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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

20 de abril

20 de abril

1867 – Camisão toma fazenda Machorra do governo paraguaio 







Na guerra do Paraguai, a força expedicionária brasileira, em ação no Sul de Mato Grosso, toma do exército inimigo e saqueia a sede da fazenda Machorra, de propriedade do marechal Lopez, localizada em território brasileiro, mais precisamente às margens do córrego José Carlos, afluente do rio Apa.

O relato de Taunay fecha do capítulo VII de sua Retirada da Laguna:

Uma linha de paraguaios, assaz extensa, fazia frente ao ataque, ao passo que grande número dos seus se encarniçava, com uma espécie de furor, em destruir a fazenda, incendiando quanto parecia poder arder. Ocupava-se nosso comandante da vanguarda em examinar uma ponte que cumpria atravessássemos para envolver o inimigo. Foi então que o tenente-coronel Juvêncjo lhe comunicou a ordem de estacar. Não permitiam as circunstâncias, porém, que a ela antecedêssemos. Concordaram os oficiais na imprescindível necessidade de se ocupar a posição, custasse o que custasse.

Imediatamente a nossa linha de atiradores atirou-se a correr para a frente oposta, e pela própria ponte, porfiando todos em ardor.

Recuaram os paraguaios mas em boa ordem. Tinham ordens, certamente, para não empenhar combate, mas somente reunir e tanger à retaguarda, cavalos e bois que não queriam deixar-nos; e deviam se numerosos, tanto quanto nos permitia avaliar a poeira que sua marcha ocasionava.

Foi o recinto ocupado: o tenente-coronel Eneias, ali, deu imediatamente nova formatura ao seu batalhão e o manteve numa série de posições que lhe valeu, posteriormente, não só a aprovação do Coronel como gerais parabéns. Foram os nossos os primeiros recebidos. Aplaudiram todos o espírito de disciplina de seus subordinados e o afã com que, logo à primeira voz, começaram a desentulhar o terreiro de objetos que o atravancavam, sem coisa alguma subtrair, assim como de quanto estava no interior da casa.

Autorizado pelas regras de guerra, permitiu-se o saque, também descrito com naturalidade por Taunay:

Vislumbrava-se um resto de crepúsculo, ainda quando o grosso da coluna chegou. Foi este o momento do atropelo e da balbúrdia: tantos objetos se avistaram sem dono, misturados e fadados à destruição. Cada qual tomou o seu quinhão, sendo exatamente os mesmos beneficiados aqueles que à presa mais tinham direito, pois o haviam comprado e adiantado por uma série de meses de privações e fome.

Das oito ou dez casas da Machorra, duas estavam reduzidas a cinzas que os próprios paraguaios lhes haviam posto. Foram as outras preservadas pelos nossos soldados. Alguns pedaços do madeiramento, alguns mourões abrasados serviam para cozinhar as batatas, a mandioca e as aves do inimigo. A Machorra, denominada fazenda do marechal Lopez, não passava realmente de terra usurpada, cultivada por ordem sua, além da fronteira.

O trabalho dos invasores, frutuoso como fora, vinha acrescer ao banquete a satisfação de um sentimento de reivindicação nacional. Autorizou-o o Coronel com um ar prazenteiro que jamais até então lhe percebêramos".

A invasão do Paraguai dar-se-ia no dia seguinte com tomada de Bela Vista

FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (14ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 56.

FOTO: O Globo. Meramente ilustrativa.



20 de abril

1892 – Mato Grosso continua aparecendo na Europa



A notícia da independência de Mato Grosso, aventada por militares rebeldes de Corumbá, continua repercutindo na Inglaterra. No último dia 15, a notícia circulou no Daily Telegraph, desta vez está no Times londrino:

Os argentinos bem conhecem as vantagens que podem ganhar com um tamanho sucesso no Brasil e que sabe se não pensam em fazer com Mato Grosso o que os Estados Unidos fizeram com o Texas – primeiramente separando-o do México, em segundo lugar anexando-o. (...) agora que os argentinos favorecem certamente a independência de Mato Grosso é provável que a secessão daquela província seja o começo de um novo conflito internacional na América do Sul.



FONTE: Paulo Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder - o nascimento da Estrada de Ferro Noroeste, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página, 89.


20 de abril

1967 – Justiça absolve Pedrossian






Em sessão plena, o Tribunal de Justiça do Estado, tendo como relator o desembargador Wilian Drosghic (foto), decide arquivar o processo-crime instaurado contra o governador Pedro Pedrossian, por motivo de sua demissão a bem do serviço público do cargo de engenheiro da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. A decisão foi tomada em virtude do Procurador Geral do Estado, Benjamim Duarte Monteiro, ter pedido arquivamento, por não ter encontrado nos autos do inquérito administrativo indícios ou provas sérias para oferecimento da denúncia.


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 321.


20 de abril 

1933 - Getulistas convocam povo para eleições de 3 de maio


Itrio Correa da Costa, líder do partido getulista


À frente o prefeito nomeado Ytrio Correa da Costa, de Campo Grande, a União Cívica Nacional, partido do governo provisório do presidente Getúlio Vargas, publica conclamação "Ao Povo de Mato Grosso," a comparecer às eleições para a Assembleia Nacional Constituinte:

Nesta hora histórica para a nacionalidade, em que o povo brasileiro, tocado de intensa vibração cívica, se prepara para o grande comício eleitoral de 3 de Maio p. vindouro; nesta hora em que os grandes líderes do pensamento revolucionário se congregam, sob a bandeira da grande e invicta União Cívica Nacional para a defesa daqueles mesmos postulados e daqueles mesmos ideais que impeliram a Nação à arrancada gloriosa de Outubro de 30, hoje consubstanciados no ante-projeto  constitucional e que o eminente Dr. Getúlio Vargas e seus dignos representantes civis e militares vêem concretizando belamente, não nos cabe a nós, nem a nenhum amigo do Governo Provisório, outro dever que o de cerrarmos fileiras, sem distinção de credos partidários, em frente única coesa e forte, para a sustentação da Nova República e de seu governo nas urnas.

