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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

6 de maio

6 de maio


1867 - Tropas brasileiras tomam a fazenda Laguna no Paraguai



Coronel Camisão, comandante das forças brasileiras de ocupação


As tropas brasileiras, sob o comando do coronel Carlos Camisão atacam a fazenda Laguna, do presidente Solano Lopez, em território paraguaio:

“Na madrugada de 6 de maio foram os paraguaios acordados ao som de nossas descargas, sendo incontinenti ocupado o acampamento inimigo. Glória imensa coube à nossa soldadesca! O entusiasmo era indescritível! Nesta ocasião os paraguaios desmascaravam a força de que dispunham. Mais de 700 cavaleiros carregaram por vezes à infantaria brasileira, ao passo que duas bocas de fogo atiravam sobre ela inúmeros projetis. As partes deste combate vão juntas e minuciosamente relatam os seus brilhantes episódios. Muitas lanças, armas, cavalos, arreios e ponchos revieram para o nosso acampamento, pois que haviam os dois corpos recebido ordem para se retirarem, apenas os inimigos cedessem campo".


A estratégia paraguaia viria a ser descoberta apenas depois da incursão dos soldados brasileiros sobre seu território:


“O inimigo que ocultava sua força, retirou-se como sempre, deixando-nos estrada franca até a Invernada de Laguna, onde acampamos, a 8,5 léguas do rio Apa, na esperança de obter algum gado. Várias vezes foram os nossos batalhões proteger os campeiros, sendo sempre incomodados por partidas de cavalaria, as quais sem fazerem frente a nossos soldados, impediam contudo, totalmente a execução do que pretendíamos".



FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, (16a. edição) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 178.








6 de maio

1889 - Assume o cargo o primeiro sub-delegado de Campo Grande


Joaquim Vieira, nomeado pelo delegado de Nioaque, para titular da sub-delegacia de polícia de Campo Grande, envia ofício,comunicando o evento, ao seu chefe em Cuiabá:

"Tenho a honra de comunicar a Va. Exa. que nesta data entrei em exercício do cargo de subdelegado de polícia para o qual fui nomeado em da de 7 de março p.passado, tendo prestado juramento em 29 de abril como consta da cópia que junto a este".

Com ele assumem também o escrivão João Carlos de Assis Ferreira, os inspetores de quarteirão Francisco Gonçalo Martins e Antonio Francisco de Almeida e o oficial de justiça Manuel Estáquio dos Santos.


FONTE:Emílio Garcia Barbosa, Esboço histórico e divagações sobre Campo Grande, in Série Memória Sul-mato-grossense (volume XIV), Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 218.




6 de maio




1912 -Sedição divisionista em Ponta Porã





O capitão Antônio Neto de Azambuja, comandante do 17o R.C. de Ponta Porã chefia revolta armada, mandando prender importantes autoridades locais, entre elas, o coronel Baltasar Saldanha, chefe da política local, e o sr. Marcos Fioravanti.

Os tenentes Armindo de Almeida Rego, Antônio Lacerda Gomes, Álvaro Antunes da Cruz e sargentos Cícero Mangini, Manoel Maiolino de Brum, Cícero de Oliveira ‘Mandobi’ e José Cavalcanti da Silva Brabo, segundo Pedro Ângelo da Rosa, não acompanharam a revolta e se reuniram em casa do tenente João Cândido Pereira de Castro Júnior, sob as ordens do capitão Carvalho. Pela tarde, a tropa revoltada, em número de 28 homens, levando em carretas o armamento e fardamento existentes no quartel, seguiram até Sepi Cuê, a uns seis quilômetros da cidade, onde acamparam tranquilamente sem a menor precaução. Ignorava o capitão Azambuja, que no quartel os elementos militares, reunindo civis, preparavam a reação, tendo a Brigada Cambará ocultado uma quantidade de mosquetões, que ficaram no regimento. O objetivo do capitão Azambuja era marchar até Amambai, para incorporar um contingente de civis, partidários de Bento Xavier, armá-los e voltar para Bela Vista a fim de bater a tropa da polícia do major Gomes e unir-se a Bento Xavier, iniciando novamente a revolução no Sul do Estado.


Organizado no quartel o plano de ataque aos revoltosos, no dia 9 às quatro horas da madrugada, dois contingentes devidamente armados e municiados, seguindo o capitão Carvalho com a cavalaria atacaram o inimigo pela frente, no que foram auxiliados pela guarda de José Manvailer, que acometeu-o pelo flanco esquerdo. A retaguarda foi atacada pelo contingente do tenente Castro Júnior, que seguiu a pé pelos fundos da invernada do quartel e Santo Tomaz.
Desfechado o ataque os revoltosos, aos quais já se haviam reunido alguns civis, que estavam acampados na costa do banhado de Sepí Cuê, foram surpreendidos e desbaratados, deixando quatro mortos e quatro feridos em campo, inclusive o capitão Azambuja, que na ocasião tomava mate tranquilamente, na sua barraca e recebeu sete ferimentos.


O armamento foi retomado e os feridos e prisioneiros foram conduzidos ao quartel, tendo abortado o objetivo da revolta, pelo seu fracasso inicial".



FONTE: Pedro Ângelo da Rosa, Resenha histórica de Mato Grosso, Livraria Rui Barbosa, Campo Grande, 1962, página 65.


6 de maio

1925 - Morto em Nioaque o coronel Antonio Gomes

É morto a tiros em Nioaque, o coronel Antonio Gomes da Silva. Alagoano, combatente legalista na guerra de Canudos, onde lutou com sargento do exército, em Mato Grosso, conseguiu patente de major da polícia e tornou-se figura importante tanto na segurança como na política. Como chefe, na polícia, notabilizou-se quando derrotou o gaúcho Bento Xavier, nas batalhas finais na insurreição separatista, liderada pelo célebre maragato, na fronteira Brasil - Paraguai (1907-1911), na Caetanada, revolta contra o governo do presidente Caetano de Albuquerque (1916) e no comando de um batalhão do exército, na resistência aos revoltosos de São Paulo, em Três Lagoas (1924). Na política, foi deputado estadual e, quando foi morto, era candidato numa chapa de consenso para 2° vice-presidente do Estado.

As primeiras notícias de sua morte, mostram que "a cena de sangue de que resultou a morte do coronel Antonio Gomes Ferreira da Silva, candidato indicado pelos próceres da política matogrossense para 2° vice-presidente do Estado, deu-se naquela cidade, no dia 6 do corrente, no momento em que ele discutia com várias pessoas sobre a organização de forças para auxiliar o general Malan na defesa das fronteiras daquele Estado contra a invasão das forças revolucionárias.

