segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

10 de março

10 de março

1830 - Acumpliciamento com índios: Imperador exige punição de comandantes de Coimbra e Miranda

O governo do Império, tendo recebido denúncia de que comandantes dos presídios de Coimbra e Miranda estariam apoiando índios guaicurus, suspeitos de atacarem moradores da região, assaltando e depredando propriedades particulares, manda o presidente da província de Mato Grosso investigar e punir os responsáveis:

"Constando na augusta Presença de sua Majestade o Imperador, que alguns habitantes do Norte da Província de Mato Grosso protegidos principalmente pelos Comandantes de Coimbra e Miranda tem auxiliado os índios bárbaros, com armas, munições, soldados fuzileiros, brancos e negros, os quais tem roubado imensa quantidade de gados e perpetrado as maiores desordens; e convindo atalhar desde logo a continuação de atos tão escandalosos, que podem comprometer a tranquilidade do Império, manda em consequência o mesmo Augusto Senhor que o governador das armas da mencionada província de Mato Grosso tome as mais enérgicas medidas para reprimir os latrocínios e correrias, e providencie de maneira que se prendam os culpados para serem castigadas prontamente, com todo o rigor das leis no qual não deve haver nenhuma omissão. Palácio do Rio de Janeiro, em 10 de março de 1830. - Conde do Rio Pardo".

FONTE: Diário Fluminense vol. 15 (RJ), 16 de março de 1830.

10 de março

1903 - Tropas reforçam segurança na fronteira com a Bolivia


Cabo Getúlio Vargas, do 25 de Infantaria de Porto Alegre

 

Ante a ameaça de invasão da fronteira por forças bolivianas, tropas do exército brasileiro chegam a Corumbá, sob o comando do general João Cezar Sampaio. São os batalhões 16, 25 e 29 de Infantaria, de Porto Alegre, que reunidos ao 21 de Infantaria e ao 2º. de artilharia locais, constituem um efetivo de dois mil homens. Integrante do 25 de Porto Alegre, fazia parte das tropas o cabo Getúlio Vargas.¹ A concentração de forças em Corumbá esteve ligada à questão do Acre, permaneceram na cidade até o mês de abril do ano seguinte e enquanto estiveram na cidade exerceram função policial, conforme constata Estêvão de Mendonça:

Nos primeiros dias de sua chegada observam que, durante a noite, a cidade era ponteada por sucessivas detonações, cujos projetis passavam por vezes sobre o hotel Internacional, em que se hospedara. Encontrou por esta forma a exposição do aspecto taciturno das ruas à proporção que a noite avançava. Determinou um patrulhamento rigoroso, sem excessos. Em pouco tempo a cidade oferecia outro aspecto, sendo as principais artérias percorridas por cavalheiros e senhoras durante as primeiras horas da noite.²

Sobre Getúlio Vargas nessa missão, narra-o seu conterrâneo Mário Lima Beck:

Nas fileiras desse batalhão alinhava-se um cabo de esquadra, um moço, baixo, rotundo e risonho, que trinta anos depois seria o chefe discricionário da nação!

Punidos por insubordinação, Getúlio Vargas e outros cadetes são desligados da Escola Militar de Rio Pardo e incorporados ao 25° B.I. Todos são enviados para a "Sibéria canicular do nosso exército" como Euclides da Cunha chamava naquele tempo a Mato Grosso. 

Tropa de elite criou logo grande círculo de simpatias na cidade matogrossense. O cabo Getúlio tornou-se em breve assaz conhecido. Embora aparentemente quietarrão e frio, sabia cativar pela educação gentil e maneirosa. As vezes parecia inacessível e de repente viam-no na maior camaradagem entre os soldados. Simulava imperturbável seriedade e logo participava gostosamente duma pândega. Nunca porém, perdeu compostura e equilíbrio...Hábil dosador de pragmatismo. Fingia, dizem, indiferença às mulheres e elas se interessavam por ele. Contam que uma jovem corumbaense dedicou-lhe acendrada paixão.

Sabia comandar com senso e oportunidade. Em todas as circunstâncias era raciocinador tranquilo. Calculista sistemático em todos os rumos de sua conduta. Já naquela época a psicologia do cabo Getúlio Vargas, exibia matizes curiosos, que intrigariam a um Lazurski e outros estudiosos da individualidade humana. Em setembro do mesmo ano, promovido a sargento, Getúlio regressa a Porto Alegre. 
 

FONTE: ¹Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 169, ²Estêvão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 123 e Mario Lima Beck, Nova Querência, Livraria Selbach, Porto Alegre, 1935, página 53.

