segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

4 de julho



4 de julho

1921 - Nasce Lenine de Campos Póvoas




Nasce em Cuiabá Lenine de Campos Póvoas, filho de dois eméritos professores, Rosa de Campos Póvoas e Nilo Póvoas.
Concluiu os estudos primários e secundários em sua terra natal, bacharelando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, turma de 1945.
Em sua carreira docente pode ser destacada sua atuação junto à Escola Técnica de Comércio de Cuiabá, e como professor titular da cadeira de Direito Penal do Departamento de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso.
Na política, foi eleito Deputado Estadual em Mato Grosso por duas legislaturas 1947/1950 (Constituinte) e 1951/1954.
Ocupou também os cargos de Ministro (hoje Conselheiro) do Tribunal de Contas do Estado, Vice-Governador, pelo voto direto, eleito em 3 de outubro de 1965, na chapa do governador Pedro Pedrossian (PSD); Secretário de Administração do Estado no Governo José Fragelli, tendo sido o primeiro a ocupar essa Secretaria; Presidente da Fundação Cultural de Mato Grosso, no governo José Garcia Neto, inaugurando essa função, hoje transformada em Secretaria de Estado de Cultura; Chefe da Casa Civil do governo estadual, em 1990; Diretor Superintendente da Cia. Mato-Grossense de Mineração – Metamat.
Integrou, na categoria de sócio efetivo, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, onde ofereceu riquíssima contribuição.
Faleceu em Cuiabá-MT, aos 29 de janeiro de 2007.
Bibliografia
Em sua vasta produção intelectual, retratou a cultura e conhecimento que adquiriu em sua trajetória, podendo-se destacar:
  • Introdução ao Estudo da Geografia Humana (1944),
  • Panorama sombrio: análise da situação financeira do Estado de Mato Grosso, (1950);
  • Síntese Geográfica dos Estados Unidos (1955);
  • Radiografia de Mato Grosso (1957);
  • Viagem a Portugal (1970 e 1986);
  • Uma nova Secretaria do Estado (1974);
  • Administração de Pessoal (1975);
  • A Secretaria de Administração no ano de 1974-1975;
  • Mato Grosso, um convite à fortuna (1977);
  • Sobrados e Casas senhoriais de Cuiabá (1980);
  • História da Cultura Mato-Grossense (1982);
  • Influência do Rio da Prata em Mato Grosso (1982);
  • Perspectivas Democráticas e Econômicas da Grande Cuiabá (1983);
  • Cuiabá de Outrora (1983);
  • O Ciclo do Açúcar e a política de Mato Grosso (1983);
  • Roteiro Sul-Americano (1984);
  • Síntese de História de Mato Grosso (1985);
  • O Estado de Mato Grosso (1985);
  • História de Cuiabá (1987);
  • Cuiabanidade: crônica sobre Cuiabá e sua gente (1987);
  • Na tribuna da Imprensa (1987);
  • Cadeira nº 40: discurso de Posse na Academia Sul-Matogrossense de Letras) (1987);
  • O Caos Brasileiro (1988);
  • Os Italianos em Mato Grosso (1989);
  • Nilo Póvoas, um mestre (1991);
  • O Barão de Melgaço (1994);
  • As raízes portuguesas de Cuiabá (1988);
  • História Geral de Mato Grosso (996, 2 v.).

FONTE Academia Mato-grossense de Letras (Cuiabá)



4 de julho

  
1936Maquinista ganha prêmio milionário


“De simples maquinista a milionário”, sob este título a revista Folha da Serra, de Campo Grande, noticiava o resultado da loteria federal que sorteou o ferroviário Alfredo Silva, com o maior prêmio até então conseguido por um campograndense:

A sorte é varia e cega, não há que discutir. E para a alcançar nada melhor que a tentar. O ditado lá diz – quem não arrisca não petisca.


Foi assim pensando que o sr. Alfredo Silva, simples maquinista da Noroeste, aqui há muito residente, se resolveu a jogar na FEDERAL, na extração de 4 de julho último, dos 1000 contos de réis. Comprou um bilhete inteiro, o 13.744. Isto dois dias antes. A roda da fortuna favoreceu-o com a cornocópia de mil bilhetes de um conto cada, do Banco do Brasil – Hoje está milionário. 

Tanto dinheiro não o pôs orgulhoso ou o desorientou. Continuou o mesmo homem, o mesmo maquinista.

Pedindo-lhe esta revista uma fotografia sua, fez questão cerrada de oferecer-nos uma pose com a indumentária de maquinista.

Querendo bem a Campo Grande, embora mineiro de nascimento, de Januária, pois aqui vive há muitos anos, resolveu empregar parte de sua elevada fortuna em prédios que adquiriu nesta cidade recentemente.

O sr. Alfredo Silva é solteiro e nasceu em 4 de maio de 1894. Tem uma irmã casada em Curvelo. Pretende aposentar-se logo que conte o tempo legal e aqui radicar-se definitivamente.¹


Paulo Coelho Machado dá os detalhes:


Sonhou com um cavalo na corrida. Procurou um bilhete com final 44 e na Preferida, nos fundos da Farmácia São José, encontrou o bilhete n0 13.744. Não gostou do 13 inicial, mas não havia outro. A extração era para dois dias após, 4 de junho de 1936. Seguiu nessa noite para Bauru e lá carregou no cavalo. Regressou a Campo Grande fazendo castelos, enquanto conduzia sua fogosa locomotiva. Não deu outra coisa, senão o número sonhado e o simpático ferroviário, com a maior emoção de sua vida, conferiu o bilhete: mil contos de réis na Loteria Federal. Fez os cálculos - mais dez contos no bicho, o que lhe valeu a alcunha de Mil e Dez.