O coronel Gomes encontrava-se em Campo Grande, em companhia de sua família, de passagem para São Paulo, quando o general Malan o convidara para reorganizar as forças que a seu mando, tomaram parte, ano passado na repressão dos revoltosos de São Paulo. O coronel Gomes teria aceitado o convite do general e telegrafado a seus amigos de Nioaque, recomendando-lhe que se fossem reunindo enquanto ele acompanharia a sua família a São Paulo, regressando imediatamente, para pôr-se à frente de seus companheiros.

Estes, porém, lhe teriam contestado, negando-se filiarem-se às forças sob seu comando, alegando faltas que para com eles cometera o coronel Antonio Gomes, quando da campanha do ano passado e declarando-lhe que desta vez se filiariam às forças que se achavam em organização sob o comando do coronel Quincas Nogueira. Enfurecido com o procedimento dos seus antigos camaradas, o coronel Gomes ter-se-ia dirigido imediatamente para Nioaque, em automóvel, deixando sua família em Campo Grande.

O primeiro cuidado que teria tido ao chegar em Nioaque, fora procurar o coronel Quincas Nogueira, para uma explicação. Em companhia deste sr. encontravam-se um seu sobrinho, filho do sr. Avelino Nogueira e mais alguns outros adeptos da sua facção. Desde o primeiro instante, a discussão teria tomado um caráter de recíproca agressão e, em dado momento, quando o sobrinho de Quincas Nogueira proferira ao coronel palavras injuriosas, este não se contivera e, com certeira pontaria, teria alvejado o ofensor, que caia ali mesmo, já sem vida.

Ato contínuo, os companheiros de Quincas Nogueira teriam descarregado os seus revólveres sobre o coronel Gomes, que igualmente falecia instantaneamente".

FONTE: O Combate (SP), 28/05/1925.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

6 de outubro

6 de outubro

1778 - Fundação de Cáceres


Vista aérea de Cáceres em foto de 1953


A vila de São Luís de Cáceres foi fundada em 6 de outubro de 1778 pelo tenente de Dragões Antônio Pinto no Rego e Carvalho, por determinação do quarto governador e capitão-general da capitania de Mato Grosso, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

Cáceres, com o nome de Vila-Maria do Paraguai, em homenagem à rainha reinante de Portugal. No início, o povoado de Cáceres não passava de uma aldeia, centrada em torno da igrejinha de São Luiz de França. A Fazenda Jacobina destacava-se na primeira metade do século XIX por ser a maior da província de Mato Grosso em termos de área e produção. Foi lá que Sabino Vieira, chefe da Sabinada, a malograda revolução baiana, refugiou-se e veio a morrer em 1846.

O historiador Natalino Ferreira Mendes conta em seus livros que, em meados do século passado, Vila-Maria do Paraguai experimentou algum progresso, graças ao advento do ciclo da indústria extrativa, que tinha seus principais produtos no gado, na borracha e na ipecacuanha, o ouro negro da floresta, e à abertura da navegação fluvial.

As razões paraa fundação do povoado foram a necessidade de defesa e incremento da fronteira sudoeste de Mato Grosso; a comunicação entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cuiabá e, pelo rio Paraguai, com a capitania de São Paulo; e a fertilidade do solo no local, com abundantes recursos hídricos

Em 1860, Vila-Maria do Paraguai já contava com sua Câmara Municipal, mas só em 1874 foi elevada à categoria de cidade, com o nome de São Luiz de Cáceres, em homenagem ao padroeiro e ao fundador da cidade. Em 1938, o município passou a se chamar apenas Cáceres. Em fevereiro de 1883, foi assentado na Praça da Matriz, atual Barão do Rio Branco, o Marco do Jauru, comemorativo do Tratado de Madri, de 1750. Junto com a Catedral de São Luís - cuja construção teve início em 1919, mas só foi concluída em 65 -. os dois monumentos estão até hoje entre os principais atrativos turísticos da cidade.

A navegação pelo Rio Paraguai desenvolveu o comércio com Corumbá, Cuiabá e outras praças, e o incremento das atividades agropecuárias e extrativistas fez surgir os estabelecimentos industriais representados pelas usinas de açúcar e as charqueadas de Descalvados e Barranco Vermelho, de grande expressão em suas épocas

Em 1914, São Luís de Cáceres recebeu a visita do ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, que participava da Expedição Roosevelt-Rondon. Conta-se que ele ficou encantado com o comércio local, cujo carro-chefe era a loja 'Ao Anjo da Ventura', de propriedade da firma José Dulce & Cia, que também era dona do vapor Etrúria. As lanchas que deixavam Cáceres com destino a Corumbá levavam poaia (ou ipecacuanha), borracha e produtos como charque e couro de animais e voltavam carregadas de mercadorias finas, como sedas, cristais e louças vindas da Europa.

No início de 1927, Cáceres viveu dois acontecimentos marcantes: a passagem da Coluna Prestes por seus arredores, que provocou a fuga de muitos moradores, e o pouso do hidroavião italiano Santa Maria, o primeiro a sobrevoar Mato Grosso. .

A partir de 1950, as mudanças passaram a ser mais rápidas.No início dos anos 60, foi construída a ponte Marechal Rondon, sobre o rio Paraguai, que facilitou a expansão em direção ao noroeste do Estado. A chegada de uma nova leva migratória,causada pelo desenvolvimento agrícola que projetou pólo de produção no Estado e no pais, mudou o perfil de Cáceres, cuja ligação com a capital, Cuiabá, foi se intensificando à medida em que melhoravam as condições da estrada ligando as duas cidades. É nesse período que ocorre a emancipação dos novos núcleos sócios-econômicos.

Assim, emanciparam-se de Cáceres: o distrito de Mirassol D'Oeste, Rio Branco, Salto do Céu, Jauru, Porto Esperidião, Pontes e Lacerda, São José dos Quatro Marcos, Araputanga, Reserva do Cabaçal, Figueirópolis, Porto Estrela, Glória D'Oeste e Lambarí D'Oeste.

ATIVIDADES ECONÔMICAS

A pecuária é a principal atividade econômica da cidade, que possui um dos maiores rebanhos de gado bovino do Brasil

A criação de jacaré do pantanal em cativeiro tem levado Cáceres ao mundo. No dia 01 de julho de 2008, o Primeiro e Unico Frigorifico de Jacaré da America Latina foi agraciado com o SIF - Serviço de Inspeção Sanitária, o que permitirá a comercialização da carne para todo o território nacional e para outros países.E tudo acontece em Cáceres, são 3 criatórios comerciais, um frigorifico e um curtume. A indústria do turismo vem crecendo muito nos últimos anos, destacando-se a pesca esportiva que atrai milhares de pessoas anualmente, onde no mês de setembro, é realizado o Festival Internacional de Pesca de Água Doce.