9 de março

9 de março

1960 - Morre o professor Severino Ramos de Queiroz

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Aos 77 anos, falece em Campo Grande o professor Severino Ramos de Queiroz. Nascido em São João do Cariri, na Paraíba, em 12 de março de 1889, veio jovem para Mato Grosso, onde ingressou na Força Pública e no magistério. Em Campo Grande foi professor de Português e Literatura no Colégio Dom Bosco. Na PM reformou-se no posto de coronel. Exerceu ainda as funções de exator em Campo Grande. Colaborou na revista Folha da Serra e publicou "Formulário Ortográfico," em 1931; "No Caminho do Saber," em 1933; e "O que se deve saber," em 1937. Na imprensa manteve por longos anos uma seção muito lida a comentada: "Consultório Filológico e Gramatical." Consagrou-se "como profundo conhecedor da língua portuguesa e intransigente defensor da pureza vernacular, censurando veementemente as más redações, as incorreções gramaticais, os galicismos, chegando ao ponto de bradar em aula:

 - Façam de 'Os Lusíadas' e de 'Os Sertões' livros de cabeceira.

Ocupou a cadeira n° 28 na Academia Matogrossense de Letras. Há uma escola e uma rua com seu nome em Campo Grande.


FONTE: José Couto Vieira Pontes, História da Literatura Sul-Mato-Grossense, Editora do Escritor, São Paulo, sd, página 117.


9 de março

1912 - Nasce em Minas, Antonio Salústio Areias


Nasce em Minas Gerais, Antonio Salustio Areias.
Ordenou-se padre em 1933, aos 22 anos. Em 1941 muda-se para São Paulo e deixa a batina. Veio para Mato Grosso em agosto de 1946, fixando residência em Aquidauana. Foi professor e diretor do Colégio Cândido Mariano. Entrou na política por acaso:
"...nas eleições para prefeito, em 1950, o PSD, o PSP (partido do Ademar de Barros) e o PTB (que era o partido de Getúlio Vargas) estavam sem candidato. Foi então que o dr. Bonifácio, que era um grande amigo meu, foi procurar-me dizendo:
- Areias, queremos que você seja nosso candidato a prefeito.
- Deus me livre, dr. Bonifácio, política e ensino não podem viver juntos. Ou se é professor dedicado ou político. Além disso a política prejudica demais o ensino com essa história de nomear e demitir os professores a seu bel prazer, tirando um professor competente para colocar um da panelinha em seu lugar.
- Não adianta discutir. Tem que ser você. Porque só assim o PSD, o PSP e o PTB vão se unir em torno de sua candidatura e ganharemos as eleições.
Eu, bobo, caí na conversa dele e entrei na política. Me candidatei, unindo os três partidos contra a UDN e ganhei as eleições por 46 votos apurados na última urna."
Em 1971 é nomeado Delegado de Ensino pelo governador José Fragelli, sendo, do mesmo governo, secretário de Educação, nos últimos 18 meses da administração. No governo seguinte, de José Garcia Neto, ocupou a direção do CERA (Centro de Educação Rural de Aquidauana).


O professor Areias faleceu em 04 de agosto de 1991 aos 79 anos e idade.


FONTE: Maria da Gloria Sá Rosa, Memória da Educação e da Cultura em Mato Grosso do Sul, UFMS, Campo Grande, 1990, página 95. 

8 de março

8 de março




1914 - Campo Grande ganha regimento do exército


Quartel do 5° Regimento de Artilharia Montada em Campo Grande


Transferido de Aquidauana, chega a Campo Grande o 5° Regimento de Artilharia Montada, embrião da Circunscrição Militar de Mato Grosso. O evento é registrado por J. Barbosa Rodrigues, segundo o qual "ante grande alegria da população local, chegava a Campo Grande cincoenta carretas transportando todo o material do 5° Regimento de Artilharia Montada que, desde a sua organização em 1909, estava sediado em Aquidauana. Essas carretas, contratadas pelo comércio local, haviam sido colocadas à disposição do comandante daquele regimento para a sua mudança desde a 'ponta dos trilhos', que se achavam no local então denominado Olhos d'Água até a cidade. 172 homens, inclusive o comandante major João Batista Martins Pereira, chegavam à pequena vila, além dos oficiais major Arquimino Pinto Amando, capitão dr. Júlio de Castro Pinto, 1° tenente Pedro Jorge de Carvalho, 2°s tenentes Manoel de Oliveira Braga, Oto Feio da Silveira, Hipólito Paes de Campos e Sebastião Azambuja Brandão, veterinário".

FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 133. (foto: reprodução do Album Graphico de Mato Grosso, 1914).


8 de março

1920 - Os prejuízos da enchente do rio Paraguai

A cheia do Pantanal, que chegou a interromper o tráfego de trens entre Miranda e Porto Esperança,¹
causou prejuízos incalculáveis em toda a zona criadora do Rio Paraguai:

"O Estado de Mato Grosso vem sofrendo agora formidáveis prejuízos na zona criadora localizada nas adjacências do rio Paraguai, cuja desmedida crescente invade muitas centenas de léguas de campos de criação, obrigando a emigração dos animais para terras no interior.

