, entrar em território paraguaio e atacar o forte de Bela Vista, que, deste lado, é a chave de toda aquela região. Não havia quem não compreendesse o alcance da operação, redobrando por este motivo a animação geral. Cada um envergava o mais luzido uniforme; e como às nossas antigas bandeiras não prestigiasse ainda feito notável algum, foram substituídas por outras, cujas cores vivas se destacavam no céu formoso das campinas paraguaias.


Deixando a Machorra, adotara-se a ordem compacta. Dos dois lados da coluna, e para facilitar o movimento, os atiradores, que a flanqueavam, cortavam a macega; pois mudara a natureza do terreno. Não mais tínhamos a grama curta e fresca dos prados que acabávamos de atravessar. Estava o solo coberto desta perigosa gramínea que atinge a altura de um homem, e a que chamam macega, e cujas hastes duras e arestas cortantes tornam, em muitos lugares do Paraguai, a marcha tão penosa. Transpusemos o Apa em frente a Bela Vista; o 20° de infantaria de Goiás formava a vanguarda, sob o comando do capitão Ferreira de Paiva. Avançando à frente dos batedores, a quem comandava, jovem e valente oficial, de nome Miró, fadado à morte próxima, víamos o velho Lopes, apressurado, montando belo cavalo baio, um daqueles animais que o filho e os companheiros deste haviam tomado aos paraguaios.

Estava no auge da alegria, o olhar como o de um rapineiro, a fitar Bela Vista, que começávamos a avistar. De repente, no momento em que acabávamos de chegar ao seu lado, percebemos que a fisionomia se lhe anuviara: 'A perdiz, disse-nos, voa do ninho e nada nos que deixar, nem os ovos'. Mostrava ao mesmo tempo tênue fumo que subia aos ares. 'São as casas de Bela Vista que incendiaram'.

Foi a notícia levada ao Coronel que, avisado também por um sinal do alferes Porfírio, do batalhão da frente, fez acelerar a marcha. Começamos a correr, precipitando-se a linha de atiradores do 20° para o rio; mas à sua frente já se antecipara pequeno grupo de que fazia parte o nosso guia. Com grande espanto nosso não pareciam os inimigos pretender disputar-nos o passo; retiravam-se do Apa como já se haviam afastado da Machorra, indo estacar a uma distância grande, imóveis sobre os cavalos".

Em 22 de maio seguinte, o comandante da coluna, coronel Camisão liberou o seguinte relatório:

O programa que apresentei às forças, ao partir da Colônia de Miranda, acha-se concluído em toda a sua brilhante plenitude. O inimigo fugiu aos primeiros passos da briosa força brasileira e nos abandonou seus entrincheiramentos, incendiando as suas propriedades e devastando brutalmente o trabalho de longos anos. - O conflito em que devia patentear-se a coragem que é própria do soldado brasileiro, não se deu: bastou a simples demonstração de sua placidez e energia. - Deus, em sua resplandecente justiça permitiu a completa reação da injusta invasão do distrito de Miranda, tocando-nos a glória imensa de executá-la em todo o seu elastério. - Orgulhoso por me achar à testa de tão distinta expedição, louvo em extremo, nesta ocasião, aos empregados do quartel deste comando, srs. engenheiros, médicos, oficial pagador, comandantes dos corpos de caçadores e de cavalo, provisório de artilharia, dos batalhões ns. 17, 20 e 21, todos os srs. oficiais e praças pelo entusiasmo no desejo de encontrar o inimigo e alegria ao marchar ao seu encontro, que se manifestaram em todas as ocasiões, desde a saída de Miranda, não só nos corpos que formavam a vanguarda, os quais desenvolveram muita atividade e vigilância, como nos demais, o que patenteou-se na passagem do rio Apa, o qual apesar de seu péssimo vau foi em poucos minutos transposto, ainda mesmo pela artilharia, cujo trem pesado faria crer em longa demora, dando-se o mesmo com o cartuchame. Ainda merece os meus elogios o bravo e denodado guia dessas forças José Francisco Lopes, o qual, impelido pelos sentimentos de pai e cidadão, pois tem a sua família prisioneira nesta República, nunca se esquivou a trabalhos e perigos, assim como os mais paisanos e fugitivos que ora me acompanham.

Sem resistência, o forte, que apenas consistia em sólida estacada de madeira, foi ocupado pelos brasileiros, assim como a vila. 


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, (16ª edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, páginas 59 e 154.



21 de abril

1919 - Pedra fundamental da biblioteca pública de Campo Grande


Projeto do prédio da primeira biblioteca de Campo Grande
Na administração municipal de Rosário Congro, é criada a primeira biblioteca da vila de Campo Grande, em terreno doado pela municipalidade, em local onde funcionou o Rádio Clube , o fórum e, finalmente, a Câmara de Vereadores. Arlindo de Andrade, que foi o primeiro juiz de direito da comarca e fundador do primeiro jornal (O Estado de Mato Grosso), foi um dos dirigentes da Sociedade Organizadora da Biblioteca Pública de Campo Grande, responsável pela administração da entidade, juntamente com seu colega advogado, José Jaime Ferreira de Vasconcelos.


FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 44.



21 de abril

1930 - Instalada a primeira escola normal de Campo Grande

Anexa ao ginásio estadual, na avenida Afonso Pena é instalada a primeira escola normal de Campo Grande. Seu primeiro diretor foi o professor Tessitore Júnior. O ato inaugural foi presidido pelo juiz de direito da comarca, Laurentino Chaves. que pronunciou "de improviso e com uma eloquência tão sua", proferiu discurso considerado "verdadeiro alarma contra o materialismo avassalador e absorvente ora dominando os homens". O prefeito Antero Paes de Barros, agradeceu ao governador Aníbal de Toledo pelo investimento do Estado no ensino público da cidade.

Em homenagem a Tiradentes, cuja data se comemorava, fez uso da palavra o capitão Eudoro Correa de Arruda.


FONTE: A Cruz (Cuiabá), 26/05/1930.






21 de abril

1951 - Circula o número 1 do jornal "O Progresso" de Dourados



Com direção do advogado Weimar Torres passa a circular em Dourados o semanário O Progresso. O título foi uma homenagem do editor ao seu genitor, o também advogado e jornalista José dos Passos Rangel Torres, que manteve um jornal com o mesmo nome em Ponta Porã. O Progresso estreou com um título ufanista e profético - VERTIGINOSA! A marcha de Dourados para o progresso - secundado por um lead que traduzia a azáfama da cidade naquele meado de século: "De uma terra inexpressiva e esquecida, passa Dourados a ser uma das regiões mais famosas da Pátria. Gente de toda parte se instala no município para explorar suas magníficas matas. Mais de 2.400 pessoas chegadas depois do recenseamento. Grandes vendas de terra, cinema, luz elétrica, linha de aviões diários, loteamento em massa, mais e mais casas de comércio, valorização acelerada dos imóveis, cafezais, produção imensa de algodão e cereais, instalação de grandes serrarias, um instantâneo polifórmico de uma esplêndida realidade".


FONTE: Regina Heloiza Targa Moreira, Memória Fotográfia de Dourados, UFMS, Campo Grande, 1990, página 117.




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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

30 de junho

30 de junho

1791 – Guaicurus recebem carta patente


Guaicurus, os senhores do Pantanal

Os chefes guaicurus Queima e Emavidi Xané são agraciados com carta patente do governo português:

João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, do conselho de S. M. cavaleiro da ordem de S. João de Malta, governador e capitão general das capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, &. Faço saber aos que esta minha carta patente virem, que tendo a nação dos índios Guaicurus ou Cavaleiros solenemente contratado perpétua paz e amizade com os portugueses, por um termo judicialmente feito, no qual os chefes João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, em nome de sua nação, se sujeitaram e protestaram uma cega obediência às leis de S. M., para serem de hoje em diante reconhecidos como vassalos da mesma senhora: mando e ordeno a todos os magistrados, oficiais de justiça e guerra, comandantes e mais pessoas de todos os domínios de S. M., os reconheçam, tratem e auxiliem com todas as demonstrações de amizade. E para firmeza do referido lhes mandei passar a presente carta patente, por mim assinada e selada com o sinete das minhas armas. Nesta capital de Vila Bela, aos 30 de junho de 1791. – João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.


No dia seguinte era celebrado termo de paz entre o governo português e os guaicurus.

FONTE: Carlos Francisco Moura, O Forte de Coimbra, Edições da UFMT, Cuiabá,1975, página 79.


30 de junho

1902 - Campo Grande declara neutralidade na eleição estadual

Políticos de todos os partidos, publicam manifesto, onde explicam que não serão hostis ao governo mas que também não prometem coisa alguma, declaram neutralidade do município para a eleição que em 1903, elegeria Totó Paes para o governo do Estado. O documento dos líderes campograndenses aponta várias razões para manter a cidade distante das disputas eleitorais, destacando as "sucessivas alterações da ordem pública em todo o Estado, os fatos lamentáveis ocorridos devido às revoluções, implantadas especialmente aqui no sul desde 1890 e 1900". Entendiam que tais episódios "tem acentuado de tal modo uma má impressão entre nós. Esta situação tem nos levado a deixar de acreditar na tranquilidade almejada. Estamos desgostosos do lugar onde vivemos, fundamos nossas propriedades, constituímos família e acumulamos as nossas economias".