Calem-se, portanto, os ressentimentos e divergências acaso existentes, para que inspirados pelo fogo sagrado do amor à grande causa e, sobretudo, imbuídos de uma espiritualidade superior, de desinteresse e de renúncia, possamos ter a honra de concitar a todos os nossos concidadãos, seja revolucionários ou não, mas amigos do Governo, a se arregimentarem sob o mesmo lábaro para a sustentação do ideal comum.

É preciso que Mato Grosso demonstre aos olhos da Nação Brasileira, que está igualmente integrado na Revolução para cujo advento e para cuja vitória tanto concorreu. É preciso que honremos as nossas tradições de civismo e correspondamos ao sacrifício de tantos mártires de nossa ressurreição administrativa e política.

Eia, povo de Mato Grosso!

"Unamo-nos, nobre e patrioticamente pelos laços indissolúveis do entranhado amor à causa e marchemos resolutos e certeiros, para o prélio e para a vitória.

VIVA A REVOLUÇÃO!

Campo Grande, 20 de Abril de 1933.

as). Ytrio Correa da Costa, Coronel Antonino Menna Gonçalves, Alfredo Correa Pacheco, Alvino Correa da Costa, Deusdedith de Carvalho, Adhemar Benevolo e Francisco Ferreira de Souza.

FONTE: Arquivo Público Estadual, Mato Grosso do Sul, trajetória 30 anos, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2007, página 43.





segunda-feira, 7 de outubro de 2013

20 de outubro

20 de outubro 

1839 - Fundado o Porto Alencastro





Joaquim Francisco Lopes, o Sertanejo, funda o Porto de Alencastro, no termo da estrada que abriu de Piracicada, então vila da Constituição, às margens do rio Paraná, a soldo do governo de São Paulo:

Ao alvorecer de 1838, recebeu, por ordem do presidente Gavião Peixoto, 100$000 de auxílio para as despesas da abertura e melhoramento da picada de Franca para estrada nova no interior paulista. Sob alvitre de terceiros, talvez do dr. Vergueiro, requereu à Assembleia provincial maior auxílio, que foi fixado em 250$000, pagos pela secretaria do governo.

Partiu de São Paulo para Campinas e daí para Piracicaba, então vila da Constituição. Com a colaboração de soldados e civis, encetou logo a abertura da picada em a nova estrada, de acordo com o traçado aprovado, e tal trabalho, até o trecho da via Araraquara-mirim, estava concluído em abril. O resto do ano empregou-o o Sertanejo não só na abertura da nova picada ao encontro da estrada recém-aberta até o rio Paraná, como também na retificação de voltas e curvas na estrada já concluída, para o que dispôs do auxílio de 350$000, conferido pelo presidente da província e da cooperação dominante do piloto oficial José de Campos Negreiro.

O ano de 1839 foi por ele empregado nas tarefas de melhorar as picadas para as estradas de Araraquara e do Paraná, a cuja ribeira, a 20 de outubro do mesmo ano, se fundava o porto de Alencastro, a 81 léguas da vila de Piracicaba.

O Porto de Alencastro que se conhece nos dias atuais localiza-se no rio Paranaíba, na divisa de Mato Grosso do Sul com Minas Gerais. De sua viagem de volta ao Rio, depois da célebre retirada da Laguna, Taunay refere-se ao local:

As margens do Paranayba são naturalmente barrancosas; as águas claras, têm velocidade considerável, que a constante inclinação e esforço dos sarandis, em alguns pontos mais próximos das ribanceiras, indicam, a largura é de 350 a 400 braças. Para atravessá-las existe uma barcaça composta de duas estragadas canoas de tamboril mantida pela barreira provincial de Mato Grosso, que daí tira algum rendimento. 

Ainda sobre essa estrada há notícia de que em 1842, Garcia Leal e José da Costa Lima, fundadores de Paranaíba, venceram concorrência para refazê-la.

Inaugurada no dia 11 de outubro de 2003, pelo governo federal no município de Paranaíba (MS) a ponte suspensa de Porto Alencastro, sobre o rio Paranaíba, ligando os Estados do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. 


FONTE: Mário Monteiro de Almeida, Episódios Históricos da Formação Geográfica do Brasil, Alvorada, Campo Grande, 2010, página 57.Taunay, Viagens de Outrora, Editora Melhoramentos de São Paulo, 1921, pag.63.


20 de outubro
 
1911 – Porto Murtinho transformado em vila

Por decreto do governo do Estado a freguesia de Porto Murtinho é elevada à condição de vila. Implantada em terras da fazenda Três Barras, do major Boaventura da Mota, por iniciativa da Empresa Mate Larangeira, Porto Murtinho foi por muitos anos entreposto de embarque da erva-mate, colhida em território do sul-matogrossense para o exterior.

Houve ainda no município as indústrias de tanino: Florestal Brasileira e Quebracho do Brasil. 


Sua base econômica atual é a pecuária.


FONTE Virgílio Correa Filho,  Mato Grosso, Coeditora Brasílica, Rio de Janeiro, 1922; página175.





