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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

26 de abril

26 de abril

1892 – Golpe militar: Jango Mascarenhas organiza resistência

Prefeitura de Nioaque, fotografia do início do século passado

O líder sulista, João Ferreira Mascarenhas, promove reunião na Fazenda Estância, de Atanásio de Almeida Melo, no município de Nioaque para falar do golpe contra o presidente Manoel Murtinho, em Cuiabá e organizar a resistência ao coronel Barbosa que, a partir de Corumbá, na condição de comandante militar do Estado, chefiava o movimento rebelde, inspirado na posição política do general Antonio Maria Coelho, solidário ao marechal Deodoro, presidente deposto e, consequentemente, em oposição ao vice-presidente Floriano Peixoto, que assumiu o governo, com poderes ditatoriais em 23 de novembro de 1891.

Miguel Palermo, seguidor de Jango e seu colaborador registrou: 
 
“...as ideias manifestadas por Mascarenhas triunfaram, tendo-se disposto juntar o povo, restabelecer a legalidade e obstacular todos os atos do coronel Barbosa e seus adeptos na comarca, respondendo assim, em concordância com os movimentos da capital estadual.
Formou-se uma comissão especial, composta dos cidadãos João Ferreira Mascarenhas, Atanásio de Almeida Melo, Antônio Vicente de Azambuja, Joaquim Augusto de Oliveira César e Eduardo Peixoto Freire Geraldes, os quais firmaram um manifesto que, circulando de casa em casa e de morador em morador, com a máxima celeridade, cativou em pouco tempo os corações patriotas do município"


Na circular Jango Mascarenhas proclamava:

"Tenho compreendido que chegou o momento de poder demonstrar à Nação inteira os elementos valiosos com os quais contamos neste torrão do Estado, a nossa índole, a nossa vontade e o nosso amor à Pátria - e certamente um grande sacrifício, mas devemos juntar-nos para que os inimigos da ordem e da tranquilidade pública conheçam o próprio dever e respeitem a soberania popular, ultrajada por poucos ambiciosos, sustentados por um coronel insubordinado e rebelde ao governo federal e por oficiais indisciplinados que diariamente mancham a farda que deveriam manter impoluta".

O exército popular, organizado por Jango Mascarenhas, ocupou Miranda, tomou o quartéis do exército de Nioaque e Ponta Porã e assumiu o controle no Sul do Estado, assegurando o sucesso do contragolpe na região e contribuindo decisivamente com o restabelecimento da ordem constitucional no Estado, sob o comando de Generoso Ponce. Manoel Murtinho reassume o governo e Jango Mascarenhas consolida sua liderança política no Sul do Estado, voltando à Intendência de Nioaque".



FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 50.


26 de abril 

1892 - Confirmada república de Mato Grosso



Crescem os rumores da proclamação da República Transatlântica de Mato Grosso, feita por militares de Corumbá, resultante da golpe militar de 1892, que destituiu o governador Manoel Murtinho. O Jornal do Commercio, do Rio, transcreve notícia de jornal La Prensa da Argentina, desta data com o seguinte teor:

"O Rápido, que entrou no porto de Assunção as 7 horas da manhã de hoje, foi portador das mais graves do estado brasileiro de Mato Grosso.

Este paquete brasileiro havia saído há poucos dias deste porto em sua carreira ordinária até Corumbá. Chegando à vila Conceição encontrou-se o seu comandante com oito oficiais da armada brasileira, que o informaram de que vieram a bordo do vaporzinho Rio Verde até este porto, por terem resolvido não aderir à revolução. Estes oficiais chegaram hoje a Assunção a bordo do Rápido.

Estivemos esta tarde com o general Ewbank, nomeado presidente de Mato Grosso, em cuja presença deram-nos aqueles oficiais as notícias que transmitimos a nossos leitores.

Já se conhecia a decisão do povo de Corumbá de impedir que o general Ewbank tomasse posse da presidência, e que o coronel João da Silva Barbosa havia sido eleito para encarregar-se provisoriamente da direção dos negócios militares.

Posteriormente operou-se o regresso do general Ewbank a Assunção, do que também se teve oportunamente, conhecimento nesta capital.

O exército e a armada fazendo causa comum com o povo, depois de se recusarem a receber o general Ewbank, declararam-se agora nação independente, separando-se completamente da União Federal do Brasil.

