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domingo, 6 de março de 2011

15 de agosto

15 de agosto


1869Corumbá isenta de tributação


Para incrementar o desenvolvimento da cidade e região, assolada pela invasão paraguaia, “o governo imperial isenta de tributação a tudo que venha a ser importado ou exportado através do seu porto, pelo decreto n. 4.388, de 15 de agosto de 1869, no correr de dois anos. Em abril de 1868 os invasores deixaram definitivamente a vila que ficara totalmente desabitada e o rio Paraguai estava, em 1869, em toda a sua extensão, dominado pela esquadra brasileira, de sorte a propiciar, nesse ano, incipiente movimentação no porto de Corumbá. A vila foi posta sob os olhos dos fornecedores dos exércitos aliados e de seus propostos.

Seria o reinício do comércio que viria a soerguer toda a grande província, passando Corumbá a ser um polo distribuidor com o desenrolar dos anos, correspondendo plenamente aos anseios do governo. A sua alfândega foi reinstalada em 1872.” 



FONTE: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999. Página 241.






15 de agosto


1891 Publicada a primeira Constituição republicana de Mato Grosso


Primeiros deputados republicanos de Mato Grosso
Tendo sido anuladas as eleições de 3 de janeiro de 1890 e eleita nova assembleia a 28 de maio, esta promulga, nessa data a primeira carta magna do período republicano. É presidente da Assembleia Constituinte, o advogado José Maria Metelo. Na mesma data são eleitos pelo poder legislativo os novos dirigentes estaduais: presidente, Manoel José Murtinho, vice-presidentes: 1º Generoso Ponce, 2º José da Silva Rondon e 3º Pedro Celestino Correa da Costa. 


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa, Cuiabá, 1967. Página 59. (foto: Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 1914).




15 de agosto


1892 Fundação de Aquidauana


Fundadores: Antonio de Almeida Castro, Augusto Ferreira Mascarenhas,
Teodoro Rondon, Estevão Alves Correa e Jango de Castro




Reunidos à margem direita do rio Aquidauana, fazendeiros de Miranda e região decidem fundar uma cidade que, recebe no ato de fundação, o nome do rio que a banha. O ato foi registrado na seguinte ata:

Aos quinze dias do mês de agosto de 1892, reunidos a convite do cidadão Theodoro Rondon, nesta margem do rio Aquidauana, lugar denominado São João da Boa Vista, sob uma sombra de frondosa árvore, ampliada por algumas folhas de acury, o mesmo Rondon em breve alocução expôs aos presentes abaixo assinados, que o fim da reunião para qual os havia convidado era assentar as bases da fundação do povoado em projeto, para cujo fim, foi por eleição feita a aquisição do terreno por compra do cidadão João Dias Cordeiro por meio de subscrição que conheceis, pelo que convida as pessoas presentes a apresentar os planos da fundação além de ser discutido e afinal adotado por início de sua execução.


Por sua vez sugere a ideia da criação de uma diretoria composta de cinco membros a qual são conferidos plenos poderes para superintenderem sob todos os aspectos do interesse do futuro povoado, devendo a dita Diretoria ser formada por meio de uma eleição, o que sendo unanimimente aprovado procedeu-se a eleição obtendo maioria de votos na ordem em que vão colocados os senhores Theodoro Rondon, Augusto Mascarenhas, Estevão Alves Correa, João de Almeida Castro e Manoel Antônio de Barros. Em seguida tratou-se da denominação que se devia dar ao novo povoado ficando assentado que será Aquidauana, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Passou a discutir sobre o local em que se deviam iniciar as construções das casas dos primeiros moradores, e surgindo algumas divergências sendo alguns de opinião que se escolhesse um local abaixo da cachoeira em terreno da fazenda Burity de propriedade do cidadão Felipe Pereira Mendes que pôs à disposição dos fundadores a título gratuito uma determinada área por entenderem que a cachoeira constituía um sério obstáculo ao acesso das embarcações ao porto destinado ao povoado. Foi assim resolvido que se designasse uma comissão para fazer um reconhecimento até a cachoeira e opinar sobre se de fato existia tal obstáculo, sendo cometida esta diligência aos cidadãos Theodoro Rondon e Felipe Pereira Mendes (pois a canoa única de que dispomos não comporta mais que duas pessoas) que imediatamente se dirigiram aquela cachoeira que, examinada e sondada, acharam que o que há, não é um obstáculo, apenas dificulta a navegação naquele ponto, enquanto não se possa abrir ou antes alargar o canal destruído então por algumas pedras; dado este parecer pela referida comissão e sendo por todos os presentes bem acolhida, os senhores Augusto Mascarenhas, Estevão Alves Correa e João de Almeida Castro se incumbiram de escolher o local para o início das construções entre os córregos João Dias e Guanandi que limitam o povoado e depois de percorrerem a costa do rio opinaram que o local deve ser o mesmo em que se faz esta reunião pelas excelentes condições do terreno e principalmente os portos quer nesta, quer na outra margem do rio. Preenchidos assim os fins da presente reunião se lavra a presente ata que depois de lida e por todos aprovada é assinada, em seguida dissolvida a reunião.


Theodoro Rondon, Augusto Mascarenhas, Estevão Alves Correa, João de Almeida Castro, Manoel Antonio de Barros, Antônio de Almeida Castro, Mamede Cordeiro de Farias, Felipe Pereira Mendes, Otaviano Mascarenhas, José Roys Benfica, Marcelino Pires de Albuquerque, Antônio Pinto de Arruda, José Fialho, João Bonifácio da Costa e Faria, João Pereira Figueiró, João B. da Fonseca e Moraes, João Dias Cordeiro, José Alves Ribeiro, Honório Simões Pires, Anacleto Rodrigues, Emídio Ramos N. Flor, Antônio Xavier Castelo, Ciríaco Rondon, João Gomes da Silva, Manoel de Castro e Pinto, Deocleciano Mascarenhas, Hipólito de Moraes Jardim, Antônio Ragalzi, Antônio Francisco de Toledo, Francisco Cheferino Nicens, Francisco João da Luz, João Pinto, Joaquim de Carvalho, Florêncio Maná, Manoel José Pinto, Manoel de Souza, Hipólito da Fonseca e Moraes, Antonio Barroso de Castro, Manoel dos Santos Cabral.



FONTE: Cláudio Robba, Aquidauana ontem e hoje, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 35.






sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

18 de junho

18 de junho

1894 - Chega em Cuiabá, padre Malan, o catequista



Aporta em Cuiabá o padre Antonio Maria Malan. Nascido na Itália, em 16 de dezembro de 1862, em São Pedro, província de Cuneo, Piemonte, foram seus pais Nicola Malan e Margarida Viau. Em 23 de fevereiro de 1883, depois de seu estágio no exército, entrou no Colégio Salesiano de Navarra, na França, ingressando para o noviciado em Marselha em outubro de 1884, onde tomou o hábito sacerdotal a 15 de agosto de 1885, professando os primeiros votos em 2 de outubro do mesmo ano. Clérigo, foi mandado para Montevideu, onde se ordenou sub-diácono em 15 de julho de 1889.

Em Mato Grosso, no tempo do bispo dom Carlos d'Amour, iniciou suas atividades no Colégio São Gonçalo, "centro nuclear de irradiação sempre crescente, a expandir-se por todo o Estado, e, ao depois, as colônias, admiráveis organizações de catequese, a se abrolharem pelos férteis vales do São Lourenço, do Garças e do Barreiro, estendendo o raio de ação civilizadora até as longínquas plagas araguaianas".

