quarta-feira, 9 de março de 2011

31 de agosto

31 de agosto



1866Paraguaios recuam para a fronteira




Outra carta de Taunay ao pai, no Rio de Janeiro, dá conta da movimentação das tropas paraguaias na região do rio Aquidauana:


Tivemos ontem notícias da outra margem do Aquidauana, o inimigo lá não está mais. Com certeza o estado dos negócios de Lopez o obrigaram a retirar os 1700 homens que guardavam o distrito de Miranda. É bom sinal que faz pensar na conclusão da paz. Ao mesmo tempo é para nós triste não termos podido atacá-los daqui. Como para isso em nada concorri, pelo contrário, tendo preparado com o Lago em junho todos os meios de transposição do Aquidauana – faço como Pôncio Pilatos.


Creio no entanto que na segunda-feira daqui decamparemos devendo seguir para o Apa.


Felizmente os caminhos que temos à frente não são mais os pantanais famosos e pelo contrário belos campos extremamente salubres estendendo-se do Aquidauana ao Apa. Constituem os territórios ambicionados pelo Paraguai que agora perderá para sempre o direito de o considerar litigioso.


FONTE: Taunay, Cartas de campanha de Mato Grosso (1866), in Mensário do Jornal do Commercio, Rio, 1943, página 171.



31 de agosto

1914 Ligados trilhos da Noroeste






As duas frentes de implantação da estrada de ferro (Itapura-Porto Esperança) se encontraram em Campo Grande, completando a grande obra de acesso do Oeste ao litoral. A de Porto Esperança alcançara a cidade em maio. J. Barbosa Rodrigues resume o ato oficial de conclusão da estrada:

No dia 31 de agosto no mesmo ano de 1914, teve lugar a famosa ‘ligação’ dos trilhos, o que ocorreu às 10 horas da manhã sobre o córrego Taveira, onde hoje se ergue a estação de Ligação, nome que perpetuou o acontecimento. O 'Estado de Mato Grosso, na sua edição de 7 de setembro do mesmo ano, assim noticiou o fato: 'Ao enfrentarem-se as duas turmas romperam em vivas e gritos, continuando o resto do serviço entre uma alegria estrondosa. Ao estrugir de foguetes foram colocados os dois últimos trilhos cortados pela turma do Rio Pardo. O Dr. Oscar Guimarães batizou à champanhe os dois pedaços de ferro que pousando acima de corrente límpida do córrego da ligação acabaram com a distância da nossa terra. O Dr. Martins Costa, ilustre engenheiro residente em Campo Grande, apertou os parafusos. Em seguida a máquina 14, dos serviços de Rio Pardo atravessou o pontilhão recém acabado.' (...)


"A inauguração oficial da ferrovia teve lugar, porém, no dia
14 de outubro,
chegando a Campo Grande o trem inaugural por volta das 10 horas, quando foi festivamente recebido pelos habitantes da vila", ainda segundo Barbosa Rodrigues.



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 128.

FOTO: Estações ferroviárias do Brasil (estacoesferroviarias.com.br)



31 de agosto

2012 - Campo Grande passa dos 800 mil habitantes

Dados do IBGE divulgados nesta data mostram Campo Grande com 805.397 habitantes, o que representou crescimento de 1% em relação ao ano anterior, cuja estimativa era de 796.252 moradores. A estimativa aponta que Mato Grosso do Sul que, no período, teve um acréscimo de 27.584 pessoas, elevando sua população para 2.505.088 habitantes. Os dados foram contestados pelo prefeito Nelson Trad Filho que disse dispor de dados (cadastro na habitação, contas e água e luz) indicando que "já passamos de 1 milhão".

FONTE: Tatiana Pires. jornal O Estado de Mato Grosso do Sul, (1°/09/2012), Campo Grande. 

30 de agosto

30 de agosto

1734 - Cuiabanos atacam paiaguás



Parte de Cuiabá contingente armado de moradores da vila para dar combate aos índios paiaguás, ao longo do Pantanal. O episódio está nos anais do senado da Câmara:

Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. 

Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.


FONTE: Annaes do senado da Câmara de Cuiabá (1719-1830) folhas 18,19 e 20.

FOTO: meramente ilustrativa.


30 de agosto


1842Concorrência para estrada entre Piracicaba e o rio Paraná



Fundadores de Paranaíba entram em licitação para construção de estrada entre esta vila e a cidade de Piracicaba no interior paulista, nos seguintes termos:

Januário Garcia Leal e José da Costa Lima, moradores em Santana do Paranaíba comprometem-se a fazer a estrada que vai desta vila à barranca do rio Paraná pondo balsa no rio, fazendo todas as pontes, aterrados e cavas e seguindo a picada aberta por Joaquim Francisco Lopes. Comprometem-se mais em dar esta concluída em fins de 1844. Os suplicantes obrigam-se a trazer 12 carros e apresentar ditos carros em pátio desta vila e receberão então dois contos de réis. Obrigamos a fazer o retoque da estrada que o inspetor disse que não está bom. O suplicantes não exigem quantia adiantada, querem receber o dinheiro todo quando chegarem nesta vila com os carros para o que deve estar o dinheiro em mãos do procurador Domingos José da Silva Braga. Constituição, 30 de agosto de 1842. Januário Garcia Leal e José da Costa Lima.


Venceram a concorrência, assinaram o contrato em 1843 e entregaram a obra dois anos depois. Ao que se sabe, é a primeira ligação rodoviária entre São Paulo e o Sul de Mato Grosso.





FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana do Paranaíba, de 1700 a 2002, 2a. edição, IHGMS, Campo Grande, 2002, página 30.






30 de agosto


1866Taunay escreve do Taboco


À frente das tropas brasileiras que deveriam protagonizar o episódio da retirada da Laguna, como integrante da comissão de engenheiros, Taunay volta a escrever ao pai, no Rio de Janeiro:

Aqui estamos acampados desde 2 de julho o que quer dizer há perto de dois meses. Os víveres não nos faltam mais: a abundância começa a reinar e mesmo os objetos de luxo vêem apresentar-se à nossa cobiça. Temos boa cerveja, vinho e até mesmo excelente manteiga.