20 de outubro

1948 - Crime em família abala Corumbá






Crime ocorrido em Jacadigo, na fronteira com a Bolívia, abalou a população de Corumbá e teve repercussão nacional. Três irmãos solteiros, da família Velasquez, assassinaram Ramon Velasquez, o irmão casado, com 18 tiros, no sítio onde este morava, numa disputa por terras. A notícia, publicada nos jornais da cidade e do Estado, foi destaque no Diário da Noite¹, do Rio de Janeiro: 





Segundo Felipe Velasquez, neto da vítima, os irmãos homicidas foram inocentados, alegando legítima defesa, "apesar de ser pública e notória a prática do crime".²

FONTE: ¹Diário da Noite (RJ) 27 de outubro de 1948; ²Felipe Velasquez, entrevista ao blog em 20 de maio de 2017

FOTO: acervo de Felipe Velasquez (Album de Família)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

20 de junho

20 de junho



1867 - Taunay e comitiva chegam a Campo Grande






Tendo deixado o porto Canuto, no rio Aquidauana, no último dia 17, de volta da retirada da Laguna, Taunay chega ao lugar já conhecido como Campo Grande, cujas coordenadas são as mesmas de onde hoje está localizada a vasta planície que começa em lugar que seria habitado a partir de 1872 e em 1977 se transformaria na capital do Mato Grosso do Sul. A descrição do cronista da guerra do Paraguai, começa no sítio de um dos únicos moradores de todas as redondezas, o mineiro Motta, nas imediações de Terenos:

Tomando uma trilha à esquerda, dirigimo-nos à palhoça do Motta, situada a légua e quarto do nosso ponto de partida. O caminho é nesta parte péssimo; profundos atoleiros dificultam muito o trânsito, aumentando-se cada vez mais os embaraços da passagem pela frequência de carros e tropas que demandavam as forças. Acha-se o rancho do Motta situado numa planície acidentada, que belos grupos de buritis tornam realmente encantadora. A umidade exsuda de todos os pontos e manifesta-se não só pela presença daquelas palmeiras como por um viçoso capão de pindaíbas. 


(...) Paramos no Motta, dando uma boa ração de milho aos animais. Às 2,30 horas da tarde seguimos viagem, indo, depois de duas léguas, entrar na estrada geral, da qual nos havíamos desviado no princípio do dia.
A noite começava então a cair; sem embargo fomos caminhando por desejarmos passar com o escuro a encruzilhada de Nioac, visto como existia ainda a dúvida se os paraguaios em nossa perseguição para lá haviam mandado algum destacamento. Uma légua mais entramos no Campo Grande. Esta extensa campina constitui vastíssimo chapadão de mais de 50 léguas de extensão, em que raras árvores rompem a monotonia duma planura sem fim, e nela está lançada a estrada que leva a Nioac e que é conhecida perfeitamente em toda a sua extensão pelos paraguaios.


O aspecto geral é, pois, extremamente uniforme: a marcha parece dificultosa e torna-se cansativa pela constante presença dos mesmos acidentes.

Para nós foram fatigantes o mais possível as duas léguas até chegar à encruzilhada da estrada de Nioac. Além da incerteza que nos dominava sobre a presença do inimigo, vento vivo e frigidíssimo nos açoitava o rosto, demorando-nos o andamento dos animais. A lua surgiu quando apareceu a bifurcação dos dois caminhos e estão eles tão próximos um do outro por muitas braças, que só se os distingue atendendo para uma árvore de paratudo, que foi pelos carreiros golpeada e quase lavrada. Meia légua além, fomos descansar junto ao capão do Burity, onde os paraguaios, em 1865, agarraram uma família brasileira, a qual se arranchara para fazer mate, erva que aí se acha em abundância e por diante aparece frequentemente, debaixo da forma de arbustos e não como para os lados da colônia de Dourados e norte do Paraguai, em que se encontram árvores desenvolvidas e algumas até possantes.


Sobre o Motta, único morador morador que encontrou na região de Campo Grande, Taunay dedicou uma página de suas Memórias.


FONTE: Taunay, Viagens Doutr'ora, 2a. edição, Companhia Melhoramentos, SP, 1921, página 42.






20 de junho


1923 - Demósthenes, nomeado prefeito de Bela Vista


O advogado Demósthenes Martins, que mais tarde viria a ocupar a chefia do executivo de Campo Grande, assume a intendência de Bela Vista, a convite do presidente Pedro Celestino, num processo de intervenção ocasionado por dualidade de poder entre Joaquim Francisco de Arruda Rondão e Pio Rojas. Deixou o cargo em fevereiro do ano seguinte, nomeado para a função de coletor estadual. 


FONTE: Demósthenes Martins, Poeira da Jornada, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 68.



20 de junho

1935 - Proposta: porto de livre comércio para Corumbá

O general Meira de Vasconcelos, comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro, libera relatório de uma comissão em Mato Grosso, "a respeito de um porto para a Bolívia":

"O militar brasileiro sugeria a ideia de transformar Corumbá em um porto livre, a exemplo dos existentes em outros países, sobretudo na Europa.