É do mesmo cronista o desfecho desta história de sorte:


Fretou um vagão-cabine, bradando aos quatro ventos que daí por diante passaria a ser somente passageiro e exigente. Encheu o carro de mulheres recrutadas na famosa Rua 7 e lá se foi, ditoso e felizardo para Bauru e São Paulo receber os polpudos prêmios. Deu uma esticada até o Rio de Janeiro para visitar um primo ilustre, que antes não tivera coragem de procurar: Hermenegildo de Barros, jurista e ministro do Supremo Tribunal Federal.
Mulato escuro, magro, alto, com quarenta anos de idade, o Mil e Dez, de volta a Campo Grande, casou-se com uma jovem cabrocha bonitinha, de pele esticada, grenha curta, que lhe exigiu um dote em dinheiro, que avaramente guardou no cofre da casa, junto com as jóias ganhas durante os esponsais.
O casal passou a residir num sobradinho na Rua 14, ainda chamada João Pessoa nessa época, onde depois morou o advogado Carlos Hugueney Filho, junto da Padaria Espanhola, de Gabriel Cubel. O idílio foi efêmero. Contrataram advogados para o desquite amigável. Logo apareceram supostos filhos naturais, pedindo investigação de paternidade e pensão alimentícia.
Das lutas no pretório aprenderam, um tanto tarde, a velha lição da sabedoria popular, de que mais vale um mau acordo do que uma boa demanda. Foi exatamente assim que o deslumbrado Mil e Dez acabou a vida como engraxate na Rua 14.²





FONTE: ¹ Revista Folha da Serra, edição de 26/08/ 1936. ² Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991. Página 52.




4 de julho



1990Morre o milionário Nain Dibo


Naim e esposa com o cantor Agnaldo Rayol em Campo Grande
Aos 79 anos faleceu em Campo Grande o empresário sírio, Naim Dibo. Aos 15, embarcou como clandestino de um navio, com destino ao Brasil. Sua trajetória no mundo novo é relembrada por sua neta Margarete Dibo Nacer Lani:

Sem nenhum dinheiro, sem amigos e ainda tendo que se comunicar com gestos, uma vez que não sabia uma só palavra da língua portuguesa, desembarca em Santos um adolescente animado a começar uma vida nova. (...) 


Ele vive outra emoção ao desembarcar na Estação da Noroeste, destino final de uma longa e penosa viagem. Quanto mistério envolve a vida de um jovem imigrante que, não tendo nenhuma profissão e com escolaridade mínima, consegue não só sobreviver num país estranho, mas alcançar o que todos sonhamos, a plena realização de nosso ideal.


Na opinião de vovô, nenhum outro país recebeu os imigrantes tão generosamente como o Brasil. Esse jeito de receber fazia com que se apaixonassem pela nova Pátria que os acolhia com tanto carinho. Vovô era apaixonado por Campo Grande. Foi aqui que ele conheceu sua esposa Elza, tiveram seus filhos e construíram, tijolo por tijolo, seu êxito comercial.¹


Em Campo Grande Naim foi vendedor ambulante, lanterninha no Cine Trianon, carroceiro, até 1931, quando comprou seu primeiro fordinho e se transformaria no legendário Turco, o maior e mais bem sucedido mascate do Sul de Mato Grosso. Em 1937, Naim Dibo entra nos negócios de importação, inciando com a compra de arame para cerca em Hamburgo na Alemanha, “de ótima aceitação entre os fazendeiros”, segundo Paulo Coelho Machado.


Com a II Guerra Mundial, suspensas as relações comerciais com a Alemanha, Naim já havia ampliado seu comércio exterior a outras países e outros itens. Além de arame de outras procedências, o seu atacado contava ainda com a comercialização de telhas de zinco, pneus, sal, banha, gasolina erva-mate, cerveja e trigo argentino. Ficou rico, investindo na compra de casas, dinheiro a juro e construção civil e ações. 


Benemérito, doou à Santa Casa de Campo Grande equipamentos para cirurgia cardíaca, tomografia computadorizada, transplante de rim e córnea. Ao hospital do Pênfigo doou uma bomba de circulação extracorpórea; e ao hospital de Sidrolândia, equipamentos de sua sala cirúrgica além de outros benefícios.²





FONTE: ¹Marcareth Dibo Nacer Lani, CAMPO GRANDE, Enersul, Campo Grande, 1999, página 335.² Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 69.

3 de julho

3 de julho


1866 - Tropas brasileiras chegam ao Taboco




Ranchos da fazenda Taboco, no Pantanal, desenho de Taunay


Sob o comando do tenente-coronel Joaquim Mendes Guimarães a força expedicionária em direção à Miranda, “depois de dez dias de marcha, afinal veio acampar junto ao rio Taboco. Aí determinou a demora até que os mantimentos esperados e que vinham atrasados dessem algum alento aos soldados exaustos depois de tão duros transes e lhes permitissem alguma robustez antes de qualquer determinação.

Um dos primeiros lenitivos foi a fartura de gado que vagueia pelos campos do Taboco. Isto e a chegada de recursos pouco a pouco foram minorando o estado mísero que apresentavam as forças, coisa acima de descrição. Homens quase nus, esquálidos, mortos de fome, verdadeira tropa de maltrapilhos.” 


Em nota de pé de página,Taunay detalha as agruras da marcha até às margens do Taboco:


A força deu verdadeiro atranco. A transposição dos pantanaes foi coisa horrorosa. Caminharam os soldados dias inteiros com água pela cintura e, começando o sol a secar os charcos, mais difícil tornou-se ainda romper pelos extensos lameiros. Nos pantanais da Madre e da Cangalha em que o lodo não dava pé, muitos lá ficaram atolados para sempre. O estivado coberto de feixes de macega serviu para os que passaram primeiro: a retaguarda, mulheres e bagagens tiveram que se meter numa lama visguenta que serviu de abismo a muita gente. O desespero salvou a outros.

 

FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Melhoramentos, SP, sd, página 72.