Em reconhecimento ao seu trabalho e inúmeros serviços prestados, a Sé galardou-o em 1914, com o título de Bispo de Amiso e Prelado do Registro do Araguaia, recebendo a sagração em 15 de agosto desse ano, em São Paulo, das mãos do núncio apostólico monsenhor José Aversa.

Em 1924 foi nomeado para o bispado recém-criado de Petrolina, no Estado de Pernambuco.

FONTE: José de Mesquita, Elogio Fúnebre, revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, 1931 e 1932, página 211.

FOTO: Dom Malan, bispo de Petrolina.


18 de junho


1909Câmara aprova arruamento de Campo Grande



Rua 14 de Julho, centro comercial de Campo Grande, no início do século XX



A edilidade campograndense votou projeto do vereador José Vieira Damas, o Zeca Casimiro, aprovando o alinhamento das ruas do povoado, de acordo com planta do engenheiro municipal Nilo Javari Barem:

“Art. 1º - Fica aprovado o plano para alinhamento das ruas e praças desta vila de acordo com a planta confeccionada pelo cidadão dr. Nilo Javari Barem e apresentada pelo sr. intendente geral do município, cujas ruas e praças terão as denominações seguintes: 1º - Partindo-se de Sul a Norte: a primeira, rua Afonso Pena; a segunda, 7 de Setembro, a terceira 15 de Novembro; a quarta, Av. Marechal Hermes e a quinta rua...


Art. 2º - Do nascente ao Poente: a primeira, rua José Antônio; a segunda, 15 de Agosto, a terceira Pedro Celestino; a quarta 24 de Fevereiro; a quinta 13 de Maio; a sexta, 14 de Julho; a sétima Santo Antônio; a oitava Inhanduí; a nona e a praça entre a Av. Marechal Hermes e a 15 de Novembro.



O intendente de Campo Grande era José Santiago, em cuja administração foi implantado o alinhamento, seguido de perto pelo historiador:

Planejada assim a cidade paralelamente às casas já existentes, ao longo do eixo EO, pelo projetista foi procedida a primeira tentativa de arruamento, assistido por Amando de Oliveira, que à margem de qualquer cargo, era o pulso de ferro, orientado por uma inteligência lúcida, a mostrar ao vilarejo a senda do progresso paulista...mais de uma feita de punhos cerrados, explicara que a casa de seu fulano ou beltrano não devia forçar a rua a se acotovelar...E o roçado fora efetuado da rua Santo Antônio a 24 de Fevereiro e da rua Afonso Pena à Rio Branco, restando apenas, confusamente delineado, o entroncamento de Afonso Pena, Joaquim Murtinho e Barão de Melgaço, que posteriormente daria lugar à praça Costa Marques, após retificação levada a cabo pelo dr. Leonel Velasco, que, anteriormente, por ordem do intendente Antônio Norberto, abrira a rua do Mangue, paralela à Afonso Pena, lado sul que fica com as extremidades entre as ruas Anhanduí e Santo Antônio (atual avenida Calógeras) tendo o levantamento sido feito sem dispêndio algum da Câmara.



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 89.

18 de junho

1910 - Estrada de ferro: trilhos chegam ao rio Miranda


A frente de Porto Esperança da ferrovia de Mato Grosso chega à localidade de Salobra às margens do Rio Miranda. A aceleração da obra deve-se "a nova orientação dada aos trabalhos da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, pelo engenheiro dr. Júlio Arnaud, que adotou o sistema intensivo, vai marchando de uma maneira rápida e admirável a construção dessa nossa via-férrea".

O jornal corumbaense dá a notícia com ênfase:

"A última notícia que nos chega e que transmitimos aos nossos leitores é que hoje, ao meio dia, chegaram as pontas dos seus trilhos à margem do rio Miranda em Saloba, isto é, ao quilômetro 136, e que dentro em pouco, terá a estrada de ferro atingido a vila de Miranda, cuja estação fica situada no quilômetro 151". 

Menos de três meses depois, a 7 de setembro, a ferrovia chegava em Miranda.

FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 18/06/1910


18 de junho

1922 - Corumbá homenageia pilotos portugueses




Portugueses moradores em Corumbá, homenageiam os pilotos lusitanos, Sacadura Cabral e Gago Coutinho, protagonistas da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, entre Portugal e Brasil, em viagem histórica, no ano do centenário da independência do Brasil:

"A colônia portuguesa desta cidade, logo que teve conhecimento da chegada dos bravos pilotos portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho ao Rio de Janeiro, organizou uma grande passeata, a que se associou quase toda a população, percorrendo as principais ruas da cidade, precedida de uma banda de música do 17° batalhão de caçadores.

Os manifestantes visitaram o consulado português, onde foram saudar o cônsul Armando Ferreira, que em entusiástico discurso agradeceu a manifestação.

A colônia portuguesa promove para o dia 20 um magnífico sarau de gala, no salão Excelsior, com discursos patrióticos enaltecendo o grande feito, e um programa musical, de que fazem parte os hinos nacional e português".¹ (Correio Paulistano, 19/06/1022).

Os pilotos deixaram Lisboa no dia 30 de março e chegaram ao Rio de Janeiro em 17 de junho de 1922. Fizeram a longa viagem do hidroavião Lusitânia. As homenagens se estenderam a praticamente todo o país.²

FONTE: ¹Correio Paulistano, 18/06/1922, ²Portal Brasiliana Fotográfica

FOTO: Augusto Malta/ Portal Brasiliana Fotográfica.



18 de junho

1949 - Toma posse o primeiro prefeito eleito de Amambai

Toma posse o coronel Valêncio de Brum, primeiro prefeito eleito de Amambai, antigo Patrimônio União. Eleito com 784 votos, num colégio de 1408 eleitores, ele substituiu ao prefeito nomeado, Sidnei Vargas Batista. Gaúcho de São Borja, militante político em Ponta Porã e Bela Vista, Valêncio de Brum, sem explicação conhecida, abandonou a administração onze meses depois, sendo substituído, até o final do mandato, polo vereador Raimundo Amaral, presidente da Câmara Municipal. Seu nome está na principal praça e numa das mais avenidas mais movimentadas da cidade.

FONTE: Nery da Costa Jr., Che tiempo Guaré, Biblio Editora, Campo Grande, 2020, página 46.

segunda-feira, 7 de março de 2011

22 de agosto

22 de agosto


1861 – Nasce em Cuiabá Antônio Azeredo


Senado Federal, Rio de Janeiro

Nasceu em Cuiabá, Antônio Francisco de Azeredo, filho de Ozeias Francisco de Azeredo e de Blandina de Figueiredo Azeredo. 

Oriundo de família sem posses, ainda jovem colaborou em jornais de Cuiabá. Iniciou os estudos no Liceu da capital mato-grossense e posteriormente seguiu para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola Militar. Abandonou, porém, abandonou a formação militar, ingressou na Escola Politécnica, e a partir de então vinculou-se definitivamente ao jornalismo. Era republicano e abolicionista.

O início de sua trajetória política coincidiu com a instalação da República. Eleito em 15 destembro de 1890 deputado constituinte pelo Partido Republicano criado em Mato Grosso por Generoso Ponce, tomou posse quando da instalação do Congresso Nacional Constituinte, em 15 de novembro seguinte, e participou dos  trabalhos de elaboração da Constituição de 1891. Após encerrar o mandato em 1893, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1895. 