Com essa providência o Brasil daria acesso comercial à Bolívia, o que iria dar considerável atividade comercial ao vale do Paraguai. Completando o seu plano, a Noroeste seria prolongada para o Ocidente, por Corumbá, rumo a Santa Cruz. Por esta forma, o comércio boliviano desembocaria pelo rio da Prata e por Santos. De acordo ainda com o plano, seria construída uma rodovia uma rodovia comercial Campo Grande-Ponta Porã, com o objetivo de ligar-se a rodovia que parte de Horqueta, no Paraguai, ficando assim este país com acesso ao porto de Santos, via Noroeste. Com duas outras rodovias de Ourinhos a Porto Mendes, passando por Porto Mourão, e de Campo Mourão por Tibagi, Castro e Porto de Antonina, ficaria a região N. E. da Argentina e o Paraguai com acesso também não só por aquele porto, como pelo de Santos".

FONTE: Correio Paulistano, 20 de junho de 1935.


20 de junho 

1952 - Aviadora paulista chega a Corumbá para sobrevoar os Andes




Chega em Corumbá, pilotando um monomotor "Piper Cub", Ada Rogato, a primeira mulher brasileira a receber o brevet de paraquedista. "Vivamente recepcionada" pela população corumbaense, no dia seguinte seguiu viagem para a Bolívia, onde escalou a cordilheira dos Andes, e alcançou La Paz com mais de 4.000 metros de altura, em seu minúculo aparelho.¹

Sobre Ada Rogato, escreve Eduardo Vessoni, articulista do UOL:

Aos 25 anos, já era a primeira sul-americana apta a protagonizar um voo de planador, cujo brevê era o de número 25, segundo o Aeroclube Politécnico de Planadores. Thereza di Marzo e Anésia Pinheiro Machado são as duas primeiras brasileiras a terem brevê de aviadoras, tirados com apenas um dia de diferença, em um abril de 1922. Em 1936, quando as brasileiras mal tinham conquistado o direito ao voto, Ada fazia seu primeiro voo solo a bordo de um monomotor. Aos 31 anos, era reconhecida também como a primeira paraquedista com brevê no Brasil, no Aeroclube de São Paulo. 

A vida de Ada Rogato foi cheia de acrobacias. Literalmente. A fim de promover a criação de aeroclubes brasileiros e a formação de jovens pilotos, o excêntrico empresário Assis Chateaubriand lançou em 1941 a campanha "Dê Asas à Juventude", cujos eventos incluíam saltos de paraquedas e acrobacias aéreas. E lá vai Ada, mais uma vez, provar a que veio. Ela estava entre os seis alunos do Aeroclube de São Paulo convidados pelo argelino Charles Astor, o primeiro civil a saltar de paraquedas no Brasil, que quebrariam um recorde mundial: realizar o primeiro salto coletivo noturno, em abril de 1942..

Para Ada, o céu era o limite e as alturas elevadas pareciam não ser problema, desde que o pouso não fosse nas águas enegrecidas pela noite, na Baía de Guanabara. Assim como lembra o Instituto Biológico, Ada confessaria para um colega de trabalho que "o momento em que afundou na água, em meio à escuridão, fora o de maior temor que já enfrentara na vida".

Os anos seguintes também seriam de voos altos. Ada realizou patrulhamento aéreo do litoral paulista durante a 2ª Guerra e seguiu na função até os anos 60. Também encabeçou o primeiro voo de uma brasileira sobre os Andes e foi a primeira a sobrevoar a Amazônia. Em 1951, ficaria conhecida também pela longa viagem de seis meses entre a Terra do Fogo, na Argentina, e o Alasca. A bordo de um Cessna 140, chamado de "Brasil", Ada protagonizou um pinga pinga por todas as capitais das Américas, cujos mais de 51 mil quilômetros foram vencidos em 364 horas de voo. Assim como lembra o Instituto Histórico-Cultural da Força Aérea Brasileira, o voo de Ada até o Fim do Mundo renderia o título de primeira aviadora a pousar naquele aeroporto do extremo sul do planeta. Sem falar no apelido de 'Pomba Solitária do Brasil', como anunciou o aeroclube local na chegada da piloto. 

Solitário foi também seu voo que percorreu todas as capitais dos estados brasileiros, em homenagem aos 50 anos do primeiro voo de Santos Dumont em seu 14-bis, em 1956. A nova aventura de Ada começara no dia 4 de julho, no aeroporto de Congonhas (SP), onde voltaria a pousar mais de três meses depois, trazendo na bagagem um pouso noturno forçado, por conta de uma tempestade, e uma visita aos irmãos Villas Boas na região do Xingu.

Um único acidente  Ada não só era a dona do próprio nariz, mas também do seu próprio avião. Foi com seu monomotor Paulistinha CAP-4 que Ada lançou inseticida sobre cafezais paulistas tomados por larvas de besouro, conhecidas como broca-do-café. Ela só não aceitou o desafio dos pesquisadores do Instituo Biológico como também se tornou a primeira piloto agrícola do Brasil, no final dos anos 40. Porém, sua nova habilidade aérea rendeu também seu primeiro (e único) acidente da carreira. Em Cafelândia, no interior paulista, seu monomotor adaptado se chocou contra fios telefônicos e caiu, custando a Ada meses de internação, múltiplas fraturas, cicatrizes no rosto e a perda de alguns dentes. Aquele 1948 nem tinha terminado e a piloto ainda acharia forças para ser campeã paulista de paraquedismo.

Em terra firme, esteve envolvida também na Fundação Santos-Dumont que, mais tarde, seria transferida para a Oca do Ibirapuera sob o nome de Museu da Aeronáutica e direção de Ada Rogato. O multidisciplinar Leonardo da Vinci pode até ter previsto um homem voando sob uma estrutura triangular de tecido. Mas ele só não contava que, 500 anos mais tarde, meninas comportadas também saltariam de paraquedas, entre tantas outras acrobacias possíveis. 


FONTE: UOL, 21 de março de 2021.