Mais adiante, questionam: "Por que não desfrutamos de plena paz? Por que a ação do governo não se faz chegar até aqui? Se os bandidos invadem as nossas propriedades, roubam o fruto do nosso trabalho, não temos a quem providências", ao que respondem:

"Se queremos defender os nossos interesses, somos obrigados a usar dos meios ao nosso alcance e com eles perseguimos os malfeitores. Isso é o que tem acontecido".

Por fim, os manifestantes colocam sua posição diante do pleito eleitoral:

"Até hoje Campo Grande não tem tomado parte em movimentos revolucionários e tem conseguido manter-se na neutralidade. E alegra-nos inteiramente poder subscrevermos que, até esta data, não há divergência de opinião entre os habitantes dessa localidade. Em breve haverá a eleição para presidente e vice-presidente do Estado e deputados estaduais. E para que não diga que tomamos uma deliberação de última hora, antecipadamente cumprimos o dever de cientificar-vos que resolvemos não concorrer para as referidas eleições. Estamos ao lado do governo atual (Coronel Antonio Pedro Alves de Barros) e demais autoridades legitimamente constituídas. Não seremos em circunstância alguma hostis ao governo e nem também podemos lhe prometer coisa alguma".

São seus signatários, Antonio Firmino de Novais, Vicente Alves Arantes Tultuna, Amando de Oliveira, Bernardo Franco Baís, Joaquim Guilherme Almeida, Sebastião Lima, Salustiano Costa Lima, Antonio Norberto de Almeida, Augusto Marino de Oliveira, Manoel Rodrigues Pereira Neiva, Joaquim Alves Pereira, Francisco Sebastão, João Carlos Sebastião, Manoel Joaquim de Carvalho, José Antonio da Silva, José Ignacio de Souza, Venâncio Theodoro de Carvalho "e seguem assinatura de muitos eleitores do distrito".

Deixaram de subscrevê-lo o intendente geral (prefeito) do município, Francisco Mestre e os vereadores recém eleitos para a primeira legislatura: Jerônimo José de Santana, João Correa Leite, Manoel Ignacio de Souza, João Antunes da Silva e José Vieira Damas.

FONTE: A Reacção (Assunção, PY) 30 de outubro de 1902.


30 de junho

1905 – Telégrafo chega a Bela Vista


Major Rondon em seu acampamento em Bela Vista

Em menos de trinta dias, Rondon estende 61 quilômetros e 590 metros de linha telegráfica entre Margarida e Bela Vista, cuja estação inaugura, encerrando a ligação norte-sul:

“Não foi possível traçar um só alinhamento ligando aqueles dois pontos, porque extenso e formidável brejo se lhes interpunha. Foi necessário projetar diversos alinhamentos, a fim de contornar as cabeceiras do brejão, entre os córregos de Guaviara e Derrota”. ¹


Sobre esse fato, Sydney Nunes Leite acrescenta:

Em junho de 1905 foi assinado o contrato para a construção da casa da estação telegráfica de Bela Vista, entre o major Cândido Mariano da Silva Rondon, presidente da comissão construtora da linha telegráfica de Mato Grosso e Luciano Arcomanni, pela quantia de 21 contos de réis. Serviram de testemunhas do ato os senhores Gabriel de Almeida e Alfredo Pinto, conforme consta nos livros de notas do Cartório do 2° Ofício desta comarca.

O primeiro telegrafista da estação de Bela Vista foi o cidadão José Rodrigues de Assis, casado com Laura Almeida Assis.

Nos primeiros tempos existiam duas chefias nas repartição: agente do Correio e encarregado da Estação Telegráfica. Essas chefias eram exercidas por pessoas diferentes. Assim as pessoas que serão citadas pertencem a uma das chefias, sem identificar a qual delas pertenceu.

Eis alguns nomes:Ernesto Amâncio Torquato,Elvina Carneiro Fernandes (Noquinha) , João Leôncio de Araujo, João Paulo Correa, Claudio Otaviano da Silveira, Gregório de Melo, Balbino S. Couto, Bonifácio Ferreira da Silva, Conceição Brum Monteiro, Marcelina Fernandes Silveira, Gastão Deniz, Adriano M. Serra, Valério G.Nogueira, Geraldo Cardoso, Artemio Bachi Naveira, Feliciano Torres, Carlos Pinto de Almeida, Dauth Pinto de Almeida e tantos outros como o atual Ailton Carvalho Vieira.

O telégrafo instalado em nossa cidade, no distante ano de 1905, veio servir como meio mais rápido de comunicação dos pioneiros com a civilização, tirando em parte, do isolamento em que viviam do resto do país. Foi o marco da integração de nossa terra com o restante da Pátria.²


FONTE: ¹Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, 1969. Página 193. ² Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 128.



