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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

16 de fevereiro

16 de fevereiro

1877 - Escravos matam senhor e capataz de fazenda em Corumbá




Revoltados com o dono e seu capataz, escravos matam os dois, saqueiam a fazenda e fogem. A notícia teve repercussão nacional:

"A 16 do corrente foram assassinados no porto do Chané, a algums léguas desta vila, o fazendeiro Firmiano Firmino Ferreira Cândido e um seu empregado (supomos que administrado) por nome João Pedro.

Segundo vemos de uma carta particular, escrita desse ponto por um genro do primeiro a um dos habitantes desta vila, os homicídios foram perpetrados por escravos do próprio Firmiano, os quais, depois de o assassinarem  e ao referido João Pedro, saquearam da fazenda o que puderam, tendo antes exigido as chaves das canastras existentes em casa, e retiraram-se, montados e bem armados, em número de vinte, inclusive alguns crioulinhos e dois ou três camaradas.

O assassinos, para dificultarem a ação da justiça, levaram consigo todo o armamento e animais que havia na fazenda e inutilizaram a machado três canoas, em que só os podia perseguir.

Logo que se teve aqui notícia de tão tristes acontecimentos, o Sr. Dr. juiz municipal, com alguma força seguiu para o teatro deles, a fim de tomar as devidas providências"¹.

Presos, dois escravos foram condenados à morte, e tiveram a pena capital comutada em galés perpétuas, por decreto do imperador D. Pedro II, de 15 de abril de 1881, nos termos da seguinte comunicação, do governo da província:

"Ao dr. juiz de direito da comarca de Santa Cruz de Corumbá. - Transmito a v. s. para a devida execução, cópia do decreto de 15 de abril último, pelo qual sua majestade o imperador houve por bem comutar em galés perpétuas a pena de morte a que foram condenados por esse juízo, em 29 de março de 1879, os réus escravos José e Benedito por crime de homicídio, mencionados na relação também junta por cópia".² 

FONTE: ¹Gazeta de Notícias (RJ), 1º de março 1878, ²A Província de Matto-Grosso (Cuiabá), 17-07-1881.

FOTO: Fac-simile do jornal Gazeta de Notícias.
 


16 de fevereiro

1888 - Nasce no Rio, José Jaime Ferreira de Vasconcelos





Nasce no Rio de Janeiro, José Jaime Ferreira de Vasconcelos. Advogado pela antiga Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro; farmacêutico pela Faculdade de Odontologia e Farmácia de Campo Grande, jornalista, fundador e diretor do Jornal do Comércio de Campo Grande.

Foi promotor de justiça, inspetor federal do ensino, auditor de guerra, deputado estadual por diversos mandatos, procurador geral do Estado, chefe de polícia, consultor geral do Estado, presidente do Conselho Administrativo do Estado, representante de Mato Grosso na Comissão de Planejamento da Valorização Econômica da Amazônia. Ocupou a cadeira 35 da Academia Mato-grossense de Letras. 



FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico de Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 157.


FOTO: Jornal do Comercio, Campo Grande



16 de fevereiro

1943 - Criado o Serviço Nacional da Bacia do Prata



Pela lei nº 5252, 16 de fevereiro de 1943 é criado o Serviço Nacional da Bacia do Prata (SNBP), entidade autárquica, em seguida transformada em sociedade anônima, com sede em Corumbá. Subordinado ao Ministério de Viação e Obras Públicas e à Comissão de Marinha Mercante, o SNBP incorporou o acervo do Lloyd Brasileiro.

"Apesar de ter enfrentado muitas dificuldades financeiras - constata Augusto César Proença - e de ter tido a necessidade de receber do governo subvenções, para poder se manter e continuar atuando na hidrovia, a empresa estatal trouxe inúmeros benefícios para Corumbá e para a região pantaneira," a saber:

Para Corumbá, quando transportava o minério de ferro e o manganês, e ainda cimento da Companhia de Cimento Portland Itaú. Para a pecuária pantaneira, quando utilizava os seus "boieiros" transportando gado em época de grandes enchentes, ou no desembarque ferroviário para os frigoríficos de Campo Grande e São Paulo, em conjugação com o terminal de Ladário. Cada "boieiro" transportava 300 reses em pé e possuía, a bordo, chuveiros para banhos de carrapaticidas ou de outra natureza.

O SNBP prestou também relevantes serviços à região agrícola de Cáceres, ao transportar cereais com fretes bem mais em conta que o cobrado por caminhões através de estradas de rodagem.

Durante o tempo em que atuou na hidrovia Paraguai-Paraná, aproximadamente 50 anos, adquiriu várias embarcações modernas, como a Guarapuava e a Guairicá,construídas na Holanda, além de rebocadores, barcaças tipo C, chatas M1 e N2, como também chatas N  e chatas petroleiras.

Prestou serviços à Flota Del Estado Argentino no transporte de minérios e à Comissão Mista Brasil-Bolívia, transportando trilhos e material ferroviário de Montevidéu a Corumbá.

Em 1992 o SNBP foi privatizado passando ao controle da Companhia Interamericana de Navegação e Comércio (CINCO).

FONTE: Augusto César Proença, Corumbá de todas as graças, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,sd., página 51.


16 de fevereiro

1949 - Morre Nicolau Fragelli


Anúncio publicado em 1914

Com 64 anos, faleceu em Campo Grande, o médico Nicolau Fragelli. Filho de Corumbá, formou-se em Medicina em Porto Alegre e fez curso de especialização em Paris. Entrou na política em 1918, elegendo-se deputado estadual. Em pleno mandato é nomeado pelo presidente dom Aquino Correa para intendente geral de Corumbá, diante de uma crise política local. “No exercício desse cargo teve Fragelli oportunidade de por à prova o seu espírito de serenidade e de conciliação, fazendo voltar a paz e tranquilidade àquela próspera comuna”, conforme Nilo Póvoas.

Em 1930, com a revolução, perde seu mandato de deputado estadual e volta à medicina, ao magistério e ao jornalismo. Em 1934, elege-se deputado estadual constituinte pelo Partido Evolucionista. Com o golpe getulista de 10 de novembro de 1937, voltou ao ostracismo, para retornar à atividade em 1945, ingressando na UDN e elegendo-se suplente de senador. Foi por longo tempo diretor do jornal O Progressista de Campo Grande e membro da Academia Mato-grossense de Letras.


Seu herdeiro político foi o filho José Fragelli, que chegou ao governo do Estado, nomeado pela ditadura militar de 1964 e ao Senado, do qual foi presidente de 1985 a 1987.



FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos varões ilustres de Mato Grosso, vol 2, Fundação de Cultura, Cuiabá,  página 131.



16 de fevereiro


1950 - Criada a paróquia de São Francisco, em Campo Grande







Dom Orlando Chaves, bispo de Corumbá, decide criar a paróquia de São Francisco e nessa data “reuniu todos os párocos de Campo Grande para tratar do assunto e realizar com os mesmos uma visita ao Cascudo para determinar os limites da nova paróquia. Ela devia abranger uma parte da cidade num raio de 2 km ao redor da igreja matriz. Além disso, todo o sertão, incluindo o distrito de Terenos e toda a região do município de Campo Grande para o sul, até os limites com as paróquias de Rio Brilhante e Maracaju. A paróquia teria uma superfície de uns 11.150 km2 com 14.000 habitantes, dos quais uns 2.000 no bairro e 12.000 no resto do território.” 

"Na época - lembra frei Pedro Knob - instalou-se uma igreja provisória, num salão alugado e já existiam as capelas de Terenos e Sidrolândia. Também a paróquia de Coxim foi anexada à nova paróquia e ficou sob os cuidados dos franciscanos. Já no dia 21 de maio, o bispo de Corumbá entregou oralmente ao frei Eucário Schmith, qur tomou posse no dia 8 de dezembro de 1950. A igreja matriz provisória,após um trabalho de reforma no salão e construção dos altares foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1951".


FONTE: Frei Pedro Knob, A missão franciscana de Mato Grosso, Edições Loyola, S. Paulo, 1988, página 347




16 de fevereiro

1963 - Inaugurado o serviço de telefonia interurbana Mato Grosso - São Paulo

Jornalistas Adelino Praeiro, Valmor Aguiar e Juber Felix entrevistam
Humbeto Neder, presidente da Teleoste

É oficialmente entregue a telefonia interurbana entre Campo Grande e São Paulo. Humberto Neder, presidente da Teleoeste, empresa campograndense responsável pelo serviço lembra a data:

Na inauguração do sistema interurbano veio o Governador do estado de Mato Grosso e também o ministro da Saúde, Wilson Fadul, representando o presidente João Goulart, e veio o prefeito de São Paulo, Prestes Maia, acompanhado de uma grande comitiva de pessoas interessadas e amigos em voo fretado por nós para assistir a inauguração desse serviço tão importante, que recebi uma mensagem até do Assis Chateaubriand, me felicitando por isso.

A revista Cruzeiro, a mais importante publicação mensal do Brasil à época, deu destaque ao evento:

Os 600 mil habitantes da região de Campo Grande, no Sul de Mato Grosso, que até o mês passado, viviam praticamente isolados do resto do país, já podem falar com qualquer parte do mundo, por telefone. A inauguração do sistema interurbano da Companhia Telefônica Oeste do Brasil (Teleoeste) através do empreendimento do Senador mato-grossense Humberto Neder vai permitir, daqui para a frente, maior desenvolvimento da região, que era rica mas incomunicável.

O trabalho do Senador Humberto Neder, que é, também, diretor da Teleoeste, consistiu em chegar à fórmula mais barata de levar fios telefônicos aos mato-grossenses e, em seguida, conseguir os meios e o apoio oficial para a iniciativa. A colaboração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, do Governo Federal e da Ericson do Brasil (Fabricantes de materiais telefônicos) permitiu a inauguração do sistema Campo Grande - Bauru - São Paulo. - Revista o Cruzeiro, n° 26, página 102, 1963.


O serviço chegaria em Cuiabá somente em 30 de abril de 1967.
FONTE: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, FCMS, Campo Grande, 2010, página 92.




16 de fevereiro


1992 - Morre o ex-presidente Jânio Quadros


Nascido em Campo Grande em 25 de janeiro de 1917, morre em São Paulo, no dia 16 de fevereiro de 1992, o ex-presidente Jânio Quadros.





Na edição que anunciou a morte do ex-presidente, em editorial, o jornal Folha de S. Paulo sintetiza sua trajetória:

Estilo carismático marcou sua carreira

Cabelo desalinhados e caspa nos ombros foram alguns símbolos cultivados por Jânio em sua vida pública
Da Redação