FOTO: Folhapress

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

21 de abril

21 de abril

1867 - Tropas de Camisão ocupam o forte Bela Vista no Paraguai



Forte de Bela Vista do Paraguai, em esboço de Taunay



Na guerra contra o Paraguai, coluna brasileira, que viveria a dramática retirada da Laguna, entra em território inimigo e ocupa o forte de Bella Vista. O relato é do cadete Taunay:

“No dia seguinte, 21 de abril, às 8 da manhã, deram os clarins do quartel general o toque de marcha: nada menos significativa do que transpormos a fronteira, entrar em território paraguaio e atacar o forte de Bela Vista, que, deste lado, é a chave de toda aquela região. Não havia quem não compreendesse o alcance da operação, redobrando por este motivo a animação geral. Cada um envergava o mais luzido uniforme; e como às nossas antigas bandeiras não prestigiasse ainda feito notável algum, foram substituídas por outras, cujas cores vivas se destacavam no céu formoso das campinas paraguaias.


Deixando a Machorra, adotara-se a ordem compacta. Dos dois lados da coluna, e para facilitar o movimento, os atiradores, que a flanqueavam, cortavam a macega; pois mudara a natureza do terreno. Não mais tínhamos a grama curta e fresca dos prados que acabávamos de atravessar. Estava o solo coberto desta perigosa gramínea que atinge a altura de um homem, e a que chamam macega, e cujas hastes duras e arestas cortantes tornam, em muitos lugares do Paraguai, a marcha tão penosa. Transpusemos o Apa em frente a Bela Vista; o 20° de infantaria de Goiás formava a vanguarda, sob o comando do capitão Ferreira de Paiva. Avançando à frente dos batedores, a quem comandava, jovem e valente oficial, de nome Miró, fadado à morte próxima, víamos o velho Lopes, apressurado, montando belo cavalo baio, um daqueles animais que o filho e os companheiros deste haviam tomado aos paraguaios.

Estava no auge da alegria, o olhar como o de um rapineiro, a fitar Bela Vista, que começávamos a avistar. De repente, no momento em que acabávamos de chegar ao seu lado, percebemos que a fisionomia se lhe anuviara: 'A perdiz, disse-nos, voa do ninho e nada nos que deixar, nem os ovos'. Mostrava ao mesmo tempo tênue fumo que subia aos ares. 'São as casas de Bela Vista que incendiaram'.

Foi a notícia levada ao Coronel que, avisado também por um sinal do alferes Porfírio, do batalhão da frente, fez acelerar a marcha. Começamos a correr, precipitando-se a linha de atiradores do 20° para o rio; mas à sua frente já se antecipara pequeno grupo de que fazia parte o nosso guia. Com grande espanto nosso não pareciam os inimigos pretender disputar-nos o passo; retiravam-se do Apa como já se haviam afastado da Machorra, indo estacar a uma distância grande, imóveis sobre os cavalos".

Em 22 de maio seguinte, o comandante da coluna, coronel Camisão liberou o seguinte relatório:

O programa que apresentei às forças, ao partir da Colônia de Miranda, acha-se concluído em toda a sua brilhante plenitude. O inimigo fugiu aos primeiros passos da briosa força brasileira e nos abandonou seus entrincheiramentos, incendiando as suas propriedades e devastando brutalmente o trabalho de longos anos. - O conflito em que devia patentear-se a coragem que é própria do soldado brasileiro, não se deu: bastou a simples demonstração de sua placidez e energia. - Deus, em sua resplandecente justiça permitiu a completa reação da injusta invasão do distrito de Miranda, tocando-nos a glória imensa de executá-la em todo o seu elastério. - Orgulhoso por me achar à testa de tão distinta expedição, louvo em extremo, nesta ocasião, aos empregados do quartel deste comando, srs. engenheiros, médicos, oficial pagador, comandantes dos corpos de caçadores e de cavalo, provisório de artilharia, dos batalhões ns. 17, 20 e 21, todos os srs. oficiais e praças pelo entusiasmo no desejo de encontrar o inimigo e alegria ao marchar ao seu encontro, que se manifestaram em todas as ocasiões, desde a saída de Miranda, não só nos corpos que formavam a vanguarda, os quais desenvolveram muita atividade e vigilância, como nos demais, o que patenteou-se na passagem do rio Apa, o qual apesar de seu péssimo vau foi em poucos minutos transposto, ainda mesmo pela artilharia, cujo trem pesado faria crer em longa demora, dando-se o mesmo com o cartuchame. Ainda merece os meus elogios o bravo e denodado guia dessas forças José Francisco Lopes, o qual, impelido pelos sentimentos de pai e cidadão, pois tem a sua família prisioneira nesta República, nunca se esquivou a trabalhos e perigos, assim como os mais paisanos e fugitivos que ora me acompanham.

Sem resistência, o forte, que apenas consistia em sólida estacada de madeira, foi ocupado pelos brasileiros, assim como a vila. 


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, (16ª edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, páginas 59 e 154.



21 de abril

1919 - Pedra fundamental da biblioteca pública de Campo Grande


Projeto do prédio da primeira biblioteca de Campo Grande
Na administração municipal de Rosário Congro, é criada a primeira biblioteca da vila de Campo Grande, em terreno doado pela municipalidade, em local onde funcionou o Rádio Clube , o fórum e, finalmente, a Câmara de Vereadores. Arlindo de Andrade, que foi o primeiro juiz de direito da comarca e fundador do primeiro jornal (O Estado de Mato Grosso), foi um dos dirigentes da Sociedade Organizadora da Biblioteca Pública de Campo Grande, responsável pela administração da entidade, juntamente com seu colega advogado, José Jaime Ferreira de Vasconcelos.


FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 44.



21 de abril

1930 - Instalada a primeira escola normal de Campo Grande

Anexa ao ginásio estadual, na avenida Afonso Pena é instalada a primeira escola normal de Campo Grande. Seu primeiro diretor foi o professor Tessitore Júnior. O ato inaugural foi presidido pelo juiz de direito da comarca, Laurentino Chaves. que pronunciou "de improviso e com uma eloquência tão sua", proferiu discurso considerado "verdadeiro alarma contra o materialismo avassalador e absorvente ora dominando os homens". O prefeito Antero Paes de Barros, agradeceu ao governador Aníbal de Toledo pelo investimento do Estado no ensino público da cidade.

Em homenagem a Tiradentes, cuja data se comemorava, fez uso da palavra o capitão Eudoro Correa de Arruda.


FONTE: A Cruz (Cuiabá), 26/05/1930.






21 de abril

1951 - Circula o número 1 do jornal "O Progresso" de Dourados



Com direção do advogado Weimar Torres passa a circular em Dourados o semanário O Progresso. O título foi uma homenagem do editor ao seu genitor, o também advogado e jornalista José dos Passos Rangel Torres, que manteve um jornal com o mesmo nome em Ponta Porã. O Progresso estreou com um título ufanista e profético - VERTIGINOSA! A marcha de Dourados para o progresso - secundado por um lead que traduzia a azáfama da cidade naquele meado de século: "De uma terra inexpressiva e esquecida, passa Dourados a ser uma das regiões mais famosas da Pátria. Gente de toda parte se instala no município para explorar suas magníficas matas. Mais de 2.400 pessoas chegadas depois do recenseamento. Grandes vendas de terra, cinema, luz elétrica, linha de aviões diários, loteamento em massa, mais e mais casas de comércio, valorização acelerada dos imóveis, cafezais, produção imensa de algodão e cereais, instalação de grandes serrarias, um instantâneo polifórmico de uma esplêndida realidade".


FONTE: Regina Heloiza Targa Moreira, Memória Fotográfia de Dourados, UFMS, Campo Grande, 1990, página 117.




2

15 de abril

15 de abril

1881 - Imperador comuta pena de morte de condenados em Corumbá

Dois escravos, condenados à morte, pela morte de Firminiano Ferreira Cândido,¹ têm a pena capital comutada em galés perpétuas, por decreto do imperador D. Pedro II, nos termos da seguinte comunicação, do governo da província:

"Ao dr. juiz de direito da comarca de Santa Cruz de Corumbá. - Transmito a v. s. para a devida execução, cópia do decreto de 15 de abril último, pelo qual sua majestade o imperador houve por bem comutar em galés perpétuas a pena de morte a que foram condenados por esse juízo, em 29 de março de 1879, os réus escravos José e Benedito por crime de homicídio, mencionados na relação também junta por cópia".² 

FONTE: ¹O Iniciador (Corumbá), 26/05/1881; ²A Província de Matto-Grosso (Cuiabá), 17-07-1881.



1892 – Independência de Mato Grosso aparece em jornal de Londres







Tem repercussão na capital da Inglaterra, a notícia da proclamação do Estado Livre de Mato Grosso, por militares rebeldes de Corumbá, encabeçados pelo coronel João Dias Barbosa. Deu no Daily Telegraph:

Acredita-se que a proclamação da independência de Mato Grosso foi favorecida e preparada pelos argentinos, que são beneficiados pela separação de Mato Grosso porque essa província não mais pertencendo ao Brasil, este último país não mais tem alguma razão para interferir nas repúblicas do Prata, as quais, agora, dominarão inteiramente os rios Paraguai e Uruguai. É sabido que o governo da república Argentina tem ultimamente estado a comprar armas da Alemanha a fim de preparar-se para um possível conflito com o Brasil, o que pode ser ocasionado pelo problema de Mato Grosso.


O assunto voltaria à imprensa londrina nos dias 16 e  20 de abril.



FONTE: Paulo Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder, Editora da UFMS, 1997, Campo Grande, página 89.

FOTO: capa (com texto inelegível) do The Dayle Telegraph, de Londres



15 de abril

1933 - Jornal O Progressista inicia circulação em Campo Grande



Arthur Jorge:médico, político e jornalista


Órgão bi-semanal do Partido Progressista, passa a circular em Campo Grande, o jornal O Progessista, fundado pela cúpula partidária, Vespasiano Barbosa Martins, Arthur Jorge Mendes Sobrinho, Luiz da Costa Gomes, Arlindo de Andrade Gomes, Nicolau Fragelli, Dolor Ferreira de Andrade e os irmãos Victor e André Pace. Seu primeiro diretor foi Luiz da Costa Gomes. 

Demósthenes Martins, que o dirigiu de 1938 a 1939, descreve-o:

Jornal do interior e, ademais, jornal de partido, em uma época de exacerbação política, era coisa difícil de conduzir, a começar pelo ônus de sua manutenção. Os correligionários consideravam-no seu, devendo ter suas publicações nele inseridas isentas de pagamento, bem como as assinaturas. Se o jornal era do partido, a que tudo davam, deviam merecer uma compensação - argumentavam. E o adversários julgavam-se até insultados pelo garoto, vendedor ambulante, quando lhe oferecia um jornal, repelindo-o sob ameaça de uns cascudos - É um desaforo, saia de minha frente, seu atrevido, com essa porcaria! esbravejavam.