30 de junho

1916 - Nasce José Barbosa Rodrigues, diretor do Correio do Estado



Nasce em Minas Gerais, José Barbosa Rodrigues. Ainda jovem, em companhia da esposa Henedina e do primeiro filho, José Maria, mudou-se para Ponta Porã, onde o casal exerceu o magistério. Em seguida mudou-se para Campo Grande. Iniciou suas atividades como professor primário numa escola rural na região do Ceroula, dando aulas para filhos de imigrantes japoneses. Para completar a renda familiar, trabalhou como zelador no "Jornal do Comercio", o único diário de Campo Grande na época, onde iniciou sua carreira como redator.

Em 1954, com a instalação do Correio do Estado, aceitou convite para dirigir o novo diário, de propriedade de um grupo político ligado à UDN, partido ao qual eram filiados José Fragelli, Lúdio Coelho, Wilson Barbosa Martins e outras importantes figuras do cenário político regional. Dois anos depois da fundação, J. Barbosa Rodrigues já era dono do jornal.

Além de empresário e jornalista, J. Barbosa Rodrigues foi escritor e historiador, membro da Academia Sul-Matogrossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Na área socioeducativa criou a Fundação Barbosa Rodrigues a Orquestra Jovem, em Campo Grande e o Museu de História do Pantanal em Corumbá.

Faleceu em 19 de março de 2003. 



FONTE: Correio do Estado, caderno Correio B, Campo Grande, 30/06/2016.



30 de junho

1934 – Assassinado prefeito de Ponta Porã 


Modesto Dauzacker e sua esposa Lola, em foto de 1932, no Campanário


Foi morto a tiro, o coronel Modesto Dauzacker, prefeito de Ponta Porã, a maior e mais importante cidade da fronteira Brasil-Paraguai. A ocorrência está sintetizada em telegrama do interventor federal do Estado ao presidente Getúlio Vargas:

Ontem, pela manhã, quando se dirigia prefeitura municipal, em uma rua de Ponta Porá foi brutalmente assassinado nosso valoroso amigo coronel Modesto Danzacker, prefeito daquele município. Criminoso preso flagrante não se sabendo até agora verdadeiro móvel delito. Levando tal fato conhecimento V. Exa. exprimo meu grande pesar pela perda irreparável tão dedicado auxiliar esta Interventoria.


O assassínio do prefeito teve repercussão nacional, conforme nota no Diário de Notícias (RJ), em sua edição de 22 de julho de 1934:

"Cuiabá, 14 de julho - (Do correspondente, por via aérea) - A 30 de junho último foi assassinado o prefeito de Ponta Porá, coronel Modesto Dauzacker, no memento em que se dirigia à prefeitura para despachar o expediente. Alvejado à queima-roupa, por Nelson Martins, foi atingido por dois projetis, um na boca, outro no coração, tendo morte instantânea. O criminoso foi preso em flagrante por um pelotão do 11° R.C.I., que estava em exercícios, sob o comando do tenente Pontes. O fato causou geral consternação. Foi aberto inquérito sob a presidência do promotor público. Atribui-se o móvel do crime à circunstância de haver sido Martins preterido na nomeação de agente fiscal de Guaíra".

Modesto Danzacker, que antes de assumir a prefeitura, foi administrador do Campanário, sede da Companhia Mate Larangeira, era homem da estreita confiança da empresa ervateira.



FONTE: Odaléa da Conceição Deniz Bianchini, A Companhia Matte Larangeira e a ocupação da terra do Sul de Mato Grosso, Editora UFMS, Campo Grande, 2000, página 158. 


domingo, 10 de novembro de 2013

10 de dezembro

10 de dezembro

1884 – Nasce em Miranda, José Alves Ribeiro

Inauguração do busto do coronel Zelito em Aquidauana

Filho de José Alves Ribeiro (o coronel Jejé), nasce em Miranda, José Alves Ribeiro, (o coronel Zelito). Fez o curso primário em sua cidade natal e o preparatório em Cuiabá e voltou para a fazenda Taboco. Retornou a Cuiabá em 1915, onde no ano seguinte, casou-se com Maria Constança, filha de Pedro Celestino. Em plena lua-de-mel, por indicação do sogro que apóia o governo, assume a reação ao major Gomes, que rebela-se contra o presidente Caetano de Albuquerque, derrotando-o no segundo combate, em 1917. 

Deputado estadual na legislatura de 1921 a 1923, tomou gosto pela política, elegendo-a sua principal atividade.


“Em 1924 – recorda seu filho Renato Alves Ribeiro – quando houve a invasão do Estado pela famosa ‘Coluna Prestes’, o coronel Joselito organizou o 1º Batalhão de Infantes Pioneiros, com 140 homens, e foi designado para defender a estação de Arapuá, onde estava localizado o Posto de Comando do coronel Malan D’Angrogne, em seu em retiro Miranda, naquela região, nas margens do Paraná”.