INFRA-ESTRUTURA

Nos últimos anos, Cáceres procurou estruturar-se como importante porto fluvial no contexto matogrossense, incorporando-se à política de Integração Latino-Americana, buscando a implantação do sistema de transporte intermodal, e a ligação por rodovia com a Bolívia e conseqüentemente uma saída para o Pacífico, evidenciando-se como grande opção para profundas transformações, não só para sua economia, como para Mato Grosso.

CLIMA 

A temperatura média anual é de 22,6°C,o clima é mais ameno devido ao pantanal, em Julho o clima torna-se mais frio, tendo a temperatura média 19,1°C (mínimas de 13°C e máximas de 26°C). Em Janeiro é quente, a temperatura média é 26,4°C (mínimas de 22°C e máximas de 33°C), porém as temperaturas podem chegar a 40°C. Devido a massas de ar polar atlântica, em julho, as temperaturas pode chegar a 5°C. A menor temperatura feita na cidade foi de -3,5°C (1975) registrando uma forte geada e sua maior 41,8°C em 1998. As geadas são raras registrando uma a cada 5 anos. Sua precipitação é de 1370mm anuais tendo, o perido chuvoso vai de outubro a março, os demais meses o clima fica muito seco em agosto a umidade pode chegar a 10%.

FONTE: IBGE


6 de outubro
 
1856 – Aberta navegação do rio Paraguai



Deixa Buenos Aires com destino a Corumbá a escuna Leverger, a primeira embarcação dirigida a Mato Grosso, após a reabertura da navegação do rio Paraguai pelo governo da República vizinha. As informações são do cônsul brasileiro na capital Argentina ao Ministério dos Negócios Estrangeiros:

Cumprindo a ordem que V. Exa. transmitiu-me por despacho de 13 do corrente mês, a respeito da comunicação das notícias relativas ao movimento do comércio e navegação brasileiros para a província de Mato Grosso, tenho a satisfação de levar ao conhecimento de V. Exa. que consta aqui haver chegado no porto de Assunção a escuna brasileira Leverger, notícia que foi comunicada ao consignatário dessa embarcação nesta cidade, sem ser acompanhada de nenhuma informação sobre a facilidade ou dificuldade que tenha encontrado a mesma embarcação para continuar a sua navegação.


É, porém, exato ter informado o sobrecarga da dita escuna que até Vila do Pilar (setenta léguas abaixo de Assunção) sempre encontrou toda a benevolência da parte das autoridades da República, mas, também é certo que, tendo o sr. presidente Lopez suspeitado que uma casa comercial desta praça cuja firma é Machain & Irmãos, que são cidadãos paraguaios, tem uma parte no carregamento do Leverger, mandou lavrar um decreto contra o chefe dessa casa comercial declarando-o fora da lei.


Como comuniquei a V. Exa., além da escuna Leverger, se preparavam aqui outras duas embarcações denominadas Diamantina e Pedro II, que deste porto sairão para o de Albuquerque, a primeira no dia 6 e a segunda no dia 27 deste mês.


Estas três expedições comerciais são de uma importância regular, pois que, segundo um cálculo que tenho feito, e dando um desconto à exageração dos preços das faturas apresentadas neste consulado mediante as quais se organizaram os manifestos de carga, julgo que se elevaram a cifra de setenta a oitenta mil pesos fortes, a fora o valor do frete.


É de supor que estas três escunas sejam os navios que tenham de inaugurar a nevegação fluvial para a província de Mato Grosso, e por este motivo eu sinto um verdadeiro prazer pela glória que me cabe de haver sido a primeira autoridade brasileira que despachou navios para aquele destino, glória que me foi proporcionada pelas estipulações do tratado de 6 de abril deste ano, negociado pelos plenipotenciários do Brasil e do Paraguai.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses(2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973página 191

FOTO: Porto de Corumbá no início do século XX. 



6 de outubro

1862 - Autorizada construção do novo prédio da alfândega de Corumbá

O Ministério da Fazenda do Império libera 20:000$ destinados ao início da construção de prédio para a alfândega de Corumbá, antiga reivindicação do governo da província e do comércio daquela cidade. A boa nova vem na seguinte comunicação oficial ao presidente da província de Mato Grosso:

"À presidência de Mato Grosso, declarar que, em vista do seu parecer n° 13 de 14 de maio último, fica autorizada para construir o novo edifício da alfândega da mesma localidade em que se acha, isto é, na antiga povoação de Albuquerque, hoje mais conhecida pelo nome de Corumbá.

E, atendendo este ministério ao movimento atual do comércio direto da província, e mesmo do futuro próspero que geralmente se lhe augura, entendendo não convir desde já levar-se a efeito uma obra grandiosa como qualquer das orçadas em 273:498$, 180:000$, ou mesmo a de 100:000$, e por isso fica por enquanto adotado o projeto de construção apresentado pela última presidência e planejado pelo engenheiro Lobo d'Essa, cuja planta e orçamento, na importância de 49:580$, ora se remetem para que mande executar a obra por meio de contrato, com as garantias e fiscalização do estilo, se aparecer para isso pretendente, ou por administração no caso contrário.

Nesta data é autorizada a tesouraria da fazenda da província a despender com o começo da dita obra no corrente exercício a quantia de 20:000$".

FONTE: Correio Mercantil (RJ), 29 de outubro de 1862.






sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

8 de maio

8 de maio


1867 - Guerra do Paraguai: começa a retirada da Laguna

A retirada da Laguna, composição de Álvaro Marins


Encurralado e fustigado pela forte cavalaria inimiga, com insuficiência de munição, falta de víveres e tendo como justificativa, retroceder à fronteira para "aguardar algumas probabilidades de nos abastecer e gozar de pequeno repouso", a força brasileira de ocupação ao norte do Paraguai, inicia em 8 de maio de 1867, a célebre retirada da fazenda Laguna, ocupada em 6 de maio. O episódio foi descrito pelo tenente Taunay, escriba da expedição e seu mais ilustrado protagonista:

Quando no dia seguinte, o sol se levantou (era um dia dos mais serenos) já estávamos em ordem de marcha com as mulas carregadas, os bois de carro nas cangas e tudo quanto restava do gado encostado ao flanco dos batalhões, de modo a seguir todos os movimentos da coluna.