A principal bandeira d'O Progressista foi a campanha pela divisão do Estado.

FONTE: Demosthenes Martins, A Poeira da Jornada (Memórias), edição do autor, Campo Grande, sd., página 124.



15 de abril


1943 - Morre em Corumbá, o poeta Pedro Medeiros


Nascido a 25 de novembro de 1890 na cidade onde viveu, morre Pedro Medeiros. Autor de grande inspiração, foi considerado um dos maiores poetas de Mato Grosso do seu tempo. É de sua autoria a célebre Lenda Borôro:

 Deus atirou no espaço um punhado de estrelas.../ Uma caiu à terra.Outras tardaram ainda.../ A que desceu, por certo a mais luzentes d'elas,/ Veio e se transformou em uma cidade linda;/ Desceu porque do alto o Paraguai parece/ neste ponto uma jóia: escreve em prata um S/que a estrela imaginara,um prendedor ideal,/ ligando à serrania o imenso Pantanal;/E como a muita estrela o céu azul não baste/ caiu, como um brilhante à procura do engaste./E Corumbá surgiu por sobre a terra branca,/na alegria sem par, do gentil casario,/ - entre o verde dos montes - no alto da barranca, debruçada, a sorrir, para o espelho do rio...  

FONTE: Rubens de Mendonça, Poetas Mato-Grossenses, edição do autor, Cuiabá, 1958, página 53

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

30 de abril

30 de abril

1786 - Comissão técnica inicia missão no Pantanal



Por ordem do governador Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, comissão formada pelo capitão engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos e astrônomos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida deixa Vila Bela da Santíssima Trindade, então capital da capitania de Mato Grosso, com destino ao forte Coimbra e Cuiabá, com a finalidade de mapear e fixar as coordenadas geográficas da região do Pantanal. A missão durou quatro meses e explorou além das grandes lagoas, os rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e desembocadura de seus afluentes.

O início da aventura pantaneira está no Diário da Viagem, de Francisco José de Lacerda e Almeida:

ABRIL 30 - Os encarregados desta diligência, que foram o capitão Ricardo Franco de Almeida Serra, o Dr.Antonio Pires da Silva Pontes e eu, partimos de Vila Bela com uma parte da comitiva, em que também ia Manoel Rebelo Leite, porta-estandarte dos Dragões, e almoxarifado das demarcações e alguns soldados pedestres e fomos pernoitar 4 léguas fora da vila no sítio de um F. Xavier.

A chegada em Cuiabá, procedente do forte de Coimbra, deu-se em 1° de setembro.

FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 29.

FOTO: serras do Pantanal, de Francisco José de Lacerda. Acervo Biblioteca Luso-brasileira.

30 de abril

1865 - Cuiabá recebe com festas, tenente Mello, o herói de Coimbra
A cidade de Cuiabá recebe festivamente, o tenente João de Oliveira Mello, que ecerrava uma marcha de cinco meses a pé, pelo Pantanal, desde Corumbá, à frente de um grupo de soldados, com quem combateu em Coimbra e moradores de Corumbá que fugiam da vila, covardemente abandonada pelo comandante militar brasileiro e ocupada pelo exército e marinha paraguaios. A epopéia do tenente Melo e sua chegada triunfal à capital da província foi registrada no Boletim do governo:
"Era de muito esperado nesta capital o Tenente do Corpo de Artilharia da província, João de Oliveira Mello. 
Seus feitos de valor no combate de Coimbra, e depois deste ao ver abandonados em uma escuna nas margens do Paraguai, defronte de Corumbá, os seus camaradas e uma porção de homens, mulheres e crianças, no infausto dia da infeliz evacuação de Corumbá, atraíram-lhe as bênçãos e as simpatias de toda a família cuiabna.
Sua conduta eminentemente nobre e caridosa com toda essa comitiva que, no meio das mais árduas provações e distinta abnegaçãopor lugares ínvios e pantanosos, sem quebra de disciplina e sem prejuízo de armamento da parte dos soldados, conduziu a esta capital, lhe captou a estima, amizade e consideração de todos os habitantes de Mato Grosso, sem exceção de crenças políticas, de idade, sexo e profissão.
A notícia de sua aproximação a esta capital estes sentimentos comprimidos, abafados, fizeram explosão e uma espontaneidade popular deu em resultado uma festa para a qual não houve juiz, não houve diretor, porque não foi um ato de ninguém, foi do povo.
Um programa se levantou e este programa deixava a vontade e discrição dos que quisessem a ida ao encontro do tenente Mello a quem a sua comitiva apelida de pai e salvador.
Poucos dias eram passados depois daquele programa e a 29 deste soube-se da chegada do tenente Mello ao Coxipó, uma légua distante da cidade, imediatamente concorreu a cumprimentá-lo grande número de cidadãos, e a pedir-lhe a demarcação da hora em que na seguinte manhã havia fazer a sua entrada ; e foi designada as 7 horas.
No dia 30 a cidade se achava revestida de gala, decoradas as ruas do Areão, Snr. dos Passos, Direita e Bella do Juiz.
Um arco triunfal elevava-se em frente da catedral tendo no pedestal de cada lado um anjo sustentando o estandarte ouriverde e um índio símbolo do Brasil.
A ansiedade popular era indizível, cada qual procurava saber a hora da partida ao encontro.
As 6 da manhã foi o tenente Mello cumprimentado no Coxipó pelo sr. general Augusto Leverger e por outros cavaleiros.
O sr. Leverger ao encontrá-lo manifestou-lhe os sinais de benemerência de que se havia tornado credor, apelidando-o não só de distinto oficial como de excelente cidadão; e compungido da sorte e miséria dos componentes daquela grande comitiva, entregou-lhe uma subscrição aberta em favor deles e a quanti da 100$000 com que se assinará.
As 6 e meia horas manhã desfilava a população para o largo do Areão e diversos cidadãos a cavalo acompanhando ao comandante superior interino da guarda nacional e seus oficiais, seguido de uma banda de música, para o Coxipó.
No lugar denominado Gambá foi o tenente Mello encontrado com sua comitiva pelos cavaleiros, e aí parando ecoaram os vivas repetidos, ao brioso soldado, ao distinto cidadão, ao valente da pátria, ao benemérito do povo.
Terminadas essa ovações seguiu o préstito e chegando ao largo do Areão foi obrigado a parar ante a multidão entusiástica que o esperava".
Cumpridas algumas formalidades, segue o cortejo até a Catedral no largo da Sé, onde foi celebrada uma missa. Logo em seguida a multidão reuniu-se no largo, onde o tenente Mello recebeu a homenagem, atrás de uma proclamação do presidente da província, Alexandrino Manoel Albino de Carvalho.