Em 1925 foi eleito prefeito de Aquidauana , permanecendo apenas um ano no cargo. Em 1930 apoiou a revolução de Vargas e consolidou sua liderança em Aquidauana e região. Na revolução constitucionalista de 1932 não apoiou os rebeldes, liderados por Vespasiano Martins. Em 37 rompe com Getúlio, por não concordar com a ditadura do Estado Novo. Em 1945 com a deposição de Getúlio, ingressa na UDN, União Democrática Nacional e torna-se o chefe político “com inúmeras vitórias em Aquidauana, derrotando por muitas vezes a coligação do governo, PSD-PTB, elegendo prefeitos como Delfino Correa, doutor Estácio Muniz, Moisés de Albuquerque, Fernando Ribeiro – seu filho – por duas vezes prefeito e uma deputado federal; Fernando Correa, duas vezes governador; seu genro José Frageli, deputado estadual e federal”.


O coronel Zelito ou Joselito faleceu em julho de 1970.


FONTE Renato Alves Ribeiro, Taboco, 150 Anos, Balaio de Recordações, edição do autor, Campo Grande, 1984, página 125


10 de dezembro

1913 -Bela Vista: Justiça restitui mandato do prefeito

Por decisão do Tribunal Pleno em Cuiabá, reassumiu a chefia do executivo de Bela Vista, o intendente geral de Bela Vista, Ernesto Vilas Boas. Seu mandato havia sido suspenso arbitrariamente pelo juiz de direito da comarca, do delegado de polícia e do comandante de polícia, a pretexto de falta de prestação de contas.

A retomada do mandato do intendente foi marcada pelo regozijo do jornal de oposição ao governador, em Cuiabá:

Reassumiu o cargo de intendente de Bela Vista a 10 do corrente, o sr. Ernesto Villas-Boas, que ali estava sendo perseguido pelo juiz de direito da comarca, ao serviço da baixa politicagem, cujo objetivo era arredá-lo das funções que o povo do município lhe havia conferido.

À audaciosa violência com que se pretendia destruir a autonomia do município, opôs salutar resistência o Tribunal de Relação do Estado, agindo com a mais louvável energia no sentido de impedir a consecução desse revoltante atentado.

Foi assim garantido pelo nosso mais alto tribunal o princípio básico de nossa organização política, cujo aniquilamento, se tivesse sido levado a efeito em Bela Vista, importaria na mais completa anarquia do nosso regime, e quiçá em perturbação de ordem cujas consequências a ninguém é dado medir.

O ato da suspensão do mandato foi atribuído como represália do presidente do Estado, à forte oposição de Villas-Boas à renovação da concessão da companhia Mate Larangeira.


FONTE: O Matto-Grosso (Cuiabá), 14 de dezembro de 1913.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

6 de março

6 de março

1850 - Escravos são hipotecados em Paranaíba



Prática corriqueira durante a escravidão negra no Brasil, José Garcia Leal, chefe político de Paranaíba, aceita escravos como garantia de dívida, nos termos do seguinte documento:

Saibam quantos virem este público instrumento de Escritura de Hipoteca que sendo no ano do Nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e cinquenta, Vigésimo nono da Independência e do Império, aos seis dias do mês de março do dito ano, neste Distrito de Santana do Paranaiba, termo da vila de Poconé, em o escritório de mim Escrivão do Juizo Municipal abaixo assinado com as testemunhas apareceram presentes, e pessoalmente o cidadão Joaquim Lemos da Silva e sua mulher Dona Eufrasia Maria da Silva, pessoas reconhecidas de mim pelos próprios de que trato e dou fé, e por eles me foi dito que se constituíram devedor do Capitão José Garcia Leal da quantia de setecentos e quarenta e sete mil, trezentos e trinta reis, em moedas correntes proveniente de outra igual quantia que receberam emprestado e em alguns gêneros que lhe compraram e como não lhe pode pagar no presente tempo a referida quantia, e que já se acha vencida; para (sic) da dívida e de seu credor, haviam por bem hipotecar dois escravos (ao dito senhor José Garcia Leal, seu Credor) ambos de nomes Joaquim Crioullos, um de idade de oito anos, mais ou menos, e outro de idade de dezesseis anos, mais ou menos, e uma pequena casa coberta de capim e quintal sem arvoredos, cujos escravos e casas se acham livres de outra qualquer escritura de hipoteca e se obrigarão a não traspassar  e nem atear os ditos livres enquanto não houverem pago a referida quantia que se obrigavam a satisfazer desta data a dois anos e logo pelo outorgado Capitão José Garcia Leal foi dito que aceitava a hipoteca nos referidos bens em qualidade de credor, bem como todas as mais condições declaradas, e depois de escrita, e lida esta por mim Tabelião Público perante as testemunhas digo perante os contratantes, e por eles outorgados assinaram em presença das testemunhas, e a rogo de Dona Eufrasia Maria da Silva. Assinou Andalício da Silva Bitancourt igualmente de mim reconhecidas de que dou fé de mim Luiz Ferreira Gomes Escrivão do Juizo Municipal que o escrevi.