Jânio costumava aparecer em público com os sapatos trocados. Nos palanques das campanhas eleitorais levava uma vassoura, com a qual iria "varrer" a corrupção do país. Esse símbolo o acompanhou durante toda sua carreira política.
Entre os discursos de campanha, comia sanduíches de mortadela e pão com banana, numa tentativa de identificar sua imagem com o eleitorado mais pobre.
Jânio procurou sempre se diferenciar dos outros políticos. Vestia roupas surradas, usava cabelos compridos, deixava a barba por fazer, os ombros cheios de caspa e exibia caretas ao fotógrafos.
Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos, procurou sempre utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a maioria sem instrução escolar.
Chefe do Executivo, fosse municipal, estadual ou federal, o autoritarismo e o carisma foram seus traços característicos. Seus bilhetinhos, com ordens a subordinados, se tornaram célebres.
Segundo seus adversários, Jânio sempre demonstrou desprezo pelos partidos e pelo Poder Legislativo. Ao longo de sua carreira trocou de legenda sucessivamente.
Essas demonstrações de força aumentaram sua popularidade junto a diversos segmentos do eleitorado. Jânio parecia diferente dos outros políticos.
Eleito pela segunda vez prefeito de São Paulo, em 1985, seu primeiro ato ao tomar posse, em 1° de janeiro de 86, foi desinfetar a cadeira de seu gabinete. Alguns dias antes da eleição, seu adversário de campanha, Fernando Henrique Cardoso, candidato do PMDB, ocupou a cadeira para ser fotografado pela imprensa.
Em mais um de seus vaivéns políticos, no seu último mandato como prefeito literalmente "pendurou as chuteiras" na porta do gabinete, afirmado que nunca mais seria candidato a um cargo público - o que provavelmente não correspondia a suas intenções eleitorais, mas que acabou, com sua doença, revelando-se como uma espécie de premonição política.
Na campanha para a eleição presidencial de 1989, passou várias semanas transmitindo informações desencontradas sobre sua intenção de se candidatar novamente à Presidência.
Em 27 de maio, com baixos índices de popularidade e abalado por problemas de saúde, anunciou sua desistência com um discurso dramático feito da sacada de sua casa no Morumbi, em São Paulo: "Peço-lhes paciência para quem se retira por deficiência física irreparável da vida pública sem retirar-se da condições de brasileiro", disse ele aos jornalistas.
Jânio fazia discurso contundentes e contraditórios. Para fazendeiros do Nordeste era capaz de defender o latifúndio com a mesma tranquilidade com que, para uma platéia estudantil, defendia a reforma agrária.
Dias antes de sua renúncia, em agosto de 1961, condecorou o ex-guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz. Paralelamente, tomava medidas evitando que a Guiana se tornasse um país comunista.
Jânio pode ser considerado um precursor do marketing político. Sabia criar eventos que seriam notícia. O polêmico decreto que proibiu o uso de biquínis quando era presidente teria sido uma inspiração sua para dar aos jornais uma manchete no dia seguinte. Em sua volta à Prefeitura, saía pelas ruas com sua assessoria militar multando motoristas infratores.
Não foram poucos seus atritos com a imprensa. Por exemplo, chegou a proibir o acesso de jornalistas ao seu gabinete e a selecionar os jornais e revistas para os quais daria entrevistas.
Da Reportagem LocalJânio da Silva Quadros fez sua primeira campanha por votos, ainda aos 19 anos, sentado num barril. Era candidato a secretário do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Ele prendeu a inscrição "vote em Jânio" no chapéu e sentou-se em um barril na porta de entrada da faculdade. Para surpresa de seus adversários, venceu. Na época, 1936, cursava o segundo ano de Direito.
Jânio nasceu em Campo Grande, no antigo Estado do Mato Grosso (atualmente Mato Grosso do Sul), em 25 de janeiro de 1917.
No quarto ano de faculdade, conheceu Eloá, então com 15 anos, no Guarujá, litoral de São Paulo. Eloá afirmaria depois: "Eu jamais conhecera um homem tão feio quanto Jânio". Casaram-se em 1939, quando ele se formou.
Jânio montou um escritório de advocacia e deu aula em escolas. Apoiado por pais de alunos do colégio paulistano Dante Alighieri - onde era professor de português -, decidiu se candidatar a vereador em 1947 pelo Partido Democrata Cristão (PDC).
Com 1.707 votos, obteve uma suplência. Jânio tomou posse em 1948, após a cassação dos vereadores comunistas, no governo do então presidente Eurico Gaspar Dutra. O Congresso Nacional votou pela cassação de todos os parlamentares comunistas, fazendo o Partido Comunista do Brasil entrar para a clandestinidade.
Sua atuação, em quatro anos, foi polêmica. Apresentou 162 projetos de lei, fez discursos violentos, envolveu-se em tumultos.
A fama aumentou tanto que Jânio foi eleito deputado estadual, em 1950, com a maior votação. Ganhou o posto de líder do PDC. Em 1953, já estava em campanha para prefeito de São Paulo.
Surgiram aí o slogan "o tostão contra o milhão" e a vassoura, referências à corrupção que ele criticava no esquema político de Adhemar de Barros. Foi eleito e tomou posse em 1953, aos 36 anos. Em 1954 se candidatou ao governo paulista.
Lançado pelo PDC, Jânio acabou expulso do partido. Voltou à campanha apoiado por partidos menores.
Enfrentou seu grande inimigo, Adhemar de Barros - enfraquecido pelas disputas com o governador e ex-aliado político Lucas Nogueiro Garcez, que lançou como candidato Prestes Maia. Jânio teve 660 mil votos, Adhemar 641 mil e Maia 492 mil.
Como governador de São Paulo, ele se beneficiou do Plano de Metas do então presidente Juscelino Kubitschek, que pretendia atrair o capital internacional para impulsionar a industrialização do país.
Jânio se aproveitou da situação e São Paulo foi o Estado mais beneficiado com a implantação de parques industriais - como o parque automobilístico.
Nesse período, a receita tributária do Estado aumentou e o déficit financeiro deixado pelos governos anteriores caiu.
Jânio investiu no Estado de São Paulo em estradas, saneamento básico, usinas hidrelétricas e abastecimentos de água.
Em seu governo, Jânio adotou a política de rígido controle para abertura de novos créditos. O sistema de arrecadação e de fiscalização tributária do Estado foi reformulado para diminuir o impacto das sonegações nas contas públicas.
No final de seu governo, conseguiu eleger seu secretário de Finanças, Carvalho Pinto, com mais de 200 mil votos de diferença sobre Adhemar de Barros.
Candidatou-se a deputado federal no Paraná, pelo PTB, e teve a maior votação do Estado.
Jânio jamais foi ao Congresso Nacional. Aproveitou para viajar pelo mundo com a mulher Eloá e a filha Dirce Tutu Quadros.


No governo, defendeu o 'saneamento moral'

Da Redação


Nos sete meses em que ocupou a Presidência, Jânio tomou medidas para promover o "saneamento moral da nação". Introduziu a censura "moralizadora" na TV e proibiu as brigas de galo, a propaganda comercial em cinemas, os desfiles de misses com maiôs "cavados", o uso de lança-perfume no Carnaval e as corridas de cavalos em dias úteis.
Sua cruzada começou no dia da posse, em 31 de janeiro de 61, com a criação de cinco comissões de sindicância para apurar irregularidades no governo de Juscelino Kubitschek. Até 31 de março, Jânio criaria mais 28 comissões de sindicância e inquérito, todas presididas por militares.
A intensa utilização de oficiais das Forças Armadas em sua administração e o temor do envolvimento de nomes do governo anterior em processo acirrou a hostilidade dos congressistas.
Jânio não fez questão de aprofundar relações com o Congresso. Ele recebia deputados federais duas vezes por mês e senadores uma - em audiências coletivas.
No plano externo, Jânio anunciou em 6 de fevereiro que adotaria uma política de neutralidade. Jânio negou-se a apoiar a invasão de Cuba pelos Estados Unidos no dia 16 de abril. Também enviou missões comerciais aos países então comunistas URSS, Bulgária, Hungria). Pretendendo ampliar a presença brasileira na África, o governo abriu embaixadas no Senegal, Gana, Nigéria e Zaire.
Em 19 de agosto, condecorou Ernesto "Che" Guevara, então ministro da Economia de Cuba, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do sul, provocando protestos dos militares e da UDN.
A política econômica de Jânio teve como principal objetivo o combate à inflação, que havia atingido 30,6% ao ano em 1960, a redução da dívida externa e a diminuição do déficit orçamentário. Apesar economia em 61 ainda experimentar uma taxa de crescimento em torno de 7% ao não, o déficit orçamentário atingia nesse ano a marca de Cr$ 113 bilhões (valores da época).
O ministro da Fazenda, Clemente Mariani, adotou uma política recessiva. No dia 13 de março, anunciou uma reforma cambial. O cruzeiro foi desvalorizado em 100% em relação ao dólar.
Foram eliminados os subsídios na importação do trigo (o que provocou um aumento no preço do pão), petróleo (aumento da gasolina) e dos bens de produção sem silimar nacional.
Jânio enviou ao Congresso dois projetos polêmicos - a lei antitruste, que visava "embarcar a criação ou funcionamento de monopólios", e a lei de remessa de lucros, que só foi aprovada no governo de João Goulart.
Seu relacionamento com o Congresso foi se deteriorando. Ele estava praticamente isolado no Palácio do Planalto quando renunciou na manhã de 25 de agosto. Sua saída foi precipitada por um discurso do então governador do antigo Estado da Guanabara, Carlos Lacerda (UDN).
Na noite anterior, Lacerda usou uma cadeia estadual de rádio e TV para acusar Jânio de tramar um golpe contra o Congresso. Ele soube do discurso na manhã do dia seguinte. Reuniu auxiliares e disse que iria renunciar. 