O coronel Barbosa assumiu o comando do exército e da armada. Esta compõe-se do monitor Piauhy e das canhoneiras Fernandes Vieira e Iniciadora, sob as ordens imediatas do capitão-tenente Francisco Vieira que achava-se há pouco em Assunção.

Tanto a armada como o exército estão animadíssimos e dispostos a repelir qualquer força mandada pelo governo do Rio de Janeiro.

Mato Grosso constitui-se em República unitária e indivisível, adotando para sua bandeira as cores branca, azul e verde e uma estrela amarela. O Rio Verde já trazia esta nova bandeira.

Observa-se grande vigilância pelos navios do capitão Vieira, desde o rio Apa.

O arsenal de Ladário foi tomado pelo revolução.

O Diamantino estava disposto a seguir viagem hoje mesmo para Montevideo, levando os oito oficiais que transmitiram pelo telégrafo uruguaio estas notícias para o Rio de Janeiro.

O general prolongará a sua permanência em Assunção a espera dos resultados".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 5 de maio de 1892.



26 de abril

1913 - Campo Grande tem sua primeira lei ecológica





Entra em vigor lei de iniciativa do vereador Amando de Oliveira que considera de utilidade pública terrenos que contenham matas e todas as aguadas e fontes que ainda se encontrem em terras devolutas. É intendente (prefeito) do município o sr. José Santiago.

FONTE: Edna Antonelli (coordenadora) 100 anos do Legislativo de Campo Grande, Prefeitura/Camara Municipal de Campo Grande, 2005, página 13.

26 de abril

1913 - Greve de ferroviários em Aquidauana. 

Reclamando atraso em seus pagamentos, ferroviários de Aquidauana, entram em greve, segundo toda publicada em jornal de Cuiabá:

"O pessoal da Noroeste declarou-se em greve hoje, não concorrendo ao serviço por falta de pagamento de seis meses de salários atrasados.

Os grevistas, em atitude pacífica, reclamam além dos salários atrasados, redução das horas de trabalho e morada gratuita nas casas construídas pela empresa.

Não correu trem de passageiros para Miranda.

Os grevistas tem tratado com toda deferência o engenheiro chefe, repelindo, porém, tentativas de conciliação, declarando só voltarem ao serviço depois de pagos os seis meses atrasados.

São gerais as simpatias aos grevistas, diante de sua justa e ordeira conduta". 

Apesar de justa e ordeira, por parte dos trabalhadores, houve extremada reação do comandante militar de Aquidauana ao movimento, conforme delata telegrama do advogado dos grevistas, Ries Coelho, em telegrama enviado ao jornal O Matto-Grosso, de Cuiabá:

"Por haverem recorrido ao meu patrocínio, requeri habeas-corpus a grande número de trabalhadores da Noroeste, violentamente presos na estação por não quererem trabalhar, logo após a chegada do trem de Miranda, pelo major Martins Pereira à frente da força do Exército, armada e embalada. Fui ameaçado mesmo pelo major em altas vozes, em frente ao hotel, perante muitos cidadãos, que já deram atestado por escrito, de que serei o primeiro a tomar bala, caso se der qualquer perturbação da ordem, aliás até agora não alterada, apesar das provocações.

Estão presos no quartel do Exército diversos trabalhadores, parecendo que não há autoridades civis ou que isto aqui é praça de guerra".


FONTE: O Matto-Grosso, Cuiabá, 5 de maio de 1913.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

8 de abril

8 de abril

1719 – Fundação de Cuiabá



Monumento a Pascoal Moreira Cabral em Cuiabá

É oficialmente fundada a cidade de Cuiabá, atual capital do estado de Mato GrossoTermo firmado nessa data pelo bandeirante paulista, Pascoal Moreira Cabral e seus comandados dá notícia do descobrimento de ouro no Coxipó e do surgimento do arraial:

Aos oito dias do mês de abril de mil setecentos e dezenove anos, neste arraial de Cuiabá, fez junta o capitão-mor Pascoal Moreira Cabral com seus companheiros e lhes requereu a eles este termo de certidão para a notícia do descobrimento novo que achamos no rio Coxipó, invocação de Nossa Senhora da Penha de França, depois que foi o nosso enviado, o capitão Antônio Antunes, com as amostras que levou do ouro ao Senhor General com a petição do dito capitão-mor, fez a primeira entrada onde assistiu um dia e achou pinta de um vintém, de dois e de quatro vinténs e meia pataca, e a mesma pinta fez na segunda entrada, em que assistiu sete dias, e todos os seus companheiros, às suas custas, com grandes perdas e riscos, em serviço de sua Real Majestade e como de feito tem perdido oito homens, fora negros, e para que todo o tempo vá isto a notícia de Sua Real Majestade e seus governos para não perderem seus direitos e por assim ser verdade nós assinamos neste termo, o qual eu passei e fielmente a fé do meu ofício como escrivão deste arraial. Pascoal Moreira Cabral, Simão Rodrigues Moreira, Manoel dos Santos Coimbra, Manoel Garcia Velho, Baltazar Ribeiro Navarro, Manoel Pedroso Louzano, João de Anhaia de Lemos, Francisco de Siqueira, Ascenso Fernandes, Diogo Domingos, Manoel Ferreira, Antonio Ribeiro, Alberto Velho Moreira, João Moreira, Manoel Ferreira de Mendonça, Antonio Garcia Velho, Pedro de Góes, José Fernandes, Antonio Moreira, Ignácio Pedroso, Manoel Rodrigues Moreira, José da Silva Paes.

 
No mesmo dia, mês e ano atrás nomeados, elegeu o povo em voz alta o capitão-mór Pascoal Moreira Cabral por seu guarda-mór regente até a ordem do Senhor General para poder guardar todos os ribeiros de ouro, socavar, examinar, fazer composições com os mineiros e botar bandeiras, tanto aurinas como aos inimigos bárbaros, e visto elegerem ao dito lhe acatarão o respeito que poderá tirar autos contra aqueles que forem régulos, como é amotinador e aleves, que expulsará e perderá todos os seus direitos e mandará pagar dívidas e que nenhum se recolherá até que venha o nosso enviado, o capitão Antônio Antunes, o que todos levamos a bem hoje, 8 de abril de 1719 anos, e eu Manoel dos Santos Coimbra, escrivão do arraial, que o escrevi. – Pascoal Moreira Cabral.


A bandeira de Pascoal Moreira Cabral fez o trajeto Porto Feliz, Tietê. (São Paulo), Paraná, Pardo, Anhanduí, Aquidauana, Paraguai e Cuiabá. Este caminho seria trocado mais tarde pela passagem por Camapuã.



FONTE: Virgílio Correa Filho, Mato Grosso, Coeditora Brasílica, Rio, 1922, página 43.




8 de abril

1928 – Matte empresta dinheiro ao Estado de Mato Grosso



Matte Larangeira do Sul de Mato Grosso para o mundo


É efetuada a segunda operação do gênero. Desta vez o empréstimo foi de mil contos de réis, com as seguintes condições:

Prazo máximo para a liquidação (...) de quatro anos; juros oito por cento anuais cobrados semestralmente. Garantia terras que serão escolhidas dentro da área arrendada à Companhia, pelo preço estipulado atualmente em lei. Os juros serão elevados à taxa de dez por cento ao ano em caso de mora.

 
A propósito, Odélia da Conceição Deniz Bianchini comenta:

 
Ora, não é difícil avaliar-se a forma pela qual, a Matte Larangeira fora se transformando de arrendatária em proprietária, de direito e de fato, das terras arrendadas. Um Estado como Mato Grosso, quase sempre em dificuldades financeiras, encontrava na Matte uma forma de sair delas ou pelo menos de atenuá-las e a Companhia por sua vez, como empresa particular, tratava de procurar os meios que lhe garantissem o retorno dos investimentos.



FONTE: Odaléia C. Denis Bianchini,  A Companhia Mate Larangeira e a ocupação da terra do Sul de Mato Grosso (1880-1940) Editora da UFMS, Campo Grande, 2000. Página 144.


IMAGEM extraida de Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época (2a.edição), Gráfica e Editora Alvorada, Campo Grande, 2013, página 52.