Ao ser eleito senador em 1897, iniciou uma longa permanência no Senado, que seestenderia por três décadas. Durante as crises políticas mais graves ocorridas em Mato Grosso, utilizou-se da tribuna do Senado com o claro objetivo de defender seus correligionários, entre os quais se destacava Generoso Ponce. De modo geral, lançava mão de seu prestígio político, dos periódicos sob seu controle e das relações com o Poder Executivo federal para manter e ampliar sua base política no estado.

Era amigo do líder político gaúcho Pinheiro Machado, com quem fundou em 1910 o Partido Republicano Conservador (PRC). Tornou-se membro da comissão  executiva do partido e uma de suas figuras mais importantes. Em Mato Grosso, o partido foi criado em 1911. Nesse mesmo ano o senador Azeredo influiu decisivamente na eleição para o governo do estado de Joaquim Costa Marques, que também contava com o apoio de Ponce. 

Com a morte de Joaquim Murtinho em 1911, Antônio Azeredo não tinha rivais em se tratando de conexões entre o Poder Executivo federal e Mato Grosso. Mesmo levando-se em conta a participação de lideranças locais na conformação do quadro político estadual, sua capacidade de influir na composição das chapas   para os cargos eletivos mais importantes era expressiva, e não poucas vezes o jogo político do estado foi decidido na  capital federal.

Após o falecimento Pinheiro Machado, com quem mantinha relações muito próximas, Azeredo assumiu a vice-presidência do Senado, entre 1915 e 1930. Em 1915 apoiou a candidatura do general Caetano de Albuquerque ao governo de Mato Grosso. O nome do militar foi apresentado pelo PRC, não deixando chance para a oposição. No entanto, as relações de Caetano de Albuquerque com o PRC dirigido pelo senador Azeredo foram aos poucos se deteriorando, e isso tornou mais difícil sua gestão, considerando que o partido tinha a maioria na Assembleia Legislativa. O problema central residiu na distribuição dos cargos no governo, ou seja, na preterição de nomes sugeridos pelo PRC em favor de oposicionistas pertencentes ao Partido Republicano Mato-Grossense (PRMG) chefiado por Pedro Celestino. Interferindo diretamente na questão, Antônio Azeredo obteve do presidente Venceslau Brás o acatamento ao pedido de intervenção federal em Mato Grosso, apresentado em 1917.

Antônio Azeredo tipifica exemplarmente o representante político que utilizava com frequência sua capacidade de influir nas questões internas de seu estado agindo a partir do Rio de Janeiro. Não sem razão foi durante a Primeira República o único parlamentar de Mato Grosso a participar do restrito grupo responsável pela discussão e a indicação de possíveis nomes para a presidência da República. Além de suas atividades no campo político, atuou fortemente na imprensa. Foi fundador da Gazeta da Tarde e do jornal Diário de Notícias e responsável pela redação dos dois periódicos. Foi também proprietário do O Malho e A Tribuna, sendo que desta última foi redator chefe.
Tendo perdido o mandato com a vitória da Revolução de 1930, que dissolveu os órgãos legislativos do país, partiu para o exílio na Europa.

Faleceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 8 de março de1936.
Publicou Voto divergente da Comissão de Constituição e Diplomacia sobre o Tratado de Petrópolis (1904), A situação de Mato Grosso (1916), Discursos parlamentares (1925), Resposta ao senador Epitácio Pessoa sobre a sucessão presidencial e nomeação de juiz seccional de Mato Grosso (1926) e Invasão paraguaia em Mato Grosso.

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 FONTE: João Edson Fanaia, Azeredo, Antonio, CPDOC Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.



22 de agosto



1882 - Frei Mariano recebido festivamente em Nioaque






Na condição de vigário visitador, frei Mariano chega a Nioaque, onde é festivamente referenciado pela população da vila histórica, pelas razões explicadas por ele, em carta ao diretor do jornal O Iniciador, de Corumbá, publicada na edição de 2 de novembro:

Em 22 de agosto p.p. cheguei a esta paróquia e abri a minha visita, que nesta data encerrei, na forma do ritual, dando a bênção com o sacramento.

Ao retirar-me saudoso do centro desta parte do rebanho, que tão dignamente me tratou, não posso passar em silêncio um circunstância, que, patenteando a grandeza dos decretos do Onipotente, merece a atenção dos homens pensadores, porque revela o triunfo da misericórdia divina, sobre a iniquidade dos homens. Em fevereiro de 1865 passei por esta paróquia preso como um criminoso,escoltado por 25 satélites do tirano Lopes, coberto com um pedaço de tapete da igreja de Miranda e assim brutalmente conduzido ao cativeiro no Paraguai e, precisamente, quando passava pela frente da igreja desta paróquia, a estavam saqueando-la. Os tempos mudam-se; e no dia 22 de agosto de 1882 (dezessete anos depois), entrei nesta paróquia de uma maneira diametralmente oposta. Ao chegar às primeiras casas, não encontrei, como outrora, uma guarda avançada de selvagens paraguaios, que, por escárneo, gritaram: quien ven lá? -  mas sim o pároco com a cruz algada, que me ofereceu a estola paroquial, sendo acompanhado pelas pessoas mais gradas do lugar; e em vez de ser levado a uma masmorra, como outrora, fui conduzido debaixo do pálio, como manda o ritual à casa do Deus vivo.

Não entrei na paróquia como escravo e troféu de importância, como diziam meus algozes, mas sim revestido de um caráter sublime, como delegado do ilustre prelado, que tão dignamente dirige a igreja cuiabana.

Ao entrar na igreja, em lugar do rufo dos tambores, fui recebido com o festivo repique dos sinos e senti tão viva emoção, que a pena não se presta descrever.

Encontrei a igreja bem ornada, porque em lugar de saqueadores, havia ali um povo prostrado e culto que abria passo ao seu pastor (ainda que indigno) que ia levar-lhe as consolações espirituais e os tesouros dos sacramentos.

Ao recitar o discurso da abertura da visita, não pude furtar-me a relembrar as calamidades passadas, comparando essa época com a atual, o que produziu muito enternecimento nos espectadores e especialmente alguns que foram meus companheiros de infortúnio.

Humilhando-me perante Deus que se dignou conceder-me tão assinalada vitória sobre meus algozes, foi tal a emoção de que me senti possuído que não me foi possível concluir o sermão... Se aí estivesse presente o bárbaro invasor, eu lhe perguntaria: Onde estão essas tuas espadas com que decepastes tantas cabeças? Onde estão tuas baionetas com que sacrificastes tantos inocentes? Onde o fogo, com que em minha presença, destruístes tantas casas neste lugar?

Então, dir-lhe-ia: Vê como Deus depossuit potentes de sede, et exaltavit humiles".