Às sete da manhã, o corpo de caçadores desmontados, a quem competia o turno da vanguarda, abriu a marcha, tendo a seguir bagagens e carretas, circunstância que nos impediu de transpor facilmente um riacho avolumado pelas chuvas dos dias antecedentes. (...)


Avançávamos em boa ordem quando subitamente viva fuzilaria se fez ouvir: era a nossa vanguarda que renteando um capão de mato fora atacada por uma partida de infantaria, ali emboscada. Tinham algumas balas vindo cair por cima das fileiras num grupo de mulheres que marchavam tranquilamente ao lado dos soldados; tal algazarra provocaram que não sabíamos o que poderia ter sucedido. Pouco durou este terrível tumulto; investindo resolutamente com o inimigo, nossa gente o desalojou impelindo-o até o primeiro declive do planalto, onde estava a fazenda da Laguna. Mas ali formaram-se os paraguaios, novamente resistindo algum tempo, achegando-se logo depois, passo a passo, dos cavalos; afinal enquanto alguns, já montados, disparavam a todo dar de réguas, outros fingiam resistir para proteger os camaradas que fugiam a bom fugir, inteiramente derrotados.


Os combates duraram praticamente o dia inteiro, com baixas nos dois lados, conseguindo as tropas de Camisão mover-se penosamente até às margens do Apa-Mi, onde acamparam ao entardecer:


Caíra a noite, profundamente escura. Estávamos estrompados de cansaço, a vista escura e o espírito abalado por tantas e tão variadas impressões cujas imagens acabavam por se confundir. Não houve quem armasse tenda ou barraca. Dormimos em grupos, formados quase ao acaso, de três, quatro ou mais, conchegados uns aos outros, cobertos em comum por capotes, ponchos, mantas, com quanto encontráramos; cada qual com o fuzil, o revólver ou a espada ao alcance da mão e o chapéu desabado sobre os olhos, para se resguardar do orvalho, tão copioso que tudo encharcava.




FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 71.


8 de maio

1873 - Estabelecidos os limites do município de Corumbá

Pela resolução n° 2 do presidente da província, José Miranda da Silve Reis, são estabelecidos os limites do município de Corumbá:

"Art. 1° - A divisa da freguesia de Santo Antonio do Rio Abaixo com a de Corumbá será o rio São Lourenço acima, desde a sua confluência com o rio Cuiabá até a embocadura do rio Piquiri, daí por este acima até onde nele deságua o rio Correntes.

Art. 2° - A divisa da freguesia com a Herculânia, novamente criada, será a linha tirada da confluência dos rios Correntes e Piquiri, que cortando o rio Taquari vá até às cabeceiras do rio Capivari; e com a freguesia de Miranda pelo Capivari abaixo até este desaguar no rio Mondego, e por este abaixo até sua embocadura no rio Paraguai.

Art. 3° - Também fará parte da freguesia de Corumbá todo o território da extinta freguesia de Albuquerque e bem assim a ilha forma pelos rios S. Lourenço o braço denominado Cracará".

FONTE: Coleção das leis da província de Mato Grosso, 1835 a 1912, página 6.


8 de maio

1910 - Iniciadas obras o hospital de caridade deCorumbá

Criada em 8 de novembro de 1903, iniciam-se as obras de construção do hospital de caridade de Corumbá, uma iniciativa da sociedade local, saudada pela imprensa da cidade:

"Realiza-se no dia 8 de maio próximo, no respectivo local, o início das obras do Hospital de Caridade desta cidade, sendo amplamente festejado esse auspicioso acontecimento. 

A festa será presidida pelo nosso distinto amigo tenente-coronel Américo Augusto Caldas, presidente da Sociedade de Beneficência Corumbaense, sendo para ela convidados os representantes de todas as classes nacionais e estrangeiras de Corumbá.

Essa data, que já é gloriosa para o Brasil, vai-se tornar mais cara aos corumbaenses, porque será doravante o marco que há de registrar a consecução de uma de suas mais nobres aspirações.

Aos esforços da Sociedade de Beneficência Corumbaense, cujo estado financeiro é dos mais prósperos, pois possui um pecúlio de 56.000$000, devemos, fato de tanta relevância, qual o início das importantes obras da bela casa de caridade".

FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 30 de abril de 1910.

 


sábado, 19 de fevereiro de 2011

6 de junho

6 de junho


1886Impressões de Campo Grande




Vila de Campo Grande, rua 13 de Maio no início do século passado

Relato escrito pelo fazendeiro João Vieira Honório de Almeida, mostra o povoado de Campo Grande na penúltima década do século XIX:

Campo Grande, 6 de Junho de 1886. Hoje desenganei-me de que não podemos ser moradores no Campo Grande; não achei fazenda que me satisfizesse; as melhores já estão tomadas; as que nos informaram lá não nos servem. O que achei bom é para se ter um negocinho cá, por essa razão é que me esforcei por achar campanhas. A população deste distrito que é o 3º de Miranda é de 7 mil almas; é com efeito um campo grande; é uma povoação rica, muitos carros a trançam; muitos cavaleiros para baixo e para cima, mulheres em cilhão nos domingos e dias de serviço, todos em trajes próprios; duas grandes olarias bem montadas, grande influência em geral nos povos para construírem casas boas; há negociozinhos que resumindo o que eles têm não dá para um sortimento pequeno e é por essa razão que vem mascates em carroças paraguaias, como aqui encontrei um que trazia uma carroça carregada de faturas vendeu a gado no prazo de 3 meses e foi até o Jataí... um negociante aqui com um sortimento de tudo, faz grande interesse recebendo em gado e depois tocando para o Paraguai... O Lázaro Borges, um velho bom e homem honrado tem um engenho de serra que acabou de aprontar depois que aqui cheguei, obra esta magnífica, cousa muito boa; há 2 ferreiros bons, em serviço; mas está uma povoação florescente e animada; já há algumas pequenas intriguinhas mas isto é tão natural de Humanidade que parece mesmo ser preciso para distinguir os bons dos ruins; os fazendeiros aqui não podem criar bois, desde um ano de idade muitos compradores para os mesmos e vendem desta idade de 4$ a 16$; os negociantes só aceitam a 10$ com o que ganham muito dinheiro com esta especulação; terrenos os mais aprazíveis que os meus olhos têm visto, as crianças, os moços, as moças, as mulheres, os homens são todos corados e animados, em uma palavra, não esperava encontrar esta animação do (no?) pessoal; porém, o que me aconteceu de não achar fazenda está acontecendo a muitos que estão seguindo para adiante e são tantos que é difícil enumerar, e estão povoando da mesma forma que aqui, os Dourados, já tem gentes fazendo morada em Santa Maria, Passa Cinco e outros lugares que dizem todos em geral que tão bons não pode haver em mundo nem um. Eu, informado pelo tenente José Ribeiro de Oliveira vou em direitura para a lagoa rica ou de São Domingos que é especial (superior) a todos os lugares, esta lagoa parece beira mar de grande e bonita, propriedades como nem uma vi nem pode haver tanto assim que vou destinado a tal lugar sem menor receio de arrepender... 