8 de abril

1943 - Morre em Campo Grande o ex-prefeito Manoel Taveira

Manoel Inacio de Souza (o Manoel Taveira)

Faleceu aos 67 anos em Campo Grande, Manoel Inácio de Souza, (Manoel Taveira). Em Campo Grande desde os 14 anos de idade, dedicou-se à sua profissão de carpinteiro e ao comércio de secos e molhados. Político, fez parte da primeira legislatura da câmara municipal, tendo como companheiros de bancadas os vereadores Joaquim José de Santana, João Correa Leite, José Vieira Damas e João Antonio da Silva. Não chegou a exercer o mandato porque o legislativo municipal viria a reunir-se somente em 1905.
Em 1903, elege-se intendente geral do município (prefeito municipal), tendo assumido em 1° de novembro de 1904 e exercendo até 1° de janeiro de 1909. É o segundo intendente eleito. Na sua gestão a prefeitura funcionou em sua casa à rua 26 de Agosto. A intendência teria o seu prédio próprio somente em 2013. Iniciou as primeiras providências para o alargamento da rua Velha (atual 26 de Agosto), única artéria da vila, com cerca de 50 casas, sem o devido alinhamento.
É de sua iniciativa o primeiro código de posturas e do plano de alinhamento das ruas do povoado, iniciado em 1905 e interrompido, com reinício e conclusão na administração de seu sucessor em 1909. 
Em 1913 volta a ser vereador na 4ª legislatura tendo como colegas Clemente Pereira Martins, Sebastião da Costa Lima, José Marcos da Fonseca, João Alves Pereira e Amando de Oliveira. O Taveira, sobrenome como ficou conhecido, vem de seu padrasto José Alves Taveira. Em dois casamentos, teve 15 filhos.

FONTE: Maria Emilia Souza Paes de Barros Mesquita, Manoel Inácio de Souza, o administrador e político hábil que deu início ao planejamento da cidade, in Série Campo Grande Personalidades, Funcesp/Arca, Campo Grande, 2004, página 11.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

24 de abril

24 de abril

1865 – Paraguaios invadem Coxim



A vila de Coxim no tempo da guerra em desenho de Taunay



No seu apogeu, como entreposto do comércio com os goianos, Coxim interrompe abruptamente seu ciclo de crescimento econômico, com a invasão de Mato Grosso, em 1865 pelo exército do general Solano Lopez. A cidade foi ocupada por cerca de um ano por forças inimigas, que abandonaram a vila em 1866 com a aproximação da coluna de São Paulo, Minas e Goiás.

Conta Ronan Garcia da Silveira que “no momento em que aconteceu aquela invasão, provocando o pânico, ocorreram fugas de moradores, diante da presença dos paraguaios que, ao dominarem a região, estabeleceram o seu quartel general no lugar denominado fazenda São Pedro.


Relata a literatura referente ao episódio, que a notícia da invasão foi levada a Cuiabá pelo cidadão Antonio Theodoro de Carvalho, morador na região, que chegou à capital da província no dia 8 de maio de 1866, ou seja, treze meses após a invasão".¹


Sobre a localidade depõe Taunay, que por lá passou em 1865, como membro da comissão de engenheiros da força expedicionária brasileira que se dirigia à fronteira fez o seguinte depoimento:

"Antes da guerra este lugar, colonizado por gente de Mato Grosso, foi-se desenvolvendo com alguma lentidão. Entretanto nas vizinhanças estabeleceram-se vários mineiros que cultivavam com bom resultado as suas terras. Entre esses citaremos o Sr. João Theodoro de Carvalho. As poucas casas da colônia foram queimadas pelos paraguaios que chegaram ali no mês de abril de 1865 e não puderam ir além se não umas sete léguas, porque a cavalhada ia-lhes morrendo toda. Depois estabeleceu-se a nossa expedição e dela ficaram não só ranchos, como até algumas moradas boas e um grande depósito. Gente  afluiu para aí e constituiu então uma espécie de povoação".

O autor de Retirada da Leguna informa ainda que em toda a linha onde fora levantado o acampamento militar "está compreendido o lugar chamado Coxim e que fora destinado pelo governo imperial para o estabelecimento da colônia militar de Taquari ou Beliago".²

Sobre a invasão a Coxim, El Semanário, orgão da imprensa oficial do governo paraguaio, em sua edição de 3 de junho de 1865, dá a seguinte notícia:

"Nuestras fuerzas del Norte siguen en buen estado, y son señores de la frontera de Alto Paraguay, y sus afluentes,así como de todos los pontos tomados al enemigo que conoce el público.