22 de agosto

2017 - Morre em Campo Grande ex-governador Pedro Pedrossian



Faleceu em Campo Grande, o ex-governador Pedro Pedrossian, cuja trajetória é resumida em dados do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas:


"Pedro Pedrossian nasceu em Miranda, então Mato Grosso, em 13 de agosto de 1928, filho de João Pedro Pedrossian e de Rosa Mardini Pedrossian, ambos de origem armênia.
Fez os estudos secundários em Mato Grosso e ingressou na Universidade Mackenzie, na cidade de São Paulo, formando-se em engenharia civil. Em seguida, tornou-se engenheiro residente da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em Três Lagoas (MS). Passou a chefe de divisão da ferrovia em Campo Grande, então em Mato Grosso e atual capital de Mato Grosso do Sul. Foi assessor do presidente da Rede Ferroviária Federal, no Rio de Janeiro, e diretor superintendente da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em Bauru (SP), de 1961 a 1964.
Em outubro de 1965 foi eleito governador pela coligação do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Tomou posse em 31 de janeiro de 1966 sucedendo a Fernando Correia da Costa. Foi o candidato a governador mais votado em toda a história de Mato Grosso, com 109.905 votos.
Após a extinção dos partidos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, ingressou na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instalado em abril de 1964. Em agosto de 1967, foi apresentado pelo deputado estadual Júlio Castro Pinto, também da Arena, um projeto pedindo à Assembléia Legislativa a decretação do seu impedimento, sob a alegação de que recebia o apoio sistemático da oposição. Conseguiu entretanto superar a crise, mantendo-se no cargo.
Em seu governo, desdobrou as secretarias, redividindo-as em Interior e Justiça, Fazenda, Agricultura, Segurança, Indústria e Comércio, Saúde, Educação e Cultura, Governo e Coordenação Econômica e Viação e Obras Públicas. Promoveu a construção da ponte Júlio Müller, sobre o rio Cuiabá, na capital, e da estação para abastecimento de água e serviço de captação; ampliou a produção de energia elétrica; levou à frente a construção da usina hidrelétrica nº 3, do rio Casca; construiu o palácio do Poder Legislativo; aparelhou os hospitais dos Tuberculosos e Adauto Botelho; concluiu a maternidade do Hospital Geral de Cuiabá; criou uma escola de recuperação de crianças excepcionais e fundou duas universidades, a Federal de Mato Grosso, em Cuiabá, e a Estadual de Mato Grosso, em Campo Grande.
Em 15 de março de 1971, findo o mandato, passou o governo ao arenista José Fragelli, eleito pela Assembléia Legislativa em outubro do ano anterior.
Em outubro de 1977 foi sancionada a lei que dividiu em dois o estado de Mato Grosso. Surgiria assim, a partir de janeiro de 1979, o estado de Mato Grosso do Sul, tendo Campo Grande como capital e um governador nomeado. O antigo estado de Mato Grosso permaneceria com Cuiabá como capital. No início de 1978 a Arena viu-se dividida, na região que iria constituir o futuro estado de Mato Grosso do Sul, em duas grandes correntes: a ortodoxa (formada por antigos udenistas e pessedistas), que se denominava “ala democrática”, e a “independente”, que agrupava os seguidores de Pedrossian. Muitos políticos da “ala democrática”, supondo já muito provável a eleição de Pedrossian para o governo do novo estado, tentavam impedir essa indicação. As divergências entre as facções arenistas levaram o ex-governador ao palácio do Planalto em fevereiro desse ano para entregar ao presidente da República um documento em que se defendia das acusações que lhe eram feitas pelo governador Garcia Neto, pelo ex-governador José Fragelli e pelo senador Mendes Canale. Essas acusações caracterizavam sua administração como um período de irregularidades administrativas, com apropriação de terras públicas e importações de materiais que não chegavam a ser utilizados, e afirmavam ainda que fora demitido da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em 1967, por corrupção. Em fins de março, Pedrossian entregou ao presidente Ernesto Geisel (1974-1979) outro documento, em que renunciava à candidatura ao governo do estado. Em entrevista ao Jornal do Brasil (13/3/1978), declarou que sua candidatura ao Senado, em eleição direta, em vez de ao governo, por via indireta, seria uma forma de se submeter ao julgamento popular.
Em 15 de novembro de 1978 foi eleito com 107.519 votos. Assumindo o mandato em fevereiro de 1979, fez parte das comissões de Agricultura, de Educação e Cultura, de Relações Exteriores, de Serviço Público Civil e Transportes e de Comunicação e Obras Públicas. Com a extinção do bipartidarismo, em 29 de novembro de 1979, e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao novo partido governista, o Partido Democrático Social (PDS).
Com a nomeação de Harry Amorim para o governo do estado, Pedrossian, com os senadores Saldanha Derzi e Mendes Canale, acusou-o de ter cometido erros administrativos, entre eles a importação de tecnocratas de outros estados, aos quais ofereceu mordomias e salários principescos. Em junho de 1979, entregou pessoalmente um documento ao presidente João Figueiredo (1979-1985) em que acusavam formalmente o governador de instaurar um política de concessão de favores e barganhas e, inclusive, de distribuir recursos do estado a prefeitos e deputados da Arena visando a minar as bases políticas das tradicionais lideranças e criar o seu próprio grupo, com a ajuda de Levi Dias, deputado federal e ex-prefeito de Campo Grande. O signatário solicitava para a solução do impasse político instaurado no estado a nomeação do então prefeito de Campo Grande, Marcelo Miranda, para o governo de Mato Grosso do Sul, o que foi feito.
Em outubro de 1980, Marcelo Miranda foi exonerado por motivos político-eleitorais e Pedrossian foi indicado por Figueiredo para ocupar o cargo. A indicação ocasionou uma dissidência no PDS, tendo como um dos líderes o suplente da vaga, José Fragelli, e provocou uma manobra por parte do ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, na qual o Senado concederia uma licença ao parlamentar, evitando a sua renúncia e, conseqüentemente, a perda do mandato e a posse de Fragelli. Contudo, Pedrossian não teve outra saída senão a renúncia. Assumiu o governo em 6 de novembro de 1980, após seu nome ter sido aprovado pelo Senado por maioria simples, com 33 votos a favor, 24 contra e duas abstenções. Ainda nesse mesmo mês, no dia 17, perdeu a maioria na Assembléia Legislativa, em razão de terem seu presidente, deputado Londres Machado, e os deputados Ari Rigo e Getúlio Gideão abandonado o PDS.
Em agosto de 1981 acusou os parlamentares de seu estado que haviam passado para a oposição de procurar indispô-lo com o governo federal, com a acusação de que estaria sofrendo de insanidade mental. Nessa ocasião, estava de fato internado num clínica, segundo seus assessores, para se submeter a um tratamento da coluna. Seus opositores, no entanto, diziam tratar-se de uma clínica psiquiátrica.
Em abril de 1982, demitiu o prefeito de Campo Grande, Levi Dias, medida que gerou protestos e agravou a crise no PDS. O declínio de seu prestígio refletiu-se em novembro de 1982, quando o candidato do PDS ao governo, José Elias Moreira, foi derrotado por Wilson Martins, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Em 1986 deixou o PDS e filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), assumindo a liderança do partido no estado. Em novembro desse ano, disputou uma das duas vagas ao Senado. Embora tenha sido o segundo mais votado, devido às regras da sublegenda, que privilegiavam os candidatos mais votados das sublegendas que obtivessem maior número de votos, foi derrotado por Wilson Martins e Saldanha Derzi, lançados pela Aliança Democrática, integrada por PMDB, Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Aliado político de Fernando Collor, empossado na presidência em março de 1990, candidatou-se ao governo em outubro daquele ano. Eleito, assumiu seu terceiro mandato como governador em 15 de março de 1991, sucedendo a Marcelo Miranda (1987-1991). No discurso de posse, após destacar o estado falimentar que se encontrava Mato Grosso do Sul, com os servidores em greve e uma dívida que ultrapassava um bilhão de dólares, anunciou o corte de 25% dos cargos em comissão e extinguiu as secretarias de Cultura e de Assuntos Fundiários. Ao mesmo tempo, porém, criou pastas para as áreas de habitação e comunicação. Além disso, suspendeu todos os pagamentos de dívidas do governo anterior e, visando a pôr um ponto final na greve dos servidores, deu prioridade ao pagamento dos salários atrasados. Ainda durante a campanha, havia prometido regularizar o pagamento dos servidores, atrasados quatro meses até maio de 1991. Em abril, recorrendo a empréstimos bancários, regularizou o pagamento dos servidores.
Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão de Fernando, fez denúncias que envolviam o presidente em casos de corrupção promovidos pelo tesoureiro da sua campanha eleitoral, Paulo César Farias. Pedrossian, a princípio, assumiu uma posição cautelosa, recusando-se a comentar o teor das acusações e o pedido de impeachment. Em agosto desse ano, porém, após a divulgação do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instituída para investigar as atividades de Paulo César Farias, e quando crescia o movimento popular pró-impeachment de Collor, embora não tenha ficado abertamente a favor da abertura do processo, liberou a bancada para que votasse de acordo com sua consciência. Em 29 de setembro o pedido para abertura do processo de impedimento foi votado e aprovado pela Câmara. Afastado da presidência logo após a votação, Collor renunciou em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da conclusão do processo pelo Senado, que decidiu pelo impedimento. Foi efetivado o vice Itamar Franco, que vinha exercendo o cargo interinamente desde a decisão da Câmara.
Em março de 1994 Pedrossian foi considerado pelas pesquisas de opinião um dos governadores com maiores índices de aprovação. Com esse respaldo, nas articulações para definição da coligação que apoiaria o candidato a presidente Fernando Henrique Cardoso, combateu a aliança entre o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o PMDB regional, que sustentava a candidatura de Wilson Martins ao governo. No decorrer das articulações, deixou claro a Fernando Henrique que só o apoiaria caso ele mesmo indicasse o candidato à sua sucessão. Fernando Henrique decidiu manter o apoio de Pedrossian, resolução que provocou uma divisão no PSDB regional. Pedrossian acabou abstendo-se de lançar um nome à sua sucessão. Passou o governo em 1º de janeiro de 1995 para o candidato eleito, o peemedebista Wilson Martins.
Em 1998, disputou pela terceira vez o governo à frente de uma coligação do PTB com o PFL. Apontado pelas pesquisas de opinião, nos meses que antecederam o pleito, como franco favorito, acabou em terceiro, ultrapassado pelo candidato do PSDB, Ricardo Bacha, e pelo candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), José Orcino Miranda dos Santos, o Zeca do PT. No segundo turno, apoiou o candidato petista, que foi eleito.
Voltou às urnas em outubro de 2002, disputando uma das duas vagas em disputa no Senado. Concorrendo na legenda do Partido Social Trabalhista (PST), foi derrotado por Ramez Tebet, do PMDB, e Delcídio Gomes, do PT. Posteriormente, filiou-se ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), agremiação ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
Em maio de 2006 lançou o livro de memórias Pedro Pedrossian – O pescador de sonhos, publicado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.
Em março de 2009, filiou-se ao Partido da Mobilização Nacional (PMN).
Recebeu título de doutor honoris causa da UFMT, em 2010.
Casou-se com Maria Aparecida Pedrossian, com quem teve cinco filhos. Um deles, Pedro Pedrossian Filho, foi deputado federal na legislatura 1999-2003".