O acontecimento mais importante de Campo Grande em 1886 foi a primeira visita do bispo de Cuiabá ao vilarejo, cuja chegada deu-se a 28 de setembro.

FONTE: Revista Folha da Serra (Campo Grande), 26/08/1936.


6 de junho

1889 - Cogitada mudança da capital de Cuiabá para Corumbá




Notícia publicada em jornal oposicionista de Cuiabá, dá conta de cogitação do governo em mudar a capital de Cuiabá para Corumbá. A pretensão, não desmentida, teria sido do penúltimo presidente da província, Souza Bandeira:



Os rumores não prosperaram, até porque o governante foi, em seguida substituído, mas a ideia de mudança, que, mais tarde se juntaria ao separatismo, ganhou força. A princípio a cidade indicada para sediar a capital da província foi Corumbá, já no regime republicano, Aquidauana e Campo Grande dominaram a preferência, sendo, finalmente, a partir de 1930, Campo Grande, com a consolidação do transporte ferroviário, a cidade sulista a disputar o direito de tornar-se a capital do Estado.


FONTE: Jornal A Gazeta (Cuiabá), 6 de junho de 1889.






terça-feira, 1 de março de 2011

6 de julho

6 de julho


1906Morto o presidente Totó Paes


Procedente de Corumbá, à frente de cerca de 2000 homens, Generoso Ponce toma Cuiabá e põe o governador Antonio Paes de Barros em fuga, refugiando-se com alguns companheiros nas proximidades da fábrica de pólvora no Coxipó.

 
Coronel Totó Paes
Pela madrugada de 6 de julho, sitiam o reduto onde lobrigaram indícios de acampamento suspeito.


Gisam meio de prender, ao clarear do dia, os seus ocupantes, sem que pudesse nenhum escapar. Antes de completar as providências, o disparo de um tiro imprudentemente desfechado do interior do capão, provocou a descarga cerrada dos atacantes e a dispersão da comitiva presidencial. Cada qual procurou-se sumir-se pelas sombras protetoras das árvores, evitando os lados de onde vinha a fuzilaria ameaçadora. Como os seus companheiros A. Paes também se levantou para tentar a evasão. Mas, desnorteado, saiu por uma clareira, onde se destacou o vulto para as pontarias fulminantes.

Antes que alcançasse a mata fronteira baqueou, mortalmente ferido, conforme noticiou o ofício que o vice-presidente em exercício mandou, por cópia ao General Dantas Barreto."

Totó Paes chegou ao poder em 1899, após o racha entre Generoso Ponce e os irmãos Murtinhos, com apoio destes. No Sul de Mato Grosso seu principal inimigo foi o cel. Jango Mascarenhas, de Nioaque. Na região, durante seu mandato, depois da morte de Jango e da submissão de grupos de oposição, o seu governo foi razoavelmente tranquilo.



FONTE: Virgílio Correa Filho, A República em Mato Grosso (II) in Revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1935, página 59.


6 de julho

1915 - Morre Marcelino Pires, um dos pioneiros de Dourados 





Natural de Jataizinho, no Paraná, onde nasceu em 18 de outubro de 1859, faleceu em Dourados, Marcelino Pires Martins, um dos pioneiros de Dourados. Em Mato Grosso desde a penúltima década do século XIX, casou-se em 1886, com Eulália Ferreira Garcia, na fazenda Passatempo, (hoje município de Rio Brilhante). Em Dourados desde 1903, tomou posse de grande área de terras, denominada Fazenda Alvorada. A área onde foi implantada a cidade é parte dessa fazenda e posses de Joaquim Teixeira Alves.

Marcelino Pires participou ativamente de todas as atividades políticas do povoado, até sua transformação em distrito, ocorrida cinco meses antes de sua morte.

A avenida principal e mais antiga de Dourados tem o seu nome.


FONTE: Rozemar Mattos Souza, Dourados, seus pioneiros, sua história, Centro Cívico, Histórico e Cultural 20 de Dezembro, Dourados, 2003, página 237.


6 de julho

2006 - Morre o ex-governador Dante de Oliveira, deputado das diretas

Morre em Cuiabá, o ex-governador Dante de Oliveira, autor da emenda das Diretas Já! Sua bem sucedida carreira política é condensada nos seguintes fatos:

"Dante Martins de Oliveira nasceu em Cuiabá em 6 de fevereiro de 1952, filho de Sebastião de Oliveira e de Maria Benedita Martins de Oliveira. Seu pai foi deputado estadual eleito na legenda da União Democrática Nacional (UDN).

No início dos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro e cursou engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passando a integrar a organização de oposi-ção Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que pregava a resistência armada ao movimento político-militar que derrubara o presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

Em 1976 concluiu o curso na UFRJ e, retornando à cidade natal, candidatou-se a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, não conseguindo, contudo, se eleger. No ano seguinte, passou a ocupar a secretaria geral do MDB mato-grossense. Em 15 de novembro de 1978, foi eleito deputado estadual, vindo a assumir o mandato em fevereiro de 1979.

Com a extinção do bipartidarismo (29/11/1979) e a conseqüente reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), originário do MDB.

Em 1982, deixou formalmente de integrar o MR-8, em virtude de divergências políticas, e, em novembro, concorreu a deputado federal. Eleito com a segunda votação do partido, assumiu o mandato em 1º de fevereiro de 1983, vindo a integrar como titular a Comissão do Interior e como suplente a Comissão da Agricultura e Política Rural.

O movimento das Diretas Já

O fim do bipartidarismo e do pleito indireto para governador e senador marcou o início do processo de redemocratização. No entanto, a abertura lenta e gradual, conduzida pelos governos militares, não incluiu a modificação do artigo da Constituição de 1967 que instituía a via indireta para a eleição do presidente, demais cargos executivos e 1/3 do Senado. Assim, no início da sessão legislativa, em fevereiro de 1983, apresentou projeto de emenda constitucional, que se tornaria conhecida como emenda Dante de Oliveira, propondo o restabelecimento da eleição direta em todos os níveis e marcando para 15 de novembro de 1984 a eleição para presidente.