De nuevo tenemos que dar cuenta de que nuestros soldados van poco a poco ganando terreno en Matto Grosso.

Una partida que despachó em Sor, Coronel Resquin al mando del capitan Ciudadano Juan Batista Agüero llegó el 24 de Abril a la colônia de Coxim a la derecha del Rio Taquari, despues de una marcha de mas de 70 leguas en la mayor parte por pantanales y cordilleras.

Tuvieron que atravezar a pié 22 léguas de esteros que hay desde el Rio Negro hasta cerca del arroyo Piuba.

La colonia se encontró desocupada de guarnicion: sus habitantes la habian abandonado como seis a ocho dias antes, a escepcion de 4 indivíduos que huyeron a la vista de nuestras tropas.

Los papeles tomados hemos publicado em el último número del Semanário: de mas se ve claramente que el Gobierno brasileiro tomaba sumo interes de reducir a los índios de la tribu de Caiapó, indígenas de las vertientes de los rios Coxim y Tacuari para aumentar con ellos las poblaciones, segun han hecho por nuestros mismos indigenas de Terecañi (Villa de Ygatimi), a quienes atrayendo en sus promesas les hizo poblar el Carguataticora a la derecha de la desembocadura de nuestro rio Ybeneima, o Ygurei el el Paraná, locual consta de declaraciones de indios tomados en el Brilante". 

Da invasão da vila, documento raro, carta publicada por um jornal carioca, de um comerciante que conseguiu escapar, deixando tudo para trás, inclusive a roupa do corpo:

A 24 de abril do corrente ano, pelas 6 horas da manhã, ao erguer-me do leito e abrir a porta de minha casa de negócio, que se acha situada na barranca do rio Taquari, à margem direita, (em o núcleo colonial de Coxim), avistei na margem oposta grande número de soldados paraguaios, e que gritavam-me lhes levasse uma canoa; à minha relutância sucedeu atirarem-se ao rio uma porção de lanceiros a cavalo, e após um chuveiro de balas foram arremessadas sucessivamente sobre minha morada, que me obrigaram a correr com o único fato com que me tinha erguido da cama, sem ter tempo tomar nem ao menos o chapéu, deixando em poder desses inimigos desleais minha casa de negócio que possuia, além de um bom fundo de negócio de ferragens, louça, molhados,  alqueires de sal, perto de quarenta arrobas de café e muitos gêneros alimentícios; ficou em duas canastras 4:000$ em dinheiro, sendo 3:200$ em notas e 800$ em prata; mais 60$ na gaveta da mesa em que eu escrevia. Várias letras de não pouca importância, borradores onde se achavam bem avultadas somas, uma igarité nova na importância de 2:000$, trinta e tantas rezes, etc.

Assim eu que já possuia alguns meios com que manter-me com alguma decência, anoiteci o dia 24 de abril pedindo por esmola uma calça para vestir e um chapéu para amparar-me a cabeça dos raios do sol; neste estado de miséria vim-me arrastando até este ponto (Santana de Paranaiba) onde declarei ao sr. delegado de polícia a minha chegada que foi a 18 de maio, e apresentei-me a ele declarando ser daquele dia em diante um soldado voluntário da pátria, e protesto haver todos os meus prejuízos, e se eu sucumbir na luta ficará o direito para o meu sócio Sr. D. Manoel Cabaça, de Corumbá para fazer as necessárias reclamações. - Francisco Carvalhaes Silveira - Vila de Santana de Paranaíba, 27 de maio de 1865.


FONTE: ¹Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Prefeitura Municipal, Coxim, 1995, página 30. ²Taunay, Marcha das forças, Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, 1928, página 142. ³Correio Mercantil (RJ) 31 de julho de 1865.





24 de abril

1912 - Inaugurada usina de energia elétrica de Corumbá

Em funcionamento desde 6 de janeiro, quando foi entregue o serviço de iluminação pública da cidade,, é oficialmente inaugurada a usina elétrica da Corumbá:

"Em meio de numerosa e seleta concorrência, na qual se destacavam muitas famílias, o dr. Secretário de Agricultura e o inspetor da Região Militar, foi ontem inaugurada oficialmente a usina hidrelétrica Rosaura, da Companhia de Eletricidade de Corumbá, ao mesmo tempo batizada pelo capitão de fragata Wanderley, Intendente Geral do Município.