A mortandade tem sido grande, estando afogados muitos saladeiros que possuem invernadas nessa zona; os animais são mortos a tiro, dentro dos campos inundados, como medida para salvar o capital.

As repartições federai situadas em Porto Esperança e Porto Murtinho estão ameaçadas de submersão, já estando rodeadas pelas águas. O inspetor da alfândega, sr. José Felippe de Araújo Pinto, seguiu para examinar a situação das mesas de rendas dessas cidades, regressando após ter posto em prática algumas medidas mais urgentes, tendo obtido o vapor Comandante Alvim, que seguirá para Porto Esperança, onde ficará para servir de abrigo ao pessoal da Mesa de Rendas e atender à fiscalização do litoral.

Os trens da Estrada de Ferro Itapura-Corumbá funcionam apenas uma vez por semana, atravessando longos pantanais, chegando a Porto Esperança com grande dificuldade; as cargas são abandonadas nas estações intermediárias, causando prejuízos incalculáveis".

FONTE: O Jornal (RJ), 08/03/1920.

6 de março

6 de março

1850 - Escravos são hipotecados em Paranaíba



Prática corriqueira durante a escravidão negra no Brasil, José Garcia Leal, chefe político de Paranaíba, aceita escravos como garantia de dívida, nos termos do seguinte documento:

Saibam quantos virem este público instrumento de Escritura de Hipoteca que sendo no ano do Nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e cinquenta, Vigésimo nono da Independência e do Império, aos seis dias do mês de março do dito ano, neste Distrito de Santana do Paranaiba, termo da vila de Poconé, em o escritório de mim Escrivão do Juizo Municipal abaixo assinado com as testemunhas apareceram presentes, e pessoalmente o cidadão Joaquim Lemos da Silva e sua mulher Dona Eufrasia Maria da Silva, pessoas reconhecidas de mim pelos próprios de que trato e dou fé, e por eles me foi dito que se constituíram devedor do Capitão José Garcia Leal da quantia de setecentos e quarenta e sete mil, trezentos e trinta reis, em moedas correntes proveniente de outra igual quantia que receberam emprestado e em alguns gêneros que lhe compraram e como não lhe pode pagar no presente tempo a referida quantia, e que já se acha vencida; para (sic) da dívida e de seu credor, haviam por bem hipotecar dois escravos (ao dito senhor José Garcia Leal, seu Credor) ambos de nomes Joaquim Crioullos, um de idade de oito anos, mais ou menos, e outro de idade de dezesseis anos, mais ou menos, e uma pequena casa coberta de capim e quintal sem arvoredos, cujos escravos e casas se acham livres de outra qualquer escritura de hipoteca e se obrigarão a não traspassar  e nem atear os ditos livres enquanto não houverem pago a referida quantia que se obrigavam a satisfazer desta data a dois anos e logo pelo outorgado Capitão José Garcia Leal foi dito que aceitava a hipoteca nos referidos bens em qualidade de credor, bem como todas as mais condições declaradas, e depois de escrita, e lida esta por mim Tabelião Público perante as testemunhas digo perante os contratantes, e por eles outorgados assinaram em presença das testemunhas, e a rogo de Dona Eufrasia Maria da Silva. Assinou Andalício da Silva Bitancourt igualmente de mim reconhecidas de que dou fé de mim Luiz Ferreira Gomes Escrivão do Juizo Municipal que o escrevi.


FONTE: Fundação Cultural Palmares, "Como se de ventre livre nascido fosse...", Arquivo Público Estadual, Campo Grande, 1994, página 331.

FOTO: aspecto da escravidão no Brasil. Reprodução meramente ilustrativa.


6 de março
 
1890 - Nasce em Corumbá, Olegário de Barros


Nasce em Corumbá, Olegário de Barros. Formado em Direito pela faculdade do largo São Francisco, em São Paulo, foi delegado e chefe de polícia do Estado de Mato Grosso, diretor da imprensa oficial, consultor jurídico, procurador geral, juiz de direito, secretário geral do Estado, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça, ocasião em que exerceu as funções de interventor federal do Estado, o qual governou de 8 de novembro de 1945 a 8 de julho de 1946. Faleceu em Corumbá a 6 de janeiro de 1969. 


FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-grossense, edição do autor, Cuiabá,1971, página 29.


6 de março

1909 - Toma posse primeiro prefeito de Bela Vista

Criado em 1908, foi instalado nessa data, o município de Bela Vista, com a posse do intendente geral (prefeito), dois vice-intendentes, vereadores e dois juízes de paz. Segundo o registro a "sessão de instalação foi aberta pelo engenheiro civil João Thimoteo Pereira da Rosa, vereador e vice-presidente da Câmara Muncipal de Nioaque, de cujo município se desmembrara o de Bela Vista, que deferiu o compromisso legal ao vereador Athanásio de Almeida Mello, por ser o mais idoso dos vereadores. Prestado o compromisso legal, o presidente da Sessão transferiu a presidência ao vereador Athanásio de Almeida Mello que tomou o citado compromisso aos demais vereadores, suplentes de vereador, intendente geral, vice-intendentes, primeiro e segundo juízes de paz".