O movimento comercial enfim se estabeleceu conosco e os carros de boi fazem ouvir sua melodia especial pelos caminhos impraticáveis do Pantanal. De modo que encontramos no nosso mercado toda espécie de roupa e já em nós se nota alguma faceirice na apresentação depois de havermos ficado reduzidos a um estado quase completo de nudez... o que contribui para a alegria geral e a melhoria sensível do estado sanitário da expedição.


A terrível paralisia que em menos de um mês levou oito oficiais no número dos quais se acha o nosso querido Chichorro da Gama, diminuiu de intensidade e as febres intermitentes resistem aos esforços dos médicos devido a falta completa de sulfato de quinina. Guardo como um tesouro os pacotinhos que V. me deu, reservando-os para uma ocasião em que forem necessários. Tenho creio que 120 gramas bem empacotadas numa caixinha de folha creio que é até um preservativo tê-los à mão, para infundir confiança no organismo e o salvaguardar das influências destes lugares pestilentos.


Meu álbum continua a enriquecer-se. Começo a temer em breve não ter mais página em branco, no entanto terei feito bastante desenhos. Minhas habilidades se aperfeiçoam sensivelmente e a coleção merece a atenção de todos. Tento desenhar as flores mais notáveis com todos os seus caracteres fitológicos e tomar bem os tipos de índios que me caem sob as vistas.


O coronel Carvalho está agora nos Morros onde passamos quatro meses e meio; vai tentar restabelecer a saúde alterada por pequena febre que já estava tomando o caráter muito sério de perniciosa. Do braço vai melhor e já tirou o aparelho.


Pelos relatórios que já foram entregues, quando V. receber esta carta de Trindade e Luiz, poderá ter idéia bem nítida desta localidade: Morros nascida da força das circunstâncias e que deverá desaparecer quando estas cessarem.
Alguns doentes das pernas o acompanharam para ver se uma mudança de clima traria alguma modificação ao seu estado mórbido e agora começa a evidenciar-se que só uma pronta retirada da Província poderá salvar os doentes.


Os dois oficiais que se safaram imediatamente acham-se melhor, começando a ter algum movimento nas pernas. 




FONTE: Taunay, Cartas de Campanha de Mato Grosso (1866), Mensário do Jornal do Commercio, Rio, 1943, página 170.



30 de agosto

1920 - Nasce Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações 


Humberto Neder (o primeiro à direita) com a família em 1954

Nasceu em Campo Grande, Humberto Neder, o quinto filho de Rachid Neder e Euzébia Neder. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Joaquim Murtinho e no Ginásio Dom Bosco, tendo concluído o fundamental e médio no Colégio Andrews no Rio de Janeiro. Ingressou na Faculdade Nacional de Direito do Rio, em 1942, interrompendo seus estudos para participar da II Guerra Munidial, em Monte Castelo, na Itália.

Terminada a guerra, Neder conclui o curso de Direito, casa-se com a mineira Nair de Toledo Câmara e retorna a Campo Grande, em 1947, e instala escritório de advocacia no edifício Nakao,atividade que exerce por pouco tempo para dedicar-se ao empreendedorismo. Após breve inserção no ramo imobiliário, associa-se a Michel Nasser e funda a companhia telefônica de Campo Grande, cuja inauguração aconteceu em 26 de agosto de 1957, com capacidade inicial de 1500 terminais na cidade. Em 1963 inicia-se o serviço interurbano com a primeira ligação de Campo Grande a São Paulo.

A Teleoste, como passou a chamar-se a empresa, ligou Mato Grosso ao mundo e foi a concessionária da telefonia no Estado até sua incorporação ao sistema estatal.

Em 1961, no auge do sucesso da companhia telefônica em Campo Grande, Neder e outros dirigentes da empresa de telecomunicações cria o Banco do Povo, com sede em Campo Grande e poucos meses depois de sua fundação,com filiais em Corumbá, Dourados, Presidente Prudente, Ponta Porã, Angélica, São Paulo e Rio de Janeiro. O Banco do Povo,inviabilizado a partir do golpe de 64, foi vendido por Humberto Neder a um grupo empresarial de Corumbá.

Na política, Neder (PTB) chegou a suplente do senador Filinto Muller (PSD),tendo assumido por 5 meses. Em 64 foi o primeiro preso político de Campo Grande, permanecendo encarcerado por 90 dias à disposição do Exército.

Humberto Neder faleceu em São Paulo em 30 de setembro de 2011. 



FONTE/FOTO: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, páginas 14 e seguintes.


30 de agosto

2012 - Caso Breno e Leonardo. Truculência dispensável

Breno Luigi Silvestrini Araújo, 18 anos e Leonardo Batista Fernandes, 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, 19 anos, amigos desde a infância e estudantes universitários, foram assassinados em Campo Grande, depois de sequestrados, por uma quadrilha, que tinha por objetivo furtar seu veículo, uma Pajero e levar para o Paraguai para trocar por droga.

O homicídio foi desvendado quatro dias depois pela titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv), que deteve cinco suspeitos: Rafael da Costa da Silva, 22 anos e sua esposa,  Dayani Aguirre Clarindo, 24 anos, Weverson Gonçalves Feitosa, 22 anos, e Raul Andrade Pinto (primo de Rafael) e um adolescente de 17 anos, irmão de Rafael.

O CRIME - Na noite do assassinato, quatro membros do bando, em um carro de passeio, próximo a um movimentado barzinho no bairro Miguel Couto, escolheram dois veículos e esperaram um dos condutores. Por volta das 20 horas, Leonardo e Breno saíram do bar e dirigiram-se à Pajero e foram rendidos. 