Em abril de 1983, o diretório nacional do PMDB deliberou promover uma campanha nacional em prol da realização de eleições diretas para a presidência. Dois meses depois, o ministro das Minas e Energia, César Cals, propôs a reeleição do presidente João Figueiredo. Descartou-se, contudo, a hipótese da reeleição, propondo-se em seguida a candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza, pelo Partido Democrático Social (PDS). Simultaneamente, a campanha oposicionista começava a ampliar-se. Governadores do PMDB divulgaram uma declaração conjunta em que pediam ao Congresso eleições diretas para a presidência. No fim de novembro, realizou-se em São Paulo, patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a primeira manifestação popular em favor dessa reivindicação, que reuniu cerca de dez mil pessoas.

Em 10 de janeiro de 1984, a comissão executiva do PDS repeliu oficialmente a proposta de restabelecimento das eleições diretas, reafirmando a “legitimidade do Colégio Eleitoral”. Dois dias depois, foi realizado o primeiro comício pró-diretas, no centro de Curitiba, no local conhecido como Boca Maldita, reunindo cerca de 30 mil manifestantes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em seguida, foram realizados comícios, passeatas e manifestações menores em Porto Alegre, Camboriú (SC), Vitória, Salvador, João Pessoa e Fortaleza. Em 25 de janeiro, o comício da praça da Sé, em São Paulo, reuniu cerca de trezentas mil pessoas e mostrou o apelo popular da emenda.

As manifestações multiplicaram-se por todo o país. Belo Horizonte promoveu em fevereiro ato chamado Grito dos Mineiros, com cerca de trezentas mil pessoas. Em 14 de março, foi criado o comitê suprapartidário pelas diretas, reunindo integrantes dos partidos de oposição, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades, firmando-se um acordo de negociação e entendimento pelas Diretas Já. No dia 21, o comitê suprapartidário pelas diretas promoveu uma passeata no Rio de Janeiro com 150 mil pessoas. Diante da pressão popular, em 31 de março o presidente Figueiredo divulgou comunicado oficial em rede nacional de televisão, reafirmando que o novo presidente seria escolhido por via indireta.

Aproximando-se a data prevista para a votação da emenda, em abril assistiu-se ao crescimento da campanha pelas diretas. Realizaram-se comícios em Recife e Natal e, no dia 10, uma manifestação no Rio de Janeiro reuniu cerca de um milhão de participantes. No dia 16 do mesmo mês, 1,7 milhão de pessoas compareceram ao comício pró-diretas no vale do Anhangabaú, em São Paulo, transformando-o na maior manifestação popular da história do país. Nesse mesmo dia, o Executivo enviou ao Congresso o projeto de emenda constitucional Leitão de Abreu, alternativo ao de Dante, propondo, entre outros pontos, a eleição direta para presidente em 1988 e a redução para quatro anos do mandato do candidato vencedor no Colégio Eleitoral, que se reuniria em janeiro de 1985. Em seguida, foram decretadas medidas de emergência em Brasília, Goiânia e mais nove municípios de Goiás. Também limitou-se o direito de reunião e as emissoras de rádio e televisão foram proibidas de divulgar os votos do parlamentares na votação da emenda.

Na véspera da votação, as principais cidades assistiram a “panelaços” (manifestações acompanhadas por panelas sendo batidas) a favor das Diretas Já.

A emenda foi derrotada em 25 de abril, em razão de não ter atingido o quórum para que fosse enviada à apreciação do Senado. Contaram-se 298 votos a favor, 65 contra e três abstenções e deixaram de comparecer à sessão 112 deputados.

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Dante votou no candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito presidente pela Aliança Democrática, união do PMDB com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal, que derrotou o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Tancredo não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Após a posse de Sarney, Dante defendeu a legitimidade do governo do presidente eleito e declarou-se contrário à proposta de realização de eleição direta em 1986, com a eleição para a Assembléia Nacional Constituinte. Durante os trabalhos legislativos, manifestou-se favorável ao reatamento das relações diplomáticas do Brasil com Cuba e à reforma agrária.

Em junho de 1985 licenciou-se para dedicar-se à campanha para a prefeitura de Cuiabá, tendo sido substituído pelo primeiro suplente, Paulo Nogueira. No mês seguinte sua candidatura foi homologada pela convenção do PMDB, em detrimento das pretensões do deputado estadual Rodrigues Palma. Em novembro, foi eleito com 60% dos votos válidos.

Em dezembro, ao receber no Rio de Janeiro o título de cidadão fluminense, voltou a declarar-se contrário à eleição presidencial direta em 1986, argumentando que prejudicaria os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, que seria empossada em fevereiro de 1987.

Empossado em janeiro de 1986, conclamou os vereadores de todos os partidos para que colaborassem com seu governo, pois a prefeitura estava com os salários do funcionalismo atrasados e era devedora do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

Quando da reforma ministerial, em fevereiro de 1986, iniciaram-se no PMDB discussões em torno da duração do mandato de Sarney. Declarou que a solução dependeria “do desempenho da nova equipe ministerial durante o ano de 1986 e da redução das taxas de inflação”. Defendeu, também, que o mandato de Sarney deveria ser fixado pela Constituinte, manifestando-se contrário à tese da manutenção dos seis anos, como estabelecia a Constituição de 1967.

No Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário

Em maio de 1986, foi convidado pelo presidente José Sarney e aceitou assumir o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, em substituição a Nélson Ribeiro. Ao ser empossado, afirmou a disposição para o debate com os setores ligados à questão fundiária, com exceção da União Democrática Ruralista (UDR), criada por fazendeiros e que adotara “atitudes afrontosas contra o governo e contra o presidente José Sarney”. Afirmou também que o momento era de ação e de prática e que estava incumbido de implantar a reforma agrária com urgência e sem violência, dentro da lei.

O primeiro problema foi a escolha do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo indicado o gaúcho Rubens Ilgenfritz.

Em outubro de 1986, foi interpelado judicialmente no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Associação dos Magistrados do Brasil e mais 13 juízes federais de São Paulo, para que explicasse declarações à imprensa responsabilizando a Justiça de primeira instância pelo atraso na execução do Plano Nacional de Reforma Agrária. Ainda nesse mês, reconheceu a existência de corrupção no INCRA e anunciou a divulgação de resultados de investigações de comissões de inquérito, até o fim do ano. Em novembro, defendeu a redução do mandato do presidente, ressalvando que esse assunto deveria ser amplamente discutido entre a liderança da Aliança Democrática e Sarney, antes de se levar uma proposta à Assembléia Nacional Constituinte. Defendeu também a realização de eleições exclusivas para presidente, sendo contrário à convocação do pleito para 1988, com as eleições para prefeitos.