3 de julho


1867 - Tropas paraguaias reocupam Corumbá

Retomada em 13 de junho pelos brasileiros e abandonada logo em seguida pelas tropas de Antonio Maria Coelho, a vila de Corumbá volta a ser ocupada pelo inimigo, que havia recuado diante do ataque dos expedicionários cuiabanos. A notícia foi transcrita do El Semanário, órgão oficial do governo Lopes, pela imprensa brasileira:

Na manhã de 3 as nossas tropas voltaram a ocupar Corumbá, entre as aclamações dos habitantes, alguns dos quais se nos uniram para perseguir os fugitivos.

A cidade foi saqueada pelos brasileiros. Diz-se que Cabral foi maltratado pelo comandante brasileiro por não ter entregado toda a guarnição, como fora estipulado. Fleitas recebeu um tiro de bala disparado por um braço paraguaio.

Cabral, Idozaga e o resto foram com o inimigo.

Os nossos inimigos entretêm muitos projetos ambiciosos contra a nossa fronteira do norte, com o fim de atrair a nossa atenção de outro ponto do território onde temos posto barreira aos esforços combinados de três poderosos e ambiciosos vizinhos".

FONTE: Jornal do Comercio (RJ), 16 de outubro de 1867.




3 de julho

1875 - Aprovado o Código das Posturas de Corumbá



Lei provincial nº 11 do governo de Mato Grosso aprova o Código das Posturas da vila de Santa Cruz de Corumbá, com 60 artigos.¹ Aplicada paulatinamente, somente em 1880, entram em vigor artigos entre o 30 e o 58, com normas gerais sobre atividades diversas na sede do município:

"Art. 30. Aquele que possuir terreno dentro desta vila é obrigado a cercá-lo no prazo de seis meses, que será marcado por edital; e quando o não faça será lançado da propriedade, que devolverá para a câmara guardando as formalidades de direito.

Art. 31 Todos os proprietários são obrigados a mandar calçar a frente de seus terrenos na largura de 1,5 metros. A calçada será feita, quando determinada pelo engenheiro ou fiscal, no prazo de 60 dias, sob pena de 20$ rs. de multa.

Art. 32. É expressamente proibido lançar-se nas ruas e praças lixos e animais mortos, ou moribundos; bem como fazer estrumeira. Os animais mortos serão enterrados na parte exterior do trincheiramento desta vila. O infrator deste artigo será multados em 5$000 réis, ou 2 dias de prisão.

Art. 33. Os proprietários ou inquilinos são obrigados a conservar limpas as frentes das casas e quintais em que residirem. A área que deve ser limpa terá 2 metros de largura. O infrator será multado em 5$000 réis, que se aplicarão no calçamento e conserto das ruas.

Art. 34. É proibido obstruir as ruas com materiais para construção, exceto as pessoas que fizerem obras, as quais devem, em noites escuras, ter um lampião aceso afim de evitar desastres. O infrator será multado em 10$000 rs., ou 4 dias de prisão, e obrigado a desobstruir a rua, na prazo marcado pelo fiscal.

Art. 35. O proprietário que tiver ou fizer para qualquer rua ou praça, encanamento ou escoadouro de matérias pútridas ou fecais, é obrigado a removê-lo imediatamente para lugar onde não possa infectar o ar sob pena de ser multado em 30$ rs ou 15 dias de prisão, além do trabalho que será feito à sua custa para removê-lo.

Art. 44. Os proprietários de gado vacum ou cabrum são obrigados a conservá-los presos ou em currais durante a noite a fim de se evitarem os danos que podem causar aos edifícios públicos e particulares. O infrator pagará a multa de 4$ rs e será obrigado a indenizar o dano causado.

Art. 45. Os porcos que forem encontrados soltos pelas ruas públicas desta vila será apreendidos e recolhidos à câmara. Entender-se-á por públicas somente as ruas compreendidas do nascente ao poente desde a de São Pedro até a do Major Gama e do norte ao sul desde a rua Augusta até a de Alencastro.

Art. 47. É proibido correr a cavalo pelas ruas desta vila, excetuados os militares em serviço. O infrator será multado em 5$ rs.

Art. 48. É também proibido ter-se solto nas portas, ruas ou praças, animal bravio de qualquer espécie. O infrator incorrerá na multa de 5$000 réis e será obrigado a reparar o dano que o animal causar.

Art. 51. É expressamente proibido:

§ 1° Consentir nas tavernas ou casas de bebidas ajuntamento de pessoas que não estejam comprando.

§ 2° Vender bebidas alcoólicas aos que estiverem embriagados e aos que trouxerem armas ofensivas.

§ 3° Conservar as casas de negócio abertas depois do toque de silêncio. O infrator será punido com a multa de 5$000 réis ou 2 dias de prisão.

Art. 57. Aqueles que fizerem roças nos subúrbios desta vila são obrigados a cercá-las com cerca forte de madeira de lei, sob pena de não poder reclamar por qualquer dano.

Art. 58. É proibido conduzir gado bravio pelas ruas e praças públicas, e mesmo correr desabridamente por elas atrás de qualquer rês que se apartar do lote; e quando isso aconteça deverá ser seguida de modo que a ninguém prejudique nem possa causar desastre. O infrator será multado em 10$000 réis ou 4 dias de prisão"!²

FONTE: ¹Lei provincial 11, de 3 de julho de 1875; ²Jornal O Iniciador (Corumbá) em 22 de julho de 1880.