Weverson assumiu a direção do carro e Leonardo e Breno foram levados para o macroanel de Campo Grande, na saída para Aquidauana e Rochedo. No local, numa tubulação abaixo da rodovia, os jovens foram espancados e obrigados a ficar de joelhos. Breno foi o primeiro a ser executado, com um tiro na cabeça. Leonardo, recebeu um tiro na nuca, desferidos por Rafael.

A polícia civil agiu com agilidade. A primeira a ser presa foi Dayani. Em Miranda, quando viajava de carona em um caminhão. Em seguida, Silva foi detido em um matagal nas proximidades de Corumbá. Feitosa foi preso em sua casa na cidade de Aquidauana. Raul e o adolescente foram capturados em Campo Grande.

ESTREANTES - No inquérito a delegada concluiu que "essa é uma quadrilha isolada e diferenciada. Os integrantes foram movidos a participar da ação criminosa pelo dinheiro fácil. Eles iriam comprar cocaína para iniciar ação no tráfico de drogas.

Os suspeitos foram indiciados por latrocínio, sequestro, ocultação de cadáveres, formação de quadrilha e corrupção de menores.

CONDENADOS - Os seis acusados foram condenados a penas que, somadas, chegam a 209 anos de cadeia: Rafael da Costa da Silva, 42 anos e 4 meses; Raul de Andrade Pinto, 35 anos e 4 meses; Weverson Gonçalves Feitosa, 36 anos e 4 meses; Dayani Aguirre Clarindo, 33 anos e 4 meses; Edson Natalício de Oliveira Gomes, 29 anos e 8 meses e Jonilton Jacksin Leite de Almeida, 38 anos e 10 meses de prisão.

Com informações do G1-MS e do Campo Grande News.




terça-feira, 8 de março de 2011

29 de agosto

29 de agosto


1886 - Nasce Laucídio Coelho, na fazenda Divisa em Coxim




Filho de José Justiniano de Souza Coelho e Maria de Souza Coelho. Da fazenda Divisa, seus pais mudaram-se para a fazenda Bela Vista, Município de Rio Brilhante. Desde cedo - conta Lélia Rita de Figueiredo Ribeiro - se acostumou com a vida do campo e a criar o seu próprio gado. Em 1911 casou-se com Lúcia Martins, mulher prestimosa e companheira de luta. Laucídio já contava então com 700 reses para começar sua vida de casado, acrescidas que foram com as 540 reses de dona Lúcia. Em 1919, Laucídio já era o décimo maior proprietário de terras do município de Campo Graande, sendo dono de 36.000 hectares.
Laucídio foi um empresário moderno, dotando suas propriedades com técnicas sofisticadas de manejo e fazendo incursões no mundo dos negócios financeiros, com a aquisição do controle acionário do Banco Financial de Mato Grosso, a última instituição de crédito do Estado, incorporada ao antigo Bamerindus.


O casal teve os seguintes filhos: Adelaide, Eudeter, Italívio, Wilson, Edwiges, Lúdio, Magno, Hélio, Lourdes, Leonor Maria, Maria Leonor e Lacy. Destacaram-se na política, Italívio e Lúdio. Este foi senador da República e prefeito de Campo Grande em dois mandatos. I foi deputado estadual Constituinte de Mato Grosso (1947) e senador da República.


Laucídio Coelho, ainda em vida recebeu homenagem de Campo Grande e da classe produtora, denominando o parque de exposições onde hoje se realizam as maiores feiras agropecuárias do Oeste brasileiro. Aos 88 anos, faleceu a 3 de dezembro de 1975. 




FONTE: Lélia Rita Figueiredo Ribeiro, Campo Grande, o homem e a terra, edição da autora, Campo Grande, sd., página 336.




29 de agosto


1894Morre em Corumbá Antônio Maria Coelho






Aos 66 anos falece o marechal Antonio Maria Coelho, herói da retomada de Corumbá na guerra do Paraguai. Nascido em Cuiabá, no exército desde 1839, onde assentou praça como voluntário, em 1847 foi promovido a alferes. Tenente em 1855, capitão em 1860, major e tenente-coronel em comissão em 1867, coronel em 1875, brigadeiro em 1888 e general de divisão 1890, foi reformado no posto de marechal. 

Com o barão de Melgaço participou das explorações territoriais ao Sul de Mato Grosso, antes da guerra do Paraguai; herói de guerra, comandou as tropas brasileiras na retomada de Corumbá aos paraguaios; integrou a comissão encarregada pelos limites entre Brasil e Paraguai, depois da guerra; e em 1889, é nomeado pelo governo provisório do marechal Deodoro, primeiro presidente do Estado, na era republicana.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 117.


FOTO: monumento ao marechal Antonio Maria Coelho, em Corumbá.







29 de agosto


1903Nasce em Cuiabá, Fernando Correa da Costa



Filho de Pedro Celestino Correa da Costa e Corina Novis Correa da Costa. Fez o primário e o ginásio no Liceo Cuiabano e formou-se em Medicina, em 1926, na Faculdade da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Fez estágio em Buenos Aires e mudou-se para Campo Grande, em 1927, onde “na direção de um fordinho-bigode atendia a qualquer hora do dia ou da noite a clientes das mais diversas camadas sociais, entre os quais não estabelecia distinções. As cinco horas já estava de pé para dirigir-se à Santa Casa onde gostava de operar bem cedo. As quintas-feiras eram reservadas para as operações de indigentes, das quais se tornou verdadeiro campeão. O consultório na Farmácia Central (...) era um verdaerio ambulatório. Ali estava sempre de avental branco, atento ao que se passava na rua, dando consultas até na calçada.” 

A sua carreira política foi consequência de sua fama como cirurgião. Em 1946, com o restabelecimento da democracia, a convite dos advogados Wilson Barbosa Martins e José Fragelli, ingressa na UDN e vence a eleição para prefeito de Campo Grande em 1947. Em outubro de 1950 elege-se governador do Estado, cargo que voltaria a ocupar em 1960. Como governador sua maior ocupação foi com energia elétrica e transporte. Em seguida foi senador por dois mandatos consecutivos, encerrando sua carreira política em 1970. Faleceu em Campo Grande no dia 2 de dezembro de 1987. 




FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Série Campo Grande (2001), Funcesp, Campo Grande, 2001, página 87.


segunda-feira, 7 de março de 2011

28 de agosto

28 de agosto

1835 - Capital de Mato Grosso muda-se para Cuiabá



Autorizada pela coroa portuguesa a mudar-se de Vila Bela da Santíssima Trindade para Cuiabá, a partir de 1820, somente 15 anos depois é que esta cidade é oficialmente declarada capital da província, por lei sancionada pelo presidente Pedro de Alencastro:

Lei n. 19 1835 - 28 de agosto

Art. 1. Fica declarada Capital da província de Mato Grosso a cidade de Cuiabá.

Art. 2. Ficam revogadas as Cartas Régias e mais disposições em contrário.¹

A defesa da mudança apresentou como argumentos, que Cuiabá possuía uma população superior a de Vila Bela, tinha uma melhor localização geográfica, pois era banhada pela bacia platina e através da navegação fluvial podia ter contato com as demais províncias brasileiras e até mesmo com os países platinos. Alegou ainda que a cidade era saudável e que a sua população podia contar com hospitais ao ficar doente.²

FONTE: Coleção das Leis Provinciais de Mato Grosso (1835-1912), ²Livro de Mato Grosso, aneste.org, capítulo 6.

FOTO: Cuiabá em desenho de Hercules Florence, (1826). 




28 de agosto


1886Bispo chega a Nioaque


Pedro José Rufino, herói da retirada da Laguna, na recepção ao bispo

Na primeira viagem de um prelado cuiabano ao Sul de Mato Grosso, Dom Luis, bispo de Cuiabá, após passar por Corumbá e Miranda, chega a Nioaque. Na cidade histórica o bispo é recebido por uma comissão de moradores, à frente o coronel Pedro Rufino, herói da retirada da Laguna e comandante militar da vila, segundo relatório do escriba da caravana católica: 

Ao anoitecer passamos o rio Urumbeva e logo depois entramos em Nioac.
À pouca distância das primeiras casas estava postada uma guarda de honra e reunida grande parte da população, destacando-se as pessoas mais gradas, entre as quais vi os srs. tenente-coronel Pedro José Rufino, rvmo. vigário, D. Vicente Anastácio, João Anastácio Monteiro de Mendonça, João Augusto da Fonseca, D. José Alvares Sanches Surga e o capitão honorário do exército Manoel de Castro Pinheiro. Ali o bondoso prelado dignou-se de apear fazendo assim um grande sacrifício, pois que viajara de sol a sol, inclementíssimo sol e tinha as pernas pesadas e o corpo consumido de fadigas. Foi então um porfiar de todos para beijar cada qual primeiramente as mãos de S. Exa. Rvma. Muito fogo do ar e repiques de sinos se fizeram ouvir nesse momento de concerto com a música militar que rompeu com entusiasmo o hino da independência. Finda esta parte do recebimento, que esteve aparatosa e animadíssima, S. Exa. encaminhou-se para a casa que lhe havia sido preparada, onde nada faltou para brilhante remate da recepção.



De Nioaque, o bispo segue para as fazendas Esperança e Santa Rosa, encerrando sua viagem em Campo Grande.




FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 162. (foto reproduzida do livro Retirada da Laguna, de Taunay).


28 de agosto

1936 - Zoológico no jardim público de Corumbá

Artigo assinado por dr. Mello, publicado em jornal de São Paulo, sob o título Veados e Onças, dá conta da existência de um zoológico no passeio público de Corumbá:

"Parece que no Paraíso terrestre, antes de Eva ter ouvidos os conselhos da serpente, e dado a Adão um pedaço da maçã fatídica, os animais viviam na mais completa camaradagem, no mais doce contubernio.

A espada flamejante do anjo Gabriel, cumprindo a ordem de expulsão e para sempre, fechando as portas do Éden, apontou a guerra como norma de vida, tanto aos racionais como aos irracionais.

Nunca mais, desde então, uma onça encontrou um veado sem que desejasse beber-lhe o sangue e comer-lhe a carne.

Mas, numa linda cidade de Mato Grosso houve alguém que opôs embargos ao velho decreto e resolveu tentar a pacificação pelo menos das onças e veados.

No aprazível Passeio Público de Corumbá, o rende-vous predileto de sua melhor sociedade, às quintas e domingos, onde se realizavam saudosas retretas, foi construída sólida jaula para onde transportaram algumas onças de avantajado tamanho e lindas cores.

Ao redor da jaula foi feito um cercado onde ficaram presos esbeltos veados.

No começo era de ver os pinotes dos veados no delírio do pânico e o desespero das onças tentando forçar as grades da jaula na ânsia de um bom repasto.

Acabaram, porém, acomodando-se e os veados pastavam tranquilamente, passando rente à jaula, não demonstrando pavor de espécie alguma, ante os arreganhos e miados das onças.

Aliás, estas nada disso faziam agressivamente mas demonstrando tédio ou saudade da liberdade.

Não sei se até hoje, continua de pé essa fosquinha do anjo Gabriel.

O Brasil tem mudado tanto"...


FONTE: Correio Paulistano, 28/08/1936.