FONTE: Folha de S. Paulo, 17 de fevereiro de 1992.

domingo, 6 de março de 2011

16 de agosto

16 de agosto


1869Frei Mariano de Bagnaia é libertado


Preso em Miranda a 22 de fevereiro de 1865, no início da guerra do Paraguai, frei Mariano de Bagnaia é  “levado para Nioaque, para as margens do rio Apa e dali para Assunção onde já se encontrava encarcerado seu colega frei Ângelo Caramânico. O frei Mariano foi por ordem superior encerrado numa casa velha, há muito tempo abandonada, sob cujo assoalho as cobras tinham feito seus esconderijos. Deram-lhe por cama um catre velho e nojento, infectado por uma infinidade de percevejos, pulgas e outros insetos.

De Assunção foi removido para Ascura na Cordilheira e depois transportado para o presídio de Caacupê. E por fim frei Mariano de Bagnaia foi removido para o presídio de Parrero Grande. Em 16 de agosto de 1869 foi libertado pelo exército brasileiro”. 


Em sua volta a Mato Grosso, frei Mariano assume a paróquia de Corumbá, sendo a construção da igreja da Candelária sua obra mais duradoura na cidade branca. Uma das principais ruas de Corumbá tem o seu nome.



FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992, página 200. (retrato: Retirada da Laguna, de Taunay)




16 de agosto


1872 Iniciada a demarcação de limites entre Brasil e Paraguai



General Rufino Eneias Gustavo Galvão



Na confluência do Apa principiam as operações de campo na demarcação dos limites entre Brasil e Paraguai, chefiadas pelo coronel Rufino Enéias Gustavo Galvão, o visconde de Maracaju, que para “desempenhar a incumbência que lhe fora cometida – segundo Virgílio Correa Filho – fez-se mister o auxílio de contingente militar de 50 praças de infantaria e 10 de cavalaria, sob o comando do major Antônio Maria Coelho. De outra maneira não seria exequível a magna tarefa, a que os nativos se oporiam, decididos a impedir a entrada de estranhos em seus domínios.” 



FONTE: Rubens Aquino, Tererê, in Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul 1883-1947, Instituto Euvaldo Lodi, Campo Grande, 1986, página 350.


sexta-feira, 4 de março de 2011

16 de julho

16 de julho

1797 - Fundado o presídio de Miranda



Planta do presídio de Miranda, de Francisco Rodrigues do Prado (Itanarati)

Com o objetivo de guarnecer a região pantaneira de eventuais ameaças espanholas, a partir de Assunção e do forte San José, à margem do rio Apa, o governador Caetano Pinto de Miranda mandou fundar o presídio Nossa Senhora de Carmo do Emboteteu. O estabelecimento foi construído pelo tenente Francisco Rodrigues do Prado que denominou-lhe e ao rio (então Emboteteu) de Miranda, em homenagem ao governador responsável por sua criação.

Vistoriando o local em 1820, o sargento-mor engenheiro Luiz D'Alincourt,constatou que o mesmo achava-se inteiramente irruinado: " a trincheira que está por terra, em várias partes, dá livre passagem ao gado; a estacaria quase toda podre; partes dos Quartéis têm caído, e os que restam estão danificados; no Paiol e Armazém do mantimento chove em abundância; finalmente não merece já o nome de Prezídio".

 
O resumo, de 1939, é do historiador Virgílio Correa Filho:

Posto que edificado em má posição topográfica, o posto militar converteu-se, por lei provincial de 1835, em freguesia e foi-se desenvolvendo até que, em 1859, condenado pelas comissões de engenheiros, que lhe arguiram o diminuto valor estratégico, transferiu-se o comando do distrito para Nioaque.
"Continuando como vila, a que foi elevada por lei de 30 de maio de 1857, e cabeça de comarca, padeceu como todos os povoados do Sul, os horrores do domínio paraguaio.

Passada a fase de expiação, começou novamente a desenvolver-se, enriquecida pela indústria pastoril, até que a desanexação de muitos de seus termo, que se erigiram em novas comarcas, veio diminuir-lhe sobremaneira a importância.

Jaz à latitude 20° 14' e 13° 8' de longitude O. Rio, à margem do rio Miranda, navegável por embarcações apropriadas, que a ligam a Corumbá.

Modernamente,além dessa via de comunicação, serve-lhe o comércio a E.F.Noroeste, além de estradas de rodagem, entre as quais sobreleva, pela sua importância, a que vai a Bela Vista.

É cabeça de comarca, tendo dois distritos de paz, o de Miranda e o Bonito, aos quais correspondem outros tantos distritos policiais.

Em 1918, a arrecadação efetuada montou a réis 57:536$105, e a 76:815$800 em 1924.


FONTES: Luiz D'Alincourt, Memória sobre a Viagem do Porto de Santos à Cidade de Cuiabá, Editora de Universidade de São Paulo, São Paulo,1975, páginas 169 e 170; Virgílio Correa Filho, Mato Grosso (2ª edição), Coeditora Brasileira, Rio de Janeiro, 1939, página 168. 


 
16 de julho


1902 Morre em Corumbá, Dormevil Malhado


Aos 64 anos falece em Corumbá, o herói de guerra e médico humanitário, o baiano Dormevil Malhado. O acontecimento ganha as páginas de A Pátria, jornal de Pedro Trouy:

Depois de longa e cruel enfermidade, a que foram improfícuos todos os cuidados e esforços médicos, faleceu às 9 horas da noite de 16 do corrente o estimadíssimo e venerando clínico dr. Dormevil José dos Santos Malhado, na adiantada idade de 67 anos.