Assumiu como primeiro intendente geral, o coronel Marinho Fernandes Tico para um mandato de três anos.


FONTE: Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 37.



6 de março

1939 - População lincha ladrões em Campo Grande

                                                                                                                                       FOTO: O JORNAL RJ



Três assaltantes de motorista de praça são linchados por populares em Campo Grande. O episódio teve repercussão nacional:

No dia 6 do corrente, nas proximidades de Campo Grande, foi assassinado o motorista Celestino Pereira de Alcântara, proprietário do carro 127.

Esse crime foi premeditado pelos seus autores Mário Garcia de Oliveira, Osvaldo Caetano e Sidney Prestes.

Cerca das 14 horas, um deles procurou na praça aquele motorista para corrida ao bairro Amambay. Ali chegados, subiram no carro os outros dois e exigiram de Celestino Garcia que prosseguisse viagem para Ponta Porã. Negando-se aquele de faze-lo, recebeu violenta pancada no crânio, que o prostrou sem sentidos. Os bandidos desarmaram-no e um deles tomou a direção do carro.

Duas léguas depois de Campo Grande, o motorista recuperou os sentidos e entrou em luta corporal com os facínoras, sendo nessa ocasião ferido mortalmente por eles e atirado, ainda agonizante, num mato próximo da "fazenda Saltinho". Prosseguiram viagem os assassino depois de terem arrancado a licença do carro.

Os demais motorista de Campo Grande, sabendo que Celestino não fazia viagens para o interior e tendo conhecimento da corrida combinada, estranharam a demora do seu colega. Entrando em indagações vieram a saber por um motorista vindo de Ponta Porã que o carro 127 fora abastecido com meia lata de gasolina, não levava licença e era conduzido por um estranho, tendo dois outros como passageiros. Levado o fato ao conhecimento do capitão Felix Valois, delegado de polícia, este pôs-se incontinenti em ação para a descoberta do crime e prisão dos criminosos, rumando para Ponta Porã. Cerca de 25 léguas de Campo Grande, encontraram o carro 127 encalhado, estando Mário, Osvaldo e Sidney trabalhando para desencravá-lo. Dada a ordem de prisão, depois de curta resistência, entregaram-se.

De regresso a Campo Grande foi recolhido o cadáver de Celestino Garcia, com indício de que muito se debatera na agonia. O corpo está ainda quente, indicando morte recente. Os próprios assassinos auxiliaram a transportar o corpo.

Chegando a esta cidade, foram os três ocupantes do carro submetidos a interrogatório, confessando a autoria do crime.

Grande massa popular aguardava na delegacia a remessa dos bandidos para a cadeia pública. Quando o carro que os conduzia à esquina do Estádio da Sociedade Esportiva Campograndense, a multidão acrescida de número, fez parar o carro, arrebatou os três presos e trucidou-os ali mesmo, a pau.

Acabava de acontecer o primeiro linchamento que se tem notícia na história de Campo Grande.



FONTE: Diário de Notícias (RJ) 15 de março de 1939.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

5 de março

5 de março


1874 - Escravos libertados em homenagem à retomada de Corumbá.

Reunida nesta data, diretores de teatro de Cuiabá, dão conta da cessão do espaço da entidade a um grupo de jovens para apresentação de peças, cujo lucro foi revertido na libertação de escravos em Cuiabá e Corumbá, entre eles, um grupo cuja liberdade homenageou a retomada de Corumbá do jugo paraguaio, comemorada no dia 13 de junho, conforme relatório do comendador Henrique José Vieira, diretor da associação mantenedora do teatro:

"Contando com a vossa indulgência, cedi o teatro a diversos moços filantrópicos que se reuniram para nele representarem aplicando o lucro em favor da liberdade, dando o satisfatório resultado que passo a mencionar:

No dia 18 de abril de 1872 libertaram a uma escrava menor de nome Rita, de propriedade de Francisco Leite de Pinho e Azevedo, pela quantia de Rs. 400$000.

Em 29 de maio do mesmo ano libertaram a menor Joana, de propriedade de dona Maria Ribeiro Taques pela quantia de 200$000.

Em 13 de junho do referido ano, (comemorando o aniversário de Corumbá) libertaram a menor Romana, de propriedade de D. Luiza Mendes Malheiros, pela quantia de 300$000.

Libertaram ao menor João, de propriedade de Manoel Ferreira Coelho, pela quantia de 400$000.

Libertaram a menor Maria, de propriedade de Rosa Inocência de Vasconcelos, pela quantia de 400$000.

Libertaram, finalmente, ao menor Augusto, de propriedade de D. Rita da Ressurreição Nunes Bueno, pela quantia de 200$000".