28 de agosto


1963 Congresso de municípios discute divisão


Reúne-se em Campo Grande o I Congresso dos Municípios de Mato Grosso. Prefeitos e vereadores da maioria dos municípios do Estado, elegem a primeira diretoria da Associação Estadual dos Municípios de Mato Grosso, que tem como presidente o prefeito de Rondonópolis, Sátiro Phol Moreira de Castilho (foto). No simpósio, segundo Paulo Jorge Simões Correa foi apresentada a tese divisionista pelo vereador de Campo Grande Oclécio Barbosa Martins:

A ideia da divisão de Mato Grosso, velha aspiração da gente sul-mato-grossense, ressurge novamente, ou melhor toma novo e vigoroso impulso, hoje aceita e defendida por outras regiões do Estado.
Ao ensejo da realização do 1° Congresso de Municípios Mato-Grossenses, em Campo Grande, primeira oportunidade de um encontro de representantes de todos os municípios do Estado, sem distinção de partidos, foi o problema submetido a plenário. Embora não tenha chegado a ser debatido satisfatoriamente, serviu, no entanto, para que os matogrossenses sentissem que o problema existe é palpitante e deve ser examinado com toda a atenção, estudado em todos os seus aspectos e, afinal, decidido com o pensamento voltado para o bem-estar da gente matogrossense e para os altos interesses da pátria.


A moção do vereador Oclécio Barbosa Martins seria foi aprovada no II Congresso realizado em 26 e 27 de outubro em Corumbá. 



FONTE: Revista BRASIL OESTE, São Paulo, n° 85. (imagem: mtaqui.com.br http://bit.ly/ihMkSn)


28 de agosto

1964 - Nasce Marquinhos Trad, vereador, deputado estadual e prefeito de Campo Grande

Filho de Nelson Trad e Terezinha Mandetta Trad, nasce em Campo Grande, Marcos Marcelo Trad. Estudou o fundamental e médio em Campo Grande e bacharelou-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro. Como advogado, integrou a seccional em Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil como conselheiro, presidindo em seguida a Comissão de Ética e Disciplina. Integrou e presidiu o Tribunal de Justiça Desportiva do estado (TJD-MS).

Começou na vida pública como secretário municipal de Assuntos Fundiários, na primeira gestão do prefeito André Puccinelli (1997-2001) Eleito vereador em 2000 e deputado estadual em 2002, exerceu o mandato até 2016, quando venceu a primeira eleição para prefeito de Campo Grande, em substituição a Alcides Bernal (PP). Reelegeu-se em 2020, no primeiro turno.


Seu primeiro mandato foi marcado pelo enfrentamento à pandemia de coronavírus. 


FONTE: Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2021.


27 de agosto

27 de agosto

1826 - Expedição russa chega à barra do rio Anhanduí



Nove dias após deixar o Paraná e iniciar navegação rio Pardo acima, a expedição científica russa, sob o comando do conde de Langsdorff, alcança às 9 horas, a foz do Anhanduí, rio que serviu de rota às bandeiras de Pascoal Moreira Cabral e de outros pioneiros rumo a Cuiabá, no início do século 18. O registro é do diário de Langsdorff:

Chegamos à foz do rio Anhanduri-açu, que é tão forte como o rio Pardo, que, a partir daqui, acima da confluência dos dois rios, tem seu volume reduzido à metade. O Anhanduri ou Anhanduri-açu desemboca na margem direita do rio Pardo. Hoje, quando chegamos, vimos, a montante do do rio Pardo, a fumaça dos campos. Depois de tomarmos nossa refeição campestre, prosseguimos viagem e, uma boa hora depois, notamos, a montante do rio, na margem direita, uma grande faixa de terra com a aparência de capoeiras, toda coberta de um tipo de cana (taquara), aqui chamada de tambaiúva, com o qual os índios fazem suas flechas. Não há dúvida de que esta região era habitada por tribos indígenas; isso consta inclusive de relatos históricos. Quem sabe essa nova espécie de cana seja originária das florestas virgens antigas que havia aqui antes; ela cresceu aqui como em outros lugares, cresceram os Solana, Micania, Compositae e outros.

O rio Pardo tem aqui, com certeza, metade do volume de água que tinha depois da junção com o Anhanduri-açu, que parece ser maior, embora o rio Pardo não tenha perdido muito em largura. Neste ponto, ele é mais navegável, não é tão impetuoso e é menos raso do que mais abaixo. A região vai ficando cada vez mais aberta e livre. A água é mais clara do que abaixo do Anhanduri, que achamos muito turvo.


FONTE: Langsdorrf, Os Diários de Langsdorff, (volume II) Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 1997, página 208.




1882 Frei Mariano em Campo Grande


Em relatório encaminhado ao presidente da província, coronel José Maria de Alencastro, o frei Mariano de Bagnaia, visitador episcopal, dá notícia de sua passagem pelo povoado recém-criado por José Antônio Pereira e intercedia junto ao governo em favor da regularização fundiária das terras ocupadas pelos pioneiros:


Depois de alguns dias de viagem comecei a encontrar várias famílias de laboriosos mineiros estabelecidos com gado e com lavoura. São todos pais de numerosas famílias, circunstância favorável para povoar o sertão. A 70 léguas na cabeceira do Anhandui achei um núcleo de população com algumas 20 casas, lhes provisionei a capela a Santo Antônio, lhes administrei os sacramentos, os animei e lhes fiz ver que devem pedir ao governo sesmaria das terras devolutas a fim de que possam ter seus títulos e pediram-me muito a minha intervenção para com V.E. a favor daqueles pobres pois que muitos de Santo Antônio de Minas querem se rendar para esse sertão. Eu asseguro a V. E. que facilitando sesmarias aos laboriosos mineiros, em tempo essas belas vastas, férteis campanhas serão um empório da riqueza pública e particular. Não se precisa nem de colônias, nem  imigração estrangeira. O governo facilita sesmarias aos mineiros serão em pouco tempo povoado essa parte mais rica da Província. Boas e abundantes águas, clima o mais saudável, partes frescas, em fim toda terra é aproveitável. É uma pena ver esta vastidão desabitada.

A área para o rocio da vila de Campo Grande seria doada somente em 1886.




FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história do Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992, página 416.