Após o discurso do representante da empresa, fazendo entrega da usina, abriu-se a chave comutadora, dando luz à toda a cidade.

Foram padrinhos o almirante José Carlos de Carvalho e dona Amália Wanderley".

FONTE: O Debate, (Cuiabá) 26 de abril de 1912.



24 de abril
 
1912 – Câmara doa áreas a entidades



De autoria do vereador Amando de Oliveira a Câmara de Campo Grande recebe projeto de lei reservando várias áreas do município com finalidade de utilização pública:
 
“Art. 1º - Ficam reservados para terrenos de utilidade pública e para os fins que se destinam, os seguintes: Na quadra urbana – a) As quadras entre as ruas 14 de Julho e 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa), Cândido Mariano e Antônio Maria Coelho;
b) Os lotes ns. 63 e 65 na rua Cândido Mariano para a sede da Sociedade Agro-Pecuária do Sul;
c) Para Grupo Escolar os lotes 8 e 10 na avenida Marechal Hermes (atual Afonso Pena);
d) Para Mercado e Praça entre as ruas Afonso Pena (atual 26 de Agosto), Anhanduy e 15 de Novembro;
e) sem registro;
f) Para Praça da Matriz, a atual 2 de Novembro, que passará a denominar-se Praça Santo Antônio; e
g) Para sede da Sociedade Operária os lotes 2 e 4 da rua Cândido Mariano, esquina da rua 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa).”




FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o sagrado e o profano, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 142.




24 de abril

1912 – Chega a idéia do telefone em Campo Grande





O farmacêutico Ataualpa Carvalho encaminhou requerimento à Câmara Municipal, acompanhado de minuta de um contrato para a instalação de uma rede telefônica. A iniciativa resultou na abertura de concorrência para a exploração do serviço, que chegaria a Campo Grande somente no final da década, “com a instalação dos primeiros telefones de magneto, com pilhas e manivelinha, para as chamadas ao centro, que fazia as ligações solicitadas. Tão poucos eram os aparelhos que ninguém pedia o número, mas o nome da pessoa chamada.”
Segundo Paulo Coelho Machado, "a primeira telefonista profissional foi Idalina Mestre, viúva do primeiro intendente de Campo Grande, Francisco Mestre. A mesa telefônica estava instalada na residência dela, na rua 14 de Julho, defronte ao jardim, mais ou menos no meio da quadra. Era uma mulher robusta, pele rosada, cabelos claros, atenciosa e amável."



FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua velha, Tribunal de Justiça, Campo Grande, página 182.


24 de abril

1927 - Assassinado juiz de Direito de Corumbá 









Vítima de atentado à bala, ocorrido dois dias antes, morre eu sua casa, o juiz de Corumbá, Barnabé Gondim. O homicídio teve grande repercussão no Estado. Um dia antes de seu falecimento, o jornal A Cidade, de Corumbá, dá detalhes do atentado e da luta dos médicos para salvar a vida do magistrado:


Causou grande mágoa no seio da sociedade corumbaense, o atentado do qual foi vítima, anteontem (dia 21), o Exmo. Sr. Dr. Bernabé A. Gondim, estimado Juiz de Direito desta comarca.


Eram 16 e meia horas, mais ou menos, daquele dia, quando o dr. Gondim, estando em sua residência, presencia a entrada ali de uma pessoa desconhecida que acabava de chegar de automóvel.


Depois de algumas palavrar, tenta essa pessoa conduzi-lo apressadamente para o veículo com o intuito, certamente, de sequestra-lo ao que o M.M. juiz procurou resistir.


Entrementes uma criança que presenciava os últimos momentos da contenda, foi-se assustada para o interior da casa, levando ao conhecimento das pessoas que lá se achavam, aquele fato que acabava de assistir. Antes porém que alguém chegasse ao local, ouviram-se três tiros consecutivos, dois dos quais atingiram a pessoa do dr. Gondim, nas seguintes posições: 1° projetil – um ferimento na face anterior do terço superior do antebraço esquerdo, cujo projetil se acha na face posterior logo abaixo da pele; 2° projetil – um ferimento na região escapular direita, (orifício de entrada). Um outro no bordo esquerdo do externo no 2° espaço intercostal (orifício de saída). Este ferimento lesou o pulmão direito o qual apresenta um grande hematorax (derrame de sangue); um ferimento do bordo interno da mão entre o polegar e o index, outro no bordo interno, (orifício de saída da bala) que fraturou os metacarpianos na sua trajetória; - este ferimento deu-se com o mesmo projetil que perfurou o tórax.