FONTES: CÂM. DEP. Internet; CORRESP. GOV. EST. MT; Estado de S. Paulo; Folha de S. Paulo; Globo ; Grande encic. Delta; INF. FAM. PEDRO PEDROSSIAN FILHO; Jornal do Brasil; MENDONÇA, R. Dic.; MENDONÇA, R. História; NÉRI, S. 16; Perfil (1980); Perfil parlamentar/IstoÉ; Veja; Portal da Universidade Federal do Mato Grosso. Disponível em <http://www.ufmt.br>. Acesso em 02/09/2013










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domingo, 6 de março de 2011

13 de agosto

13 de agosto


1913 Chacina do circo em Campo Grande



Rua 13 de Maio em 1913. Campo Grande uma vila rica e violenta

Abala o povoado de Campo Grande, trágico acontecimento, coincidentemente marcado pelo número 13: 13 de agosto de 1913, na rua 13 de Maio (esquina com a Barão do Rio Branco). O episódio que apareceu com destaque no primeiro jornal impresso da cidade, O Estado de Mato Grosso, do advogado Arlindo de Andrade Gomes, é sintetizado por Rosário Congro, intendente geral do município:

A noite de 13 de agosto de 1913 ficou tristemente gravada nos anais da cidade, com a verificação de um gravíssimo conflito provocado pela própria polícia, quando se realizava uma função no circo João Gomes e do qual saíram mortos o importante e acatado negociante da praça José Alves de Mendonça e o vereador municipal Germano Pereira da Silva e duas praças do destacamento policial, além de muitos feridos, entre eles Gil de Vasconcelos, Fernando Pedroso do Vale, Adelino Pedroso, Benedito de Oliveira, João de Souza, Carlos Anconi e três praças.


No dia seguinte o povo, armado, sob uma indignação geral, ouvindo-se imprecações em toda parte, preparava-se para atacar o quartel da Polícia, evitando talvez outro morticínio a presença de uma companhia do exército, então já existente em Campo Grande, sob o comando do tenente Gaudie Ley.
Os policiais, às ordens do tenente Spindola, dois dias depois, abandonaram a vila.¹


Recorrendo ao jornal local "O Estado de Mato Grosso", edição de 17 de agosto de 1913, o jornalista J. Barbosa Rodrigues, em seu livro "Historia de Campo Grande", dá detalhes da ocorrência:

O "Circo João Gomes" fora montado no largo da igreja de Santo Antônio, onde eram realizados festejos religiosos. A cidade estava superlotada, pois inúmeras famílias vieram da zona rural para os festejos.

No segundo espetáculo, no dia 13, quarta-feira, a polícia que se fizera presente desde a estreia, resolveu "proibir" que o povo gritasse na plateia e vaiasse os artistas", diz o jornal.

Os rapazes não se conformaram com a atitude dos policiais e continuaram ora aplaudindo, ora vaiando.

Num dos intervalos, todos os presentes à função saem para o largo, comentando a atitude policial. É quando chega um reforço vindo do quartel. Os ânimos se exaltam, arma-se o conflito com a polícia atirando e populares respondendo à fuzilaria.

A primeira pessoa a ser alvejada foi o cel. José Alves de Mendonça, festeiro na ocasião, sócio proprietário da "Casa Caldeira", que de braços abertos conclamava as partes que se acalmassem. Outra bala atinge o vereador Germano Pereira da Silva que cai sem vida.

Terminado o tiroteio, a polícia debanda e entrincheira-se no quartel, pronta para o que desse e viesse.

Feito o balanço da refrega, além dos dois mortos há outras pessoas gravemente feridas: Gil de Vasconcelos, Adelino Pedroso, Benedito de Oliveira, João de Souza, Carlos Anconi e uma criança. Dos policiais, dois estavam mortos e três feridos.²

A imprensa cuiabana tem versões diferentes para o fato, de acordo com o compromisso político de cada jornal. Para "O Matto-Grosso", órgão da oposição a "responsabilidade em grande parte desse triste acontecimento cabe à s. ex.ª o sr. presidente do Estado", atribuindo-lhe "a falta de escrúpulos na escolha das autoridades locais:

"Mas todo mundo sabe que, na maior parte dos nossos municípios longínquos e isolados, a ordem e a segurança pública dependem em grande parte do juiz de direito da respectiva comarca. Entretanto, a de Campo Grande, a que talvez mais reclame o provimento com um juiz togado, há três meses se acha privada dessa autoridade, não obstante existirem, há mais de mês, três petições de transferência para aquela comarca de juízes do Sul".