FONTE: O Boletim da Imprensa, Cuiabá,  4 de maio de 1865. 

30 de abril

1925 – Coluna Prestes entra em Mato Grosso





Sob o comando de João Alberto, a vanguarda dos rebeldes deixa o território paraguaio e começa a ganhar o Sul de Mato Grosso. Domingos Meirelles é quem melhor conta esta história:

“A maior parte da tropa segue desmontada. O aspecto dos soldados e oficiais é andrajoso; estão todos descalços e quase nus, com a barba e os cabelos longos caídos sobre o peito e os ombros. A coluna é seguida por cerca de 50 mulheres, todas de aspecto miserável, que acompanham os gaúchos desde o Rio Grande.

Os primeiros combates realizados em Mato Grosso são surpreendentes. A tropa do governo, apesar da superioridade de suas forças, é rapidamente envolvida em Panchita, nas imediações de Ponta Porã, pelos homens de João Alberto. Os gaúchos, que conseguiram bons cavalos na região de Amambai, no sul de Mato Grosso, sentem-se agora retemperados e prontos para enfrentar o inimigo como faziam em seus pagos: atacando-o de surpresa em rápidas e empolgantes cargas de cavalaria.

Em poucas horas, os rebeldes obtiveram vitória fulminante: apoderaram-se de 20 caminhões do Exército e fizeram cerca de 100 prisioneiros. Ao ser informada de que os revolucionários tinham vencido a primeira batalha, a guarnição que defende Ponta Porã se retira da cidade em pânico, abandonando o sistema de trincheiras circulares escavado em volta do quartel. Sentindo-se desamparada e ameaçada pelas histórias de crueldades que o governo espalhara sobre os rebeldes, a população refugia-se na localidade vizinha de Pedro Juan Caballero, pequena vila em território paraguaio, bem em frente a Ponta Porã.

Desguarnecida, Ponta Porã é invadida pelos paraguaios, que saqueiam o quartel do Exército e levam o que pode para Pedro Juan Caballero, com a aquiescência das autoridades locais: móveis, louças, fardas, polainas. A pilhagem só não se estende ao comércio e às casas de família porque os rebeldes ocupam a cidade e expulsam os invasores".

FONTE: Domingos Meireles, A noite das grandes fogueiras,Editora Record, Rio, 1995, página 382.

FOTO: reprodução do livro Memória: janela para a História, de Wilson Barbosa Martins.


30 de abril

1925 - Celebrado contrato para abertura de estrada entre Coxim e Campo Grande

É firmado contrato entre a Intendência Municipal de Coxim, representada por Daniel Cesário da Silva, 1° vice-intendente do município, em exercício, e o agrimensor Teodoro da Silveira Melo, residente em Campo Grande, "para a construção de uma estrada de rodagem para automóveis, que se entroncará na outra, vinda de Campo Grande, até os limites deste município".

Iniciada no mês seguinte a rodovia, nos termos contratuais, seria entregue no dia 31 de agosto daquele ano.

FONTE: Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Editoria Ruy Barbosa, Campo Grande 1995, página 138.


30 de abril

1967 - Interurbano chega a Cuiabá





Foi festivamente inaugurado o serviço interurbano de Cuiabá, com investimento de NCr$ 200.000.000,00 da Teleoste, concessionária da telefonia no Estado, Companhia Telefônica do Estado e governo de Mato Grosso. O evento ganhou as manchetes dos jornais e recebeu status de fato histórico:

Depois de longa espera, finalmente inaugura-se hoje o serviço telefônico de interurbano de Cuiabá. A TELEOESTE é a responsável pela iniciativa de ligar Cuiabá com o resto do Brasil e do mundo. A capital de Mato Grosso deixa de ser a partir de hoje uma cidade isolada por esse moderno meio de comunicação que é o serviço telefônico interurbano. Uma comitiva de ilustres personalidades estará presente hoje às solenidades de inauguração da TELEOESTE em Cuiabá.

À frente o empresário Humberto Neder, diretor-presidente da Teleoeste, a solenidade de lançamento do serviço contou com a presença de toda a alta direção da empresa, autoridades locais, convidados do Rio de Janeiro e São Paulo, do governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian e de Plínio Barbosa Martins, prefeito de Campo Grande.

FONTE: Jornal Tribuna Liberal, (Cuiabá) 30 de abril de 1967.
 
 

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...