2 de julho

2 de julho

1883 - Inventário revela fortuna do barão de Vila Maria




Inventário, liberado nesta data e publicado em jornal de Corumbá mostra a fortuna deixada por Joaquim José Gomes da Silva, o barão de Vila Maria, falecido 4 de abril de 1876. Uma fortuna invejável para a viúva, Baronesa de Vila Maior e seu filho Joaquim Eugênio Gomes da Silva, o Nheco. A relação de bens publicada é assinada pelo juiz Paulino José Soares das Neves de Corumbá. Confira:

Uma sesmaria de terra de cultura, no lugar denominado Piraputanga, com uma légua de frente e três de fundos, com uma grande casa de morada coberta de telhas, com três salas de frente, corredor, alcovas, varandas para trás e cozinha; uma dita grande coberta de telhas cita no mesmo lugar, com um engenho de ferro de dois cilindros e moer cana, movido por água, uma dita contígua também coberta de telhas, com sete grandes couxos de azedar garapa, com dois alambiques sendo um de serpentina e outro de sistema antigo, ambos assentados e pesando um mil e setecentos quilos de cobre; uma dita grande e igualmente coberta de telhas, dentro da qual se acham colocadas quatro pipas de gastalhos ou depósito de aguardente das quais duas levam cada uma seiscentas canadas, e as duas últimas, duzentas ditas cada uma; existindo ao lado da mesma casa um galpão coberto de telhas que serve de oficina de carpinteiro, tendo uma ferramenta quase completa desse ofício; uma dita coberta de telhas que serve de oficina de ferreiro, sem fundos, na qual se encontra bigorna, torno, fole e mais ferramentas pertencentes a mesma; um galpão coberto de palha, no qual seacham assentados dois fornos de cobre de torrar farinha, pesando ambos, setenta quilos; uma casa coberta de telhas que serve de depósito dos diferentes gêneros de lavoura, na qual se encontra um grande caixão com tampa e ferragens no qual se deposita exclusivamente açucar; três quartos cobertos de telhas que servem de aposento aos hóspedes; um dito coberto de telhas que serve de enfermaria; um galpão coberto de palha no qual se acha um monjolo, de uma só mão movido por água; sete galpões cobertos de palha e sapé. que serve de senzala aos escravos e camaradas; um grande cercado para porcos; um curral para gado; laranjal, canaviais, plantações de milho, mandioca, etc. - uma casa de morada coberta de telhas no estabelecimento denominado S. Domingos, situado na mesma sesmaria das Piraputangas, tendo contígua uma casa coberta também de telhas, na qual se acham colocadas trinta e duas formas de tábuas de fazer açucar, uma dita coberta de telhas na qual se acham colocadas quatro fornalhas sendo três ocupadas por tachos grandes de cobre e uma por uma grande caldeira de cobre pesando todo duzentos e cinquenta e seis quilos, uma dita coberta de telhas na qual se acha colocado um engenho de ferro e três cilindros movidos por bestas, para moer cana e bem assim dois gamelões de depositar garapa, um pequeno paiol coberto de telhas para depositar milho, currais, canaviais grandes, plantações de milho,etc. - Dois arreios pertencentes ao engenho de S. Domingos para animais que trabalham no dito engenho, uma sesmaria de criar, no lugar denominado S. Francisco ao centro da margem esquerda do rio Taquari, com uma légua de frente e três de fundos, uma dita de dita no lugar denominado - Fazenda Grande - ao centro da margem do mesmo rio e margem esquerda, com uma légua de frente e três de fundos.- Seguem outros bens, como dívidas do Paraguai etc.-

FONTE: jornal O Iniciador (Corumbá), 5 de julho de 1883.


2 de julho


1930Ameaça comunista em Corumbá e Ladário



Entrada do arsenal de guerra em Ladário,
denunciado como foco de agitação comunista


Alarmado com a movimentação sindical na zona portuária mais importante de Mato Grosso, o Ministério da Justiça e Negócios Interiores do governo Washington Luiz alerta ao presidente de Mato Grosso, Aníbal de Toledo:

1 – Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Ex. que, segundo informações que tenho tido, bastante intensa tem sido a atividade de elementos comunistas em Corumbá e Ladário. 2 – Como é natural o elemento visado por tal propaganda tem sido, de preferência, o pessoal Marinheiro da Flotilha. 3 – Para evitar, porém, qualquer golpe de surpresa determinei uma redobrada vigilância nas unidades da Flotilha e o Arsenal, e tomei outras medidas de caracter militar que me permitam agir com eficiência caso algum fato anormal se venha a produzir. 4 – Tenho estado em constante correspondência com o delegado de Corumbá, de quem solicitei uma especial vigilância sobre elementos indicados como chefes do movimento. Dentre esses penso serem os principais o capitão reformado Q.M. Francisco Lucas Gomes Paulino e o paraguaio Aurélio Fretes. Tenho suspeitas sobre alguns outros elementos, porém, ainda aguardo o resultado de investigações a que mandei proceder. 5 – O capitão tenente Francisco Lucas Gomes Paulino é um sincero entusiasta da causa comunista e um ardente propagandista de suas ideias. Exercendo aqui as funções de pintor será sempre cercado de gente da pior espécie e de estrangeiros, notadamente bolivianos e paraguaios. – Aurélio Fretes, paraguaio, é o presidente da Associação dos Taifeiros, a mais revolucionária das associações de classe de Corumbá. Verificou o delegado de polícia dessa última cidade que aquela associação entrou em acordo com a ‘Associacion Obrera’ de Assunção, para um trabalho em comum pela causa bolchevista. Quanto a esse elemento estrangeiro parece-me que facilmente se poderá aplicar a lei da expulsão.




FONTE: Valmir Batista Correa, Coronéis e bandidos em Mato Grosso, Editora UFMS, 1995, página 130.


2 de julho

1948 - Nasce André Puccinelli, prefeito e governador do Estado


Nasce em Viareggio, na Itália, André Puccinelli. Mudou-se para o Paraná, ainda na infância. Em Curitiba formou-se em Medicina, em 1971. Em Fátima do Sul iniciou sua atividade profissional, no Hospital Nossa Senhora de Fátima. Iniciou sua carreira política naquele município como candidato a prefeito, em 1982. Foi o candidato mais votado, mas perdeu a eleição para o sistema de sublegenda, onde o partido poderia lançar até três candidatos. O MDB lançou apenas o nome dele. Em 1983, a convite do governador Wilson Barbosa Martins, ocupou o cargo de secretário de Saúde. Em 1986, elegeu-se deputado estadual, reelegendo-se no pleito seguinte. Em 1994, com a maior votação do Estado, chega à Câmara dos Deputados, tendo renunciado em 1996, para assumir a prefeitura de Campo Grande.