O jornal oposicionista, finalizando seu editorial, acusa e lamenta:

"É que s. ex.ª por conveniência de sua oligarquia vai manobrando a política ao seu sabor. enquanto s. ex.ª assim protela e sacrifica o cumprimento de seus deveres, o povo que sofra as consequências dos planos políticos a que o subordina a sua administração".³

Já "O Debate", jornal governista, em sua edição de 19 de agosto de 1913, limita-se a uma versão que contraria a oposição e à voz corrente, sem emitir opinião:

Telegramas da vila de Campo Grande, dirigidos aos exms. drs. Presidente do Estado e Secretário do Interior, Justiça e Fazenda, narram sucessos desagradáveis desenrolados ali, na semana finda.

Achando-se naquela vila, dando espetáculos uma companhia de circo de cavalinhos, em a noite de 13 do corrente, foi a força policial que fazia o patrulhamento, atacada por um grupo de boiadeiros e alguns populares, travando-se um conflito do qual resultou a morte de três policiais e dos senhores José Mendonça e Germano Alves, este vereador municipal e aquele sócio da casa Caldeira e Mendonça e vários ferimentos.

Estamos informados de que o alferes de polícia Antonio Espíndola, comandante daquele destacamento, vendo-se ameaçado na sua vida, por numeroso número de populares, refugiou-se com o restante das praças, sob seu comando, no quartel do 14 de artilharia, ali estacionado.

O exm. dr Presidente do Estado, de acordo com o sr. Inspetor da 13a. Região Militar tem tomado todas as providências tendentes a evitar novos conflitos e a reprodução de tão deploráveis acontecimentos, atentatórios da ordem e tranquilidade pública.

Constando que populares exaltados pretendiam atacar o quartel do 14 para retirar o alferes e as praças refugiados, o sr. inspetor da região fez seguir para ali um reforço de praças tendo de Bela Vista seguido também um contingente policial do Regimento Mixto do Sul, sob o comando de um oficial que substituirá o alferes Espíndola.

Além destas providências imediatas o exm. sr. dr. Presidente do Estado, solícito como é no cumprimento de seus deveres, determinou que seguisse com urgência para a vila de Campo Grande, pelo Nioac, que zarpa hoje deste porto, o dr. Chefe de Polícia com o seu secretário, afim de sindicar aquelas lamentáveis ocorrências e apurar a responsabilidade de seus promotores.

O inquérito instaurado e o sumário de culpa, procedidos pelo juiz Silva Coelho, segundo ainda J. Barbosa Rodrigues, "concluíram pela culpabilidade do tenente Espíndola, comandante do destacamento e do sub-delegado Antonio Marcondes, que foram pronunciados como mandantes da chacina. Preso, Espíndola foi levado para Cuiabá pelo próprio chefe de polícia, enquanto que Antonio Marcondes foi recolhido à cadeia da vila".

FONTE: ¹Rosário Congro, O Município de Campo Grande, publicação oficial, Campo Grande, 1919, página 31. ²J.Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 115. ³Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá) 24 de agosto de 1913.

FOTO: Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 1914



13 de agosto


1914Nasce Alcídio Pimentel



Paulista de Bebedouro, entrou jovem na carreira militar, em Lorena, onde incorporou-se ao 5º Regimento de Infantaria, após haver participado, como voluntário, da revolução de 1932. Estudou na escola do Exército no Rio de Janeiro, formando-se em Educação Física.

E
m 1942, já 2º sargento, vem servir em Campo Grande, onde se fixara definitivamente, dedicando-se à carreira militar e ao magistério. Como 1º tenente aposentou-se do Exército em 1963. Como educador, lecionou no Colégio Osvaldo Cruz, Senai, Colégio Estadual Campograndense, Joaquim Murtinho, Colégio Dom Pedro II e outros; dirigiu os colégios Oswaldo Cruz, Estadual Campograndense e D. Pedro II; o Departamento de Educação Física e Desporto do Estado; e secretário de Educação do município de Campo Grande nas administrações de Levy Dias, Marcelo Miranda, Albino Coimbra e Juvêncio César da Fonseca.


Como desportista esteve envolvido em todos os momentos da vida esportiva do Estado em seu tempo. Foi membro da diretoria da Liga Esportiva Campograndense por diversas gestões e técnico do Operário Futebol Clube, Esporte Clube Comercial e Esporte Clube Cruzeiro; juiz de futebol, integrante do departamento de árbitros da LEMC; e conselheiro do Conselho Regional de Desporto. O professor Pimentel faleceu a 15 de novembro de 1991. 



FONTE: Maria Garcia, Série Campo Grande 2002, Funcesp, Campo Grande, 2002, página 77.






13 de agosto

1924 - Nasce Helena Meireles, a dama da viola


Nasce em Bataguassu, Helena Meireles. Começou a tocar viola aos 9 anos, escondida dos pais. Aos 15 anos fugiu de casa e aos 17, teve seu primeiro filho. Era filha de pai paraguaio e mãe brasileira, casou-se três vezes e teve onze filhos - nove homem e duas mulheres. Deixou o segundo marido e dedicou-se exclusivamente à música, ficando conhecida como violeira da balsa, por conta de suas travessias ao rio Paraná para cantar na zona do baixo meretrício em Porto XV e em Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo.

Em 1992, aos 68 anos, apareceu pela primeira vez na televisão, o programa da Inezita Barroso. Em 1993 foi reconhecida pela revista norte-americana Guitar Player, tendo sido eleita como umas das melhores instrumentistas do mundo, que a comparou com Keith Richards, dos Rolling Stones, e Eric Clapton. "Foi a única artista do Brasil a merecer um pôster das cem melhores palhetas", conforme contou seu sobrinho Mário de Araujo.

Em 1994, gravou o seu primeiro CD, com clássicos da música paraguaia, como Arapongas, Mercedita, Flor Pantaneira e outros que estão no documentário sobre sua trajetória, produzido pela GNT.

Helena Meireles faleceu em 2005, aos 81 anos, em Campo Grande.





 


FONTE:Nelson Urt: A nossa Dama da Viola, O Estado de Mato Grosso do Sul, caderno I, 13 de agosto de 2014, página 01.

VIDEO: Concerto de Helena Meirelles, no 3° Festival do Mercosul, post de Claudinei Pecois.


13 de agosto




1928 Nasce em Miranda Pedro Pedrossian


Morenão, UFMS e Parque dos Poderes, obras de Pedrossian
Engenheiro civil pela Universidade Mackenzie de São Paulo. Ferroviário, iniciou suas atividades na Noroeste do Brasil, como engenheiro residente em Três Lagoas, passando a chefe da divisão de Campo Grande, promovido em seguida a assessor do presidente da Rede Ferroviária Federal no Rio de Janeiro e, finalmente, à superintendência da empresa em Bauru.
Em 1965 elege-se na oposição (PSD-PTB), governador de Mato Grosso. Tomou posse a 31 de janeiro de 1966. Rubens de Mendonça resume o seu mandato:


Assumindo a administração inaugurou uma nova filosofia de governo. Quebrou a antiga rotina; não exonerou funcionários públicos seus adversários políticos. Seu governo tem sido um dos mais agitados de Mato Grosso. Em agosto de 1967, na Assembléia Legislativa do Estado, o deputado Júlio de Castro Pinto apresentou um projeto de resolução pedindo a decretação do impedimento do governador do Estado. Seu advogado dr. Renato de Arruda Pimenta requereu mandado de segurança, cuja liminar foi concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado. Superada a crise do IMPEACHMENT, pode o governador Pedro Pedrossian realizar uma administração desenvolvimentista, construindo obras de vulto em todo o Estado. Não existe um só município de Mato Grosso que não possua uma obra construída em seu governo.