FONTE: Fundação Cultural Palmares, "Como se de ventre livre nascido fosse...", Arquivo Público Estadual, Campo Grande, 1994, página 331.

FOTO: aspecto da escravidão no Brasil. Reprodução meramente ilustrativa.


6 de março
 
1890 - Nasce em Corumbá, Olegário de Barros


Nasce em Corumbá, Olegário de Barros. Formado em Direito pela faculdade do largo São Francisco, em São Paulo, foi delegado e chefe de polícia do Estado de Mato Grosso, diretor da imprensa oficial, consultor jurídico, procurador geral, juiz de direito, secretário geral do Estado, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça, ocasião em que exerceu as funções de interventor federal do Estado, o qual governou de 8 de novembro de 1945 a 8 de julho de 1946. Faleceu em Corumbá a 6 de janeiro de 1969. 


FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-grossense, edição do autor, Cuiabá,1971, página 29.


6 de março

1909 - Toma posse primeiro prefeito de Bela Vista

Criado em 1908, foi instalado nessa data, o município de Bela Vista, com a posse do intendente geral (prefeito), dois vice-intendentes, vereadores e dois juízes de paz. Segundo o registro a "sessão de instalação foi aberta pelo engenheiro civil João Thimoteo Pereira da Rosa, vereador e vice-presidente da Câmara Muncipal de Nioaque, de cujo município se desmembrara o de Bela Vista, que deferiu o compromisso legal ao vereador Athanásio de Almeida Mello, por ser o mais idoso dos vereadores. Prestado o compromisso legal, o presidente da Sessão transferiu a presidência ao vereador Athanásio de Almeida Mello que tomou o citado compromisso aos demais vereadores, suplentes de vereador, intendente geral, vice-intendentes, primeiro e segundo juízes de paz".

Assumiu como primeiro intendente geral, o coronel Marinho Fernandes Tico para um mandato de três anos.


FONTE: Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 37.



6 de março

1939 - População lincha ladrões em Campo Grande

                                                                                                                                       FOTO: O JORNAL RJ



Três assaltantes de motorista de praça são linchados por populares em Campo Grande. O episódio teve repercussão nacional:

No dia 6 do corrente, nas proximidades de Campo Grande, foi assassinado o motorista Celestino Pereira de Alcântara, proprietário do carro 127.

Esse crime foi premeditado pelos seus autores Mário Garcia de Oliveira, Osvaldo Caetano e Sidney Prestes.

Cerca das 14 horas, um deles procurou na praça aquele motorista para corrida ao bairro Amambay. Ali chegados, subiram no carro os outros dois e exigiram de Celestino Garcia que prosseguisse viagem para Ponta Porã. Negando-se aquele de faze-lo, recebeu violenta pancada no crânio, que o prostrou sem sentidos. Os bandidos desarmaram-no e um deles tomou a direção do carro.

Duas léguas depois de Campo Grande, o motorista recuperou os sentidos e entrou em luta corporal com os facínoras, sendo nessa ocasião ferido mortalmente por eles e atirado, ainda agonizante, num mato próximo da "fazenda Saltinho". Prosseguiram viagem os assassino depois de terem arrancado a licença do carro.

Os demais motorista de Campo Grande, sabendo que Celestino não fazia viagens para o interior e tendo conhecimento da corrida combinada, estranharam a demora do seu colega. Entrando em indagações vieram a saber por um motorista vindo de Ponta Porã que o carro 127 fora abastecido com meia lata de gasolina, não levava licença e era conduzido por um estranho, tendo dois outros como passageiros. Levado o fato ao conhecimento do capitão Felix Valois, delegado de polícia, este pôs-se incontinenti em ação para a descoberta do crime e prisão dos criminosos, rumando para Ponta Porã. Cerca de 25 léguas de Campo Grande, encontraram o carro 127 encalhado, estando Mário, Osvaldo e Sidney trabalhando para desencravá-lo. Dada a ordem de prisão, depois de curta resistência, entregaram-se.

De regresso a Campo Grande foi recolhido o cadáver de Celestino Garcia, com indício de que muito se debatera na agonia. O corpo está ainda quente, indicando morte recente. Os próprios assassinos auxiliaram a transportar o corpo.

Chegando a esta cidade, foram os três ocupantes do carro submetidos a interrogatório, confessando a autoria do crime.

Grande massa popular aguardava na delegacia a remessa dos bandidos para a cadeia pública. Quando o carro que os conduzia à esquina do Estádio da Sociedade Esportiva Campograndense, a multidão acrescida de número, fez parar o carro, arrebatou os três presos e trucidou-os ali mesmo, a pau.

Acabava de acontecer o primeiro linchamento que se tem notícia na história de Campo Grande.