27 de agosto


1895 - Encontrado "enterro" milionário entre Campo Grande e Nioaque




Sob o título Achado Valioso, o jornal O Mato Grosso, de Cuiabá, reproduzindo publicação da Gazeta de Notícias (RJ, 1 de junho de 1893) dá notícia da descoberta de duas arcas contendo uma grande fortuna em ouro, inclusive ouro em pó:

" De viagem pela estrada que conduz de Campo Grande a Nioaque, distante sete léguas do primeiro povoado, o cidadão José Carvalho de Azevedo encontrou uma pedra lavrada por três faces e fincada, notando que aquela pedra só podia ter ali ido parar conduzida por alguém e que devia assinalar alguma coisa, resolveu aí ficar e cavar o lugar, e de fato, depois de uma cova de mais de oito palmos, encontrou um e depois outro caixão contendo valores em ouro, bem como ouro em pó. Por esta estrada passou a força para o Paraguai, havendo aí um grande fogo.

Se alguém se julgar com direito ao achado e dando os sinais certos se lhe indicará, dirigindo-se ao capitão José Carvalho de Azevedo - cidade de Rio Verde, Estado de Goiás".

FONTE: Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá), 27 de agosto de 1895.

FOTO: Imagem meramente ilustrativa


27 de agosto


1905 Rondon demarca reserva terena





Após passar por Campo Grande, em sua viagem de exploração ao Sul do Estado, o sertanista se dirige a uma aldeia terena em Aquidauana:

“Entramos na bocaina, por onde desce o Aquidauana. Paramos para apreciar a paisagem e saciar a sede, sorvendo a água fresca e cristalina que borbotava em cataratas, de degrau em degrau da rocha que se rompeu para dar passagem ao belíssimo rio que Taunay cantou ao atravessá-lo, em demanda da fronteira.
"Era essa garganta – a única – no talhadão do Amambaí, que certamente dará passagem à estrada de ferro que buscar a fronteira.
Fomos afinal ter à aldeia terena do Ipegue. Em casa do terena capitão José Caetano Tavares, vieram me procurar diversos índios. Combinamos tudo o que se deveria fazer para dar início aos nossos trabalhos. É que desejava eu demarcar a aldeia terena para resguardar as terras dos índios, bem como sua vida doméstica e suas atividades.
"Dei começo à medição a 27, a partir do marco do Pirizal. Intimei os donos das terras limítrofes e verificamos que havia muita fraude, muitos marcos divisórios fora do alinhamento. Um dos confinantes confessou que seu marco da estrada velha do Agazi devia estar colocado na barra da vazante da cachoeira, mas supôs, disse ele, que, modificando-lhe a colocação, não prejudicaria os índios – quando o rumo consignado no título de posse dos terenas abrangia toda a cachoeira. Depois de intimações, audiências, entendimentos, resolvemos tudo amigavelmente. Cuidei pois de abrir a picada larga, porque já se tratava da linha definitiva da aldeia do Ipegue. Colocamos os marcos de quilômetros de pedra canga, com ‘testemunhas’, da mesma pedra, de cada lado. Colocamos também marcos de madeira, para indicar o alinhamento de 40 em 40 metros.” 



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 196.

FOTO: Mundo Digital (telequest.com.br)


27 de agosto 


1954 - Inaugurado novo prédio do Colégio Estadual Campograndense

Com projeto do arquiteto Oscar Niemayer, é entregue pelo governador Fernando Correa da Costa, o novo prédio do Colégio Estadual Campograndense, dentro dos modernos princípios da arquitetura , com amplo auditório para reuniões, salas ventiladas, laboratórios, etc.
A professora Maria Constança de Barros Machado, primeira diretora do CEC, resume o ato inaugural:


A inauguração do Estadual foi um acontecimento memorável na vida da cidade, com hasteamento da bandeira pelo governador, Hino Nacional cantado pelos alunos, acompanhados da banda do Exército, bênção do bispo de Corumbá Dom Orlando Chaves e discursos vários. Falei eu, falou o aluno Elcio Russel em nome do corpo discente e ainda usaram da palavra dr. Oclécio Barbosa Martins, dr. Wilson Barbosa Martins, Demósthenes Martins e o governador. Quando a professora Glorinha Sá Rosa foi fazer o discurso de inauguração do retrato do governador, dr. Fernando, que não gostava de protocolo falou - mais um discurso? Depois ele pediu o texto para guardar. Foram inaugurados dois retratos a óleo, pintados pelo artista Fausto Furlan. Até hoje eles figuram em lugar de destaque no colégio: o do dr. Fernando ficava no auditório, o meu na sala da diretoria. Foram os professores que mandaram fazer meu retrato, como homenagem surpresa à minha pessoa, no dia da inauguração do colégio.



FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Memória da Educação e da Cultura de Mato Grosso do Sul, UFMS, Campo Grande, 1990. Página 67. (foto reproduzida do mesmo livro).


26 de agosto

26 de agosto


1899Campo Grande elevada a município



Página da Gazeta Official com a lei que emancipou o distrito de Campo Grande



Fundada em 21 de junho de 1872, quando aqui chegou o pioneiro José Antonio Pereira, procedente de Monte Alegre, Minas Gerais, por Lei estadual do governo de Mato Grosso, é criado o município de Campo Grande:

Resolução n. 225, de 26 de agosto de 1899


Eleva à categoria de Vila a paróquia de Campo Grande.


O coronel Antônio Pedro de Barros, presidente do Estado de Mato Grosso.
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa decretou e eu sancionei a seguinte resolução:


Art. 1º - É elevada à categoria de Vila a paróquia de Campo Grande, constituindo um município na comarca de Nioac.


Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.


Mando, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida resolução pertencer que a cumpram e façam cumprir fielmente.
O secretário do Governo a faça imprimir, publicar e correr.


Palácio do Governo em Cuiabá, 26 de agosto de 1899. Undécimo da República.
Antônio Pedro Alves de Barros


Foi selada e publicada a presente resolução nesta secretaria do Governo em Cuiabá, aos 26 de agosto de 1899.


Secretário interino
José Magno da Silva Pereira.



Esta data passou a ser oficialmente o dia do aniversário da cidade, por iniciativa do intendente Rosário Congro, em 1919.




FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 79.