O seu passamento é com justíssimas razões muito lamentado, pois quer nesta cidade como na capital do Estado, onde como Apóstolo do bem sentiu-se envelhecer, contava o ilustre morto muitos amigos que na sua caridade conquistara, tanto no palácio do rico como no albergue do pobre.
Pertencendo ao quadro do exército, chegou ao Estado muito moço e seus relevantes serviços ao povo e à pátria datam da epidemia de varíola que em 1867 lutuou a capital do Estado e da campanha do Paraguai, em cujas últimas expedições tomou parte.


Exerceu sempre com especial zelo e carinho diversos cargos públicos, entre outros os de Inspetor de Higiene, por diversas vezes, lente de pedagogia e da língua vernácula do Liceu Cuiabano, Diretor Geral da Instrução Pública, em cujo caráter aposentou-se e, ultimamente, o de inspetor do Porto desta cidade.


Durante o antigo regime foi por vezes vice-presidente desta então província, deputado à Assembléia Provincial, membro do diretório do extinto partido liberal e seu presidente, e teria sido eleito deputado geral se ele próprio não desistisse da cadeira que seus amigos lhe ofereceram para pedir-lhes a dessem a outrem.


Dotado de invejável talento, a sua palavra fluente arrebatava; sua pena de ouro enriqueceu e enobreceu por muito tempo a imprensa mato-grossense.
Como discípulo de Esculápio, a sua ciência era um sacerdócio em vez de uma profissão. Nunca visou os proventos que poderia ter tirado de sua competência; nunca lhe foram indiferentes os gemidos do pobre aos quais acudia sempre, mesmo periclitando a própria saúde.


A Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá lhe deve inolvidáveis e inimitáveis serviços, como a população desta cidade pelo inexecedível desvelo, pelo incansável cuidado, pelo paternal interesse com que, só, completamente só, acudia a todos durante o período da varíola que dizimou esta cidade no ano de 1900.


A sua idade e o estado de saúde, então alterada, não lhe foram obstáculo no exercício de seu sacerdócio.


Morreu pobre porque não fez profissão da medicina, legando à sua inconsolável esposa, às sua seis filhas e aos seus filhos apenas um nome honrado, coberto de bênçãos de um povo inteiro agradecido.


Ao seu enterro, que teve lugar às 8 horas da manhã seguinte, concorreu avultado número de amigos e uma guarda postada em frente ao cemitério prestou-lhe as honras a que a sua patente de capitão honorário do exército tinha direito.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 40. 



16 de julho

1916 - Assassinado o primeiro vigário de Campo Grande





Tendo assumido o posto em 19 de outubro de 1912 e suspenso das ordens sacras em junho do ano seguinte, o padre José Joaquim de Miranda é assassinado em sua casa, à rua 13 de Maio esquina com a avenida Mato Grosso, por um grupo de cavalarianos à frente o tenente Jacques da Luz. Primeiro vigário da cidade, levava uma vida desregrada para os padrões da época. Além de bom carteador e político extremado, afirma a crônica, portava sempre um "respeitável 44 para impor a lei dos homens, enquanto ao altar, após noites mal dormidas, pregava a lei de Cristo". 

Suspenso das ordens religiosas, negou-se a entregar a paróquia ao colega Mariano João Alves, empossado em 3 de junho de 1913, "mas só dois meses após logrou entrar na matriz, graças a intervenções insistentes de prestigiosos moradores da localidade." Antes de ser morto,chegou a eleger-se 2º vice-intendente municipal, cargo correspondente a vice-prefeito. Consta ainda que "substituindo os livros de prática religiosa e as imagens do Redentor, o padre trazia consigo, sob o colchão, sete armas de guerra e 2.000 cartuchos de Mauser"!


FONTE: Emílio Garcia Barbosa, Esboço histórico e divagações sobre Campo Grande, in Série Memória sul-mato-grossense,volume XIV, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande 2011, página 234. 

FOTO: Rua 13 de Maio, Campo Grande, década de 10 do século XX. Acervo do Arquivo de Campo Grande (Arca).




16 de julho

1918Campo Grande elevada à categoria de cidade


O intendente Rosário Congro
Fundado em 1872, quando José Antonio Pereira desembarcou pela primeira vez na afluência dos córregos que ficariam conhecidos como Prosa e Segredo, distrito de paz, pela lei no. 792, de 23 de novembro de 1889, município pela lei no 225, de 26 de agosto de 1899, e comarca em 1911, a vila de Santo Antônio de Campo Grande, recebeu os foros de cidade, pela lei no 772, de 6 de julho de 1918. O fato foi festivamente comemorado:

“Foi armado um grande palanque no jardim (atual praça Ari Coelho) para as comemorações populares, ocupado por vários oradores, que exaltavam a importância do acontecimento e o progresso da cidade que nascia.


Houve ainda um grande churrasco, tipo matogrossense do sul, com muita bebida e alegria. Na intendência foi realizada sessão cívica com inauguração de retratos de algumas personalidades importantes ligadas à história da cidade.


O intendente baixou resoluções dando o nome de presidente Dom Aquino à rua que hoje conserva esta denominação e é uma das principais da cidade. O nome anterior era Primeiro de Março.”





FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 38.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

16 de abril

16 de abril

1884 - Nasce Arlindo de Andrade, primeiro juiz de Campo Grande






Nasce em Timbaúba, estado de Pernambuco, Arlindo de Andrade Gomes. Filho de Manuel da Cunha Andrade Gomes e Maria Cavalcanti de Andrade, aprendeu a ler com a mãe em sua cidade natal. No Recife fez os preparatórios e ingressou na faculdade de direito. Para manter os estudos entrou no Diário de Pernambuco onde tornou-se comentarista político. Colou grau em ciências jurídicas em 5 de dezembro de 1907. 

Imediatamente após a formatura decide mudar-se para Cuiabá, curiosamente, na primeira década do século passado, maior que São Paulo em número de habitantes: 35.987 contra 31.385 moradores. Na capital de Mato Grosso, Arlindo de Andrade lecionou Botânica no tradicional Liceu Cuiabano, tendo sido professor de Arnaldo Estevão de Figueredo, futuro prefeito de Campo Grande e governador do Estado. 