FONTE: O Liberal, (Cuiabá), 15 de março de 1974.


5 de março


1932 - Fazendeiro ataca a Matte Larangeira



Campanário, sede brasileira da Matte Larangeira




Conseqüência de uma pendenga por posse de uma área de terra, o fazendeiro João Ortt, juntando pequeno grupo de amigos decide enfrentar a poderosa companhia que monopolizava a exploração e comércio da erva mate no Sul de Mato Grosso. Partiu de Maracaí, nome de sua propriedade, em litígio, em 5 de março de 1932. "Em vários pontos - acompanha-o o cronista Humberto Puiggari - já deveriam estar a postos outros grupos armados que se iriam incorporando ao que comandava pessoalmente. Caso fosse bem sucedido no arriscado empreendimento, tomaria Campanário, sede da empresa e imporia condições de modo a deixá-lo tranqüilo na 'posse' Maracahy.
 
Seguindo um plano anteriormente traçado fez atacar o rancho Paraná pelo seu lugar tenente Eduardo Cubas. Foi o primeiro fracasso. Sem desanimar dirigiu-se a determinado sítio onde deveria estar à sua espera um numeroso contingente armado. Lá não encontrou ninguém. Desanimado, finalmente, dissolveu o grupo que o acompanhava e passou-se para o território paraguaio, exilando-se voluntariamente".

 
A reação foi imediata, fulminante e de grande truculência:


A Empresa, de parceria com as autoridades policiais e com o objetivo de não deixar aparecer o motivo real do levante, passou a telegrafar aos quatro ventos, que nos ervais havia surgido uma revolução...COMUNISTA! Pobre João Ortt... elevado à dignidade de chefe comunista, sem saber mesmo até hoje o que venha a ser comunismo.


No Paraguai, recebia João Ortt notícias dos espancamentos e assassínios dos seus amigos comunistas, crimes esses cometidos por gente que se dizia da Empresa, aliada às autoridades locais. Somente em Sacarón, distrito onde está situada a 'posse' Maracahy, foram barbaramente assassinadas cinco pessoas: José M. Gadioso - degolado; Nicolás Martinez, degolado; o menor Pedro Rodrigues, fuzilado; um casal de índios, fuzilados e os corpos atirados na corrente do rio Maracahy.


Um mês depois, João Orth retornaria ao Brasil e voltaria a atacar a empresa,  dessa vez confrontando-se com forças do exército.




FONTE: Umberto Puigari, Nas fronteira de Mato Grosso, terra abandonada..., Casa Mayença, São Paulo, 1933. Página 113.
FOTO: Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época, (2ª edição), edição do autor, Campo Grande, 2013, página 169. 



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

4 de março

4 de março



1878 - Inaugurada primeira igreja de Campo Grande











De pau a pique e a princípio coberta de sapé, para logo em seguida receber cobertura de telhas de barro, trazidas de Camapuã, por seu construtor, José Antônio Pereira, é inaugurada a igreja do povoado de Campo Grande, cujo padroeiro é Santo Antonio de Pádua.

"Terminada a capela, logo combinaram os casamentos do velho viúvo Manoel Vieira de Souza com Francisca de Jesus (filha de José Antônio) e ainda de Joaquim Antônio com Maria Helena e Antônio Luiz com Anna Luíza; eles filhos do fundador; elas, filhas de Manoel Vieira.¹ "O acontecimento - segundo o cronista - foi motivo de alegres e demoradas festas para o agrupamento católico. Folguedos durante o dia, conversas intermináveis, namoros, refeições melhoradas, cada dia em casa diferente. À noite nos bailes, ao som das violas e das gaitas de boca, eram servidos pão e queijo, broas de milho e outros quitutes mineiros. Como faltassem pares adequados, os homens, por vezes, dançavam com outros marmanjos".²


A primeira missa foi celebrada pelo padre Julião Urchiza, da paróquia de Miranda. No lugar da capela ergueu-se a atual catedral de Campo Grande.


Em 1882, frei Mariano. vigário de Miranda provisionou e administrou os sacramentos ao novo templo.³

Em 4 de abril 1912, D. Pirilo, bispo de Corumbá, cria a paróquia de Santo Antonio de Campo Grande e nomeia o padre José Joaquim de Miranda, seu primeiro vigário.4


FONTES:  ¹Eurípedes Barsanulfo Pereira, A fundação de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 2001, página 36. ²Paulo Coelho Machado, A rua velha, edição do Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1990, página 20. ³Frei Alfredo Sganrzela, A História de Frei Mariano, FUCMAT-MCC, Campo Grande, 1992, página 416. 4 Cleonice Gardin, Campo Grande, entre o sagrado e o profano, Editora da UFMS, Campo Grande, 1999, página 107.