26 de agosto

1933 - Aberta a primeira exposição agropecuária de Campo Grande




Como principal atração dos festejos de 34° aniversário de emancipação política de Campo Grande é oficialmente aberta as 10 horas da manhã, a Feira de Amostras e Exposição Agro-Pecuária e Industrial. Nos lugares de honra, Leônidas de Matos, interventor do Estado de Mato Grosso, o coronel Newton Cavalcanti, comandante da Circunscrição Militar, o prefeito de Campo Grande Ytrio Correa da Costa e seus colegas de Cuiabá João Ponce de Arruda e Corumbá, coronel José Silvino da Costa. 

O evento ocorreu na área destinada à feira livre da cidade, onde seria construído 20 anos depois, o Mercadão Municipal e o espaço interno do Colégio Osvaldo Cruz. O discurso inaugural foi proferido pelo coronel Newton Cavalcanti, comandante militar do Estado e presidente da comissão de festejos do aniversário da cidade.

A comissão central da exposição foi presidida pelo coronel Newton Cavalcanti, tendo como integrantes o prefeito Ytrio Correa da Costa, coronel Teófilo Ribeiro da Fonseca, Pacífico de Siqueira, Eugênio Pinheiro e Argemiro Fialho. A comissão de pecuária, à frente o dr. Vespasiano Barbosa Martins, compôs-se dos seguintes integrantes: Dolor Ferreira de Andrade, Agripino Aires Coelho, Miguel de Oliveira Melo, capitão Valério Lacerda Guimarães, Francisco Torresão Fernandes, Moacir Rolim e tenente Adriano Metelo Júnior. A comissão de Indústria, Avicultura e Agricutura teve como presidente o ex-prefeito Arlindo de Andrade Gomes e Eduardo Machado, Joaquim Cantalice, Deusdedith de Carvalho, Augusto Wulfes e o tenente José Maria de Vasconcelos como seus integrantes.

Uma das grandes atrações da feira foi a participação da companhia Mate Larangeira, com um completo mostruário de seus produtos, comercializados no Brasil e no mercado internacional.



FONTE: Jornal do Commercio, em 26 de agosto de 1933.

FOTO: acervo do Arquivo Municipal de Campo Grande (Arca).

26 de agosto

1957 - Inaugurada a companhia telefônica de Campo Grande


Prefeito Marcilio, Governador Fernando, dona Nair Neder, Humberto e o advogadoPaulo Simões


Sucedendo ao velho e inoperante sistema telefônico a magneto, em funcionamento desde o final da década de 20, é inaugurada a Companhia Telefônica de Campo Grande. A concessionária do serviço, com capacidade para 10.000 terminais, era presidida pelo advogado Humberto Neder, tendo como sócios Michel Nasser, Gualter Mascarenhas Barbosa, Aikel Mansur e Etalívio Pereira Martins. 

O processo de implantação da rede começa com a construção da sede, na esquina das ruas Rui Barbosa e Maracaju. O prédio atualmente (2014) encontra-se em bom estado de conservação.A obra, imponente para a época, representava a solidez da companhia, que, com a venda de ações e dos postes na cidade viria a demorar cerca de quatro anos para funcionar. O equipamento foi comprado à Ericson na Suiça, pesava setenta toneladas e veio de navio até Corumbá.

A obra, grandiosa para meados do século XX, era apenas o começo de um projeto muito mais ambicioso, segundo Neder:

"A companhia inaugurou e demos início a uma fase de ampliação, e também de já tentar a instalação do serviço interurbano que era a nossa meta final. Como era previsível, nós nos dedicamos a ampliar os serviços locais e em outras cidades como Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas, Maracaju. Onde nós não podíamos instalar um serviço local, nós instalávamos um posto de telefonia público para dali sair ou receber ligações telefônicas."

Ao ato de inauguração compareceram entre outros o prefeito Marcílio de Oliveira Lima, o governador João Ponce de Arruda e o ex-governador Fernando Correa da Costa.


FONTE: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder o pioneiro das telecomunicações, FCMS, Campo Grande, 2010, página 86.

25 de agosto

25 de agosto

1866 - Invasores paraguaios dão boas notícias de Corumbá

Correspondência de Corumbá, publicada pelo jornal oficial do governo paraguaio em Assunçao, mostra aparente tranquilidade de Corumbá, sob o jugo inimigo desde 3 de janeiro de 1865:

"Tivemos este ano grande abundância de mantimentos, graças ao zelo e dedicação do incansável tenente-coronel Cabral. Este lugar que desde sua criação (cuja origem se remonta há muitos anos) nunca se havia prestado à agricultura, segundo dizem seus aborígenes, este ano produziu tudo o que foi semeado em seu solo. Os fatos falam bem alto a este respeito. Grande abundância de arroz, mandioca, outros mantimentos e boas ervas e verduras de diversas espécies, mostrando que a esterilidade deste terreno era somente pela inação de seus habitantes. Por outro lado, tem diminuído, extraordinariamente,  até nos arrabaldes desta vila, a imensa quantidade de mosquitos, que antes era um de seus maiores flagelos. São palpáveis os melhoramentos de Corumbá, durante a administração do tenente-coronel Cabral, razão pela qual não podemos deixar de deixar patente nossa gratidão a este digno servidor da Pátria, que tanto tem cooperado para a felicidade de Corumbá, por tantos e tão importantes serviços".

FONTE: El Semanario, 25 de agosto de 1866, Assunção (PY).




25 de agosto

1929 - Criada em Campo Grande a Aliança Liberal





Por iniciativa dos irmãos cuiabanos o engenheiro Ytrio e o médico Fernando Correa da Costa, filhos do ex-governador Pedro Celestino, é criado em Campo Grande o diretório da Aliança Liberal, partido de oposição que dá apoio à candidatura de Getúlio Vargas para presidente da República, que concorre com Júlio Prestes, cuja vitória na eleição de 3 de maio de 1930, desencadearia a Revolução de 30 e o início da chamada era Vargas. Foram eleitos para a direção, Ytrio Correa da Costa, José Passarelli, José Valeriano Maia, Fernando Correa da Costa, Alfredo C. Pacheco, Alcides Alves da Silva e Piolino de Aragão Soares.