No Congresso destacou-se, preferencialmente, aos problemas de saúde pública, tendo sido, na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, o relator do projeto da CPMF, no governo Fernando Henrique.

Prefeito de Campo Grande, por dois mandatos seguidos (1997-2005), "André teve seu trabalho apontado como o de maior índice de aprovação entre todas a capitais brasileiras. Grandes mudanças no sistema viário, uma política habitacional arrojada, informatização de todas as escolas e de todos os centros de educação infantil (antigas creches) e uma política de saúde, que levou Campo Grande a ser apontada como a capital de menor índice de mortalidade infantil".

Em 2006 venceu sua primeira eleição para o governo do Estado, substituindo a José Orcírio Miranda, o Zeca do PT. Em 2010, reelegeu-se governador do Estado, sendo substituído por Reinaldo Azambuja, do PSDB.


FONTE: ANTONELLI, Edna, 100 anos do Legislativo de Campo Grande, Câmara Municipal, Campo Grande, 2005, página 172.







1º de julho

1º de julho

1859: Governo declara guerra aos quilombos




A fuga anormal de escravos e a notícia da existência de vários quilombos na província, dão origem a mobilização do governo e fazendeiros para repressão a esses movimentos. O governo da província legaliza a formação de "bandeiras" para desbaratar as aglomerações clandestinas e capturar os negros fujões. A ação é legitimada pelo presidente da província Raimundo de Lamare, que em 1º de julho de 1859, fez publicar a seguinte lei:

Art. 1° O presidente da Província é autorizado a despender desde já, e sempre que houver notícia exata de quilombo de escravos, a quantia que for preciso para expedição de bandeiras, que se destinem a captura de escravos e à destruição do respectivo quilombo.

Art. Fica criada em benefício do cofre provincial a taxa de Rs 100$000 por cabeça que for capturado pela bandeira, a qual será paga pelos senhores.

FONTE Coleção de Leis Provinciais de Mato Grosso 1835-1912.
FOTO: Quilombo. Meramente ilustrativa

1° de julho
1892 Jango cobra despesas de campanha


Terminadas as operações que culminaram com a derrota da intentona militar contra o governo de Manoel Murtinho, o comandante das forças legais em Nioaque, envia relatório das despesas ao comando geral em Cuiabá:

Miranda, 1º de julho de 1892.


1º Vice-Governador do Estado e Comandante-em-chefe das Forças Patrióticas de Cuiabá.


Cabe-me a honra juntar-vos um relatório breve dos movimentos populares desta comarca, e na cópia das notas oficiais cambiadas até a data com as diferentes autoridades, para os fins que entenderdes mais adequados e convenientes.


Aproveito a oportunidade para manifestar-vos que hoje dissolvi as Forças sob meu comando a convite do coronel Honório Horácio de Almeida, por declarar-me com nota no 15 que as forças federais acham-se em número suficiente para a manutenção da ordem neste Estado.


Os gastos todos por mim autorizados, tanto pela manutenção das Forças Patrióticas como para conservação, podem montar a quantia de vinte contos de réis aproximadamente, caso deva-se atender aos reclamos dos vários proprietários prejudicados pelo extravio ou perda de alguns cavalos.
Saúde e faternidade.


João Ferreira Mascarenhas.




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 118.





30 de Junho

30 de junho

1876 - Frei Mariano liberta escrava por um conto de réis


Escravo liberto, vendedor ambulante


Frei Mariano de Bagnaia, pároco de Corumbá, liberta sua escrava Margarida, mediante indenização, de acordo com a seguinte carta de alforria:

Título de liberdade concedido pelo Reverendo Frei Mariano de Bagnaia a sua escrava de nome Margarida, como abaixo se declara: Por esta que vai por mim assinada concedo plena liberdade à escrava Margarida mediante a indenização de um conto de réis, havendo a comprado em Cuiabá por dois contos de réis - Declaro em consciência, e ante Deus que a este ato não me leva nem dever, e nem interesse de qualidade alguma, nem mesmo o serviço da agraciada, mas somente o espírito de beneficência, e o Evangelho que aconselha pagar o mal com benefício. Resta que a agraciada se comporte como boa cristã e Deus a abençoe. Corumbá, 30 de junho de mil oitocentos setenta e seis - O Pregador Imperial Frei Mariano de Bagnaia. Nada mais se continha com o dito título que bem e fielmente aqui fica copiado do próprio original, em mão e poder d'agraciada apresentante, de que dou fé. Corumbá, oito de julho de mil oitocentos setenta e seis. Eu, Paulinho José Soares das Neves, segundo tabelião de notas que escrevi, subscrevi, conferi e assino em público e vas (sic) de que uso.  


FONTE: Arquivo Público Estadual, "Como se de ventre livre fosse...", Campo Grande, 1994, página 57.
 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

29 de junho

29 de junho


1850 Iniciado o forte do Fecho dos Morros


Fecho dos Morros, rio Paraguai

Ocupado em ampliar seus domínios na fronteira e a garantir-se contra uma possível hostilidade de seu vizinho Paraguai, o governo brasileiro manda instalar um forte às margens do rio Paraguai, abaixo léguas do presídio de Coimbra, área reivindicada pelo Paraguai como neutra. O ato inicial da construção foi presidido pelo capitão José Joaquim de Carvalho, comandante da Fronteira, do qual lavrou-se a seguinte ata:

Ano do nascimento de N.S.J.C. de 1850, vigésimo nono da Independência e do Império, aos 21 graus e 20 minutos de latitude, 40 léguas ao sul do Forte de Coimbra, em lugar denominado ‘Fecho dos Morros’, à margem esquerda do Paraguai, 800 braças a oeste da mais alta montanha conhecida pela denominação de Pão de Açúcar, sobre a base inferior do Morro de Pedra Viva mais saliente ao rio em forma de um colete esférico e sobranceiro ao pequeno monte que jaz na margem oposta, achando-se presente o comandante Geral desta fronteira, o capitão do Estado Maior de 1ª classe, Exmo. Sr. J. J. de Carvalho, o tenente C. F. de Caçadores F. Bueno da Sa., o missionário apostólico frei Mariano de Banhaia e todas as praças que fizeram parte da comitiva do mesmo Cmt. Depois do arvorado o pavilhão nacional, acompanhado de entusiásticos vivas a S. M. Imperador e à integridade do império, foi empossado o novo destacamento de que é Cmt. o já referido ten. F. B. de Sa. e deu-se imediatamente princípio à construção do edifício que tem de servir provisoriamente de Quartel Guarnição Parque de Armas, Casa de Oficiais e Armazém de Artigos Bélicos até que, segundo as ordens do governo, seja edificado o forte permanente. E para todo o tempo constar, lavrou-se o presente que assinam o Cmt Geral, o Cmt da Guarnição do novo destacamento, o missionário apostólico e todas as praças presentes aos 29 dias do mês de junho.¹


As obras foram interrompidas com a sua completa destruição, em 14 de outubro do mesmo ano, por tropas paraguaias e o projeto definitivamente arquivado pelas autoridades brasileiras. Em verdade, o governo brasileiro tentou com essa iniciativa resgatar um projeto de 1775, quando o capitão Ribeiro da Costa, encarregado pelo governador Luis de Albuquerque de construir o forte de Coimbra, enganou-se no reconhecimento do local, apesar das instruções do governador. "No lugar de aportar no Fecho dos Morros, desembarcou 44 léguas antes, no local denominado estreito de São Francisco Xavier, cuja topografia apresenta alguma semelhança com o primeiro." ²





FONTES: ¹Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999. Página 98. ² Carlos Francisco Moura, O Forte de Coimbra, Edições UEMT, Cuiabá, 1975, página 24.






29 de junho


1979Marcelo Miranda assume governo







Com a exoneração a 12 de junho do engenheiro Harry Amorim Costa, primeiro governador de Mato Grosso do Sul, assume o governo do Estado, Marcelo Miranda Soares, prefeito de Campo Grande, indicado pelo então senador Pedro Pedrossian e nomeado pelo presidente João Figueiredo. Inicia-se uma fase tumultuada na política do novo Estado, com o rompimento dos grupos liderados pelo novo governador e seu antigo chefe político. Pedrossian, um ano depois derrubaria Marcelo e assumiria em seu lugar. O racha terminou beneficiando a oposição, através do PMDB, que em 1982, elege o primeiro governador, Wilson Barbosa Martins, com o apoio do Marcelo que se elege senador também pelo PMDB. Em 1983, Marcelo voltaria ao governo do Estado, em eleição direta.

No período entre 12 e 29 de junho de 1979 o governo do Estado foi ocupado pelo deputado Londres Machado, presidente da Assembleia Legislativa.







28 de junho

28 de junho


1864Leverger em missão no Sul do Estado


Augusto Leverger, o Barão de Melgaço


Augusto Leverger, o barão de Melgaço, dá ao presidente da província de Mato Grosso, Alexandre Manoel Albino de Carvalho, as primeiras notícias sobre sua missão ao Sul do Estado. Fora ele encarregado pelo governo imperial de elaborar um mapa da região fronteiriça com o Paraguai, que invadiria a região em dezembro seguinte. Tinha como integrante de sua comitiva, o capitão Antonio Maria Coelho. Em abril esteve em Miranda e de Nioaque manda pra Cuiabá o seguinte relatório:

Segui de Miranda para este lugar e depois para as colônias militares de Miranda e de Dourados. 


Percorri a linha culminante que divide as vertentes paraguaias do Apa e Aquidaban das do nosso rio Ivinhema. Em seguida atravessei a barra do rio Dourado e visitei o porto das Sete Voltas onde se achava o vapor Tamanduateí vindo de Itapira em março deste ano e aí retido, segundo me disse o comandante, por falta de água suficiente para transitar pelas corredeiras que dificultam a navegação ainda do porto das Sete Voltas para baixo. Aí mesmo atravessei o Brilhante e explorei o espaço que medeia entre as suas cabeceiras e o Anhanduí.

Reconheci o varadouro entre este último rio e o da Cachoeira, galho do Aquidauana (outrora Emboteteu e também chamado oficialmente Mondego).
Regressei pelo espigão mestre da serra do Amambaí deixando à minha esquerda as águas que correm para o rio Paraná e a direita as que correm para o Paraguai.


Descendo a mesma serra voltei a Nioaque onde estou parado há uma semana a fim de dar aos animais de carga o descanso de que precisam.”


A missão de Leverger ao Sul do Estado duraria até novembro, quando voltou a Cuiabá. No mês seguinte, tropas paraguaia iniciavam a invasão ao território brasileiro por Corumbá e pela região explorada pelo almirante.





FONTE: GENEALOGIAS PAULISTA E MATOGROSSENSE, página 355.



28 de junho

1867 - Retomada de Corumbá: comandante paraguaio acusado de traição




Morto em combate na batalha de 13 de junho, o tenente-coronel Hermogenes Cabral, comandante militar de Corumbá, foi acusado por seus comandados, de haver cometido ato de traição, contra o Paraguai. A denúncia foi formulada pelos soldados em fuga, a bordo de um vapor de guerra, ancorado em Albuquerque, ainda sob domínio do exército e marinha paraguaios:

Com o mais profundo respeito cumprimos o dever de levar ao conhecimento de V.E. que tanto os oficiais, como as tropas de marinha e terra, que estamos aqui dispostos a fazer quantos sacrifícios demandem a honra às armas nacionais, em vista do acontecimento sumamente desagradável da invasão de nossa praça de Corumbá pelo inimigo, e ainda mais pela traição infame do tenente coronel Hermógenes Cabral, juntamente com o capelão; todos unanimimente estamos com o mais ardente dever de correr presurosos a dar o condigno castigo a esses pérfidos inimigos, protestando desde logo contra o execrável comportamento do comandante Cabral, o capelão e demais traidores, e renovando à V. E. nosso patriótico juramento de que jamais consentiremos tão vilã humilhação, preferido mil vezes morrer combatendo ao inimigo, que deixar um borrão sobre o brilho de nossas armas e o nome de nossas famílias.