4 de março

1934 - Exercito inaugura praça em Campo Grande





Como parte do programa de entrega oficial de várias obras em Campo Grande, o comando do exército, à frente o coronel Newton Cavalcanti, entregou ao prefeito Pacífico Lopes de Siqueira, a praça Cuiabá, localizada no bairro Amambaí. O registro é do Jornal do Comércio:

Declarando inaugurada a Praça Cuiabá, o cel. Newton Cavalvanti disse, dirigindo-se aos srs. Deusdedit de Carvalho, representante do sr. chefe de polícia do Estado, e dr. Jayme de Vasconcelos, representante do dr. prefeito de Cuiabá, que aquela homenagem traduziu além do seu público apreço com que o povo cuiabano o recebera na culta e adiantada capital do Estado, os seus votos sinceros para que, dissipadas nuvens e ressentimentos, Campo Grande e Cuiabá, Norte e Sul, continuem a marchar unidos na larga estrada do engrandecimento de um Mato Grosso unido e forte.

Conhecida por muitos anos como Cabeça de Boi, a praça Cuiabá é tida hoje por praça das Araras.

FONTE: Jornal do Comercio (Campo Grande) 6 de março de 1934.
FOTO: Araras, obra de Cleir Ávila.

4 de março

1977 - Morre Júlio Müller








Morreu em Cuiabá, no dia 4 de março de 1977.Júlio Strubing Müller. Nasceu em Cuiabá no dia 6 de janeiro de 1895, filho de Júlio Frederico Müller e de Rita Correia Müller. Seu irmão Filinto Müller (1900-1973) foi chefe de polícia do Distrito Federal de 1933 a 1942 e senador de 1947 a 1951 e de 1954 a 1973; seu outro irmão, Fenelon Müller (1892-1976), foi prefeito de Cuiabá e interventor em Mato Grosso em 1935.

Estudou humanidades no Colégio Salesiano de Cuiabá, e em seguida cursou a Academia de Direito da mesma cidade, pela qual se formou. Lecionou alemão no Liceu Cuiabano e depois foi diretor do Grupo Escolar de Poconé, do Grupo Escolar Barão de Melgaço e da Escola Normal Pedro Celestino, todas em seu estado natal.

Em conseqüência da vitória da Revolução de 1930, foi nomeado prefeito de Cuiabá, tendo assumido também a chefia de polícia e a secretaria geral do estado. Em 1933, decidida a convocação de eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, criaram-se em todos os estados partidos representando os objetivos doutrinários da Revolução de 1930. Em Mato Grosso, foi fundado o Partido Liberal Mato-Grossense, liderado pelo interventor Leônidas Antero de Matos. Júlio Müller participou da primeira comissão executiva do novo partido.

No pleito de outubro de 1934, elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte estadual que, além de preparar a Constituição do estado, tinha também a incumbência de eleger o governador de Mato Grosso e dois representantes do estado ao Senado Federal. Desse modo, no dia 7 de setembro de 1935, Mário Correia da Costa foi eleito para chefiar o Executivo mato-grossense.

Em 13 de setembro de 1937, com a morte de Correia da Costa, Júlio Müller foi eleito governador pela Assembléia Legislativa, com mandato até 15 de agosto de 1939. Tomou posse no dia 4 de outubro, tendo administrado o estado como governador constitucional por pouco mais de um mês, já que a implantação do Estado Novo no dia 10 de novembro suspendeu todos os mandatos eletivos do país. Entretanto, no dia 24 de novembro foi reconduzido ao governo de Mato Grosso, desta vez como interventor federal no estado.

Durante sua gestão, construiu o Hospital Geral, o Colégio Estadual de Mato Grosso e a ponte Júlio Müller, ligando Cuiabá a Várzea Grande. Fundou o Departamento Estadual de Estatística, o Departamento de Saúde Pública e reformou a imprensa estadual. Foi ainda durante seu governo que, em setembro de 1943, foram desmembrados de Mato Grosso os territórios federais de Guaporé (hoje Rondônia) e Ponta Porã. Este último, contudo, voltou a integrar o estado por força da Constituição de 1946.

Cinco dias depois da deposição de Getúlio Vargas (29/10/1945), Júlio Müller foi destituído da interventoria.

Além das funções de governo, foi também diretor-presidente da Matoveg, indústria pioneira na fabricação de óleos vegetais e derivados, e se dedicou à pecuária na região de Várzea Grande.

Morreu em Cuiabá, no dia 4 de março de 1977.

Foi casado com Maria de Arruda Müller, com quem teve seis filhos.




FONTE: CPDOC da Fundação Getúlio Vargas.

3 de março

3 de março

1865 - Governo federal cobra da província notícias da guerra

O Ministério dos negócios da guerra, encaminha ofício ao governo da província de Mato Grosso, cobrando informações oficiais sobre a invasão do nosso território por tropas paraguaias, nos seguintes termos:

O governo imperial há muito que não recebe notícia de Mato Grosso.