Em 10 de junho de 1909 foi nomeado inspetor escolar de Cuiabá pelo presidente Pedro Celestino. Em outubro do mesmo ano é nomeado procurador fiscal da Delegacia do Tesouro Federal do Estado de Mato Grosso pelo presidente Nilo Peçanha. No ano seguinte aceita o convite do presidente do Estado, Pedro Celestino para ocupar a comarca de Nioaque no Sul de Mato Grosso, em vaga deixada por seu colega advogado Eduardo Olímpio Machado.

Em 1911 assume a recém criada comarca de Campo Grande, permanecendo no cargo por apenas 50 dias. Exerce a advocacia e funda em 1913 o semanário "O Estado de Mato Grosso," o primeiro jornal da cidade, cuja primeira edição circulou no dia 22 de junho. 

Em 1919 lidera em Campo Grande a campanha de Rui Barbosa para a presidência da República contra Epitácio Pessoa o candidato oficial. Na defesa da bandeira oposicionista fundou o jornal "Rui Barbosa", que se editou durante a campanha, onde o baiano candidato foi derrotado pela terceira vez. 

Ainda em 1919 participa da organização da biblioteca pública de Campo Grande, cuja pedra fundamental é lançada no dia 21 de abril na avenida Afonso Pena.

Em 1921 assume a intendência municipal de Campo Grande. Como prefeito construiu o grupo escolar (atual escola Joaquim Murtinho) na avenida Afonso Pena. No setor urbanístico, com sua paixão pelas plantas, arborizou as ruas e cuidou das praças e jardins e também de seu arruamento.

Importante: de sua própria chácara, na rua Marechal Rondon (hospital do Câncer) saíram, gratuitamente, mudas das árvores que hoje ornamentam a cidade. Os "ficus" das avenidas Mato Grosso e Afonso Pena, bem como os dois principais jequitibazeiros da praça dr. Ari foram plantados em sua gestão.

Em 1930 integrou a Aliança Liberal, responsável pela chegada de Getúlio Vargas ao poder e em 1932 rompeu com Getúlio e apoiou os paulistas, chegando a compor o secretariado do governo provisório de Mato Grosso, à frente Vespasiano Barbosa Martins.

Mudou-se para Campinas na década de 50 e faleceu em São Paulo, em 20 de agosto de 1975, aos 91 anos.

FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1988.

16 de abril

1892 - Jornal europeu comenta independência de Mato Grosso

De pouca ressonância no Brasil, a proposta de independência de Mato Grosso, feita por militares de Corumbá e Cuiabá, em rebelião que derrubou o governo constitucional de Manoel Murtinho, teve enorme repercussão na imprensa européia. O Economist, em longo editorial "faz considerações sobre a separação provável da maior parte dos estados que hoje formam a República do Brasil. Diz que era natural que se quebrasse a coesão que unia as províncias do antigo império, que tinha sua força no respeito geral votado à familia imperial e que só o orgulho dos brasileiros pelas vastas dimensões do seu país era talvez a única força que ainda ligava os estados da República. Não considera como muito grande a perda material causada pela separação de Mato Grosso; diz que as imensas florestas, situadas à tão grande distância do litoral, nunca poderão, nem o poderão ser tão cedo, utilizadas como fonte de riqueza, que embora esse estado possua minas minas de quase todas as espécies de minerais, as distâncias, a escassez de trabalho e a falta de meios de comunicações, fazem-nas completamente inúteis. O Brasil poderá pagar, se quiser, as suas dívidas, tanto com o Mato Grosso como sem ele, e com a sua separação trará alívio às dificuldades da autoridade central, cuja força seria mais sentida se o território sobre o qual a exerce fosse menor. Para um Estado importante como o Brasil não há talvez ônus mais enfraquecedor do que um excesso de território que não produz renda alguma, que não pode, entretanto, ser completamente negligenciado, mas que antes, pelo contrário, está sempre custando dinheiro do tesouro, com melhoramentos de vias de comunicação."

"Todavia - prossegue o articulista - a separação de Mato Grosso da União Brasileira deve ser sentida por causa das consequencias resultantes. Os estados tem poucos interesses comuns e em alguns casos, os interesses são até divergentes e opostos. Não falando das diferenças de população, os estados marítimos ressentem-se do Rio de Janeiro, e os do interior, que não têm ligação natural com a capital, só sofrem com as suas constantes revoluções. O Rio nada pode fazer para lugares tão longiquos e inacessíveis, e só faz sentir pela influência do fisco que cobra direito de trânsito sobre todas as mercadorias que para lá vão, e que está continuamente a exigir-lhes impostos, a opor-se a elevação das notabilidades locais, que, consciente ou inconscientemente, querem querem governar as suas províncias, por si, sem responsabilidade a um poder distante e moroso".

Mais adiante o editorial destaca que os "estados querem dispor das suas pequenas forças públicas, querem fazer leis que lhes convenham às suas circunstâncias e cobrar e gastar toda a sua renda do melhor modo que acharem. As suas tendências são, pois, para a autonomia, e se a República houvesse sido governada com sabedoria, ela teria com toda a probabilidade, conservado as províncias mais remotas presas por algum vínculo frouxo, mas o governo do Marechal Fonseca geriu tão mal as finanças, e aquele que lhe sucedeu mostrou-se instável, que cada uma das províncias há de, sem dúvida, ir marchando para uma independência formal, esforçando-se o Rio por manter apenas autoridade sobre as suas vizinhas imediatas".

Discorrendo sobre uma reação à eventuais atos de independência dos estados, o periódico londrino explica que o "exemplo foi dado e não há coisa alguma que torne impossível a imitação, por ser o Rio, embora o mais rico dos estados e o melhor armado, incapaz de guerras de conquistas. É possível qie consiga operar por mar contra as províncias marítimas, mas não possui nem dinheiro nem as forças para expedições, e como no caso especial de Mato Grosso, através de vastas florestas, em que um punhado de homens familiarizados com o terreno pode derrotar qualquer força armada".

Ainda no mesmo raciocínio, entende o artigo que um "grande estado europeu poderia dificilmente conservar o Brasil contra a vontade dos provincianos, e o governo do Rio não o pode certamente fazê-lo. Quando de posse de todo o Império e do poder de fazer empréstimos, conquistou dificilmente o pequeno estado de Paraguai".

É de opinião o escritor do Economist que só haverá dano para o mudo com a mudança, se algum dos nossos estados independentes restabelecer a escravidão; mas, pensa que isso não será provável, porque os negros resistirão; e como não é provável que se guerreiem entre si, hão de produzir tantos como agora. Um grande perigo seria um levante dos negros livres como estão nada terão a ganhar com uma revolta. Os Estados Unidos não permitirão que a Europa se aproveite das dissenções entre os estados, e que se confinarão a questões de limites, que se resolverão pacificamente. Os credores estrangeiros pouco sofrerão com isso, porque a sua verdadeira garantia está na renda da alfândega do Rio, e como este continuará a ser o porto de abastecimento para o interior, as suas rendas aduaneira não diminuirão.