FONTE: Diário de Notícias (RJ) 15 de março de 1939.


terça-feira, 1 de março de 2011

12 de julho

12 de julho

1924 - Oficiais de Bela Vista sublevam 10 R.C.I. e prendem o comandante


Quartel do 10 R.C.I de Bela Vista


Aderindo à revolta chefiada em São Paulo pelo general Izidoro Dias Lopes, oficiais do 10° RCI de Bela Vista,tenentes Riograndino Kruel, Pedro Martins da Rocha, Jorge Lobo Machado e o médico Umberto Peretti, revoltaram aquela unidade do Exército, com a prisão do comandante tenente-coronel Péricles de Albuquerque.

Segundo Pedro Ângelo da Rosa, "no mesmo dia, à hora da revista, os sargentos David Guimarães, Bernardo Duprat, Samuel Duprat, Eneas de Vasconcelos, Oscar Rodrigues de Araujo, Heitor Pereira, Jonas Vasconcelos, Altino Vasconcelos, Vitor Vascoelos e Januário Magalhães, tendo entrado em combinação prévia, promoveram a contra revolta, soltando o comandante, que foi reintegrado no seu posto e prenderam os oficiais revoltosos, que seguiram para a sede da Circunscrição Militar em Campo Grande. Aqueles sargentos foram elogiados pela sua ação e comissionados ao posto de segundos tenentes, pelo Presidente da República, fato que contribuiu desfavoravelmente para a revolução, em todo o País."¹

A revolta dos militares, no pouco tempo que durou, estendeu-se à área civil, com a deposição por ordem dos rebeldes do intendente geral do município Militão Loureiro de Almeida. Em seu lugar assumiu a prefeitura o vereador Accyndino Sampaio, que enviou ao presidente da Câmara Municipal o seguinte ofício:

Levo ao vosso conhecimento que tendo-se hoje revoltado parte da oficialidade do 10° Regimento de Cavalaria, e que tendo sido eu e o Dr. Armando de Almeida Barros, intimado por uma praça armada a comparecer na Intendência Municipal e ali fui intimado pelo Sr. Tenente Lobo Machado que estava naquela repartição com força armada, a assumir o cargo de intendente, apesar de minha recusa, foi pelo mesmo Sr. determinado que tinha de assinar uma ata, e como se tratava de uma situação anormal em que nossas vidas poderiam correr perigo, pois que já se achava preso o vereando comandante coronel Péricles, tive que aceder bem como todos os presentes que assinamos a referida ata. Exigindo o referido tenente do secretário da intendência um livro ele trouxe da Câmara, que pelo mesmo Lobo Machado foi lhe determinado que lavrasse a ata onde fomos obrigados a assinar todos os presentes. Me foi determinado que recebesse o arquivo da Tesouraria o que não o fiz. E aconselhei o Sr. Tesoureiro e intendente que continuassem em seus cargos e que procurasse acautelar algum dinheiro que por ventura tenha na Tesouraria. E para que não apareça qualquer exploração a meu respeito levo este fato ao vosso conhecimento. pedindo mandar cancelar a referida ata, por ter minha assinatura a consequência de uma coação. Peço dar conhecimento a essa ilustre câmara na sua primeira reunião deste meu protesto e desse esbulho que foi pretendido de fazer pelos revoltosos. Respeitosas saudações. (a) Accyndino Sampaio.²

 



FONTE: ¹Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai) Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1962, página 71. ²Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista,1995, página 235.



12 de julho 

1932 - Para comandar a revolução, General Klinger chega a São Paulo


General Klinger recebido por revolucionários na capital paulista
Havendo deixado Campo Grande em composição de trem especial, chega a São Paulo de manhã, o general Bertoldo Klinger, depois de uma viagem frequentemente interrompida por manifestações favoráveis à revolução constitucionalista, da qual o oficial era um dos comandantes militares:

Em São Paulo o general teve acolhida triunfal e, após encontros com os governantes civis, dirigiu-se ao Quartel-General da Região onde Figueiredo aguardava para passar-lhe o comando da Região e da revolução. Figueiredo, compreensivelmente, estava ansioso para saber da tropa que deveria vir de Mato Grosso, mas quando indagou, Klinger retrucou abruptamente, ‘Essa não precisará vir.’ Ao mesmo tempo, Klinger fez outro comentário ainda mais perturbador: antes de os exércitos entrarem em choque, seria de bom alvitre, ‘tentar a vitória pela conciliação.’ Evidentemente Klinger estava muito preocupado. E a pergunta que sem dúvida se fazia era simples: onde estão os aliados de São Paulo? 