A invasão pelos soldados paraguaios, a tomada do forte de Coimbra, Corumbá, Miranda etc., as depredações horrorosas praticadas pela ferocidade do inimigo, nada tem servido de incentivo, para que V.Ex. empregasse os máximos esforços para dar conhecimento ao governo das ocorrências momentosas que se estão dando, pondo o mesmo governo na indeclinável necessidade de ajuizar dos tristes sucessos pelas notícias suspeitas, vindas por via do Paraguai e Rio da Prata, ou comunicadas por algum particular, que dessa província tenha chegado; acrescendo que, quando um cidadão notável pode fazer com rapidez a viagem de Corumbá a esta corte, acompanhado de sua família, a administração presidencial não soube fazer partir um ou mais próprios com a sua correspondência! Semelhante procedimento é inacreditável, mas infelizmente não pode ser escurecido. Na presença disto tudo sou obrigado a fazer-lhe sentir, quão estranhavelmente tem sido o seu descuido, e a determinar-lhe muito positivamente que não conte com os correios ordinários para a remessa da correspondência importante, antes empregue em conduzi-la próprios de confiança bem montados e bem pagos, e com aqueles intervalos aconselhados pela maior ou menor gravidade das circunstâncias.

Deus guarde a V. Ex. - Visconde de Camamu. - Sr. Alexandre Manoel Albino de Carvalho.

FONTE: Correio Mercantil (RJ), 10 de março de 1865.


3 de março

1865 - Governo pune comandante que fugiu de Corumbá



Ato do governo do Estado pune o coronel Carlos Augusto de Oliveira, por ter abandonado Corumbá e sua população, diante da ameaça de invasão paraguaia, ocorrida em 3 de janeiro de 1865:

RESOLUÇÃO - O presidente da Província, considerando que o Coronel Carlos Augusto de Oliveira, comandante das armas da mesma Província, não pode mais desempenhar este cargo com provento do serviço público depois do desastroso abandono que fez do importante e florescente ponto de Corumbá sem ter visto o inimigo, inutilizando e desmoralizando assim a força de linha sob seu comando, a qual até hoje anda dispersa e fugitiva por esses pantanais ínvios, por onde se meteu o mesmo comandante das armas com parte dela; e que à vista do seu procedimento é indispensável e urgente a sua substituição por um oficial superior que tenha as qualidades correspondentes a semelhante cargo na tão melindrosa situação presente; resolve, em virtude do artigo 5. § 8º da lei n° 38 de 3 de outubro de 1834, suspender o mencionado coronel Carlos Augusto de Oliveira do exercício de comandante das armas desta Província para ser responsabilizado no foro competente pelo seu procedimento; e outrossim que assuma interinamente o exercício o exercício do cargo de comandante das armas, logo que chegue a esta capital, o tenente-coronel Carlos de Moraes Camisão, visto acharem-se os outros dois tenentes-coroneis mais antigos, existentes na Província.

Palácio do Governo de Mato Grosso em Cuiabá 3 de março de 1865.

Conforme

Joaquim Felicissimo d'Almeida Lousada.


FONTE: A Imprensa de Cuiabá, 5 de março de 1865.

FOTO: Reprodução. Planta da vila da época da guerra. 


3 de março

1903 - Rondon chega ao Forte de Coimbra



Depredação da gruta do Inferno preocupou Rondon 
Explorando o roteiro por onde deveria passar a rede telegráfica, ligando Corumbá à histórica guarnição militar, onde se achava o 25º batalhão do qual era cabo Getúlio Vargas, futuro presidente da República, Rondon chega ao forte Coimbra. De Coimbra, o sertanista guarda memória da gruta do Inferno:
 
A entrada da gruta é um simples buraco que dá acesso à ante-sala de um verdadeiro "Palácio de conto de Fadas". Ensombra-a uma grande figueira de folha larga, Fícus Doliaria, cujas raízes penetram pelas frestas e gretas das pedras soltas, engastadas no maciço que constitui o morro do Buraco Soturno ou gruta do Inferno. Há aí uma escada que permite descer para a ante-sala. Vê-se, ao lado direito da entrada, um segundo buraco por onde é iluminado o compartimento, constituído por grandes pedaços de pedras soltas, atiradas desordenadamente aqui e ali e, entre elas, depósitos de carbonato de cálcio, verdadeira argamassa feita por mão inteligente. Para lá chegar é necessário passar por dentro d'água, nadando e com luzes, porque a escuridão é completa. Assim se passa de salão em salão e há verdadeiro deslumbramento quando a luz se reflete nas estalactites e estalagmites de cristal, raras na ante-sala. É um palácio encantado que os séculos construíram com a concreção sucessiva de cada gota. Observamos, entretanto, consternados, que a selvageria de alguns visitantes, sob pretexto de colecionar minerais, destruíra, à alavanca e martelo, grande parte das estalactites. Será necessário proteger tão maravilhosa beleza natural contra os vândalos.