No mês seguinte, foi iniciada uma crise envolvendo dirigentes do INCRA e o porta-voz da presidência, Fernando César Mesquita, que divulgara na imprensa denúncia de corrupção no órgão. Em 15 de dezembro, apresentou seu pedido de demissão do ministério, o que não foi aceito, tendo-se solucionado a crise com o afastamento do porta-voz.

Em março de 1987, na reunião da Executiva do PMDB, propôs a realização de um plebiscito interno para consultar as bases sobre a duração do mandato de Sarney e declarou a improbidade dos seis anos: “O atual governo sempre teve caráter de transitoriedade. Assim sendo, a Constituinte deveria fixar um mandato menor para o presidente ou até mesmo concluir pela convocação de diretas já ainda este ano, sem que isso se caracterize, como afirmam alguns, um golpe legislativo. Golpe é o mandato de seis anos.”

A defesa da duração de quatro anos para o mandato presidencial e a dificuldade de gerir o programa de reforma agrária culminaram, em 21 de maio, na saída do ministério. O pronunciamento feito por Sarney dias antes foi o estopim para o pedido de demissão. No discurso, o presidente estabeleceu seu mandato em cinco anos e exigiu que seus subordinados acatassem essa decisão. Ao deixar o cargo, Dante afirmou que não mais participaria da base de Sarney e que “o presidente atropelou a Assembléia Nacional Constituinte em sua soberania”.

No balanço de sua atuação no ministério, verificou-se que algumas das metas não foram cumpridas. Assentou apenas 23 mil famílias dentro da meta de 450 mil, fixada para 1986-1987. Em compensação, desapropriou 88 áreas para fins de reforma agrária — cerca de dois milhões de hectares —, enquanto todos os governos anteriores haviam desapropriado apenas 42. Durante a sua gestão, foram criadas oito varas de Justiça agrária. A pasta da Reforma Agrária foi ocupada pelo político pernambucano Marcos Freire.

Onze dias depois de pedir demissão, Dante de Oliveira reassumiu o mandato de prefeito de Cuiabá, com uma festa que reuniu os senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, o deputado catarinense Luís Henrique, líder do PMDB na Câmara, e parlamentares de diversos estados. No exercício do cargo, enfrentou uma grave crise financeira, com salários dos funcionários atrasados e mais de 90% da receita comprometidos com a folha de pagamento.
Em janeiro de 1988, em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, manifestou-se a favor da realização de eleições presidenciais ainda naquele ano e voltou a defender a duração de quatro anos para o mandato presidencial. No fim do ano, atribuiu o mau desempenho do PMDB nas eleições municipais à “ambigüidade ideológica” do partido com relação ao governo Sarney e defendeu o confronto entre a esquerda e a direita do partido, na convenção que se realizaria em março de 1989.
Nas eleições presidenciais de 1989, combateu a proposta do deputado Ulisses Guimarães (PMDB) de formar uma frente contra os candidatos Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e defendeu o lançamento de candidato próprio do PMDB. Em fevereiro de 1990, desligou-se do PMDB e ingressou no PDT.
Em outubro de 1990, concorreu à Câmara pela coligação Frente Popular (PDT, PMDB, PT, Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tendo sido o mais votado do estado, com 49.889 votos. Não conseguiu ser empossado, entretanto, pois a coligação não atingira o quociente eleitoral de 90 mil votos. Impetrou recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o mandato, não obtendo sucesso.
Em outubro de 1992, foi eleito novamente prefeito de Cuiabá, com 68,2% dos votos válidos. Tomou posse em janeiro de 1993. No primeiro ano, conseguiu regularizar o pagamento dos salários do funcionalismo, atrasados quando assumiu o mandato, e negociou a rolagem da dívida municipal.
Governador do estado
Em maio de 1994, disputou o governo, apoiado por uma ampla aliança denominada Cidadania e Desenvolvimento, integrada pela Frente Popular Democrática, formada por PDT, PMDB, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), PCdoB, Partido Popular Socialista (PPS), PSB e PT, e pela Frentinha, integrada por Partido da Mobilização Nacional (PMN), Partido Social Cristão (PSC) e Partido Verde (PV). Embora a coligação contasse com o apoio de quatro dos candidatos à presidência — Luís Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Leonel Brizola (PDT) e Orestes Quércia (PMDB) —, declarou que pedia votos apenas para Brizola, candidato de seu partido.
Em 3 de outubro de 1994, foi eleito no primeiro turno, com 471.104 votos, cerca de 67% da votação no estado. Foi empossado em janeiro de 1995, encontrando a administração praticamente falida, somando uma dívida equivalente a mais de três anos da receita líquida e com atraso de três meses no pagamento do funcionalismo. Além disso, a folha de pagamento consumia 91% da receita estadual e fora aumentada em fins de 1994, em conseqüência da aprovação de um novo plano de cargos, carreiras e salários pelo ex-governador Júlio Campos.
Em março, suspendeu o pagamento da parte dos salários do funcionalismo que excedia a mil reais.
Em maio, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Licínio Stefani, entrou com pedido de intervenção federal no estado no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de não se ter verificado repasse ao Judiciário da quantia correspondente aos salários de juízes e servidores estaduais em março, abril e maio.
Em julho, pagou a parcela dos salários do funcionalismo com títulos, chamados pela população de “pantanetas”, que podiam ser usados para desconto no Banco do Estado de Mato Grosso, no comércio e no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em outubro, o Ministério Público Federal no estado apresentou ação de inconstitucionalidade contra esses títulos, por considerar que não havia garantia de liquidação dos débitos feitos pelo estado com o papel. No mesmo mês, o governo obteve empréstimo da Caixa Econômica Federal (CEF) para atender às necessidades financeiras.
Em novembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pediu novamente a intervenção federal no estado, porque o governador não estava repassando para o Judiciário os duodécimos referentes a setembro e outubro, em conseqüência dos cortes no orçamento de 1995. Em dezembro, o estado devia quatro meses de salários e não havia previsão de pagamento do 13º. Com um empréstimo na CEF, pagou parcelas devidas ao Judiciário.
Em julho de 1996, solicitou ao Tesouro a suspensão do pagamento da dívida estadual com a CEF por 90 dias. Ainda nesse mês, o estado recebeu recursos do Banco Mundial, a fim de financiar o ajuste da máquina pública. Em agosto, foi o primeiro governador a conseguir renegociar a dívida do estado com o governo federal, reduzindo de 46% da receita líquida para 15% o comprometimento mensal com o Tesouro e obtendo ainda uma antecipação de receita da privatização das Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat), de 38,5 milhões de reais. O ajuste foi conseguido com um corte de dez mil funcionários, a redução em 16% do custeio da máquina administrativa e a redução do déficit de 238 milhões de reais para 130 milhões de reais.
Em janeiro, firmou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o protocolo do acordo de reestruturação da dívida estadual, determinando o refinanciamento de 729 milhões de reais em 30 anos. O acordo previu a realização de um programa de ajuste que impediria a contratação de novas dívidas e a redução do débito global do estado até o equivalente à arrecadação anual. O contrato para o refinanciamento da dívida, que completou a operação, seria firmado com o ministro da Fazenda em exercício, Pedro Parente, em julho.
Ainda em janeiro de 1997, a Executiva Nacional do PDT anunciou que solicitaria a expulsão de Dante, em razão do apoio do governador à aprovação, no Congresso, do projeto de emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do executivo. Quando da votação, o governador teria pressionado a bancada federal para que votasse a favor da emenda da reeleição. Antes que fosse implementada qualquer medida punitiva, deixou a agremiação e, em abril, filiou-se ao PSDB.
Em novembro, privatizou a Cemat, com o apoio das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Disputou com sucesso a reeleição em outubro de 1998, por uma coligação formada por PSDB, PSB, PMN e PV, obtendo 53,95% dos votos válidos. Em dezembro, anunciou um amplo programa de reformas com o objetivo de ajustar as contas do estado. As medidas anunciadas teriam sido decididas a partir de um estudo do ajuste fiscal proposto pelo governo federal. Foram enviadas, ainda, ao Legislativo uma nova lei para o ICMS e uma lei complementar com alteração das alíquotas para o sistema previdenciário estadual.
Nesse novo mandato à frente do Executivo estadual, por foi substituído em três ocasiões pelo vice Márcio Lacerda, mediante licenças por ele mesmo solicitadas devido a sérios problemas de saúde, causados por diabetes e por uma diverticulite aguda. Entretanto, conseguiu completar o seu segundo mandato consecutivo como governador de Mato Grosso em 31 de dezembro de 2002.



ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Em seu último ano de mandato, o governo de Dante foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver mais de 12 milhões de reais por superfaturamento nas obras de pavimentação da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará. Conforme a decisão do TCU, os preços chegaram a ser superfaturados em até 500%.
Além disso, o processo aberto contra ele por seu envolvimento no caso Usimar – juntamente com a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do Partido da Frente Liberal (PFL) –  levou-o a tentar justificar para a grande imprensa por que ele, como governador e membro do Conselho Deliberativo da Amazônia (Condel), em dezembro de 1999 teria aprovado o financiamento no valor de 1,38 bilhão de reais, aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a empresa Usimar, de propriedade de Roseana Sarney.
O projeto da Usimar chegou a ser classificado, pelos procuradores da Justiça, como “a fábrica de autopeças mais cara do mundo”: a Audi, por exemplo, teria investido 800 milhões de reais na fábrica de automóveis situada no Paraná. Segundo Dante de Oliveira, nessa reunião que afinal aprovou o projeto de Roseana – com o voto favorável dele – teria sido uma “reunião relâmpago”. Outro argumento também utilizado por Dante consistiu em que, na mencionada reunião, não teria sido lido o parecer do Ministério da Fazenda que apontava irregularidades nesse financiamento.
Todavia, não foi descartado o fato de que o voto favorável dado ao empreendimento de Roseana Sarney, por parte de Dante de Oliveira, teria “laços de gratidão”: a família de Dante tinha negócios em sociedade com a família de Roseana (empresários Armando de Oliveira, irmão de Dante, e Fernando Sarney, irmão de Roseana). E mais do que isso: Dante devia, ainda, ao ex-presidente José Sarney, o favor da sua indicação, em 1986, para o Ministério Extraordinário da Reforma Agrária.
Nos bastidores dessa história política, há informações de que o então presidente Sarney teria convidado Dante para o tal ministério como solução do tipo “válvula de escape”: para que o PMDB pudesse livrar Dante, pelo menos temporariamente, da desastrada administração que vinha realizando como prefeito de Cuiabá. Segundo a imprensa local, essa estratégia adotada teria dado certo: Dante acabou ficando pouco mais de um ano no ministério. Nesse período, a prefeitura de Cuiabá foi assumida pelo vice, coronel José Meireles, e parte dos problemas financeiros então existentes foram até sanados. Assim, portanto, Dante não interessava mais ao governo do presidente Sarney, mas foi substituído por ter sido incompetente no desempenho do cargo – segundo afirmações do ex-deputado Osvaldo Sobrinho, adversário de Dante na campanha ao governo estadual em 1994.
Nas eleições realizadas em outubro de 2002, o ex-governador acabou recebendo a sua primeira “condenação”: foi rejeitado pelo povo nas urnas, fracassando em sua tentativa de tentar uma vaga no Senado Federal na legenda do PSDB.
Em um dos últimos capítulos de sua carreira política, Dante chegou a sofrer a acusação de que o "comendador" João Arcanjo Ribeiro – preso em Cuiabá após ser condenado por liderar o crime organizado em Mato Grosso – bancara sua campanha à reeleição nas eleições de outubro de 1998, na qual havia conquistado o seu primeiro mandato à frente do governo estadual. O autor da acusação, efetuada em depoimento à Justiça Federal em 2003 e sempre negada por Dante, foi o ex-gerente Arcanjo Nilson Teixeira.
Dante ainda chegou a lançar uma nova candidatura a deputado federal, pelo PSDB, nas eleições programadas para outubro de 2006, porém veio a falecer em Cuiabá, ainda em plena campanha, em decorrência de uma infecção generalizada no dia 6 de julho de 2006, aos 54 anos de idade.
Era casado com Telma Pimentel Figueiredo de Oliveira, por ele nomeada secretária de Promoção Social durante sua primeira gestão à frente da prefeitura de Cuiabá (de 1985 a 1988) e, posteriormente, deputada federal por Mato Grosso na legenda do PSDB – eleita, pela primeira vez, em outubro de 2002, para a legislatura 2003-2007, e  reeleita em outubro de 2006, para a legislatura 2007-2011".


FONTE: Cristiane Jalles, Maria Letícia Correia e Arnaldo Marques, Dante Martins de Oliveira, Dante Martins de Oliveira, CPDOC/FGV.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

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