Deus guarde à V. E. muitos anos.

A bordo do Vapor Nacional de guerra Salto de Guairá no porto de Albuquerque Junho 28 de 1867.

Romualdo Nuñes, Ezequiel Roman, Mamerto Barreiro, Angel Fernandez, Manuel Delgado, Felipe Morales, Miguel D. de Doncel, Geronimo Candia, Bias Paez, Eduardo Zarate e Juan José Rivarola.
 

A parte não especifica o ato de traição cometido pelo comandante. Dados disponíveis na Biblioteca Nacional do Paraguai resumem: 

El Mariscal López dijo que se vendió a los brasileños y estigmatizó su memoria. De hecho, algunos autores sostienen que se enamoró de una brasileña y que ella lo vendió a él y a la guarnición.



FONTE: Jornal El Semanário (Assunção,PY) 20 de julho de 1867; Biblioteca Nacional Paraguai (goo.gl/USHgCd)

FOTO: acervo da Biblioteca Nacional do Paraguai.


28 de junho

1877 - Água encanada para Corumbá

Pela lei 513, de 1877, do presidente Hermes Ernesto da Fonseca, a província de Mato Grosso, concede à iniciativa privada a exploração de água encanada em Corumbá:

"Art. 1° - Fica concedido a Manoel Alves o privilégio por quinze anos para abastecer d'água a vila de Corumbá, empregando maquinismo a vapor, sem prejuízo da que é abastecida pelas carroças para ser vendida ou da que for conduzida em pote, barril ou qualquer outra vasilha.

Art. 2° - Ao empresário não serão cobrados direitos municipais dos materiais ou utensílios precisos para a empresa.

Art. 3° - Fica prejudicado o presente privilégio, se no prazo de dezoito meses, a partir da data de publicação da presente lei na comarca de Corumbá, não puder o concessionário concluir a obra para o fim indicado.

Art. 4° - Revogam-se as disposições em contrário".

FONTE: Coletânia das leis da província de Mato Grosso, 1835 a 1912, página 12.


28 de junho

1882 - Corumbaenses cobram dívidas da guerra do Paraguai

A Câmara dos Deputados recebeu requerimentos de sobreviventes da ocupação de Corumbá, durante a guerra, cobrando dívidas contraídas pelo inimigo, através de apólices:

"Requerimentos de Antonio Joaquim da Rocha e outros, residentes na cidade de Corumbá, província de Mato Grosso, pedindo providências afim de que o governo assuma a responsabilidade das apólices emitidas pelo governo do Paraguai, de modo a serem os peticionários indenizados dos prejuízos que sofreram na guerra do Paraguai, durante os anos de 1864 e 1865".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 29/06/1882.

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27 de junho

27 de junho


1874 Imagem de santa volta à Coimbra





A imagem de N.S. do Carmo, retirada da capelinha do forte, por ocasião da ocupação paraguaia, em dezembro de 1864, e levada para Cuiabá pela mulher do comandante das forças brasileiras, coronel Portocarrero, é devolvida à origem: 

A trasladação efetua-se com imponência sem igual, sendo a imagem acompanhada desde a praça da Sé à rampa do porto geral, ao longo da rua 13 de Junho, trapizada de folhagens pela população inteira de Cuiabá. As varas de pálio, sob cujo docel ia o venerando bispo d. José Antônio dos Reis conduzindo a imagem, foram sustentadas durante o trajeto por veteranos da guerra. Escolhidos entre os que tomaram parte na defesa de Coimbra.
Logo depois do pálio viam-se em grande uniforme o general José de Miranda da Silva Reis, presidente e comandante das armas da província; o almirante barão de Melgaço, autoridades e comandantes militares. Seguia-se a tropa em pelotões; grupos de colegiais, famílias e crescida multidão fechavam o préstito.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 332.



26 de junho

 

1911Estado de sítio em Campo Grande


No que poderia ser considerada uma grande aberração jurídica, extrapolando todos os limites do bom senso, o delegado de polícia de Campo Grande decreta estado de sítio no município:

O Primeiro Tenente Constantino de Souza, atendendo às condições atuais da região sul de Mato Grosso, sem segurança e sem governo e que esta Vila se acha sem autoridades:


Atendendo a que trata-se de uma região de fronteira.


DECRETA:


Art. 1º - Fica desde esta data em estado de sítio a Vila de Campo Grande e todo o seu município.


Art. 2º - Contra todos indistintamente que perpetrarem crimes contra a ordem pública e segurança das autoridades a Chefia da Polícia Militar, ora criada, aplicará as leis de guerra.


Art. 3º - A Agência do Correio, os Cartórios Judiciais, a Intendência Municipal serão fechadas e seladas até completa ordem.


Art. 4º - Tendo retirado-se desta Vila o dr. Juiz de Direito, mando interditar e guardar a sua casa não havendo trabalho judicial até segunda ordem.”



As conseqüências deste ato destinado são vistas por Paulo Coelho Machado:


Levado o fato ao conhecimento da autoridade superior, só muito mais tarde foi o trêfego Constantino destituído do comando do destacamento pelo seu impensado e ridículo ato.


Revoltado com o episódio, notando a ausência completa de garantias ao exercício de sua nobre função, que desejava exercer com rigor e decência, decidiu o dr. Arlindo de Andrade demitir-se do cargo [de juiz de direito], sendo substituído pelo dr. Vicente Miguel da Silva Abreu, natural de Goiás, que também pediu remoção da Comarca de Nioaque.





FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988. Página 18.

26 de junho

26 de junho

1786 - Missão científica chega a Corumbá

Por ordem do governador Luis de Albuquerque, com a tarefa de mapear e determinar posições geográficas na região do Pantanal, chega a Albuquerque (atual Corumbá) , a comissão técnica formada pelo capitão-engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida. A finalidade da diligência era a exploração dos rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e a desembocadura de seus afluentes, bem como as principais lagoas e baias do Pantanal. O termo da expedição foi o forte de Coimbra. 