A nova filosofia de governo implantada pelo dr. Pedro Pedrossian mudou a mentalidade do Estado que abandonando as antigas estruturas da sociedade tradicional ou não desenvolvida, criou a imagem do Novo Mato Grosso que despertou a capacidade para assumir o controle de sua vida econômica, criando condições que possibilitara seu desenvolvimento cultural com as instalações de quatro faculdades superiores, motivando assim, as criações da Universidade Federal de Mato Grosso, com sede em Cuiabá e da Universidade Estadual de Mato Grosso com sede em Campo Grande.¹


Com a divisão do Estado, de cujo processo omitira-se, elegeu-se, em 1978, senador de Mato Grosso do Sul, pela Arena. Deixou o cargo dois anos depois para assumir o governo do Estado, nomeado pelo presidente, general João Batista de Figueiredo, em substituição a Marcelo Miranda, fechando o tumultuado ciclo do primeiro período governamental do novo Estado. É desse seu primeiro mandato em Mato Grosso do Sul o início da implantação do Parque dos Poderes.

Em 1986 perde sua primeira eleição, quando tenta voltar ao Senado, apoiando o candidato oposicionista Lúdio Coelho (PTB) ao governo, que também é derrotado.


Em 1990, retorna ao governo por eleição direta, pelo PTB, vencendo o candidato governista Gandi Jamil. A obra mais notável de sua gestão foi a implantação de Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Deixou o poder com 70% de aprovação. Em 1998 tentou voltar ao governo e foi derrotado no primeiro turno. Em 2002 perdeu a eleição para o Senado e abandonou a vida pública.



FONTE: ¹Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico de Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 125.





domingo, 20 de fevereiro de 2011

15 de junho

 15 de junho


1867 Cólera na retirada da Laguna: o pior inimigo


Retirada da Laguna, quadro de Ruy Martins Ferreira



O médico Cândido Manuel de Oliveira Quintana libera relatório sobre a epidemia de cólera-morbo durante a retirada das tropas brasileiras do Apa:

Havendo V.S. exigido de mim uma parte sobre a epidemia e ferimentos havidos na expedição de Mato Grosso, passo muito profunctoriamente a expender o seguinte: Que no dia 10 de maio, na Bela Vista, foi-me trazido à consulta um índio que sofria de diarréia abundante e que no dia seguinte faleceu. Este doente, por causa da longa marcha e dos muitos outros que tínhamos a tratar, faleceu, sem que tivéssemos bem observado sua enfermidade. No dia 17, as 11 horas da noite, pouco mais ou menos, entraram mais dois enfermos para a enfermaria, os quais atraíram a atenção pelos grandes gritos que davam em conseqüência de câimbras e pela semelhança dos sintomas de ambos que eram: grande sede, supressão de urina, vômitos, evacuações alvinas abundantissimas, resfriamento das extremidades; e no dia seguinte, os que morreram estavam desfigurados pela magreza de rosto, então julgamos que tínhamos em presença a horrenda epidemia da cólera-morbo, que no dia subseqüente tornou-se pela entrada de muitos atacados com o sintomas seguintes: vômitos, evacuações alvinas abundantes de uma matéria semelhante à água de arroz, grande sede, dispnéia, pulso pequeno freqüente, supressão de urinas, mudança extrema no metal da voz e mesmo afonia, pele fria, cianose, magreza e desfiguramento rápido de rosto, etc. A falta de víveres, de barracas e roupa suficiente na estação do inverno, muito deveria concorrer para aumentar o número de atacados, os quais, entrando nas enfermarias, também aí não achavam abrigo contra as intempéries. Os medicamentos no fim de poucos dias estavam todos acabados. As marchas muitas vezes o dia inteiro, algumas vezes de noite, a péssima condução em carros puxados a bois, em que os doentes comprimiam-se mutuamente, pela exigüidade de espaço, deviam ter grande parte no acréscimo da mortalidade, que era de quase todos os atacados. Afinal todos os carros foram queimados por necessidade: os doentes eram conduzidos em padiolas por soldados enfraquecidos pela fome, estropiados, que se recusavam a carregá-los e que os deixavam atirados no caminho sempre que o podiam fazer. Os são já mal eram suficientes para carregar os doentes, sendo preciso caminhar com presteza, pois já nenhum alimento tínhamos além das poucas reses que puxavam a Artilharia. À vista disto, foram os doentes da cólera-morbo deixados no pouso por ordem superior, no dia 26 de maio. Até o dia 1º de junho a epidemia ainda não tinha cessado. Nesse dia tendo as forças começado a marcha, quase à noite, debaixo de chuva fortíssima, caminhou seis léguas. Durante este trajeto, que terminou no dia 2 à tarde, morreram alguns coléricos e no dia 3, o último doente grave dessa enfermidade que ainda restava.. Nesse dia a epidemia cessou.¹


Para o inimigo a epidemia de cólera foi um castigo de Providência contra os invasores de seu território. As considerações sobre a peste foram estampadas em amplo artigo sobre a retirada da Laguna, publicado no jornal oficial do governo paraguaio:



E para o auge do desastre, Deus havia reservado a esses infames, para espiar seu crime, um castigo maior. O cólera, essa terrível peste que havia assomado as povoações dos aliados e arruinado o exército inimigo, apareceu entre eles com todos seus horrores, fazendo o mais espantoso estrago.

Expiação justa que a Providência descarregou sobre a cabeça dos infames que queriam escravizar um país cristão e livre.

A princípio enterravam seus cadáveres, mas depois já não puderam fazê-lo por ser muito grande o número e abandonavam seus mortos, entre os quais se encontraram muitos oficiais e mulheres.

A mortandade foi acrescentando dia-a-dia em suas fileiras, sem embargo marchava constantemente, sempre conduzido por nossa cavalaria que formava um círculo de ferro ao seu redor.

O inimigo que em todo seu vigor e força havia sido imponente para competir com nossos soldados, enfermo e débil não teve a resolução de fazer a mínima tentativa  de ataque. Seguiu seu destino, vencido e resignado à mercê de nossas armas.

Nossos soldados clamavam por levar sobre aqueles restos um ataque, seguro de encontrar uma vitória barata. Seus chefes não lhes permitiram, não era necessário, iria derramar-se sangue inutilmente e, quando se pode vencer o inimigo sem ele, é mais glorioso, é mais conforme com a humanidade que sempre temos tido enquanto é compatível com a guerra.

O resto da coluna seguia adiante, deixando grande número de desertores e cadáveres. Chegou às margens do Mbotetey que atravessou a nado e teve que permanecer ali cinco dias. Aqui foi onde a epidemia fez mais estragos em suas fileiras e aqui foi também o chefe da expedição Camisão morreu,  seguindo-lhe no sepulcro, seu segundo, o tenente-coronel Galvão. O major José Tomas  assumiu o comando das forças que passaram o Mbotetey e seguiram para as serras. Ali caíram centenas de cadáveres e outro tanto de moribundos, armamentos de todas as classes, carros, etc. Cada dia aumentava entre eles a fome e a peste. Mesmo assim marchava adiante. Nossa cavalaria o pastoreava dia e noite.²

FONTE: El Semanário (PY) Assunção, 13 de julho de 1867.