Finaliza o editorial o jornal londrino, preconizando:

Este Estado e os seus vizinhos imediatos é provável que continuem a se chamar Brasil, e se souberem abster-se de revoluções e ter uma polícia decente, poderão ser mais ricos e mais felizes do que, quando perdidos dentro de República, que é antes uma expressão geográfica de um Estado sólido de qualquer categoria. 

FONTE: Jornal do Commercio (RJ) 7 de maio de 1892.


16 de abril

1921 - Peste bovina: produtores de Corumbá pedem providências

Em ofício enviado ao deputado Aníbal de Toledo, no Rio de Janeiro, produtores rurais e políticos de Corumbá, pedem interferência do parlamentar junto ao governo federal, no sentido de autorizar inspeção sanitária do governo, de modo a atestar a saúde dos animais do município, a fim de evitar a paralisação das exportações, impostas pela peste bovina em São Paulo:

"Os poderes municipais, os criadores e os industriais aqui residentes, alarmados pela notícia de que a peste bovina dizima o gado em São Paulo e Minas, reuniram-se ontem na Intendência Municipal e deliberaram pedir à V.Ex. conseguir do Sr. Presidente da República a nomeação de um veterinário que examine neste município o estado do gado abatido nos saladeiros e ateste a sua saúde, sendo a sua firma legalizada pelo Cônsul britânico, afim de evitar a paralização da exportação, que será feita via Santos, visto a Argentina e o Uruguai haverem proibido o trânsito de produtos bovinos brasileiros.

Esta medida se impõe pelo receio dos fazendeiros de uma possível invasão da peste, desejosos de reduzir e aproveitar o gado enquanto sadio. Outras providências foram resolvidas, tendentes ao isolamento das fazendas, as quais comunico ao presidente do Estado, aos intendentes dos municípios, em grande parte ignorantes ainda das terríveis ocorrências. Atenciosas saudações - Christão Carstens, Intendente Municipal".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 19/04/1921


16 de abril

1952 - Fundação de Naviraí




Um grupo de fazendeiros do interior de São Paulo constitui a Colonizadora Vera Cruz - Mato Grosso, lançam um núcleo fundiário no Sul de Mato Grosso e para sediar a área rural, fundam a cidade de Naviraí, a princípio Vera Cruz. O projeto visava a exploração da terra por um processo de integração, ou seja, a convivência harmoniosa entre grandes e pequenas propriedades. Daí, intermeando fazendas com pequenas parcelas, deu-se início à ocupação econômica do cone sul de Mato Grosso.

Os pioneiros da exploração foram Virgilio Fioravante, Florêncio Fioravanti, Vanher Fioravanti, dr. Renato Fioravanti, Irio Spinardi, Vicente Ottoboni, Luiz Ottoboni, Batista Ottoboni Neto, João Nicolau, Vicente Scarabotolo, Ariosto da Riva, Ismael Ferreira Coimbra, Carlos Alberto de Souza Brito, Mário Belonhesi, José Marques Guimarães, Everaldo Marchioni, Homero Ferreira e João Batista Menin.*

Município em 11 de novembro de 1963, desmembrando-se de Caarapó, Naviraí era em 2019, a principal cidade do extremo Sul do Estado de Mato Grosso do Sul.

FONTE: *Correio Paulistano (SP), 12 de abril de 1953.





16 de abril

2000 - Morre o professor Celso Müller do Amaral




Nascido em 31 de agosto de 1920,na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, faleceu em Dourados, o professor e ex-deputado Celso Müller do Amaral. Em Dourados desde os 12 anos, em 1935 inicia o curso primário no colégio Dom Bosco. Estudou Ciências e Humanidades no Seminário Seráfico SãoLuis de Tolosa, no Paraná e formou-se em Química, na Faculdade Mackenzie de São Paulo em 1949. Na política,elegeu-se vereador várias vezes e deputado estadual em dois mandatos, antes da divisão do Estado.
Sua carreira política esteve ligada ao seu interesse pelo ensino. Como vereador, fundou o primeiro ginásio de Dourados - o Ginásio Oswaldo Cruz - do qual foi diretor e liderou entre 1957 e 58 o movimento político pela implantação do ensino público em seu município, a partir da implantação do Colégio Estadual Getúlio Vargas. Na Assembleia Legislativa em Cuiabá, bateu-se pela criação da Universidade Estadual de Mato Grosso, com sede em Dourados e pela criação da Escola de Agronomia em Dourados.
Em sua homenagem o governo do Estado dedicou-lhe a denominação de uma escola na cidade e, por iniciativa do deputado Geraldo Resende o campus da Universidade Federal da Grande Dourados passou a ter o seu nome.

FONTE: Deputado Geraldo Resende, Justificação do projeto de lei 5.949/2005, Câmara dos Deputados, Brasilia.

domingo, 13 de outubro de 2013

16 de novembro

16 de novembro

1865 - Forças brasileiras entram em Mato Grosso
Paisagem sul-matogrossnese, eternizada por Taunay

Expedição militar brasileira, destinada a combater o inimigo que havia invadido o Sul de Mato Grosso no final de 1864, depois de passar por São Paulo, Minas Gerais e Goiás, alcança o território da província de Mato Grosso, às margens do rio Verde, afluente do Paraná, na divisa com Goiás. O cadete Taunay, autor da "Retirada da Laguna" e membro da comissão da engenheiros das forças brasileiras, registra, com detalhes do acontecimento:


"às 4 horas e 55 minutos marchou a força ao rumo O. por uma légua, tomando depois, como na véspera, para o O. S.O., em cuja direção média caminhou 2 ¹/² léguas por chapadões cobertos apenas de capim barba de bode, que brotava virente pela muita chuva dos dias passados. Aqui e acolá destacam-se capões, reduzidos às vezes a simples fitas ao acompanharem os filetes de água que serpeiam aos encontros dos declives".


Completada a travessia do rio Verde, a força acampou junto ao córrego Invernadinha, já em território matogrossense, assim caracterizado pelo atento observador:


"O terreno percorrido é em geral acidentado, ora argiloso; ora arenoso; às vezes com cerrados dos lados da via, outras com mato fechado. O aspecto da vegetação foi sempre o mesmo em todas estas marchas."