Sobre o vilarejo de Albuquerque o escriba da caravana escreveu comentário pouco lisonjeiro:

26 - Com marcha de 12 léguas chegamos à povoação de Albuquerque, correndo sempre o rio a Sul com várias voltas. Esta povoação é de miseráveis, que passam a vida cheios de fome e nudez; o comandante dela só cuida em utilizar-se do suor deles. Só estão fartos de palmatoadas, correntes e rodas de pau.


FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 29.




26 de junho


1863 - Morre Inácio Barbosa


Cemitério da fazenda Passatempo em Rio Brilhante
Aos 57 anos faleceu e foi sepultado no cemitério de sua fazenda Passatempo, na Vacaria, Inácio Gonçalves Barbosa, patriarca da família Barbosa . Nascido em Sabará, Minas Gerais, em 1806, chegou aos campos de Vacaria, em 1842, chefiando uma caravana, da qual participavam mais dois irmãos, João e Francisco, procedente de Franca, no interior de São Paulo, no rastro de seu irmão mais velho, Antônio Gonçalves Barbosa, que viera para Mato Grosso há seis anos, em companhia de seu genro José Francisco Lopes. 

Em seu percurso adormeciam serenamente, sem pensar nos perigos que lhes poderiam surgir pela vida tornando-se valentes e destemidos bandeirantes enfrentando a frialdade das noites e a intensidade dos raios solares pelas estradas incultas, sem nem sequer encontrarem algum abrigo bom ou ruim, atravessando os areais do Sucuriu, do Pardo e depois subindo até atingir o Anhanduí e chegando satisfeitos na tão almejada Vacaria.


Os irmãos tomaram posse de praticamente todos os chamados campos de Vacaria. Inácio ficou com a fazenda Passatempo, posse limitada com seus três irmãos. Desta fazenda, informa Ledir Marques Pedrosa, “Inácio fez doação ao governo da província de uma gleba de terras à margem direita do rio Nioaque com a finalidade de instalarem um posto do Exército para deterem a invasão paraguaia, que ele já estava prevendo acontecer de uma hora para outra. A esta vila deu-se o nome de Santa Rita de Nioaque. Quando o governo aceitou a oferta, enviou um contingente do Exército com o seguinte acordo que Inácio ajudasse a construir o aquartelamento e servisse a tropa de todo mantimento, enquanto ali permanecesse.


De numerosa geração de descendentes, Inácio era avô de Vespasiano Barbosa Martins e bisavô do ex-governador Wilson Barbosa Martins. 








FONTE: Ledir M. Pedrosa, Origem, Histórico e bravura dos Barbosas, edição da autora, Campo Grande, 1980. Página 43.






26 de junho


1904 - Nasce em Corumbá, Carlos Vandoni de Barros. 



 Filho de Pedro Paulino de Barros e de Josefina Vandoni de Barros, nasce em Corumbá, Carlos Vandoni de Barros
Formado em engenharia civil em 1927, foi oficial de engenharia da reserva de primeira linha. Iniciou sua carreira política elegendo-se deputado estadual. Exerceu o mandato entre 1928 e 1930.
Membro do Partido Liberal Mato-Grossense em 1933, nesse mesmo ano passou-se para o Partido Evolucionista de Mato Grosso, pelo qual se elegeu deputado federal no pleito de outubro de 1934. Exerceu o mandato de 12 de agosto de 1935 a 10 de novembro de 1937, quando o advento do Estado Novo suprimiu todas as câmaras legislativas do país.
Diretor do Instituto Nacional do Mate e diretor do Serviço de Navegação da Bacia do Prata S.A., após a reconstitucionalização do país (1945) elegeu-se no pleito suplementar de janeiro de 1947 deputado federal por Mato Grosso na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumindo a cadeira em 24 de março de 1947, integrou durante o mandato a Comissão Permanente de Transportes e Comunicação e a Comissão Especial de Pecuária da Câmara dos Deputados.
Candidato à reeleição no pleito de outubro de 1950, ainda pelo PSD, obteve apenas uma suplência, deixando a Câmara em 31 de janeiro de 1951, a ela não mais retornando.
Dirigiu o jornal A Cidade, de Corumbá, foi sócio-correspondente da Academia Mato-Grossense de Letras e sócio efetivo do Instituto Histórico de Mato Grosso.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 16 de maio de 1986.
Era casado com Anatália Beltrão de Barros, com quem teve duas filhas.
Publicou Nhecolândia (1934), Construir — palavra de ordem (1941), O setor transporte no Plano Salte (1948) e Em defesa de um rio esquecido (o Paraná) (1950).

FONTES: Boletim Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1946-1967); Diário do Congresso Nacional; Globo (17/5/86); Jornal do Brasil (17/5/86); MENDONÇA, R. Dic.; MOREIRA, J. Dic.; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1 e 2).
 


26 de junho

1951 - Morre Albertina Pereira de Matos, primeira vereadora de Dourados


Albertina Ferreira de Matos

Nascida em São Luiz Gonzaga (RS) em 24 de março de 1901, faleceu em Dourados, Albertina Ferreira de Matos. Em Dourados desde 1903, dedicou-se às atividades empresariais e políticas. Como comerciante foi uma das fundadoras da Associação Comercial e Industrial de Dourados (Acid) e na política, foi a primeira mulher a eleger-se vereadora no município. Venceu em 1947, na primeira eleição, depois da ditadura de Vargas, elegendo-se vereadora pela União Democrática Nacional (UDN) na administração do prefeito Antonio de Carvalho, o Carvalhinho. Albertina foi homenageada pela comunidade douradense, dando nome a uma rua na vila Guarani e a uma escola na vila Mary.


FONTE: Marli Carvalho Owens, Mattos, a saga de uma família, edição da autora, Dourados, 2000, página 291.


OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...