O desconhecido que não chegou a ser visto pelas demais pessoas da casa do dr. Gondim, tão logo disparou a última bala, tomou o automóvel em que veio e fugiu apressadamente.


Prontos recursos médicos foram dispensados pelo dr. Nicolau Fragelli, que casualmente se achava no interior da residência do ofendido, prestando os seus serviços profissionais a um doente. Não se fez tardar para que também chegassem os drs. Gastão de Oliveira, João Leite de Barros e Cap. dr. Francisco de Oliveira, os quais prestaram espontaneamente os seus valiosos serviços.


Durante o resto da tarde daquele dia, esteve completamente repleta a casa do dr. Bernabé Gondim, de grande número de pessoas de todas as classes sociais que lhe foram visitar.1

O dr. Gondim, mesmo diante de todos os esforços dos médicos para salvar-lhe a vida, não resistiu. Sua morte foi lamentada em todo o Estado:

Vítima de bárbaro e covarde atentado, desapareceu do mundo dos vivos, a 24 de abril p. passado, em Corumbá, o ilustre dr.Bernabé Gondim, juiz de Direito daquela comarca.


Conforme telegramas enviados daquela procedência às nossas autoridades e imprensa, foi alvejado o dr. Gondim a 21 do referido mês, por três tiros, em sua própria residência pelo indivíduo de nome Antonio Malheiros, pronunciado por aquele magistrado, por crime de homicídio, praticado no ano passado, na pessoa do açougueiro Dutra.


O facínora que andava foragido desde que praticara aquele assassinato, viera após a respectiva pronúncia, a cavalo até Ladário, deixando ali a sua montada, tomou um auto e dirigindo-se à casa de residência do dr. Gondim, desfechou-lhe 3 tiros, fugindo, em seguida à toda força no mesmo auto e, retomando o seu cavalo, em Ladário, ganhou o rumo das suas terras, perseguido por forte escolta da força pública.


Impotentes foram todos os recursos da ciência para salvarem o dr. Gondim, que veio a falecer no dia 24, pelas 17 horas.


Com justa razão abalou toda a nossa sociedade que de perto conhecia o juiz de Direito de Corumbá.


Por haver pronunciado um criminoso por crime de morte perdeu a vida. É uma vítima do cumprimento do dever.


Era incontestavelmente um bom o dr. Gondim; incapaz de ofender ou melindrar a ninguém, incapaz da menor violência como bem o demonstrou durante o período de 4 anos em que ocupou o cargo de chefe de polícia do Estado e por isso, a ninguém poderia ser dado imaginar que viria cair como caiu, vítima do braço homicida.


Pai de família exemplar como sempre foi notado, deixa viúva e filhos menores na mais cruel desolação.


Registrando esse triste acontecimento acompanharemos a ação da justiça que com fundas razões antevemos se fará sentir enérgica para com o bárbaro criminoso, desafrontando assim não só a sociedade corumbaense mas toda a mato-grossense de um agravo como esse de profunda a tristíssima repercussão.2




PRISÃO DO CRIMINOSO - Notícia do Jornal do Comércio (Campo Grande) de 13 de julho de 1927, informa que foram presos, "domingo último em Porto Guarani, o bandido Antonio Malheiros, seu irmão Luis Malheiros e os seus comparsas Antonio Pereira e Guilherme Pereira, sendo o primeiro autor do bárbaro crime da morte do íntegro juiz, dr. Bernabé Gondim".

Em 28 de janeiro de 1942, Antonio Malheiros foi morto em confronto com a polícia, em sua fazenda no município de Bela Vista.


FONTE: 1Jornal A Notícia (Três Lagoas) 28 de abril de 1927, transcrição de A Cidade (Corumbá) 2Jornal A Cruz (Cuiabá), 1° de maio de 1927.

FOTO: Reprodução de editorial do Jornal do Comercio (Campo Grande), 25 de abril de 1927.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...