 
A linha entre Corumbá e Coimbra foi inaugurada no dia 1º de janeiro de 1905.



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, páginas 159 e 175.



3 de março

1973 - Fundada a federação dos professores de Mato Grosso do Sul


É fundada a Federação dos Professores de Mato Grosso do Sul (Feprosul), que a partir de 1989 passaria a chamar-se Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul, (FETEMS) quando a entidade filiou-se à CUT e houve a unificação da carreira: professores e funcionários administrativos de escolas passaram a ser reconhecidos como trabalhadores em educação e as associações passaram à categoria de sindicatos.

O primeiro presidente (1979-1982) foi o professor Eusébio Garcia Barrio. 


FONTE: Revista Atuação, FETEMS, Campo Grande, março 2014, página 12. 


3 de março


2011 - Assassino da ex-mulher pega vinte anos de cadeia


O homicida e a vítima (foto: arquivo do Correio do Estado)
O julgamento do empresário Luiz Afonso Santos de Andrade, autor do homicídio de maior repercussão da década passada em Campo Grande foi o principal assunto da imprensa de Mato Grosso do Sul  no dia seguinte:

O empresário Luiz Afonso Santos de Andrade, acusado do assassinato da arquiteta Eliane Aparecida Nogueira de Andrade, sua esposa, foi condenado a vinte anos de prisão. O julgamento foi realizado ontem no auditório da 1a. Vara do Tribunal do Júri. O crime aconteceu no dia 2 de julho de 2010, em Campo Grande. Do total da pena ele deverá cumprir pelo menos oito anos em regime fechado.

O Ministério Público Estadual sustentou que o empresário asfixiou a mulher por meio de esganadura e posteriormente ateou fogo no veículo em que ela estava. Com o incêndio parte do cadáver foi destruído. Ele está preso desde julho de 2010. Luiz Afonso foi a julgamento pela prática de crime de homicídio por motivo torpe, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima, além do crime de destruição de cadáver.

O julgamento presidido pelo juiz Aluizio Pereira, começou às 8 h e só foi concluído por volta das 16.30h com a publicação da sentença. O plenário do Tribunal do Júri estava lotado, reunindo principalmente, familiares da vítima e estudantes de Direito.


FONTE: Michelle Rossi, Correio do Estado, 4 de março de 2011.

2 de março

2 de março

1910 -Rondon serviço de proteção aos ao índios






Em carta de2 março de  1910,  assinada pelo ministro Rodolfo Miranda, de Agricultura, Indústria e Comércio, do governo de Nilo Peçanha, Rondon é oficialmente convidado para a direção do recém-criado Serviço de Proteção aos Índios:

Exmo. Sr. Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon:


Visa a presente carta revestir de cunho oficial o convite que, pessoalmente, vos dirigi em nome da causa de nossos silvícolas.


A espontaneidade da escolha de vosso nome para fomentar e dirigir a catequese que o Governo da República deliberou empreender é a consagração formal da conduta humanitária, generosa, que tanto vos recomendou à confiança do indígena, na longa e heróica jornada que realizastes em zonas até então vedadas aos mais audaciosos exploradores.


Quem, denodadamente e com rara abnegação, sacrificou a sua quietude, a calma do lar, a sua própria vida, por bem servir à nação; quem pode fazer do indígena a plenitude do seu domínio no seio das florestas, defendido dos artifícios da civilização pelas asperezas da vida inculta - um amigo, um guia cuidadoso, reúne, sem dúvida, os requisitos de bondade, de altruísmo que devem caracterizar a campanha que há de redimir do abandono os nossos silvícolas e integrá-los na posse de seus direitos.


Não cabe ao Governo insistir em práticas seculares que falharam aos seus ideais, revelando-se, no longo decurso do seu predomínio, baldas de prestígio para deter a corrente da raça varonil que votava à escravidão e ao extermínio. Cumpre-lhe, ao contrário, constituir, em bases novas, a catequese, imprimir-lhe a feição republicana, fora do privilégio de castas, sem preocupação de proselitismo religioso, constituindo serviço especial centralizado na Capital, com irradiação pelos Estados onde se torne necessária a ação que é chamado a exercer, pacientemente e sem intermissão de esforços.


A direção superior desse serviço vos será confiada, se aquiescerdes à consulta que ora vos faço, antes das formalidades oficiais de requisição ao Ministério a quem pertenceis, e tenho bem radicada em meu espírito a confiança de que será satisfeita a aspiração comum, mediante o influxo de vossa cultura científica, de vossa capacidade moral, de vossa fé republicana e da energia de vontade que vos faz o primeiro dentre os exporadores do território brasileiro.


Em carta de 14 de março seguinte ao ministro Rodolfo de Miranda, o coronel Rondon aceita o convite e apresenta uma série de medidas que deveria tomar para cumprir a missão.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1968, página 338.






OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...