FONTE: ¹Taunay, A retirada da Laguna, 14a.edição, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 173. ²El Semanário (PY) Assunção, 13 de julho de 1867.








15 de junho



1915Criado o município de Três Lagoas



Antonio Trajano, o fundador de Três Lagoas




Pela lei n° 706, sancionada pelo governador Augusto da Costa Marques, é criado o município Três Lagoas, desmembrado de Paranaíba. Seu primeiro intendente geral foi capitão Afonso Garcia Prado. Iniciada em 1911 com a chegada da estrada de ferro, em área doada por Antonio Trajano dos Santos e pelo governo do Estado, Três Lagoas teve seu plano urbanístico traçado pelo engenheiro Oscar Teixeira Guimarães e sua demarcação executada pelo agrimensor Justino Rangel de França. Pela lei 656 de 1914 é elevada a condição de distrito. Com o intendente foram empossados os primeiros vereadores: Antonio de Souza Queiroz, Generoso Alves Siqueira, Oscar Guimarães, Bernardino Mendes e Sebastião Fenelon Costa. Antonio de Souza Queiroz é eleito presidente do legislativo municipal. 

Três Lagoas é o principal polo industrial de Mato Grosso do Sul e, segundo dados do IBGE (2013) tem cerca de 110.000 habitantes, sendo a terceira cidade do Estado.



FONTE: Jesus H. Martin, A história de Três Lagoas, edição do autor, Três Lagoas, 2000, página 57.

FOTO: acervo da prefeitura municipal de Três Lagoas.





15 de junho

1957Dourados sede de bispado






É criada pelo papa Pio XII a diocese de Dourados, abrangendo todo o extremo-sul do Estado de Mato Grosso com uma área de 68.300 km2. A notícia foi recebida com júbilo pela comunidade católica do município e foi o destaque da "Coluna Religiosa" do jornal "O Progresso" de 1° de setembro de 1957:

No dia 22 de agosto esteve entre nós, em rápida visita, Sua Excia. Revmo. Dom Ladislau Paz, administrador apostólico de Corumbá. Sua Excia. veio especialmente a Dourados para trazer-nos a notícia oficial da criação pela Santa Sé, do novo Bispado de Dourados. A nova diocese, com 74.000 quilômetros quadrados e 140.000 habitantes, compor-se-á de 7 municípios e 9 paróquias: Dourados (com Colonia Federal), Itaporã, Rio Brilhante, Bataguassu, Maracaju, Ponta Porã e Amambai.

Reunidas na noite do dia 22 de agosto, no salão nobre do convento franciscano às pessoas de destaque do mundo católico de Dourados, comunicou Dom Ladislau, que a nomeação do Bispo de Dourados se fará em breve, provavelmente já neste mês de setembro. A posse do novo bispo realizar-se-á então no fim deste ou no começo do outro ano, devendo vir nesta ocasião para dar a posse, o Exmo. e Revmo. sr. Núncio Apostólico, embaixador da Santa Sé, junto ao governo brasileiro e representante do Santo Padre, o Papa. A atual igreja matriz será eleva a Pró Catedral. Sua Excia. fez ainda uma ligeira exposição das vantagens decorrentes da criação do Bispado de Dourados, significando a mesma uma grande vitória da causa católica da nossa cidade e em toda a nova Diocese, devendo, porém, os católicos do lugar colaborar eficazmente na instalação do mesmo bispado, mormente no que diz respeito à residência do bispo. Sendo franqueada a palavra a todos os presentes, uso dela primeiro o rvmo. Pe. vigário da paróquia de Dourados, oferecendo o convento franciscano para moradia provisória do bispo. Foi bem aceita esta proposta, concordando depois todos os presentes em organizar uma campanha afim de prover o novo bispo com o mais necessário para a sua instalação. Resolveu-se promover para este fim, umas sessões de cinema, um chá com desfile de bonecas, uma ou outra rifa, um livro de ouro, etc. Sugeriu-se também providenciar, desde já, a aquisição de um terreno para a futura catedral de Dourados, ideia essa que foi bem acolhida. Terminando a reunião, usou da palavra o exmo. sr. Walmor Borges, DD. coletor federal e presidente da Câmara Municipal, que em seu próprio nome e no de todos os presentes, agradeceu ao exmo. e revmo. sr. administrador apostólico a visita e lhe prometeu irrestrito apoio à grande obra, prestes a se realizar na nossa cidade. Dom Ladislau Paz, que com suas maneiras amáveis conquistara logo a simpatia de todos, ao despedir-se, expressou o seu contentamento em verificar o entusiasmo e a prontidão com que os católicos de Dourados souberam receber a decisão da Santa Sé, criando o Bispado de Dourados para maior glória de Deus, para o bem das nossas almas e também para o progresso da nossa cidade.

Seu primeiro bispo foi D. José de Aquino Pereira, do clero secular, sacerdote desde 1944, ex-cura da da catedral de São Carlos, no estado de São Paulo. Sua nomeação no "Osservatore Romano", deu-se em 1° de fevereiro de 1958. 


FONTE: Frei Pedro Knob, A missão franciscana do Mato Grosso, Edições Loyola, São Paulo, 1988, página 216.

FOTO: D. José de Aquino Pereira, primeiro bispo de Dourados. Acervo da Diocese de Dourados.


15 de junho

2016 - Metraficante morre em emboscada na fronteira

O megatraficante brasileiro Jorge Rafaat Toumani morreu fuzilado em um tiroteio, emboscado no centro de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia onde vivia como suposto empresário de segurança privada, na fronteira com Ponta Porã.

O bando motorizado que o atacou usou armamento de guerra e artilharia anti-aérea: fuzis e uma metralhadora Browning M2. 50, escondida dentro de uma caminhonete para parar o veículo blindado do narcotraficante. Uma intensa troca de tiros entre quadrilhas chamou a atenção da Polícia Nacional do Paraguai, não conseguiu abortar o objetivo da operação.

Segundo as autoridades policiais, tudo começou as 18h45, quando Rafaat foi emboscado em uma cena de proporções cinematográficas nas principais ruas de Pedro Juan Caballero. O traficante não teve tempo de reagir. Seus guarda-costas estavam em outros veículos e perseguiram os rivais por algumas quadras.

Conforme o jornal ABC Color, Rafaat recebeu dezesseis tiros disparados por um bando de pistoleiros. Morreu na hora, sentado ao volante da Hammer. Um vídeo capturado por câmeras de segurança e divulgado pela imprensa mostra parte do confronto no trânsito. Um Toyota de cor clara passa à frente do comboio que protegia a Hammer de Rafaat e inicia os disparos de metralhadora, logo após o cruzamento, enquanto as pick-ups de sua segurança ficaram paradas. Em seguida, os homens do traficante descem armados com fuzis, disparam algumas vezes e correm. Mas o carro do chefe já estava fuzilado adiante.

Segundo a imprensa paraguaia, ele já havia sido alvo de um atentado anterior, cometido pela facção brasileira do PCC. Rafaat teria assumido nos anos 2000 rotas do tráfico antes operado por Fernandinho Beira-Mar. Ele já era alvo da justiça brasileira em ao menos cinco ações penais, crimes como tráfico internacional, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O corpo de Rafaat foi sepultado no cemitério de Ponta Porã.


FONTE: Veja (online), 16/06/2016.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...