FONTE: Stanley Hilton, 1932 A guerra civil brasileira, Editora Nova Fronteira, Rio, 1982, página 88.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

24 de março

24 de março

1593 - Espanhóis fundam a segunda Xerez





Após fracassar na primeira tentativa de manter uma vila no local, em função da forte resistência dos indígenas, habitantes na região que, "confederados, impediram que o povoado prosperasse, finalmente, em " 24 de março de 1593, Santiago de Xerez foi reedificada por Ruy Diaz de Gúzman próximo às margens do Rio Ivinhema", segundo Paulo Marcos Esselin. "Seu segundo fundador tomou precauções para não incorrer nos mesmos erros cometidos por Juan Garay. Acompanhado por uma guarnição de homens bem armados, fez temer os índios nuaras até então senhores da região. Conquistados, os nativos se submeteram à superioridade bélica espanhola, sem que houvesse uma guerra de conquista". Em 1596, Santiago de Xerez seria transladada por Gúzman para a margem do rio Mbotetei, atual Aquidauana. 



FONTE: Paulo Marcos Esselin, A gênese de Corumbá, confluências das frentes espanhola e portuguesa em Mato Grosso,1536-1778, Editora UFMS, Campo Grande, 2000, página 45.

FOTO - Ruy Diaz de Guzman, o fundador de Xerez.



24 de março

1908 - Anunciado o início da estrada de ferro Itapura-Corumbá

Em telegrama encaminhado ao governador Generoso Ponce, o presidente da República, Afonso Pena, comunica a aprovação do projeto da estrada de ferro entre Itapura e Corumbá. A notícia é recebida com regozijo pelo governador e destaque da imprensa:

 

FONTE: Autonomista (Corumbá), em 11 de abril de 1908.

 
24 de março

1912 - Circula em Corumbá o primeiro jornal diário do Sul de Mato Grosso





É fundado A Tribuna pelo jornalista Pedro Magalhães. "Sua existência - atesta Lécio G. de Souza - foi relativamente longa, tendo deixado de circular há pouco tempo. A redação e oficina localizavam-se no princípio da rua Antônio Maria Coelho, lado par. Teve à frente renomadas figuras intelectuais como o padre Pedro Medeiros e o insigne homem de letras Carlos de Castro Brasil. A responsabilidade comercial cabia ao grupo Chamma".


FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 116.



24 de março

1927 - Siqueira Campos entra no Paraguai





Encerrando sua participação na Coluna Prestes, onde se destacou com um dos mais bravos comandantes, o coronel Siqueira Campos, parte para o exílio, acompanhado por 65 homens. Sua entrada no Paraguai dá-se por Bela Vista. Na república vizinha entrega o armamento do destacamento ao chefe de polícia, dom Rafael Alvarenga. São 20 fuzis Mauser e mil tiros de fuzil, além de 22 cavalos, expropriados de diversos fazendeiros brasileiros "que foram entregues à mesma autoridade".

Para Glauco Carneiro, "alguns dos revolucionários preferiram ficar trabalhando em sítios da fronteira, enquanto outros quiseram aventurar-se até os grandes centros como Rio e São Paulo. Siqueira achou de bom alvitre comandar os restantes para o exílio e ali se juntar aos chefes da Coluna para o prosseguimento das atividades conspiratórias, visando à grande revolução, que afinal viria em 1930". 


De ampla reportagem sobre a entrada de  Siqueira Campos no Paraguai, o jornal "O Progresso", de Dourados, destaca a presença do líder revolucionário em Bela Vista:

"Atravessando Victorino, reuniu seus homens e disse-lhes que iriam para o Paraguai, passando a fronteira junto a Bela Vista, e que não dariam um tiro durante a travessia.

No dia 21 de março, Siqueira chegou à fazenda Gabinete, tendo feito, sem descansar, uma marcha de 29 léguas.

A 22 desceu a serra de Maracaju; a 23 avizinhou-se de Bela Vista.

Chegando à noite à margem do Apa, as águas deste rio assoberbavam. A chuva era intensíssima. Contudo, a travessia foi feita, com sério perigo da vida do comandante que perdeu nessa ocasião o cavalo que montava, com o arquivo da revolução.

Algumas armas também foram ao fundo.

Atingida a fronteira, Siqueira dirigiu uma carta ao comandante da guarnição paraguaia de Bella Vista, pedindo-lhe para mandar receber as armas e munições.

O tenente Alvarenga - o comandante - teve a gentileza de mandar convidar Siqueira Campos a entrar na povoação com as suas armas, depositando ali.

Siqueira tem palavras de louvor à maneira cavalheirosa e gentil por que foi tratado pela autoridade do país vizinho, que o cumulou de todas as atenções.

O sr. Heitor Dias, chefe geral da fronteira paraguaia, que dia 25 chegara a Bella Vista, ido daqui, extremou-se em cuidados e providências quanto aos revolucionários brasileiros, tratando-os com especial consideração".       


FONTE: Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Record Editora, Rio, 1966, página 399. Jornal O Progresso (Ponta Porã), 3 de abril de 1927.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...