Não escapou à observação do escriba o contestado entre Goiás e Mato Grosso:


"O rio Verde é motivo de grande controvérsia entre as duas províncias de Goiás e Mato Grosso, querendo esta considerá-lo a sua linha divisória com aquela, que muito pelo contrário pretende dever estender os seus direitos até a confluência do Taquari com o Coxim. O terreno litigioso te, pois, desde esta questão avivada na presidência em Goiás do sr. José Martins Pereira de Alencastro, ficado sujeito à ação das duas partes reclamantes, o que seria causa de conflitos, colisões e graves incômodos para os seus habitantes, se não fosse a vastidão dos territórios e a escassez e disseminação da população.".


FONTE: Taunay, Marcha das Forças, Editora Melhoramentos, S. Paulo, 1928, página 120.



16 de novembro
 
1848 – Joaquim Francisco, o Sertanejo, atravessa o rio Paraná




Barão de Antonina, o patrão do Sertanejo

Em viagem de Curitiba ao Sul de Mato Grosso, iniciada a 7 de outubro, Joaquim Francisco Lopes,  “vara o Paraná e desce para ganhar a embocadura do Ivinhema. Navega ao longo do rio, em cujas barrancas estavam os índios caiuás; dá-lhes presentes à vontade, colhendo informações através de um ‘linguará’ (intérprete) sobre as terras que atravessava. Muita mata e os campos procurados não existiam por ali. Prossegue a viagem; toma o rio Brilhante, em cujas proximidades sabia estar Antonio Gonçalves Barbosa, morador da fazenda Boa Vista, onde chega a 7 de dezembro, por terra, deixadas as canoas à margem do rio Vacaria".
Irmão de Francisco Lopes, o Guia Lopes, Joaquim Francisco Lopes, o Sertanejo, como ficou conhecido, estava a serviço do barão de Antonina que lhe contratara para adquirir terras e construir uma estrada até Miranda.  


FONTE: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, Sua Evolução Histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 92.




16 de novembro

1866 - Guerra do Paraguai: recrutamento compulsório e fuzilamento para recapturados

Depoimento de um tenente brasileiro, que conseguiu escapar do recrutamento imposto aos brasileiros, denunciou que soldados do exército do Paraguai, perseguem moradores da Corumbá ocupada, que tentam escapar do recrutamento compulsório, decretado pelo governo do marechal Solano Lopes. Aqueles que são recapturados são sumariamente fuzilados, como conta dos poucos que conseguiram escapar:

Há três dias chegou de Corumbá, por via da Bolívia, o tenente Feitosa, um dos prisioneiros daquela vila. Refere que, tendo que embarcar para Assunção em 30 de agosto, conseguira evadir-se com 16 dentre os seus infelizes companheiros, 10 dos quais sendo alcançados pelos paraguaios foram todos fuzilados, escapando ele - Feitosa - e mais 6. As orelhas das vítimas foram cortadas e levadas para Assunção como sinal de boa diligência, segundo conta um dos escapos".

FONTE: Correio Paulistano (SP), 18 de janeiro de 1867.


16 de novembro

1909 – Concluída medição do rocio de Campo Grande


Vista geral do povoado de Campo Grande em foto do início do século XX 

O engenheiro Themístocles Brasil, atendendo ao intendente José Santiago executa a demarcação do rocio da vila. Em seu trabalho “encontrou, dentro dos limites previamente disignados, circunscrevendo-o mais estreitamente às cabeceiras que afluem para os dois córregos que regam o povoado, a fim de que ele não ficasse privado da água necessária à sua manutenção e higiene, a área de 6.540 ha. 34 ha. e 74 m2".



FONTE: 33 - Paulo Coelho Machado, A Rua VelhaTribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1990, página 110.


16 de novembro

1918 - Gripe espanhola: governo responde críticas de inspetor de saúde de Corumbá

Em resposta ao inspetor da saúde dos portos, em Corumbá, Gastão de Oliveira, o presidente do Estado, dom Aquino Correa, justifica a criação de barreira sanitária na localidade de Amolar para isolar Cuiabá do contágio, já detectado nessa cidade:

"Respondo vosso atencioso despacho de anteontem cujas ponderações bem atestam a vossa competência e dedicação que desempenhais o importante cargo que o governo federal em boa hora vos confiou. Queirais antes de tudo aceitar meus cordiais agradecimentos pela generosa oferta do vosso valioso concurso do qual muito espera esta Presidência. Cabe-me , entretanto, declarar-vos que este governo, depois de ter reclamado da União providências urgentes para defesa sanitária do Sul do Estado, hoje, infelizmente, invadido pela gripe espanhola, resolveu empenhar todos os esforços afim de salvar, quanto possível, regiões do Norte em geral, mais abandonadas, depauperadas. Nesse sentido telegrafei ao intendente desse município, combinasse convosco medidas oportunas eficazes de evitar aí o contágio. Tendo sido também, por fim, atacada também essa cidade, tornou-se a população aqui sempre mais apreensiva, exigindo enérgica ação do Governo, tendente a isolar esta capital, o que a todos parece relativamente fácil, porquanto, não temos senão uma quase única via de comunicação e esta muito pouco trafegada. Assim foi que tendo mandado instalar posto médico na povoação de Amolar, determinei ultimamente fossem mantidas em observação cinco dias todas as embarcações procedentes desse porto, para onde deverão regressar, caso se manifeste durante esse tempo, epidemia a bordo, visto impossibilidade de dotar aquele posto necessário conforto hospitalar. Quer-me parecer esta medida não trará complicações internacionais, nem poderia ter sido afeta ao serviço sanitário federal que, infelizmente, não existe nesta capital. Devo enfim ponderar que não estando nós ainda aqui aparelhados para adotar modernos recursos profiláticos e terapêuticos somos forçados em momentos como este a insistir em quaisquer outros que ao menos tranquilizem o espírito do povo, preparando-lhe o moral para combater a epidemia caso Deus não nos queira dela preservar. Especial intuito do Governo é evitar provavelmente evitar a entrada de doentes nas populações ainda imunes, o que sempre causa prejudicial impressão como acontece aí mesmo em Corumbá, apesar de vossas inteligentes e solícitas providências e melhores recursos do que dispondes. Pensando ter assim justificado amplamente o procedimento deste governo desejoso apenas males do povo, cujo bem estar deve se a suprema lei para governantes, folgo do ensejo para vos apresentar minhas cordiais saudações. Bispo Aquino, Presidente".

FONTE: A Cruz (Cuiabá), 24/11/1918.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...