Dos integrantes da executiva, Fernando Correa da Costa viria a ser prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado de Mato Grosso (1950/55 e 1960/65) e senador da República por dois mandatos. Seu irmão Ytrio foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal por vários mandatos.

FONTE: Jornal A Campanha, Campo Grande, 1º de setembro de 1929.




25 de agosto

1932 - Rebeldes se retiram de Quitéria

Henrique Martins, comandante rebelde
Na revolução constitucionalista, após se refazer da refrega do dia 12 de agosto, quando teve que recuar depois de renhida resistência dos rebeldes sul-matogrossenses, a força legalista volta a atacar, até a retirada dos revolucionários para o Sucuriu, o que se deu após três dias de combates:

Após a reunião conduzimos o contigente à margem do rio onde havia vau e acomodamos a tropa debaixo do arvoredo. À hora exata iniciamos a travessia do rio com água na cintura, operação que levou algum tempo porque os soldados despidos conduziam suas roupas e armamentos na cabeça. Às 5 horas, três pelotões já estavam em posição, escalonados numa frente de 300 metros, aproximados, os patriotas do batalhão Atanagildo França foram agrupados e intercalados nos espaços vazios da formação de nosso contingente. [Esse batalhão reunido não dava o efetivo de 50 homens].


Às 6 horas da manhã do dia 22, nossa artilharia iniciou o ataque com o bombardeio de tiros contínuos de granadas. O inimigo revidou à altura e a luta se travou bateria contra bateria, num duelo de granadas incendiárias que atearam fogo no campo ressequido, impedindo que as manobras previstas fossem realizadas, ante às imensas labaredas que atingiram proporções impressionantes, reduzindo a carvão e cinza toda a vegetação agreste da região, ofuscada pela fumaça. Diante do sinistro, nossa tropa que se estendia em linha sinuosa para o ataque, retroagiu ao ponto de partida, protegendo-se na orla do mato, à margem direita do rio. O 21° B.C. e o Btl. Carvalhinho também tiveram frustradas as suas missões. À tarde o campo em que se travaria o combate estava cinério, enfumaçado, a noite caiu nesse ambiente desolador.


Na manhã seguinte o inimigo nos molestou com inquietantes disparos de artilharia. Enquanto bombardeava as posições do 21° B.C. e do capitão Corroberto, também nos atacava com petardos de obuses que explodiam no ar, espargiam balins de chumbo nas árvores que nos cobriam. Por três dias ficamos estacionários, garantindo apenas as nossas posições e fechando por circunstância imperiosa uma brecha (abertura) ao longo da nossa defesa, pela deserção de alguns patriotas do batalhão Atanagildo.


O incêndio interrompeu todo o plano de luta. Mais de um quilômetro quadrado da região, partido da estrada de rodagem, ao longo da linha de crista do terreno até a orla do rio, transformou-se em mar de cinza, deixando em destaque os relevos do solo antes ocultos por capim e vegetações ressequidas.


"O dia 23 de agosto amanheceu chuvoso e calmo na linha de frente, mas na manhã de 24, sob um chuvisqueiro inoportuno, o inimigo nos molestou com disparos de obuses sem partir para o ataque. (...)


A 25 o QG planejou novo ataque para ser desencadeado à noite do dia 26, sem o auxílio de nossa artilharia, objetivando surpreender o inimigo. A manobra seria a mesma que foi frustrada pelo incêndio do dia 22, apenas com detalhes diferentes, empregados em operações noturnas. À noite de 25 o inimigo rompeu o silêncio, metralhando o nosso setor de vigilância, ataque que revidamos e o tiroteio cessou. O dia 26 amanheceu tranquilo sem que o inimigo desse sinal de vida, sintoma bastante estranho, contrário aos dos dias anteriores. Por volta das 14 horas, como a trégua continuasse, organizamos uma patrulha sob o comando do sargento Aderbal Antunes, com missão de investigar o que estava acontecendo. Palmilhando no leito do córrego do Pinto, trecho coberto de vegetação e camuflagem, os patrulheiros penetraram rastejantes no terreno adversário e após acurada observação, constataram que o inimigo se retirara.¹


A propósito deste combate, Emílio Barbosa, que participou da revolução constitucionalista como voluntário, depõe:


Em novo setor fui prestar serviço e lá na Quitéria o major [Dutra] pediu reforço para fazer a retirada. Seguiu o Ênio com 120 voluntários e todos queriam ir, gente brava. Vinte e quatro horas combatendo, deram tempo para o major retirar os seus homens e até um caminhão das nossas forças foi utilizado, tendo o Ênio que voltar a pé, brigando e conseguiu salvar toda a companhia, com um extraviado apenas um voluntário, que ergo preces para que não tenha a morte o acometido.


Feito o recuo de Quitéria e do Desbarrancado conduziu Henrique [Martins] (foto) os 400 homens para a margem direita do Sucuriu, no lugar chamado Porto do Galiano e se entrincheirou. Vigiando 40 k marginais do rio, localizados nos pontos fracos as metralhadoras, aguardou o inimigo que não se fez esperar.²

FONTE: ¹Lindolpho Emiliano dos Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 105. ²Emilio G. Barbosa, Panoramas do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 174. (foto de Henrique Martins, reproduzida do livro Memórias Janela da História de seu filho Wilson Barbosa Martins)






25 de agosto


1961Jânio Quadros renuncia





Frustrando toda a nação, que o elegera com consagradora votação, renuncia, denunciando pressão de forças ocultas, o presidente Jânio Quadros, que assumira o governo nove meses antes. Foi o filho de Campo Grande que ascendeu mais alto na política brasileira pelo voto direto.

Sua renúncia foi oficializada na seguinte carta ao Congresso Nacional:

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.

Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

Jânio Quadros"









OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...